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“O Diabo veste Prada”, de David Frankel.

The Devil Wears PradaJovem recém-formada e aspirante a jornalista disputa o emprego de segunda assistente da editora-chefe da mais influente revista de moda do mundo, apesar de ser abertamente desinteressada pelo mundo da moda. Mesmo sabendo disso, a editora-chefe, de personalidade egocêntrica e insensível quase intratável, a contrata. A agora jovem assistente vai enfrentar um mundo de obstáculos e contratempos por conta das exigências, muitas vezes absurdas, de sua chefe. O filme é baseado no romance parcialmente auto-biográfico da escritora Lauren Weisberger, já que ela trabalhou por anos como assistente da editora da revista Vogue americana. Sendo assim, muitos dos personagens – particularmente as duas protagonistas – são versões ficcionais de figuras reais.
Começo a resenha com uma pergunta por demais simples: é mesmo necessário dizer que Meryl Streep tem uma bela atuação no longa-metragem? Acho isso redundante, uma vez que a atriz americana raramente sai de um filme sem elogios. Por sua vez, Anne Hathaway, a jovem assistente Andrea Sachs, tem desempenho tranquilo como a sua personagem e consegue cativar a platéia com sua beleza delicada mas altiva. No entanto, o argumento do filme de David Frankel não prima pela originalidade: é mais uma estória de alguém superando desafios, convivendo com uma pessoa de personalidade difícil, passando a compreendê-la com a convivência, e que acaba atravessando um processo de auto-avaliação do que deseja para o seu futuro e de como vê a si própria – há uma pá de filmes que lidam com essa mesma linha argumentativa. Um segundo ponto relacionado à isto, e que acaba problematizando as chances dessa produção surpreender o expectador, é a variedade limitadíssima de conclusões da estória: ou o indivíduo se rende ao mercado, esquecendo o que antes almejava, e entra no grupo dos que sacrificam sua vida pessoal para manter o sucesso em um cargo altamente invejável ou a pessoa, ao final, joga tudo para o alto e volta a buscar e lutar por aquilo que sempre desejou. Tanto em uma possibilidade quanto na outra, o final do longa-metragem acaba caindo no lugar comum pela própria natureza da estória, que costuma limitar e evitar um epílogo de conteúdo excepcional e surpreendente. Porém, esses defeitos não chegam a fazer deste um longa-metragem ruim, eles apenas o impedem de se destacar entre os filmes do gênero. A produção caprichadíssima ajuda o filme: bela fotografia, trilha sonora bem escolhida, composta de canções pop/rock, elenco afinado, direção tranquila e, como não poderia deixar de ser, um figurino espetacular. Contudo, a personagem cativante construída por Hathaway e a composição novamente acertada de mais uma personagem de Streep é que levam o filme a frente, divertindo e segurando a platéia mesmo com uma estória já bem batidinha. É um passatempo divertido e descompromissado, que mostra o quanto bons atores podem ser, sozinhos, toda a razão de ser de uma produção. Assista sem muitas expectativas – as duas atrizes merecem isso.

Um comentário

  1. Sabrina Sabrina

    Concordei totalmente com vc sobre o final do filme…faltou alguma coisa. O filme todo é interessante e no fim ela deixa tudo de lado?..achei meio infantil isso de só poder ser aquelas duas opções..Mas mesmo assim vale a pena, nem q for só pra ver as roupas.
    E eu no lugar dela nunca q deixava aquele emprego!hahahaha..

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