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The Cardigans – Gran Turismo. [download: mp3]

The Cardigans - Gran TurismoGran Turismo é um álbum bastante rítmico, mas sua essência é algo seca, fazendo o uso mínimo de acústica – há total ausência de orquestrações dessa ordem aqui -, ou mesmo transformando os intrumentos que tem esta sonoridade num som mais chapado. Isto não é, de forma alguma, uma crítica. A banda The Cardigans construíu no seu álbum de 1998 melodias sincopadas idiossincráticas: assim como o The Cranberries no seu álbum de estréia, difícil achar uma ourtra banda que tenha feito um disco com uma identidade tão própria como este quarto lançamento da banda sueca.
O disco abre com a maravilhosa “Paralyzed”, que em seus versos fantásticos descreve de maneira precisa como o amor é um sentimento que devassae e desestrutura a realidade de quem o atravessa – o verso “This is where your sanity gives in and love begins” é simples, mas absurdamente efetivo. A melodia é a outra faceta fantástica da canção: como na maior parte do disco, é concebida uma batida seca e fugaz, que mistura o sintético e o acústico, e obtem-se uma base sincopada irresistível. A guitarra aqui servem de fundo harmônico, mesmo em sua construção minimalisticamente distorcida, e são usadas para dar apóio ao vocal totalmente cool de Nina Persson. “Erase/Rewind” continua com bateria sincopada, mas traz as guitarras mais para frente na harmonia, além de alguns acordes de violões e teclados que agora fazem o papel de fundo que a guitarra fazia na faixa anterior. Como sinaliza o título, a música traz versos simples que falam sobre a mudança de planos sobre aquilo que afirmamos. “Explode” tem letras e vocais de melancólia e desesperança afetiva, apesar do companheirismo também confesso nelas. A música, em si, compõem-se em uma balada linda, com bateria desnudada de acústica me primeiro plano e novamente com as guitarras – pra lá de sonoramente metalizadas – compondo um acompanhamento da emotividade do vocal de Nina, particularmente no refrão. A próxima faixa, “Starter”, tem breve introdução de teclados nostálgicos e deixa mais visível a mistura de bateria acústica e eletrônica, trazendo as guitarras de riffs breves no refrão e acordes levemente esparsos no restante da melodia. As letras falam sobre como as ações do passado persistem em exercer sua influência e mostrar-se presentes mesmo quando decidimos deixar tudo para trás e ensaiar um recomeço. “Hanging Around”inicia-se com um ruído sintetizado mínimo, e logo mostra os acordes deliciosos da guitarra e apresenta a bateria bem composta e com som propositalmente abafado. Não faltam também frugalidades esparsas na percussão e nos teclados e baixos, onde tudo acaba se misturando – bem ao gosto da banda – na parte final da melodia. As letras tratam de como, as vezes, tentamos mas não conseguimos compor uma identidade e acompanhar quem amamos – um dos meus versos preferidos deste disco está nessa música: “I hang around for another round until something stops me”. Em seguida temos “Higher”, linda balada repleta de suaves vocais de fundo, que ajudam a montar o painel de tristezas amorosas e da tentativa de elevação das letras. A melódia da canção se baseia em instrumentação sutil, com guitarra e baixo de acordes leves e espaçosos, bateria minimalista e teclados de apoio. “Marvel Hill” tem versos simplísticos que falam sobre como sempre buscamos algo só para nos sentirmos insatisfeitos e desejar muito mais. A melodia é uma das mais idiossincráticas do disco, fazendo uso eventualmente estranho de melodias secas, metálicas e algo “sujas” da guitarra e dos teclados e com uma bateria eletrônica mais evidente sobre a acústica. “My Favourite Game” é o grande hit do disco, merecidamente: a música, que tem letras de fúria e revolta amorosa, tem melodia pop/rock irresistível, com um riff certeiro de guitarra que pontua a música, bateria acústica muito e bateria sintetizada que incorpa muito bem a sonoridade da canção – o ápice rock do álbum. “Do You Believe” tem apenas 8 versos, que questionam as crenças ingênuas do amor, mas é tremendamente deliciosa em cada um deles. Guitarra, baixo e bateria acústica/sintetizada encorpam a sonoridade cadenciada que introduz a música e surge toda vez que some o vocal de Nina Persson; um orgão ao fundo faz o acompanhamente das letras nos momentos mais tranquilos, quando a vocalista entoa os versos em tom de descrença. “Junk Of The Hearts” é mais uma balada linda da banda, onde violões dão o ar da sua graça para adoçar a melodia desta música algo melancólica – isso praticamente no fim do álbum -, acompanhando o bela trabalho da bateria, baixo e teclados, que ajudam a compor o cenário de tristeza, e que ganha força com riffs mais viçosos de guitarra no refrão. O vocal de Nina é triste e afetuoso, transmitindo com precisão o lamento afetivo que compõem as letras. Por último temo “Nil”, uma pequena peça instrumental concebida toda com o teclado, cuja melodia é calma e algo depressiva – é linda e, com certeza, renderia ainda mais com um vocal de Nina em tom baixo.
Com certeza, depois do sessentista Life e do pop/rock de First Band on the Moon, a banda inovou ainda mais o seu trabalho com esse álbum, jogando pela janela a indentidade que, à época, a crítica musical construia da banda, vista como um grupo de musicalidade composta basicamente por uma nostlagia pop festiva dos anos 60. É certo que mesmo os discos anteriores tratavam do sofrimento amoroso, mas em “Gran Turismo” a banda começa a fazê-lo com sinceride emocional, transmitindo nas melodias exatamente a dor que se encontra nas letras. O disco foi um marco no trabalho de composição da banda, influenciando definitivamente tudo o que seria feito posteriormente. É obrigatório para qualquer pessoa que queria conhecer, a fundo, esta fantástica banda sueca.
Sendo assim baixe o disco pelo link a seguir e utilize a senha para extrair os arquivos. Bom proveito!

