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Tag: cinema europeu

“Estamos Bem Mesmo Sem Você”, de Kim Rossi Stuart. [download: filme]

Anche Libero Va BeneGaroto, criado pelo pai na companhia da sua irmã mais velha, vê o cotidiano de sua enxuta família ser interrompido pela chegada repentina de sua mãe, que já outras vezes abandonou e retornou ao convívio de filhos e marido por conta de romances ao lado de homens financeiramente mais estáveis.
Ao deparar-me com a notícia deste filme do ator e diretor Kim Rossi Stuart – que também atua no papel do pai desta família disfuncional – tive a esperança de encontrar mais um longa-metragem italiano que herdasse o estilo sóbrio e elegantemente sensível de “O Quarto do Filho”, de Nanni Moretti – há até uma cena de “cantoria automotiva descontraída” muito semelhante à do filme de Moretti e que, sem dúvidas, confessa abertamente a inspiração no cinema deste diretor. Mas a expectativa foi frustrada por um certo gosto pelo exagero mais italiano e pelo dramalhão mais mexicano, ambos devidamente alimentados pelo diretor e seus três co-roteiristas em mais sequências do que o que seria saudavelmente permissível durante o filme: tanto o personagem de Renato, o pai, hora com seus arroubos de fúria e em outras com sua constrangedora animação exacerbada, quanto Stefania, a mãe, que passa a maior parte do filme com cara de coitada vitimada, e por isso acaba não convencendo no momento que se veste de impetuosa e inoportuna coragem tentando desvencilhar-se da barreira sentimental (desconfiança) que tem com seu filho, são responsáveis pelos momentos mais irritantes e constrangedoramente piegas – a redundância é necessária, acreditem – do longa-metragem. E com tudo isso, quem sai ganhando é o personagem do filho caçula, Tommaso, que é – não por acaso, provavelmente – o verdadeiro protagonista deste filme, guiando com seu olhar melancólico, sua desconfiança silenciosa e sua perspicaz maturidade todo o filme. O garoto, de um lado sentindo-se por vezes atropelado pelo pai turrão e opinioso e de outro sentindo-se invadido pela intimidade forçada e falsa que sua “mãe esporádica” quer construir faz crer que não poderia ter outro comportamento se não o de uma criança comedida e um tanto tímida. No entanto, entendo como sendo esta a natureza própria da personalidade de Tommaso, muito mais do que fruto de um trauma ou desgosto com os descaminhos de sua família – e o comportamento mais fartamento emotivo, jovial e alegre de sua irmã, envolvida nos mesmos episódios desta família, serve para mostrar que isso é verdade. É por conta unicamente de sua presença sempre delicada e por mostrar o quanto os pais muitas vezes erram ao considerar sempre como algo não-saudável o comportamento arredio, solitário e tímido de uma criança, sem nunca parar para refletir que esta pode ser uma das muitas possíveis personalidades que um ser humano pode vir a desenvolver, e que isto deveria ser visto como algo muito natural e não como algo nocivo, que “Estamos Bem Mesmo Sem Você” vale ser assistido – não fosse o roteiro repleto de passagens do mais barato folhetim e o prazer do diretor em evidenciá-los ainda mais, o filme poderia deixar muito mais do que isso para o espectador.
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“Coisa Ruim”, de Tiago Guedes e Frederico Serra. [download: filme]

