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seteventos Posts

Sony Bravia – “Play-Doh” [Bunnies] (dir. Frank Budgen & Darren Walsh). [download: vídeo + mp3]

Sony Bravia - Play-DohE finalmente é lançado, com direito a “teaser trailers” e data de estréia, o terceiro volume das sempre inventivas e surpreendentes peças publicitárias da mega-corporação Sony para a sua linha de Tvs LCD Bravia. Depois de causar uma avalanche de bolinhas coloridas ladeira abaixo na cidade de San Francisco e borrar um condomínio de edifícios inteiro da escocesa Glasgow com colossais jorros de tinta, a produtora Passion Pictures decidiu usar New York como cenário e coelhinhos de massinha de modelar como protagonistas. Filmados em stop-motion no meio de uma praça da cidade, esses bichinhos fofos de todas as cores possíveis surgem de canaletas e esgotos, atravessam o trânsito furioso e invadem uma praça, transformando-se em uma enorme onda que, ao quebrar-se no asfalto vira blocos de gelo de onde vemos surgir o dorso de uma baleia, como se a superfície de concreto do chão fosse a do mar. Mas a super-produção não termina por aí, pois logo a cauda da baleia, levantada do concreto-mar, transforma-se em um coelho gigante que, finalmente, derrete-se em blocos multicoloridos por toda a praça – tudo ao som de “She’s a Rainbow”, do Rolling Stones – baby, esse é pra lá de imperdível. Assista o vídeo neste link do YouTube ou baixe-o no formato .FLV usando este link. E se você gostou da canção do Rolling Stones que serve de trilha para o curta, baixe-a utilizando o link a seguir.

The Rolling Stones – “She’s A Rainbow”:
http://www.badongo.com/file/4608971

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PJ Harvey – White Chalk. [download: mp3]

PJ Harvey - White ChalkAté os fãs de PJ Harvey não esperavam que a cantora e compositora britânica fosse tão longe em seu mais recente disco, White Chalk: depois de tantos anos revirando e experimentando dentro das fronteiras do rock mais seco e punk, em 2007 a cantora renasce como uma entidade romântica e quase fantasmagórica do século XIX que utiliza o piano como base de inspiração melódica para suas criações. Mesmo o seu vocal tão singularmente rockeiro, que PJ sempre fez questão de utilizar em todas as variações de graves e agudos que consegue atingir, agora é sustentado quase o tempo todo nesta última faceta, em notas altas e distantes, muitas vezes transmutadas por filtros que intensificam ainda mais seu caráter imaterial. As melodias fogem da trama básica do rock como o diabo foge da cruz, geralmente compostas com o já citado piano, além de banjos, gaitas e harpas, com interferência mínima de bateria, como se pode ver na belíssima faixa de abertura, “The Devil”, em que a cantora fala sobre uma alma atormentada pelo amor e na faixa título, que resgata memórias e emoções despertadas pela paisagem bucólica do paredão de penhascos da região de Dorset, na Inglaterra. Mais adiante, tanto na terceira faixa, “Grow Grow Grow”, de letras que suplicam por ajuda para entender melhor como é crescer e melodia agridoce e brumosa, com um elenco de pianos que vão do mais econômico e minimalista ao mais virtuoso, quanto no piano de acordes graves e vocais monotonais do single “When Under Ether”, que fala sobre uma mulher que sente a vida esvaindo-se dentro de si no momento em que sofre um aborto, Harvey suscita a atmosfera de Is This Desire?, ainda que estas canções estejam tomadas pela sonoridade preponderante de White Chalk. Contudo, se você quer entender inteiramente este projeto inusitado da cantora britânica ouvindo uma única música, a última faixa do disco, “The Mountain”, serve como a foto instântanea desta PJ Harvey que se despe da carne e se converte completamente em espírito: entoando os versos difusos e amargos sobre a perda de confiaça em quem amamos, a cantora se esvai em falsetos exasperados e gritos desesperados sobre uma miríade de acordes de piano, dramáticos e tempestuosos como uma ventania norturna.
White Chalk acabou se tornando o disco mais complexo e difícil da carreira da rockeira britânica: com essa sonoridade distante e leitosa, de pianos oníricos e harmonias por vezes barrocas e em outras algo pastorais, PJ Harvey compôs um álbum cuja atmosfera evoca muito mais ao espírito e às emoções do que ao corpo e ao táctil – o que faz lembrar em alguns momentos a conterrânea Sol Seppy. Esse caráter um tanto intangível tem seus perigos: ele pode desagradar até mesmo uma parcela dos fãs mais fiéis da artista, acostumados e sempre sequiosos pelo rock mais seco e visceral da artista. Porém, a artista parece bem mais preocupada em satisfazer suas próprias expectativas artísticas do que as mais imediatas do seu público – o que, mesmo correndo o risco do mais retumbante fracasso, é sempre algo a ser celebrado – e cada vez mais raro.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

senha: seteventos

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“Maria”, de Abel Ferrara. [download: filme]