senha: seteventos.org

http://www.megaupload.com/?d=TVBZCHRZ

5 Comentários

  1. Thiago Thiago

    Parabéns pelo blog. Foi a descoberta virtual da semana. Acho que vou virar freguês. Parabéns pelo bom gosto e apuro. Dei um follow no teu twitter, espero que não se importe.

  2. edd edd

    Gosto de pesquisar os discos que você indica aqui porque, pelo que noto, nosso gosto é parecido – como já disse na minha primeira participação no blog, mas principalmente como vc se envolve com cada música do disco e descreve cada uma delas.

    Outra coisa, não é pedido (rs), mas vc posta poucas fotos de homens e acho o teu grau de exigência com os modelos até exagerado (ou estou exagerando?), mas seria esse o motivo?

    Obrigado pelo disco e análise.

    • Olá, Edd!

      Obrigado pelos elogios. O que posso dizer é que temos o mesmo gosto musical refinado, não é mesmo? 🙂

      Bem, quanto a postar poucas fotos de homens, isso se deve a várias razões. Primeiro, porque a mesma falta de tempo que me impede de escrever mais sobre cinema e música me impede de organizar posts sobre homens. Segundo, porque eu gosto de criar um certo equilíbrio nos assuntos tratados, então procuro variar uma postagem após a outra – mesmo que, na verdade, as postagens sobre homens tenham se resumido a uma por mês, já que temos apenas um modelo do The Boy a cada mês que passa. Eu sempre penso em organizar postagens no assunto que não sejam só sobre os ensaios do Terra (ou Paparazzo, quando eu comentava os ensaios daquele site), e até já fiz isso antes, mas como eu já disse, me falta mais tempo – coisa que também atingiu os textos da categoria vídeos. Mas eu prometo que vou tentar dar mais atenção aos assuntos menos tratados.

      Agora, quanto a ter um grau de exigência um tanto alto, isso se aplica a qualquer coisa que eu goste na vida: cinema, seriados, música, gastronomia, amigos e…homens. Já fui questionado mais de uma vez quanto a esse meu grau de exigência e mesmo quanto a minha abordagem sobre os ensaios, que alguns entendem como exagerada além de, erroneamente, achar que considero-as como obras de cunho artístico, o que não procede com o teor das minhas resenhas. Mas essa análise mais extensa, detalhada, apaixonada e principalmente exigente é o diferencial do meu blog quando trata do assunto, já que todos os outros se resumem à um “gostei” ou “não gostei”, isso quando não se fazem apenas anunciar e divulgar os links para as fotos.

      novamente agradeço os elogios, comentários e observações e fique a vontade pra comentar e enviar mensagens sempre que quiser!

      • edd edd

        Sim, vc é exigente com as coisas que gosta e isso é bom. Detalhista e vivencia pra valer as coisas que experimenta. Acho tudo isso lindo, até o lugar do Brasil que vc mora eu acho lindo. rs

        Obrigado pela resposta gentil e atenciosa, teu blog e as coisas especiais que eu encontro nele são claramente o reflexo do dono.

  3. marcelo galvao marcelo galvao

    Meus amigos parabens, depois de mais de 2 horas na net , encontrei um site que tinha o cd que eu procurava…obrigado

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