Coisa RuimAo mudar-se de Lisboa para um vilarejo, uma família começa não apenas a viver conflitos no relacionamento de seus membros, mas enfrenta também a ocorrência de fenômenos estranhos nos domínios da residência antiga que veio a ocupar.
Este filme ganhou a fama de adentrar em um gênero que não é comum a produção de longa-metragens portugueses, o do terror. Contudo, não é difícil peceber que “Coisa Ruim” não é bem, na verdade, um filme que pertence à este estilo: apesar de o argumento composto por Rodrigo Guedes de Carvalho apoiar suas linhas básicas em uma história que possui características muito comuns ao terror, tanto a forma como esta temática foi desenvolvida e aprofundada pelo roteirista, bem como a abordagem dada pelos diretores Tiago Guedes e Frederico Serra, mais afasta “Coisa Ruim” do parentesco com este gênero do que o aproximam dele: a condução lenta, onde os acontecimentos tomam lugar de forma vagarosa, evitando a todo custo o artifício do repentino, um dos traços mais emblemáticos do terror, o modo como as feições do sobrenatural e fantástico da história são explorados de forma comedida, dificilmente assumindo a dianteira nas cenas, a utilização de uma trilha sonora atípica, que com distorções de guitarra e baixo faz algo bastante diverso do obtido com a tão usual orquestração de cordas, tudo aqui contribui para tornar este um “filme de terror” que se recusa a sê-lo de todo.
Mas, a propósito, qual seria a importância em rotulá-lo, classificá-lo, catalogá-lo? Talvez, o grande mérito de “Coisa Ruim” esteja justamente neste ponto: apesar do bom desempenho dos atores – muito naturais em seus papéis – do roteiro sóbrio – que faz boa inserção de crendices e lendas no decorrer dos eventos retratados – e da direção competente – que explora bem os cenários naturais e faz uso econômico tanto do enquadramento quanto do movimento de câmera – nunca alcançarem níveis de excelência e sublimação que o tornassem um longa-metragem excepcional, a já citada atipicidade dos artifícios nele utilizados e da abordagem dada à uma história desta natureza, que impedem o seu enquadramento e agrupamento à um gênero em particular, é que foram responsáveis pela sua popularidade insólita, pela recepção tão positiva por crítica e público. É apenas isto que faz de “Coisa Ruim” um filme a ser visto: faltam-lhe predicados que lhe garantissem o selo de um grande filme, mas toda essa sua simplicidade trabalha a favor do seu caráter extremamente incomum.
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“A Ascensão”, de Larisa Shepitko. [download: filme]

VoskhozhdeniyeDois guerrilheiros russos saem em busca de comida para seu grupo da resistência contra os nazistas, mas ao chegar no local onde desejariam obter comida descobrem que tudo foi destruído pelos invasores alemães. Sem querer voltar de mãos vazias, os dois resolvem se arriscar em território ocupado pelos alemães em busca de mantimentos.
Esse filme, que não tem cópia em DVD e, eu imagino, possivelmente nem em VHS, é o tipo de coisa que só se vê por culpa e graça da existência da internet e por conta de um filantropo digital, que decidiu lançar na rede a gravação captada de uma TV européia. Não fosse isto o filme soviético de 1976, que tematiza sobre a luta contra a invasão alemã em meio ao inverno russo, não estaria disponível à qualquer criatura com uma banda larga mediana.
O impacto do filme de Larisa Shepitko já não é coisa que se obtém hoje em dia da forma como ela o fez. Enquanto grande parte dos filmes da atualidade, que retratam mazelas de guerra, só conseguem se ocupar do tema aliados à orçamentos astronômicos e ambições galácticas, a diretora russa – como muitos dos seus conterrâneos – o fez utilizando-se apenas do esforço de sua equipe e de idéias simples e diretas. O produto final desta equação é bem diverso daquele obtido com todo o conforto e apoio de um bom punhado de cifras: seu realismo não é obra de um detalhismo gráfico, quase perverso no modo como expõem mutilações e carnificinas, neste longa ele é obtido pela crueza da situação, pela utilização dos mecanismos mais naturais e pela sujeição dos atores e das filmagem à eles; a sua força não vem de um clímax pomposo, cuja redenção ou superação é uma dúvida ilusória e a punição aos malfeitores certa, mas do seu caráter hiper-realista, que não se propõe em momento algum a ter pena do público nem de seus protagonistas, jogando ambos a mercê de um destino onde a esperança não (sobre)vive. Ainda assim, mesmo dispondo de não muitos recursos e lidando com um argumento simples, a diretora consegue trabalhar com a estética – compondo sequências poéticas, de beleza plástica e teor emocional intensos como se observa nos momentos de agonia sublimada de Sotnikov ou na estupefação dos personagens, refletindo sobre a miséria de suas vidas e a infelicidade de seus destinos, frente a vastidão branca do inverno russo que trafega ao seu redor – e explorar a fundo a complexidade do comportamento humano diante de situações limite, revelando através de seus erros, de seus atos, de seus receios e medos, o perdão, a redenção e o terror da morte, esta última capaz de desvendar, ao mesmo tempo, a bravura de alguns em enfrentá-la com honradez e a submissão humilhante de outros, que jogam na neve ideais que defendiam tão prontamente para evitá-la a todo custo. A sequência final tem a pungência extrema do melhor cinema russo: dentro de um quartel nazista e diante de um portão esperançosamente aberto, um homem percebe que mesmo que conseguisse passar por ele, seu caminho seria marcado por uma prisão existencial cujas paredes seriam formadas pela traição e pela negação de seus ideais e de sua própria identidade – apesar de ter ficado com sua vida, ele estava só, e a liberdade, ela jamais seria possível.
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“Day Night Day Night”, de Julia Loktev. [download: filme]

