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“O Corte”, de Costa-Gavras. [download: filme]

Le CouperetBruno é um executivo desempregado, já há dois anos, que trabalhava em empresa de produção de papel. Depois de tanto tempo fora do mercado, e de inúmeras tentativas frustradas em entrevistas, ele vê uma oportunidade do emprego que tanto deseja em um grande indústria papeleira. Contudo, há dois problemas: primeiro, o cargo não está vago; segundo, apesar de não existirem tantos candidatos aptos na ventura de alguém preencher a vaga, há alguns que são tão bons ou ainda melhores do que ele. Bruno decide então tomar medidas extremas: vai eliminar um por um, deixando por último o homem que ocupa atualmente o cargo, até que não reste outra opção se não ele próprio.
Costa-Gravas tem amor à polêmica, abordando assuntos bem espinhosos de maneira geralmente heterodoxa. Ele já havia ilustrado brevemente o quanto o desemprego desvirtua um homem em 1997, no filme “O Quarto Poder”, mas ali ele tratava mesmo da capacidade da mídia de formar opiniões e modificar a realidade ao seu bel-prazer, segundo seus interesses. A primeira vista, neste longa-metragem mais recente, o diretor parece aprofundar-se no efeito mais nocivo da globalização e da busca de eficiência e economia da iniciativa privada: o desemprego crescente e cada vez mais constante que se uniformiza por todo o mundo, sem exceção. Ao menos é isso o que nos indica o argumento básico e a construção dele em cima de personagens que partilham da mesma frustração, ansiedade e sensação de fracasso desencadeados pelo falta de trabalho. Contudo, se dedicarmos um tanto mais de atenção vamos perceber que, apesar de surgir em primeiro plano na trama do filme, o desemprego, suas causas e seus efeitos não são, na verdade, a cerne do filme, configurando-se novamente, como na película de 1997, em uma espécie de ignição da trama e fio condutor do argumento. O grosso da estória trata mesmo do quanto um homem pode afogar-se em sua ambição, ilusões e desejos, e de como a frustração destes pode radicalizar sua conduta,
Assim é o personagem de Bruno que, ao levar ao cabo seu plano de eliminar a concorrência, se vê apenas eventualmente assombrado por questões éticas e morais, encontrando mesmo, na maior parte do tempo, conforto, alegria e orgulho na forma como consegue fazer tudo sem ser descoberto. A medida que seu objetivo encontra-se cada vez mais próximo de ser realizado, sua relação com a vida, dramas e alegrias alheias, mesmo os de sua família, torna-se cada vez mais displicente, quando não aborrecida, enquanto sua cobiça, seu egocentrismo e sua vaidade, inversamente, se revelam cada vez mais. Não há como negar isto, devido à apenas um fato: durante todo o filme, Bruno cogita apenas uma vez um posto que não é exatamente aquele que almeja, rechaçando prontamente qualquer chance de aceitar um emprego de menor status, enquanto todos ao redor, incluindo sua esposa e seus “rivais”, conseguem encontrar a humildade necessária para aceitá-los.
É com uma abordagem menos pesada e pessimista, utilizando-se de humor-negro, ironia e alguma tensão, que Costa-Gravas consegue fazer com que o publico não torça contra o seu personagem principal, bem como considere consistente a maneira como, quase acidentalmente, os acontecimentos auxiliam os objetivos e o anonimato das ações do personagem. Não é, a meu ver, um filme superior ao excelente “Amén”, nem, como fizeram crêr os críticos, uma película que se debruça em dissecar um dos grandes males da vida pós-moderna – o desemprego – e tudo que, de alguma forma ou de outra, ele acaba gerando. “O Corte” é sim um filme acima da média – um bom thriller, muito bem conduzido, roteirizado e com excelentes atuaçõe -, mas a expectativa era maior do que a realidade da obra em si.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

http://www.megaupload.com/?d=LQ6XASH0
http://www.megaupload.com/?d=ZTLW5LB8
http://www.megaupload.com/?d=J921Q16E
http://www.megaupload.com/?d=5YT7LBT1

legendas (português):
http://www.opensubtitles.org/pb/download/sub/3102046

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Acoustic Ladyland feat. Coco Electrik – “Cuts and Lies” (dir. Ben Rollason). [download: video & mp3]

