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Tag: hilary swank

“Menina de ouro”, de Clint Eastwood.

Million Dollar BabyMulher aspirante a boxeadora consegue, depois de muita insistência, ser preparada por um experiente treinador que, apesar do extremo talento, nunca conseguiu chegar ao circuito profissional. O relacionamento de ambos, inicialmente distante, se intensificada á medida que o treinador tem conhecimento da vida díficil de sua aluna.
Há um punhado de coisas irritantes neste que foi considerado um dos melhores filmes de Clint Eastwood. O primeiro ponto desta questão é a enorme lentidão da primeira metade do filme. Não tenho absolutamente nada contra a condução lenta de um longa-metragem, mas é óbvio que ao decidir por utilizar este como o tom de seu filme, o diretor deve concentrar seus esforços em não deixar que este recurso torne sua obra desinteressante ou atrapalhe a própria constituição do argumento. Ao que parece Clint não deu devida atenção à isso, ja que a impressão que se tem é que absolutamente nada acontece neste primeira sequência de seu filme. Alguns podem enxergar isto como qualidade, mas a verdade é que é mesmo uma falha. O segundo problema é o artíficio da narração em “off” – à cargo do ator Morgan Freeman -, utilizado à exaustão pelo diretor americano durante o seu longa. O recurso é, na minha opinião, dos mais difícies de se implementar em um filme. Seu uso pode acabar conferindo infantilidade – devido à sua relação com a fábula -, lentidão, artificialismo e, mesmo que inadvertidamente, causar uma certa sensação de presunção do seu relizador. Todos esses efeitos nocivos da narração em “off” acabam por se apresentar em maior ou menor grau no filme, acarretando assim num empobrecimento da trama. O terceiro problema seria a insistência do cinema americano em elaborar tramas que carreguem o discurso didático-moralista da valorização da experiência dos mais idosos. É certo que isso deve ser sempre respeitado, mas os americanos – como não poderia deixar de ser – sempre o fazem com excessos de pedantismo e pieguice. Clint Eastwood já fez um filme inteiro assim – falo de “Cowboys do Espaço” -, e ainda teima em querer educar seu público no assunto, como se pode conferir particularmente na cena em que o personagem de Morgan Freeman nocauteia um boxeador de personalidade lamentável e, evidentemente, muito mais jovem que ele.
Porém, há de se admitir que o filme tem suas vitórias. As atuações estão realmente soberbas – Hillary Swank, em especial, consegue desenvolver sua boxeadora com o misto ideal de força, resignação, sofrimento e humildade que o roteiro exige. Além disso, se a primeira metade do filme arrasta-se no desinteresse, a segunda parte desperta até mesmo tensão no expectador, devido à previsibilidade intencional da desgraça que abate o destino da protagonista: e é justamente por ser previsível que o testemunho da desgraça pessoal do boxeadora se torna ainda mais doloroso e difícil de acompanhar. E o inevitável avanço da misérável destino da boxeadora é tratado pelo diretor americano com bastante cuidado, sem cair excessivamente no melodrama fácil e inevitavelmente piegas que a abordagem de uma doença/estado terminal ou crônico sempre acaba acarrretando. A trilha sonora, composta ainda pelo próprio Clint Eastwood, é delicada e sutil, conseguindo ser tocante sem apresentar arroubos orquestrais que poderiam carregar demais as tintas já naturalmente emotivas do argumento do filme. Ao cabo do longa-metragem – que foi feito com base no roteiro de Paul Haggis, também responsável pela direção do desnecessário “Crash – no limite” -, percebe-se que Clint consegue obter, em parte, a beleza de seu eternamente memorável “As pontes de Madison”. É uma expectação válida, mas não merece ser colocada ao lado dos filmes celebrados do diretor – não fosse pelos defeitos, que não se configuram como meros detalhes, Clint poderia ter sucedido completamente na empreitada.

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