Day Night Day NightGarota chega a New York e é preparada para executar um atentado suicida com uma bomba na famosa e movimentada Times Square.
No currículo da diretora de origem russa Julia Loktev, além de “Day Night Day Night”, há apenas o documentário que fez, em 1998, sobre o acidente que arremessou seu pai em um estado de quase-morte. Com base nesta informação, pode-se tomar a liberdade de fazer algumas conjecturas e deduções: talvez Loktev nem seja uma diretora profissional – é possível que nem mesmo ela se veja desta forma – ou, para ser menos agressivo, não é difícil enquadrá-la como cineasta de ocasião, que só assume tal perfil quando encontra uma idéia que considere relevante e instigante. Porém, de concreto a dizer só mesmo que a diretora prefere a abordagem mais realista possível, já que seu primeiro filme é um documentário e a estrutura do longa-metragem mais recente, mesmo sendo uma obra de ficção, assemelha-o ao gênero do primeiro filme devido à trilha sonora inexistente, a captação direta do som e iluminação, a cenografia natural, a câmera sem uso de tripe ou trilho e aos atores – até prova em contrário – amadores. O roteiro, se é que existiu algum, também ajuda a promover este caráter do longa, já que, excluindo-se os parâmetros gerais da história, que podem ser resumidos à algumas poucas linhas, todo o resto pode ter sido perfeitamente obtido através da improvisação dos atores. E este é o seu grande problema: falta história. Mesmo nos movimentos mais radicais do cinema mundial, como o famoso “Dogma 95”, ainda que estes pregassem a exclusão de tudo o que se considerasse supérfluo e artificial na realização do longa, o esforço em cima da composição de um bom argumento, de um roteiro com apelo, era preservado em toda sua importância. Ainda que a secura quase nordestina do argumento tenha o objetivo de preservar o feitio naturalista da história e demonstrar como seria fácil perpretar um plano como o descrito no filme, Loktev pecou pela falta de conflitos, por ignorar produzir um plot com um mínimo de obstáculos e desventuras, que sempre são passíveis de acontecer, todos sabemos. De interessante fica a tensão desenvolvida pela possibilidade concreta de que a protagonista concretize o seu objetivo, assim como o conflito simples, mas sincero, que passa a viver quase no final do longa-metragem, potencializado pela aparência quase infantil da atriz, pela expressão sempre melancólica de seu rosto e pela forma como conseguiu imprimir sua falta de rumo na conclusão da história.
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“A Dama de Honra”, de Claude Chabrol.

La Demoiselle d'honneurPhilipe, jovem cortez e centrado, conhece Senta, garota impulsiva e fantasiosa, no casamento da irmã e acaba fascinado pelo desprendimento da garota. Mas, a medida que seu envolvimento afetivo aumenta ele descobre que, talvez, as fantasias que Senta tanto gosta de criar sejam um tanto perigosas.
É bastante notório que Chabrol nutre um interesse pela maldade – basta lembrar de “A Teia de Chocolate”. Mas em “A Dama de Honra” o diretor, além de o entrelaçar com o amor, procura sua relação com a loucura, fazendo uso da veloz relação de amor entre Philipe e Senta para tematizar sobre o assunto: Philipe, apesar de logo achar as fantasias violentas de Senta incomôdas, vê-se tão dependente do seu amor que acaba entrando no que supõe ser apenas um jogo afetivo, alimentando as histórias e desejos morbidamente fantasiosos da garota. Infelizmente, não demora muito e ele vê que sua atitude pode ter sido um erro, já que ele começa a perder a noção do que é real e o que é fantasia na vida e nas histórias de Senta, bem como não consegue determinar o quanto Senta tem consciência de que promove esta confusão entre real e imaginário. É neste ponto que, percebe-se, reside o grande charme do roteiro adaptado do próprio diretor e de Pierre Leccia: junto com Philipe, o espectador perde a noção de falso e verdadeiro, confundido sobre Senta e o quanto de real há em suas intenções e no seu comportamento instável e temperamental. A atuação do elenco auxilia o trabalho do diretor e do roteirista, particularmente o trabalho de Laura Smet, que consegue criar uma relação de empatia com o público mesmo desenhando uma personagem que, as vezes, beira as raias da irritação, e o de Benoit Magimel, que desvencilha o seu Philipe Tardieu do esteriótipos cinematográficos do homem que releva as responsabilidades que sempre carregou na sua vida em detrimento de uma paixão tempestuosa. Chabrol, desta vez, não filmou uma obra-prima, mas mesmo assim não deixou de mostrar sua importância, adentrando na seara do maltratado e batido filão dos longas sobre paixões obsessivas e substituindo suas obviedades por soluções inteligentes e intrigantes – e acaba colecionando mais um ponto para o cinema francês e europeu.