Acoustic Ladyland feat. Coco Electrik - Cuts and LiesEstou divulgando menos pelo clipe em si, do que pela música. O vídeo tem personalidade, foi bem fotografado, com ótimos enquadramentos e edição elegante, mas é a música que salta aos ouvidos, uma faixa com batida gostosa, riffs de guitarras e baixos excelentes e um uso bacanérrimo de saxofones. A vocalista convidada pela banda Acoustic Ladyland, Coco Electrik, tem uma voz cheia de charme e altivez, dando aos versos um ar cool e classudo. É assistir ao vídeo e ficar louco para achar o mp3 da canção. Não quer ter o trabalho de procurar o arquivo? Sem problemas, também tratei de extrair o mp3 diretamernte do vídeo, para quem quiser enfiar isso logo num iPod, como eu fiz.
Baixe o video usando os dos dois links a seguir, segundo a sua preferencia pelo tamanho do download, e o mp3 vai logo depois.

grande: http://www.benrollason.com/newsite/video/secure/cuts_and_lies_hi.mov

pequeno: http://www.benrollason.com/newsite/video/secure/cuts_and_lies_lo.mov

mp3: http://www.gigasize.com/get.php/498459/08_Cuts_and_Lies_feat._Coco_Electri.mp3

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“Half Nelson”, de Ryan Fleck. [download: filme]

Half NelsonProfessor de escola primária americana, viciado em drogas, obtém um comportamento displicente com tudo em sua vida, que já se encontra bastante bagunçada. Uma aluna sua, que tem um irmão preso por tráfico, descobre o seu vício e acaba desenvolvendo estranha relação de amizade com ele.
Os críticos se impressionaram tanto com o curta-metragem “Gowanus, Brooklyn”, do diretor Ryan Fleck, que a pergunta mais frequente, feita por eles, era se o diretor transformaria a estória em um longa. Fleck não hesitou em seguir em frente e expandiu o curta, transformando-o em um filme que desenvolve um senso apuradíssimo de realidade sobre o seu argumento. O que mais impressiona aqui é a naturalidade com que Fleck e a co-roteirista Anna Boden despem a estória de qualquer sombra de clichê. Ao invés de uma escola depredada com alunos marginalizados, que escutam rap e hip-hop o tempo todo e falam como se estivessem em um videoclipe, e professores que se desdobram em esforços vigorosos e heróicos, temos um colégio de periferia sem recursos mas com ambiente saudável, abrigando alunos que tem a tranquilidade, o desinteresse e a curiosidade estudantil reais, bem como professores providos com inteligência e ânimo alterados pelo abatimento e alienação característicos do seu ritmo e condições de trabalho. A desmistificação dos esterótipos não para por aí: a própria periferia, seus habitantes e até o traficante de drogas são mostrados de forma humana e desprovida do maniqueísmo tão presente em produções que abordam o tema.
Ao desenharem o envolvimento do protagonista do longa, o professor Dan Dunne, com as drogas, os realizadores do filme decidiram não encenar o avanço do vício, mostrando a necessidade do consumo como já instaurada e limitando o seu efeito na vida e no comportamento de Dunne ao plausível. Deste modo Fleck e Boden desglamourizaram, com seu retrato, o uso de drogas e suas consequências, descrevendo tudo de maneira a evitar os excessos típicos que o cinema comete quando aborda o assunto: não se vê aqui o moralismo carola de “Réquiem Para Um Sonho”, muito menos os sedutores delírios visuais e narrativos de “Trainspotting”. Tudo ocorre dentro do que imaginaríamos ser possível para alguém com a personalidade pacata e serena do protagonista.
O contato que Dunne trava com a sua aluna, Drey, que exibe uma aproximação com o mercado das drogas, também é bem formulado: apesar de em alguns momentos Dunne tentar intervir abertamente no envolvimento de Drey com o tráfico, a relação de ambos é, em grande parte, de apoio velado, na maior parte mais baseado nas sutilezas silenciosas do que em discursos emocionados, o que faz com que a ajuda que ambos tencionem oferecer um ao outro tenha seus efeitos por caminhos tortos e não da maneira mais habitual.
“Half Nelson” se torna, assim, um projeto contundente pela inteligência de sua concepção, muito mais do que pelo argumento em si. Além da realização primorosa, também somos brindados com belas atuações, particularmente a de Ryan Gosling, excepcional no papel de Dan Dunne, e uma trilha sonora fabulosamente delicada, a cargo principalmente do projeto canadense de rock alternativo Broken Social Scene. É inteligência, elegância, charme e ousadia de sobra produzidos com muitos menos do que um milhão de dólares – que milagres fazem os diretores competentes, não?
Baixe o filme utilizando o link a seguir.