MaryDepois de interpretar Maria Madalena em um filme polêmico sobre Jesus, uma atriz sente sua vida alterada pela experiência e abandona tudo, partindo para o Oriente Médio em busca de refúgio e reflexão. Dois anos depois o diretor do filme está prestes a lançar sua obra e obtém contato com um apresentador que está se aprofundando na vida de Jesus através de seu programa televisivo.
Abel Ferrara, diretor do circuito alternativo americano, tem uma carreira repleta de filmes escorados sobre o submundo do crime, com a presença constante de personagens desajustados e envolvidos com violência e drogas. Quando qualquer pessoa que conhece sua filmografia descobre que ele resolveu se aventurar em um projeto como “Maria”, não há como evitar a expressão de estranheza. Não que o diretor não tenha competência para tanto – não se trata disso -, mas há de se considerar isto como um sinal de que algo em sua vida o levou a filmar uma história que tematiza quase inteiramente sobre a religião, sem economizar nos questionamentos existencialistas – uma vontade de demonstrar maturidade ou flexibilidade, talvez. Mas esse deslocamento de um espaço tão conhecido, o do underground, para um outro, mais intimista e sutil acaba gerando algumas falhas, que são sinalizadas pela sensação, ao longo de todo o filme e tão logo terminamos de assistí-lo, de que se perdeu ou não se notou algo durante toda a expectação do longa. Ferrara tem preocupações genuínas ali, tratando da eterna culpa que nos leva a questionar se os males que sofremos na vida são penas impostas por deus por pecados e erros cometidos, além de questionar as desavenças religiosas que tentam justificar sua violência como defesa da vontade e da verdade divina, trafegando também pela propensão do ser humano em, a certa altura da vida, questionar a conduta da humanidade, bem como a sua própria, e mergulhar em uma jornada de reflexão e auto-conhecimento, mas em todos os planos discutidos o diretor perde o foco por conta do roteiro fraco, que deixa de dar a profundidade necessária ao tema, o que concede à todas as sequências e acontecimentos ali desenhados um certo ar de ingenuidade. Isso aconteceu, ao que parece, porque o diretor não compreendeu que um filme que tematiza sobre eventos que redefinem a experiência de vida dos personagens, primeiramente, não deve deixar apenas para os atores o trabalho de exteriorizar a complexidade e densidade de seus personagens e seus dramas, pois eles devem sempre contar com o auxílio do roteiro e de diretrizes suficientes do diretor para tanto, e em segundo, que um filme destes pode ser tão pesado e radical quanto os que se escoram na violência mais material, física. Talvez o grande defeito de Abel Ferrara ao se aventurar em uma terra que até então não havia visitado seja seu excesso de singeleza e simplicidade. Faltou à ele transmutar a sua habitual ousadia nos domínios do undreground para os campos do metafísico, psicólogico e espiritual. É realmente uma pena, pois um filme com Juliette Binoche, em uma atuação excepcional, poderia render bem mais.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

OBS: links funcionais mas não testados.

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legenda (português) [via legendas.tv – necessário registro]:
http://legendas.tv/info.php?d=6072b3812ab8805c61ac1adff5f76229&c=1

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Coca-Cola – “Rapt Soda” (dir. Alexandre Ada e Cédric Jeanne). [download: vídeo]

Coca-Cola - Rapt SodaSíndrome de Ratatouille: neste curta-metragem francês, que serve de campanha publicitária para a Coca-Cola, um ratinho se mostra capaz de um tudo para obter uma apetitosa latinha do refrigerante, mantido dentro da geladeira da casa onde, digamos, está “hospedado”. O esforço inclui um impagável disfarce de beringela para poder entrar sorrateiramente no eletro e raptar a latinha. Mas ele descobre logo que não foi o único a ter essa idéia genial….
Baixe logo esse comercial divertido e esqueça o furo inevitável do argumento – como ele saiu da geladeira? -, afinal, trata-se de uma peça publicitária que não tem outra pretensão além de ser simples e simpática. Neste link via YouTube ou download direto neste outro link.