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“Inferno”, de Danis Tanovic. [download: filme]

L'EnferSophie, que sofre com a infidelidade e o desinteresse de seu marido, Anne, jovem universitária que nutre um amor obssessivo por um homem que não está mais interessado por ela, e Céline, uma mulher solitária que vive viajando para cuidar da mãe enferma, são irmãs mas não se vêem a muitos e muitos anos. A medida que seus problemas vão se agravando vamos perceber que talvez eles tenham um denominador comum, e que seus dramas só serão sanados quando o passado for devidamente resolvido.
Li algumas poucas coisas sobre este que é o segundo filme a ser feito baseado na trilogia esboçada pelo magnífico diretor polônes Krzysztof Kieslowski antes de sua morte, em 1996, e cujo argumento foi finalizado por Krzysztof Piesiewicz, fiel colaborador do falecido diretor polonês. O comentário mais comum é o de que é inevitável assistir ao filme sem, de quando em quando, perguntar a si mesmo como teria sido se Kieslowski tivesse o dirigido. Isso faz tanto sentido que não apenas eu fiquei me fazendo essa pergunta enquanto assistia, mas cheguei mesmo a imaginar que o próprio diretor acabou fazendo isso enquanto rodava o longa-metragem. Não se trata de uma impressão vaga, pois além de uma referência assumida à uma sequência que Kieslowski repetiu em seus filmes mais famosos – quem conhece o cinema do diretor polonês vai reconhecer instantaneamente -, o diretor Danis Tanovic – celebrado pelo filme “Terra de Ninguém”, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro – desenha, em alguns momentos, enquadramentos, movimentos de câmera e cortes nas sequências que remetem aos comumente empregados por Krzysztof em seus filmes mais consagrados. A fotografia do longa-metragem, em especial a utilizada em espaços internos, razoavelmente saturada, reforça igualmente esta idéia de “emular” o estilo kieslowskiano. Apesar do correr o risco de prejudicar o senso de naturalidade do filme ao utilizar, deliberadamente, aspectos pertencentes ao cinema de Kieslowski, Danis Tanovic o faz de forma cautelosa e bem dosada, mantendo sua identidade como diretor preservada pela direção muito consistente. Nisso ele também é auxiliado pelo ótimo elenco, particularmente pela bela trinca de atrizes que incorpora as três protagonistas do longa, e pelo roteiro sempre muito bem composto de Krzysztof Piesiewicz que, a partir da idéia original de Krzysztof Kieslowski, inspirou-se nos três cantos da obra mais famosa de Dante Alighieri“A Divina Comédia” – para, sem nunca soar piegas, criar a história de três mulheres que tiveram suas vidas e seu comportamento influenciados por um trauma de infância e para escrever uma sequência final elegantemente pungente que, com imensa crueldade e ironia, despe o filme inteiro de todo e qualquer traço de moralismo e mostra o quanto o sofrimento humano é desperdiçado diante da incapacidade de arrependimento – brilhante.
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“Paradise Now”, de Hany Abu-Assad. [download: filme]