http://d01.megashares.com/?d01=c18f2bd

legenda (português):
http://www.opensubtitles.org/pb/download/sub/3101315

ATENÇÃO: o servidor Megashares limita o download de 250 MB a cada uma hora e meia mais ou menos. Ou seja, depois de decorrido este tempo, o download é interrompido e só poderá ser reiniciado depois do tempo que é informado na ativação do código, quando você poderá baixar por mais uma hora e meia o arquivo. Para baixar um arquivo maior do que este tamanho estipulado, burlando as limitações, siga estes passos:
-digite o código e clique em “activate”;
-clique com o botão direito do mouse sobre o link escrito “Click here to download”, copie o endereço de download e baixe o arquivo usando um gerenciador de downloads, como o Flashget [recomendado] ou DAP (se você não usar um gerenciador, não terá como continuar o download de onde parou);
-depois de encerrar o tempo limite de download, desligue o seu modem e religue-o, conectando-se novamente à internet. Se você não sabe como desligar o modem, reinicie o computador que o modem reiniciará junto;
-agora retorne ao endereço de download do Megashares e digite o novo código para reativar o seu download;
-inicie o gerenciador de download e recomece o download, que continuará de onde parou.

Refaça os passos de desligamento do modem e reativação do download na página do Megashares onde está o arquivo até terminar de baixá-lo.

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Metric – Live It Out. [download: mp3]

Metric - Live It OutMinha adoração por Emily Haines, que descobri no ano passado através do seu projeto solo, me fez temer o contato com a sua banda, digamos assim, oficial – o Metric. Por estar tão apaixonado pelas canções sorumbáticas e profundas, levadas ao piano, de Knives Don’t Have Your Back fiquei com receio de me decepcionar com o trabalho da banda e decidi não procurar canções deles tão cedo, fazendo-o apenas esta semana. Essa foi uma decisão acertada, já que a sonoridade da banda difere muito do trabalho mais pessoal da vocalista e, estando naquele momento tão ensoberbado, eu não conseguiria me afeiçoar e acostumar com a sonoridade mais agitada do Metric.
No álbum mais recente, Live It Out, Emily Haines demonstra à frente do Metric o infinito potencial de sua versatilidade, acompanhando guitarras no modo punk-rock com maestria tão fabulosa quanto fazia ao piano, no seu disco solo. “Handshakes”, que fala sobre o círculo vicioso do consumismo que sustenta a vida moderna, “Monster Hospital”, tratando da tentativa de lutar contra a opressão e “Patriarch On A Vespa”, que igualmente fala de opressão, mas daquela desenvolvida pela sociedade machista sobre as mulheres, são todas canções onde o Metric investe pesado neste estilo, elaborando arranjos quase frenéticos com uma profusão de guitarras ligeiras em riffs e distorções saborosas e bateria esmurrada com esmero. O vocal de Emily é completamente possuído pelo espírito do gênero, exibindo interpretações pujantes.
No entanto, a banda consegue também vestir-se de traquilidade, e ser tão boa nisso quanto nos seus momentos mais raivosos e barulhentos. O Metric de “Too Little, Too Late”, por exemplo, lembra muito o The Cardigans dos dois últimos discos, com seu baixo, guitarra e bateria desapressados e charmosos e com o vocal cheio de romantismo interpretando uma canção sobre o amor atribulado que as vezes vivemos, que nos faz mais mal do que bem, mas que, mesmo assim, não temos coragem de recusar. “Poster Of A Girl”, onde Emily canta sobre uma mulher que busca o amor, mas que acaba satisfazendo-se com os prazeres sexuais, sempre mais fáceis de se obter, continua promovendo uma melodia mais tranquila, mas a sua estrutura é mínima, feita de dois diferentes momentos que se sucedem durante toda a canção, com destaque para os riffs amenos da guitarra e a programação eletrônica graciosa e cintilante.
Assim, não bastasse o deleite que é descobrir as belezas do rock do Metric, a banda ainda serve para confirmar a suspeita de que Emily Haines e seus colaboradores estão dentro do que há de mais genial, genuíno e criativo no cenário atual da música, destacando-se ainda mais no meio alternativo/indie devido à enorme versatilidade dos membros que integram o conjunto. E eu levanto a bandeira: quero Emily Haines já para o posto de sacerdotisa do indie rock.
Baixe o disco utilizando o link a seguir a a senha para abrir o arquivo.