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Emily Haines & The Soft Skeleton – “Our Hell” (dir. Jaron Albertin). [download: vídeo]

Emily Haines & The Soft Skeleton - Our HellMe desculpem se vou soar imparcial, se vou rasgar seda e se este vídeo não é nada demais: é simplesmente impossível eu me controlar quando se fala de Emily Haines, a única mulher até hoje que conseguiu se colocar no meu mundo musical ao lado de Tori Amos. Eu simplesmente idolatra-a, amo-a tanto quanto a fabulosa pianista americana. E achei ótimo que a artista resolveu, ao lado de seu fiel diretor de vídeos Jaron Albertin, que já deu a loira canadense o irretocável e elogiado vídeo de “Doctor Blind”, um clipe para a canção “Our Hell”, que abre seu último disco solo e é um dos pontos altos do lançamento. Jaron, assim como fez no clipe anterior de Emily, decidiu continuar explorando o horror cotidiano, mas ao contrário do que fez no trabalho anterior, em que mergulhou a artista em uma sequência de delírio, resolveu fazer com que a normalidade ali filmada fosse subvertida apenas pelo uso da técnica: trata-se apenas de mais um dia de descanso e diversão na praia, mas tudo foi filmado com o uso de uma câmera de sensibilidade térmica – o resultado é um tanto arrepiante, já que no vídeo o mundo é visto como em uma chapa de Raio-X.
Assista o vídeo neste link do YouTube ou baixe-o através deste outro link.

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Madeleine Peyroux – Careless Love. [download: mp3]

Madeleine Peyroux - Careless LoveEntre as figurinhas arredias da música mundial, Madeleine Peyroux é atualmente a representante americana nos círculos do jazz. No entanto, talvez o termo mais adequado não seja nem “arredia”, mas “displicente”, visto que a forma como ela preferiu jogar-se na anonimidade das ruas de Paris com seu violão, sem qualquer preocupação de divulgar decentemente seu elogiado disco de estréia, têm mais a ver com não dar muita atenção à fama e ao crescimento no mundo artístico do que se esconder acintosamente dele – mas estranho é que, seja arredia ou displicente, nada na sua musicalidade dá qualquer pista sobre isso, já que o seu apuro e cuidado extremos ao compor arranjos e ao tornar o seu vocal o mais límpido possível correspondem mais à uma artista metódica e “caxias” (é assim que se escreve?) do que à uma porra-louca impulsiva. Ao menos é isso que senti ao ter contato com os arranjos das canções – todas regravações – do seu segundo álbum, pois ela e seu produtor, Larry Klein, tiveram o cuidado de arranjar as melodias para que os intrumentos se integrassem de modo cauteloso, sem que nenhum deles usurpasse a sonoridade de outro. Assim é em “Dance Me To The End Of Love”, que celebra a dança como expressão e caminho para toda a beleza e para o amor e apresenta a voz suavíssima de Madeleine em perfeita homogenia com a sedosidade do contrabaixo, da percussão e do piano, cujos acordes dão charme vísivel à canção, em “Don’t Cry Baby”, um country-blues que suplica pelo perdão e pelo recomeço, a guitarra carrega o arranjo sem nunca abadonar a discrição, acompanhando respeitosamente os toques cálidos e malemolentes do orgão e piano, em “You’re Gonna Make Me Lonesome”, sobre alguém que antecipa o mal que lhe seria feito se seu amor lhe abandonasse, as sonoridades do contrabaixo, do piano, da percussão e da guitarra soam tão aveludadas e lânguidas quanto o vocal de Peyroux, e em “Between The Bars”, onde a instrumentação soa inegavelmente felpuda, desde a percussão até as notas formosas ao piano.
Ainda que pertença muito mais aos domínios do jazz, gênero pelo qual, confesso, não costumo ter muito apego, em Careless Love Madeleine Peyroux consegue soar interessante por harmonizar este estilo com algumas rajadas de pop e blues. Além de lhe retirar, com isso, o ranço esnobe com o qual o jazz, não poucas vezes, tende a soar como um laboratório de aborrecida sofisticação sonora para loiras gélidas escondidas atrás de pianos, Madeleine Peyroux ainda consegue assim encarnar melhor a parisiense indiferente – afinal de contas, é muito mais fácil fazer isso carregando um violão do que um piano de calda.

