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“Capitão Sky e o Mundo do Amanhã”, de Kerry Conran.

Sky Captain And The World Of TomorrowJovem jornalista presencia, junto com toda a população atônita de Nova Iorque, uma misteriosa invasão de robôs gigantes. Ela decide, junto com bravo e famoso aviador (que por sinal é um ex-romance seu), investigar as razões e objetivos obscuros para tentar evitar que mais maquinarias invencíveis façam mais estragos no mundo.
É evidente que o trabalho da direção de arte neste filme é a sua maior qualidade – a mistura de elementos modernos com outros retrô deixa o longa-metragem repleto de belíssima e estranha nostalgia. No entanto, o elemento que a produção do filme achou complementar ao trabalho da direção da arte, consitui-se em um recurso extremamente irritante: a fotografia reluzente, aquela muito utilizada em produções de época, deixa a imagem com um aspecto tão chapado que torna a expectação incômoda durante todo o decorrer do longa-metragem – ao menos no meu caso, foi necessário um esforço enorme para tolerar esse “halo” na luz do filme. Além desse aspecto, há também o fato de que o filme foi inteiramente feito utilizando a técnica do Chroma Key – aquela em que a ação em primeiro plano é filmada sobre um fundo de cor única para que seja inserido digitalmente um segundo plano ao fundo. Isto não seria um problema muito grande não fosse a intenção confessa da equipe de produção de utilizar a técnica intencionalmente afastando o visual final de qualquer aspecto realista – o que acabou infelizmente se tornando um novo paradigma no método de filmagem, visto que filmes como “Sin City” e o ainda não lançado “300 de Esparta” o fazem inspirados neste. O resultado, da forma como foi utilizado o recurso, irrita tanto quanto a fotografia aureolada do longa-metragem. Claro que, mesmo com os aspectos técnicos trabalhando contra o filme, ainda poderíamos ter um longa-metragem interessante se os outros pontos a ser considerados pesassem à seu favor. No entanto, eles não se configuram como algo positivo. O argumento cheira à fábula requentada – chegando mesmo a citar “O Mágico de Oz” – com a desculpa de “filme-homenagem” e de reinvenção de um gênero. Os personagens são extremamente caricatos, e as situações armadas no roteiro, consequentemente, tão batidas quanto os seus agentes. Por sua vez, o elenco é díspare e desigual, já que os onipresentes Jude Law e Angelina Jolie já saturaram o público com a sua imagem dentrou (e) ou fora das telas e Gwyneth Paltrow, sozinha, não tem muito como salvar todo um filme.
Ao fim, este filme não tem qualquer coisa que lhe configure o status de produção marcante ou relevante, mesmo dentro do cinema do circuito comercial. A inspirada direção de arte não tem força para conferir, por si só, aspecto relevante para que o filme seja uma produção a ser lembrada. A bem da verdade, tem que se admitir que este filme tornou-se realmente muito influente, porém foram os seus aspectos técnicos negativos que chamaram a atenção de cineastas, para nosso azar. Resta apenas esperar que um bom número de futuras produções envoltas nesta “atmosfera técnica” tornem-se fracassos retumbantes – é só assim, quando pesa no bolso, que Hollywood para de nos infernizar com alguns de seus “achados” mais irritantes.

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