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Karen O & Danger Mouse – Lux Prima [download: mp3]

Karen O, vocalista da banda Yeah Yeah Yeahs é uma daquelas artistas inquietas que necessita de vez em quando colocar seu barco a navegar por oceanos que não o seu, e entre um álbum ou outro de sua banda, Karen já lançou um disco solo e compôs músicas para filmes e até mesmo um game (Rise of the Tomb Raider). No recém-lançado Lux Prima, Karen tem companhia para guiar seu barco nesta nova empreitada: o produtor musical Danger Mouse. O álbum que é resultado da parceria está permeado por nostalgia e mistério e uma névoa de coloração cinematográfica suspensa na atmosfera das suas nove canções que navegam no pop, no rock e no trip-hop. A faixa título que abre o disco exibe estas matizes, ilustrando bem a fusão da personalidade musical de ambos os artistas: durante seus mais de nove minutos, uma intro com teclado e vocalizações que vertem psicodelias sobre uma bateria narcotizada encerra-se, dá lugar à uma melodia de bateria, baixo e teclado com gingado elegante sobre a qual Karen desfila seu vocal, e por sua vez é também encerrada e sucedida por um amálgama sonoro de ambas, numa música que não soaria estranha tocando em um cabaret – ou até mesmo em um motel. “Ministry” e “Turn the Light” prosseguem com suavidade, a primeira com vocais e sintetizações etéreas sobre um violão de acordes radiantes, numa ambiência de delírio e fantasia, enquanto a última investe na requebrado sensual do baixo como base para o vocal e sintetizações charmosas e românticas. “Woman” e “Redeemer”, as duas faixas seguintes, optam por se desfazer das sutilezas em troca de uma sonoridade que suscita as trilhas sonoras selecionadas a dedo por Quentin Tarantino para seus longas-metragens: “Woman” com bateria, guitarra e vocal acelerados e ferinos, “Redeemer” com bateria bem compassada e guitarra e teclado cheios de malícia musical. Tirando o pé do acelerador, “Drown” insere ocasionais orquestrações de cordas e metais e um teclado adocicado em meio ao andamento manso da bateria enquanto o vocal de Karen é submerso em um filtro aquoso – referência clara ao título da faixa. Quase no fim do disco, surge algo de genuinamente Yeah Yeah Yeahs em “Leopard’s Tongue”, e isso se deve muito provavelmente ao refrão da canção, que cairia bem em algum canto de Show Your Bones ou It’s Blitz, e mesmo a cadência firme e ligeira da bateria e baixo não soaria completamente estranha na acervo melódico da banda de Karen O. A penúltima faixa do disco, “Reveries”, parece continuar aproveitando referências ao trabalho da cantora, já que a crueza sonora da base de vocal e violão descende diretamente de “Crush Songs”, disco solo de Karen, mas a sobreposição desta base por uma sequência de nuances celestiais, com direito a coro e orquestração de cordas, faria certamente a faixa destoar muito do conjunto daquele álbum. Última faixa do disco, a idiossincrática, “Nox Lumina” parece pairar no ar com suas reminiscências à trilhas antigas de western clássicos italianos compostas por Ennio Morricone, recedendo ao fim para recuperar a intro psicodélica que abriu o álbum, ao mesmo tempo encerrando e retornando ao início da lisérgica jornada sonora dos dois músicos norte-americanos, cuja idéia surgiu lá em 2008, quando Karen, em plena embriaguez, fez um telefonema para Danger Mouse. Não que isso seja ruim, pelo contrário, mas tendo ouvido o disco já diversas vezes, tenho a impressão que a artista jamais tenha se refeito daquele porre.

Baixe: https://www.mediafire.com/file/x8e286nwfn3zsuh/karen-mouse-prima.zip

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