Paradise NowOs palestinos Said e Khaled, amigos de longa data que vivem em Nablus, são recrutados para executar um atentado suicida em TelAviv. Ainda que um tanto surpresos e algo desprevenidos pela urgência da notícia, ambos aceitam e concordam com a missão e com seu destino. Mas, no momento que ambos tentam entrar clandestinamente em território israelense, o policiamento da região fronteira intervem e, enquanto Khaled retorna ao lado Palestino e é levado de volta, Said acaba se escondendo e se perde de seu amigo, passando a vagar pela cidade de Nablus com um artefato explosivo atrelado ao seu corpo.
Por ser o diretor Hany Abu-Assad de origem palestina, “Paradise Now” ganhou vida da maneira mais ideal possível. Primeiro, porque o diretor não extirpa do argumento toda a subjetividade inevitável e necessária para trazer à realidade um filme sobre os atentados com homens-bomba, uma das características mais polêmicas do conflito entre Israel e o povo palestino: Abu-Assad se permite discutir e questionar em “Paradise Now” apenas a validade do mais simbólico método de contra-defesa do povo palestino e nunca o papel que cada uma das partes tem no conflito, sem temer ser parcial ao afirmar que, por mais questionáveis que sejam os métodos praticados pelos palestinos neste conflito, são eles as verdadeiras vítimas, subjugadas pelo poderio da nação de Israel. Segundo, porque o roteiro humaniza a figura do homem-bomba, desmistificando o estigma de mercenários frios e lunáticos, quase mecânicos. E aí é que reside o grande trunfo e a beleza maior do filme: o roteiro desenha Said e Khaled como homens que sujeitam-se a morrer – e matar – por uma causa porque sentem-se incentivados por toda uma vida de miséria, de humilhação, de falta de oportunidades, de sofrimento e de perdas sendo, ainda assim, capazes de temer a morte, de duvidar da eficácia e efeito de suas ações e até de questionar, mesmo que por um breve instante, sua fé e sua crença. E na concepção destes dois personagens, os atores Kais Nashif e Ali Suliman tiveram papel fundamental com seus desempenhos inspirados de Said e Khaled, respectivamente, conseguindo trazer do roteiro, em detalhes, a maneira tão distinta como esses dois homens encaram seus conflitos: o primeiro com uma interpretação minimalista e contida, o segundo compondo um homem extrovertido, transbordando em ansiedade, agitação e emotividade. O elenco de apoio é igualmente notável, incrementando ainda mais as cenas ao contracenar com os dois atores – especialmente Lubna Azabal, como Suha, e a impecável Hiam Abbass, que emociona mesmo na pequena participação que tem como a mãe de Said.
Com “Paradise Now”, o diretor Hany Abu-Assad, além de destrinchar os bastidores de um atentado com uma abordagem realista e enorme sinceridade, revelando o que há de humano em que os perpreta, preenche também uma lacuna há muito existente no cinema mundial: a do cinema palestino. Mesmo que antes existissem outros filmes da chamada “autoridade palestina”, nenhum deles tinha, até então, conseguido notoriedade suficiente para expor além de suas fronteiras as histórias destas pessoas. “Paradise Now” merece ser sucedido por tantos outros filmes que revelem o drama de uma nação castigada e perseguida pela fé que tem e pelas expectativas que nutre há tanto tempo, e que só se materializam em frustrações.
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“Maria”, de Abel Ferrara. [download: filme]