[music]rapidshare.com/files/225717196/metric_-_live.zip[/music]

[password]senha: seteventos.org[/password]

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Game Over Project – Pole Position (dir. Guillaume Reymond). [download: vídeo]

Game Over Project - Pole PositionO suíço Guillaume Reymond pretende, com o projeto Game Over, produzir mini-clipes inspirados em sequências de jogos clássicos de arcade. Os vídeos utilizam uma pessoa representando cada um dos pixels dos gráficos de 8 bits para montar a imagem como um todo, e depois centenas de fotos, o vídeo é editado em sistema stop-motion. O jogo “Pole Position” foi a mais recente escolhido do projeto, todo feito em um dia dentro de um teatro da Bélgica, no mês passado. Além dos pixels serem representados por pessoas, os sons do jogo também são feitos com a voz humana – uma doideira. Se quiser saber mais sobre o projeto, acesse http://notsonoisy.com/gameover/index.html
Baixe o vídeo utilizando o link a seguir.

http://www.gigasize.com/get.php/465011/GameOverProjectPolePosition.avi

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Joan As Police Woman – Real Life. [download: mp3]

Joan As Police Woman - Real LifeJoan Wasser é mais uma daquelas artistas americanas, possíveis apenas nesse mundo contemporâneo, que por não conseguir espaço em um mercado tão inflado, injeta suas composições e sua presença em diferentes e diversos projetos. O trabalho mais pessoal de Joan é feito na companhia dos músicos Ben Perowsky e Rainy Orteca, formando a banda que ganhou o nome de Joan As Police Woman. Com os dois amigos, Wasser promove uma fusão de rock com soul que desponta pela suavidade ao lidar com esse gênero hoje tão maltratado pelos artistas mais comerciais e de expressão mais popular. Isso se tornou possível porque, além de utilizar arranjos bem dosados, Joan Wasser não é dona de um vozeirão, algo tão comum e imprescindível para os grandes nomes do gênero, livrando sua música dos vícios e ranços que tornam o soul, na sua expressão mais contemporânea, tão enjoativo. O dueto “I Defy”, com Antony Hagerty, mostra isso muito bem: a faixa é uma canção de amor com piano, bateria e orquestração de metais refletindo toda a ginga deliciosa do soul, que floresce com mais força no vocal do convidado Hagerty, mas nunca ultrapassa os limites do bom senso. “Anyone”, em que Joan fala sobre como sente-se preparada para amar, já que encontrou quem tanto procurava, prossegue explorando o gênero, já que o vocal, o teclado e a orquestração de metais exalam o calor sôfrego e lânguido que marcam demarcam tão bem as fronteiras do soul.
Todavia, Joan As Police Woman é uma banda de rock indie por excelência e, sendo assim, não poderiam faltar canções que trafegam por este estilo. “Save Me” é uma delas: a canção, em que Joan declara negativas apenas para camuflar seu desejo e urgência amorosa, ainda preserva traços do soul, visível no uso do teclado Wurlitzer, mas promove uma mistura deste com o rock, devido ao piano e a bateria mais descompassados, e ainda adiciona uma pitada de folk, com os violinos que surgem no trecho final. As outras faixas que visitam o gênero são as que abrem e fecham o disco: na primeira, “Real Life”, em que Joan fala sobre a solidão sem seu companheiro, temos uma melodia que inicia um pouco fria, feita apenas pelo piano de acordes curtos, silenciosos e graves, mas revela-se inteiramente no refrão, onde o vocal ganha muito mais emoção e surge uma dose sutil de orquestração de cordas que consegue, mesmo com participação tão diminuta, iluminar toda a música; e a última, “We Don’t Own It”, que fala sobre amar alguém que parece não nos pertencer, percorre ainda mais os caminhos do rock, trazendo guitarra e bateria de acordes suaves, vagarosos e cíclicos, que se destacam pela enorme graciosidade.
São estas duas canções, talvez as melhores do disco, que deixam claro para o ouvinte de que nem sempre é necessário afogar a melodia com arranjos elaboradíssimos para atingir a sensibilidade tão desejada – a simplicidade, a delicadeza e a economia de recursos muitas vezes, são as melhores opções.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

senha: seteventos.org

http://www.gigasize.com/get.php/429098/realpolice.zip

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“Pecados Íntimos”, de Todd Field. [download: filme]