senha: seteventos

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“Sonhando Acordado”, de Jake Paltrow. [download: filme]

The Good NightUm compositor de jingles para campanhas publicitárias, que um dia foi tecladista de uma banda de um sucesso só, passa a achar tão intolerável o estado de sua vida e as pessoas com cuja companhia tem que lidar, como sua namorada dominadora e seu melhor amigo, um homem egocêntrico e narcisista que, por um acaso, também vem a ser seu chefe e ex-colega de banda, que começa a achar nos sonhos a satifisfação que não encontra na vida real.
Em seu filme de estréia, Jake Paltrow, irmão da atriz Gwyneth Paltrow, resolveu enveredar-se pela seara da “comédia cool” sem, no entanto, arriscar demais em um argumento que experimentasse com o nonsense e o surreal, como costumam fazer Michel Gondry e Spike Jonze. E isso não é difícil de ser de se perceber, já que até mesmo nas sequências que retratam os sonhos do personagem Gary o diretor não quase não tira o seu pé do chão, evitando utilizar este espaço como um meio para exacerbar suas idiossincrasias criativas. Esta preferência de Jake pela sutileza e pela discrição deixa o filme com um mesmo tom, do seu início até o seu fim. E, se por um lado isso remove o risco de deixar o longa-metragem com uma certa artificialidade pelo uso de bizarrices que soam bem gratuitas e com o único objetivo de conferir status “cult” ao filme, também o deixa um tanto maçante e sem charme. O elenco, um tanto desafinado, aumenta rasoavelmente esta sensação de aborrecimento que permeia toda película.
Mas nem tudo é pasmaceira neste longa-metragem: o diretor consegue, pelo menos em dois momentos, elaborar soluções que, se não completamente surpreendentes, ao menos não eram assim previsíveis: a primeira surge no meio do longa, quando sonho e realidade fazem contato de forma crível, sem recorrer ao surreal; a segunda no exata sequência que fecha o filme, quando o protagonista finalmente atinge, de alguma forma, aquilo que tanto almejava.
Procurando controlar a tendência dos cineastas da nova geração – à qual pertence – de insuflar seus filmes de acontecimentos e sequências que fascinam pelo apelo onírico, Jake Paltrow resvalou um bom tanto por excesso de recato em “Sonhando Acordado”. Não há problema algum em querer cortar modismos derivados do mundo videoclípico, mas em se abordando um tema que lida com a fuga do mundo real, alguma ousadia sempre ajuda.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

OBS: links funcionais mas não testados.

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legendas disponíveis (português):
http://legendas.tv/info.php?d=fcca649e5b8cc749d20abdcaabb8548c&c=1 (via legendas.tv)

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Arctic Monkeys – Favourite Worst Nightmare [download: mp3]

