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“O Exorcismo de Emily Rose”, de Scott Derrickson.

The Exorcism Of Emily RoseGarota é submetida a exorcismo e nao sobrevive. Em pouco tempo, o padre que efetuou o ritual é julgado pela possibilidade de ter impedido o tratamento médico de um possível quadro de distúrbio psicológico, o que teria resultado na morte da garota. No julgamento, ele conta com o apoio da familia da jovem e de uma advogada que volta de um caso vitorioso.
Scott Derrickson disse que sua intenção era construir um longa-metragem híbrido, uma mistura incomum de drama de tribunal com filme de terror, sem o uso abusivo de efeitos especiais. Para sua felicidade, o seu objetivo foi realmente alcançado – o problema é que tal realização tem seus efeitos negativos. Diante da sobriedade e frieza intrínsecas à narrativa cinematográfica ambientada em tribunais, a modalidade de terror/supense do filme perde seu impacto, deixando de exercer o seu traço mais importante: o apelo às emoções do espectador. E isso não é consequência tão somente do uso escasso de efeitos. Na verdade, foi a intenção confessa de construir uma película que diferisse enormemente do maior clássico do gênero, o filme “O Exorcista”, que acabou contribuindo para a concepção fraca das sequências de horror do filme, tanto na construção do roteiro como na materialização das cenas, que são plasticamente bonitas – com bela fotografia e cenografia muito bem planejada – mas terror mesmo, elas não tem nenhum. O desempenho pouco animador dos atores também colabora para o fracasso do filme enquanto thriller de horror: suas interpretações são até convincentes, mas não conseguem atingir o público e estimular os seus medos.
Apesar do fracasso como filme de terror, o longa-metragem tem o seu maior e único êxito na sequência que explica a estranha decisão da jovem Emily em submeter-se à uma segunda sessão de exorcismo, no seu suposto e breve contato com forças divinas – é ali o único momento em que o filme consegue alcançar o expectador e mexer com suas emoções e temores.
Ao fim, resta apenas lamentar o planejamento tão equívoco de um filme que anunciava ser tão promissor. A ambição desmedida de diretores estreantes, muitas vezes, acaba mais atrapalhando do que ajudando a realizar obras que renovem o cinema mais comercial. É preferível limitar suas intenções e propor uma obra mais coincidente com a tradição do que falhar na esmeros de inovação e acabar com uma obra incoerente e débil nas mãos.

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