MaryDepois de interpretar Maria Madalena em um filme polêmico sobre Jesus, uma atriz sente sua vida alterada pela experiência e abandona tudo, partindo para o Oriente Médio em busca de refúgio e reflexão. Dois anos depois o diretor do filme está prestes a lançar sua obra e obtém contato com um apresentador que está se aprofundando na vida de Jesus através de seu programa televisivo.
Abel Ferrara, diretor do circuito alternativo americano, tem uma carreira repleta de filmes escorados sobre o submundo do crime, com a presença constante de personagens desajustados e envolvidos com violência e drogas. Quando qualquer pessoa que conhece sua filmografia descobre que ele resolveu se aventurar em um projeto como “Maria”, não há como evitar a expressão de estranheza. Não que o diretor não tenha competência para tanto – não se trata disso -, mas há de se considerar isto como um sinal de que algo em sua vida o levou a filmar uma história que tematiza quase inteiramente sobre a religião, sem economizar nos questionamentos existencialistas – uma vontade de demonstrar maturidade ou flexibilidade, talvez. Mas esse deslocamento de um espaço tão conhecido, o do underground, para um outro, mais intimista e sutil acaba gerando algumas falhas, que são sinalizadas pela sensação, ao longo de todo o filme e tão logo terminamos de assistí-lo, de que se perdeu ou não se notou algo durante toda a expectação do longa. Ferrara tem preocupações genuínas ali, tratando da eterna culpa que nos leva a questionar se os males que sofremos na vida são penas impostas por deus por pecados e erros cometidos, além de questionar as desavenças religiosas que tentam justificar sua violência como defesa da vontade e da verdade divina, trafegando também pela propensão do ser humano em, a certa altura da vida, questionar a conduta da humanidade, bem como a sua própria, e mergulhar em uma jornada de reflexão e auto-conhecimento, mas em todos os planos discutidos o diretor perde o foco por conta do roteiro fraco, que deixa de dar a profundidade necessária ao tema, o que concede à todas as sequências e acontecimentos ali desenhados um certo ar de ingenuidade. Isso aconteceu, ao que parece, porque o diretor não compreendeu que um filme que tematiza sobre eventos que redefinem a experiência de vida dos personagens, primeiramente, não deve deixar apenas para os atores o trabalho de exteriorizar a complexidade e densidade de seus personagens e seus dramas, pois eles devem sempre contar com o auxílio do roteiro e de diretrizes suficientes do diretor para tanto, e em segundo, que um filme destes pode ser tão pesado e radical quanto os que se escoram na violência mais material, física. Talvez o grande defeito de Abel Ferrara ao se aventurar em uma terra que até então não havia visitado seja seu excesso de singeleza e simplicidade. Faltou à ele transmutar a sua habitual ousadia nos domínios do undreground para os campos do metafísico, psicólogico e espiritual. É realmente uma pena, pois um filme com Juliette Binoche, em uma atuação excepcional, poderia render bem mais.
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“Sonhando Acordado”, de Jake Paltrow. [download: filme]

The Good NightUm compositor de jingles para campanhas publicitárias, que um dia foi tecladista de uma banda de um sucesso só, passa a achar tão intolerável o estado de sua vida e as pessoas com cuja companhia tem que lidar, como sua namorada dominadora e seu melhor amigo, um homem egocêntrico e narcisista que, por um acaso, também vem a ser seu chefe e ex-colega de banda, que começa a achar nos sonhos a satifisfação que não encontra na vida real.
Em seu filme de estréia, Jake Paltrow, irmão da atriz Gwyneth Paltrow, resolveu enveredar-se pela seara da “comédia cool” sem, no entanto, arriscar demais em um argumento que experimentasse com o nonsense e o surreal, como costumam fazer Michel Gondry e Spike Jonze. E isso não é difícil de ser de se perceber, já que até mesmo nas sequências que retratam os sonhos do personagem Gary o diretor não quase não tira o seu pé do chão, evitando utilizar este espaço como um meio para exacerbar suas idiossincrasias criativas. Esta preferência de Jake pela sutileza e pela discrição deixa o filme com um mesmo tom, do seu início até o seu fim. E, se por um lado isso remove o risco de deixar o longa-metragem com uma certa artificialidade pelo uso de bizarrices que soam bem gratuitas e com o único objetivo de conferir status “cult” ao filme, também o deixa um tanto maçante e sem charme. O elenco, um tanto desafinado, aumenta rasoavelmente esta sensação de aborrecimento que permeia toda película.
Mas nem tudo é pasmaceira neste longa-metragem: o diretor consegue, pelo menos em dois momentos, elaborar soluções que, se não completamente surpreendentes, ao menos não eram assim previsíveis: a primeira surge no meio do longa, quando sonho e realidade fazem contato de forma crível, sem recorrer ao surreal; a segunda no exata sequência que fecha o filme, quando o protagonista finalmente atinge, de alguma forma, aquilo que tanto almejava.
Procurando controlar a tendência dos cineastas da nova geração – à qual pertence – de insuflar seus filmes de acontecimentos e sequências que fascinam pelo apelo onírico, Jake Paltrow resvalou um bom tanto por excesso de recato em “Sonhando Acordado”. Não há problema algum em querer cortar modismos derivados do mundo videoclípico, mas em se abordando um tema que lida com a fuga do mundo real, alguma ousadia sempre ajuda.
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legendas disponíveis (português):
http://legendas.tv/info.php?d=fcca649e5b8cc749d20abdcaabb8548c&c=1 (via legendas.tv)

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“Uma Questão de Imagem”, de Agnès Jaoui.