Já devo ter dito algumas vezes aqui no blog: há certas coisas que me despertam uma antipatia prévia, um asco inexplicável que me faz “não ouvir e não gostar” – para parafrasear minha melhor amiga. Geralmente isso ocorre com todos aqueles filmes ou bandas que se infiltram de modo tão pernicioso em nosso cotidiano que você não passa um dia sequer sem se deparar com um elogio à banda ou filme em questão. A banda britânica Arctic Monkeys é, reconhecidamente, um dos maiores exemplos recentes deste fenômeno: navegue por blogs ou mesmo pelo Orkut por alguns instantes que você, via de regra, vai se deparar com uma confissão apaixonada de alguém pela banda. E eu tentei fugir do Arctic Monkeys o quanto pude, mas quando fiquei sabendo que eu seria obrigado a vê-los, ao vivo, na etapa do Tim Festival de Curitiba, como brinde de Björk e The Killers, eu decidi que era hora de por fim a esta fuga – afinal de contas, se eles me perseguiam de modo tão insistente, isso só podia ser algum tipo de sinal. Sabendo disso e reconhecendo que eu não posso simplesmente ignorar a banda no festival, lá fui eu em busca de Favourite Worst Nightmare, o segundo e mais recente disco da banda. Apesar de meu sexto sentido de pleno esnobismo cultural ser normalmente muito apurado, alguns positivos falsos acabam acontecendo. E eu reconheço: o Arctic Monkeys foi um dos meus mais vergonhosos falsos positivos – ao menos no que tange ao seu vigoroso, eletrizante e esquizofrênico segundo álbum.
O grande barato da banda são suas canções de melodias frenéticas, de compasso absolutamente “epilético” – é nessas faixas que o vocalista Alex Turner mostra suas habilidades no vocal e na guitarra, devidamente acompanhado pelos seus companheiros igualmente prodigiosos no baixo, bateria e guitarra complementar. Não faltam no álbum canções para exemplificar isto: “Brianstorm”, a faixa de abertura inspirada por um fã que visitou o camarim da banda em uma de suas apresentações em Tokyo, alucina com os infindáveis riffs curtos de guitarra e baixo, com sua bateria em ebulição contínua e com seus vocais entorpecentes; “D is for Dangerous”, que fala sobre aquele tipo de homem que não consegue manter “as suas calças no lugar” e ser fiel à sua companheira, fascina com suas enérgicas guitarras e baixos de acordes quase gêmeos e com camadas múltiplas de vocais que só intensificam ainda mais a melodia em plena ansiedade; “Old Yellow Bricks”, em cujas letras uma mulher descobre que aquilo do que ela tanto fugia é o que ela mais deseja agora, detona com os riffs matadores do baixo que dá o andamento à melodia, com o dedilhar da guitarra um tanto tétrica e a cadência forte da bateria; “This House is a Circus” hipnotiza pelo dedilhar quase monocórdico da guitarra solo que empurra a melodia que gira em ciclos acelerados pela bateria incansável e as demais guitarras de tecitura densa; e “Teddy Picker”, que fala sobre o efêmero mercado das celebridades instantâneas do mercado pós-moderno do entretenimento, vicia com a pegada do baixo, com os acordes progressivos da guitarra, pela cadência da bateria e pelos vocais em perfeita sincronia com toda a melodia.
Apesar das faixas em que a banda mantém o pé enfiado no acelerador serem as que mais aguçam os sentidos, há outras em que a rítmica sossega um bocado, cedendo lugar à melodias mais soltas e, por vezes, até mais elaboradas. Em “Do Me a Favour”, de versos sinceros que ilustram muito bem os sentimentos que afloram no fim de um relacionamento, o Arctic Monkeys explora bem esse compasso em uma melodia que primeiro surge compassiva, na qual as guitarras vestem-se em acordes melancólicos e o baixo pulsa em tom pesairoso junto com a síncope rígida da bateria, e que nos seus momentos finais eclode em agitação amargurada – lembra um pouco a estruturação mais clássica das faixas mais famosas do Placebo. “Flourescent Adolescent”, que usa um casal que reflete sobre o seu amor de outrora para mostrar como envelhecer é cruel para nossas expectativas afetivas, é outra que delicia pela beleza harmônica de suas pausas rítmicas que repetem a introdução na qual o baixo é o protagonista e a bateria e guitarra apenas lhe fazem a corte.
O frisson sonoro de Favourite Worst Nightmare é tamanho que as vezes seu oceano de guitarras afiadas, baixos vistosos e baterias maciças soa excessivo e exasperante, mas, mesmo assim, é um disco que conquista o ouvinte pela forma como a musicalidade da banda foi acentuada, tornando-se mais marcante, sedutora e cáustica – imprescindível conferir se você é um dos que vai acompanhar a banda ao vivo no Tim Festival.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha abaixo para descompactar os arquivos.

Baixe: https://www.mediafire.com/file/j3pz97jyb4f6ng8/arctic-worst.zip/file

Ouça:

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“Uma Questão de Imagem”, de Agnès Jaoui.

