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“Quantum of Solace”, de Marc Forster. [download: filme]

Quantum of SolaceJames Bond tenta desvendar os segredos por trás da organização que chantageou Vesper Lynd e que, consequentemente, foi responsável por sua morte. Seguindo pistas, a primeira sendo no atentado por um agente do MI6 contra M, sua superior, Bond descobre que a organização tem mais influência do que supunha antes.
A nova fase de 007, inaugurada em “Cassino Royale”, ganha continuidade nesta sequência direta da estrelada pelo loiro britânico Daniel Craig. Sob as ordens de Marc Forster, diretor dos excelentes “A Última Ceia” e “Mais Estranho que a Ficção”, Bond continua protagonizando uma história cujo argumento-base é centrado em uma abordagem mais simples e pé no chão, radicalmente oposta aos elementos fantasiosos dos filmes anteriores, o que afeta sobremaneira o próprio perfil do personagem, que abandona a frivolidade em troca da tenacidade, a despeito de um comportamento mais violento, irascível e obssessivo – transformação, por sinal, dividida com a principal “bondgirl” deste novo filme.
Porém, a trinca de roteiristas, que também foi responsável por compor o argumento do primeiro filme, pisa feio na bola nesta segunda incursão do novo James Bond no cinema. Ao desenvolver no argumento elementos apenas sugeridos no primeiro filme, transformando os então terroristas de “Cassino Royale” em saqueadores disfarçados de ambientalistas corporativos em “Quantum of Solace”, os roteiristas, entre eles Paul Haggis, recorrem ao estereótipo estúpido formado pelos países desenvolvidos sobre os países em desenvolvimento, neste caso em particular, sobre a América do Sul: para o chamado primeiro mundo, a região não passa de seu playground particular onde consegue, quando e como quiser, com a ajuda de uma mala com um punhado de dólares, derrubar e nomear governantes, a rigor papel desempenhado por déspotas militares cruéis e interesseiros que se vendem, claro, por aquela mesma mala recheada com um punhado de dólares. A idéia, que abarca inclusive um país como o Brasil, é alimentada pela ilusão ridícula de que democracia é a deles, a dos outros não passa de um embuste republicano que encobre uma terra de bárbaros e barbaridades – uma imbecilidade que ecoa a noção que os romanos faziam dos povos que pouco a pouco subjugaram, sustentada pela ignorância atroz de tudo que lhes é estrangeiro. Como os roteiristas organizaram todo o argumento em cima desta idéia, o filme não apenas se põe a perder por ser mais um a alimentar este estereótipo, mas porque este mesmo estereótipo põe no chão aquela que era até então a maior qualidade desta nova fase de James Bond: o realismo. Apesar de não se apoiar em engenhocas dignas de um filme de ficção científica, por sua vez criadas e manipuladas por vilões idiossincráticos, carnavalescos e quase infantis, a idéia que se faz da extensão dos poderes e da influência dos vilões e de suas corporações em “Quantum of Solace” equivale à fantasia farsesca da fase anterior do agente britânico – a abordagem é outra, o resultado final difere, mas tudo acaba chafurdando na mesma inverossimilhança dos anteriores. Era realmente pedir demais que uma das franquias mais tradicionalmente pop do cinema sustentasse a qualidade e equilíbrio por mais de um filme – a julgar pelo belo tropeço que já foi dado apenas na segunda aventura do novo James Bond, o tombo na vala comum das mega-produções do cinema comercial está mais próximo do que se pode imaginar…e isso porque estou sendo gentil o suficiente em considerar “Quantum of Solace” como apenas um tropeço.
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legendas (português):
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