Comme Une ImageÉtienne é um famoso e veterano escritor francês cuja filha, Lolita, sofre com o desapego do seu pai, com seus próprios complexos de aparência e com sua insegurança. Sua professora de canto, que inicialmente não simpatiza muito com a garota e com sua performance, descobre quem é o pai desta e, sendo grande fã de Etienne e esposa de um escritor iniciante que tenta publicar seu primeiro livro, resolve tentar se aproximar da garota.
Agnès Jaoui, depois do sucesso obtido pelo seu filme anterior, decidiu que o protagonista de seu mais recente longa-metragem teria natureza inversa daquele que tanto conquistou a crítica: de um homem que passa por um processo de mudança e aprimoramento de seu comportamento e gosto rudes, o co-roteirista Jean-Pierre Bacri passa a interpretar um homem que não consegue – e nem tenta – modificar o modo displicente com que trata as pessoas, sempre devidamente menosprezadas pela sua personalidade narcisista e egocêntrica. É a partir deste personagem, e não exatamente ao seu redor, que os eventos tomam lugar e as relações pessoais no filme se desenvolvem: primeiro com os personagens períféricos, como o assistente do escritor, ignorado por este em tudo que não compete suas funções, e a esposa de Étienne, que tem sua educação para com a filha invalidada pelo marido, depois com os protagonistas do longa, como a filha que tenta ganhar um pouco de atenção do pai e, a professora de canto, já um tanto entediada com sua profissão e esperançosa de que seu marido um dia deslanche na que ele escolheu e este último, sem muita esperança de que realmente consiga publicar algo um dia. O interesse da diretora e co-roteirista, visível desde seu filme anterior, é descortinar as coisas que movem e impulsionam as relações humanas e, no caso específico deste filme, nas intenções que se escondem por trás delas: primeiro, a de pessoas que iniciam suas relações com homens como Étienne para se benefeciar de seu prestígio e influência – muitas vezes usando outra pessoa para alcançá-lo, algo muito bem ilustrado no filme pela filha complexada devido seu excesso de peso e seus insucessos artísticos e carente de atenção do pai e da alheia -, segundo a do próprio Étienne que, de forma tão infantil, carece da presença e atenção de todas essas pessoas para reafirmar sua importância para si mesmo – eu não saberia dizer qual dos dois lados seria o mais mesquinho, mas o que eu nem ninguém precisa refletir muito para saber é o quanto isto se relaciona de modo intrínseco com o mundo em que vivemos hoje, repleto de pessoas como Étienne e ainda mais cheio de pessoas que se sujeitam a alimentar a sua egofilia. Pode-se pensar que, no meio desta fogueira de vaidades e expectativas, pessoas como Lolita são as únicas vítimas, mas Agnès Jaoui também se ocupa de analisar seu comportamento e mostrar suas falhas: é através de sua propensão em achar que todos se aproximam dela só por conta do pai famoso e rico que a diretora demonstra a tendência que pessoas inseguras e com baixa auto-estima tem em sempre achar que o interesse que os outros nutrem por elas nunca é genuíno, o que possibilita o risco de, na inércia constante da posição de vítima que elas tomam, acabem julgando como ilegítimas relações que não o são. Mas, nem tudo esta perdido: no encaminhamento do filme, felizmente, vemos que algumas pessoas podem começar a quebrar este círculo vicioso, percebendo o mal que elas fazem a si próprias e aos outros ao alimenta-lo – como a personagem da diretora, a professora de canto Sylvia. O problema é que isso, fora do plano da ficção, não costuma acontecer com muita frequência – eu diria que raramente acontece.
Em “Uma Questão de Imagem” a dupla Jaoui/Bacri aprimora o seu estilo muito além do exposto em “O Gosto dos Outros”, explorando de forma mais competente e realista o drama e compondo soluções um pouco mais elaboradas, como fica claro na sequência que fecha o longa-metragem. Está longe de ter a profundidade e originalidade dos melhores dramas – e mais antigos – de Woody Allen ou a visceralidade de um “Festa de Família”, mas é o sinal de que, com um pouco mais de ousadia o casal de franceses pode achar o caminho.

OBS: ainda não encontrei links para download do filme. Encontrando algum, os links estarão disponíveis aqui.

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