Comme Une ImageÉtienne é um famoso e veterano escritor francês cuja filha, Lolita, sofre com o desapego do seu pai, com seus próprios complexos de aparência e com sua insegurança. Sua professora de canto, que inicialmente não simpatiza muito com a garota e com sua performance, descobre quem é o pai desta e, sendo grande fã de Etienne e esposa de um escritor iniciante que tenta publicar seu primeiro livro, resolve tentar se aproximar da garota.
Agnès Jaoui, depois do sucesso obtido pelo seu filme anterior, decidiu que o protagonista de seu mais recente longa-metragem teria natureza inversa daquele que tanto conquistou a crítica: de um homem que passa por um processo de mudança e aprimoramento de seu comportamento e gosto rudes, o co-roteirista Jean-Pierre Bacri passa a interpretar um homem que não consegue – e nem tenta – modificar o modo displicente com que trata as pessoas, sempre devidamente menosprezadas pela sua personalidade narcisista e egocêntrica. É a partir deste personagem, e não exatamente ao seu redor, que os eventos tomam lugar e as relações pessoais no filme se desenvolvem: primeiro com os personagens períféricos, como o assistente do escritor, ignorado por este em tudo que não compete suas funções, e a esposa de Étienne, que tem sua educação para com a filha invalidada pelo marido, depois com os protagonistas do longa, como a filha que tenta ganhar um pouco de atenção do pai e, a professora de canto, já um tanto entediada com sua profissão e esperançosa de que seu marido um dia deslanche na que ele escolheu e este último, sem muita esperança de que realmente consiga publicar algo um dia. O interesse da diretora e co-roteirista, visível desde seu filme anterior, é descortinar as coisas que movem e impulsionam as relações humanas e, no caso específico deste filme, nas intenções que se escondem por trás delas: primeiro, a de pessoas que iniciam suas relações com homens como Étienne para se benefeciar de seu prestígio e influência – muitas vezes usando outra pessoa para alcançá-lo, algo muito bem ilustrado no filme pela filha complexada devido seu excesso de peso e seus insucessos artísticos e carente de atenção do pai e da alheia -, segundo a do próprio Étienne que, de forma tão infantil, carece da presença e atenção de todas essas pessoas para reafirmar sua importância para si mesmo – eu não saberia dizer qual dos dois lados seria o mais mesquinho, mas o que eu nem ninguém precisa refletir muito para saber é o quanto isto se relaciona de modo intrínseco com o mundo em que vivemos hoje, repleto de pessoas como Étienne e ainda mais cheio de pessoas que se sujeitam a alimentar a sua egofilia. Pode-se pensar que, no meio desta fogueira de vaidades e expectativas, pessoas como Lolita são as únicas vítimas, mas Agnès Jaoui também se ocupa de analisar seu comportamento e mostrar suas falhas: é através de sua propensão em achar que todos se aproximam dela só por conta do pai famoso e rico que a diretora demonstra a tendência que pessoas inseguras e com baixa auto-estima tem em sempre achar que o interesse que os outros nutrem por elas nunca é genuíno, o que possibilita o risco de, na inércia constante da posição de vítima que elas tomam, acabem julgando como ilegítimas relações que não o são. Mas, nem tudo esta perdido: no encaminhamento do filme, felizmente, vemos que algumas pessoas podem começar a quebrar este círculo vicioso, percebendo o mal que elas fazem a si próprias e aos outros ao alimenta-lo – como a personagem da diretora, a professora de canto Sylvia. O problema é que isso, fora do plano da ficção, não costuma acontecer com muita frequência – eu diria que raramente acontece.
Em “Uma Questão de Imagem” a dupla Jaoui/Bacri aprimora o seu estilo muito além do exposto em “O Gosto dos Outros”, explorando de forma mais competente e realista o drama e compondo soluções um pouco mais elaboradas, como fica claro na sequência que fecha o longa-metragem. Está longe de ter a profundidade e originalidade dos melhores dramas – e mais antigos – de Woody Allen ou a visceralidade de um “Festa de Família”, mas é o sinal de que, com um pouco mais de ousadia o casal de franceses pode achar o caminho.

OBS: ainda não encontrei links para download do filme. Encontrando algum, os links estarão disponíveis aqui.

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“Off The Shelf”, de Brandon McCormick. [download: vídeo + mp3]

Off The Shelf“Neste curta-metragem, uma flor vermelha em seu vasinho simples fica entediada com sua vidinha na bancada cozinha e chega a conclusão de que aquilo não é vida para ela, partindo para uma viagem um tanto perigosa para conhecer o mundo que se estende ali fora, bem a frente da janela que tanto admira. Sonorizado por uma canção doce, que também serve de voz aos sentimentos do personagem principal, o curta de Brandon McCormick encanta pela delicadeza com que a saga da pequena flor é retratada, com extrema simplificidade e sem artifícios que lhe retirariam a naturalidade de seu conceito.
Assista esse belo trabalho via este link do YouTube, faça download dele neste outro link e, se gostar da música tanto quanto eu gostei, use o endereço abaixo para façar download dela.

Wright Brothers – “Off The Shelf” [mp3]:
http://www.gigasize.com/get.php/3195583222/Wright_Brothers_-_Off_The_Shelf.mp3

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