Little ChildrenUm homem e uma mulher, insatisfeitos com seus papéis em seus respectivos casamentos, aproximam-se de maneira inesperada em um subúrbio familiar americano. A volta ao bairro de um habitante que cumpriu pena por atentado ao pudor deixa os habitantes em estado de alerta.
“Pecados Íntimos” é o longa-metragem de Todd Field posterior ao elogiado “Entre Quatro Paredes”. Já que o argumento deste seu novo filme também retrata dramas familiares, nota-se a predileção de Field pelo assunto. Contudo, com a decisão de adaptar o livro de Tom Perrotta, o diretor ensaiou um passo além do que tinha dado em seu longa anterior, passando dos dramas de uma única família aos acontecimentos e personagens de um típico subúrbio dos estados unidos: a mãe hiper-protetora; as donas-de-casa que se pintam de moralismo, mas fantasiam e se ardem de desejo pelo vizinho galante; o marido que acha-se abafado e aprisionado pela liderança familiar da esposa, abandonando seus anseios da juventude em detrimento de tentar uma carreira mais respeitosa, sem sucesso; a mulher que nunca se adaptou ao perfil de esposa e mãe, empurrando com displicência exemplar ambas as funções; o homem que leva seu casamento à frente apenas pelo mero conforto das aparências, satisfazendo os seus anseios físicos fora dele e da maneira que acha mais cômoda e fácil, todos eles servem como analogia da sociedade americana como um todo e como uma tentativa de dissecar sua vida de aparências e falsos moralismos – e o diretor consegue formar este painel com o apoio do seu elenco, que forma um conjunto muito bem engrenado de atuações. Mas a maior ousadia de Todd Field reside em um único personagem desse microcosmo: o ex-presidiário que foi condenado por atentado ao pudor contra um menor de idade. A maneira como o personagem é abordado, consciente de seu desvio comportamental e de sua incapacidade de controlá-lo, é extremamente realista e audaciosa, pois afasta a possibilidade de recuperação do criminoso, influência direta da correção política e da pieguice que costumam infestar filmes do gênero.
Porém, a resistência do diretor ao moralismo e sentimentalismo mais pueril, que são o alvo da crítica do seu filme, não se mantém em pé até o fim, já que, nos últimos quinze minutos, Todd Field rende-se à tudo aquilo que combatia até ali, promovendo o epílogo dos principais personagens da maneira mais ordinária possível. Com isso, o diretor faz-nos crêr que todos os desejos reprimidos, fantasias e desvios não passam de experiências-limite que, no fim, servem apenas para mostrar o quanto a felicidade reside no terreno seguro da família.
Deste modo, Todd Field perdeu a oportunidade gigantesca de ser o autor de mais um longa-metragem excepcional, contentando-se em ensaiar ousadias que não atingem a plenitude. É um bom filme, mas a conclusão da película compromete o todo. Não há nada mais frustrante e lamentável do que isto: passar o tempo inteiro na expectativa da transgressão e testemunhar, no final, um atestado do moralismo mais simplista.
Baixe o filme utilizando os links de uma das fontes a seguir.

fonte 1:
http://rapidshare.com/files/11463601/Little.Children.2006.DVDSCR.XViD.part1.rar
http://rapidshare.com/files/11460677/Little.Children.2006.DVDSCR.XViD.part2.rar
http://rapidshare.com/files/11453561/Little.Children.2006.DVDSCR.XViD.part3.rar
http://rapidshare.com/files/11436100/Little.Children.2006.DVDSCR.XViD.part4.rar
http://rapidshare.com/files/11430833/Little.Children.2006.DVDSCR.XViD.part5.rar
http://rapidshare.com/files/11425059/Little.Children.2006.DVDSCR.XViD.part6.rar
http://rapidshare.com/files/11418952/Little.Children.2006.DVDSCR.XViD.part7.rar
http://rapidshare.com/files/11412527/Little.Children.2006.DVDSCR.XViD.part8.rar

fonte 2:
http://rapidshare.com/files/12197098/little_children.part1.rar
http://rapidshare.com/files/12201502/little_children.part2.rar
http://rapidshare.com/files/12205548/little_children.part3.rar
http://rapidshare.com/files/12324940/little_children.part4.rar
http://rapidshare.com/files/12331179/little_children.part5.rar
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http://rapidshare.com/files/12193365/little_children.part7.rar

legenda (português):
http://www.opensubtitles.org/pb/download/sub/3106865

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Blur Studio – “Gopher Broke” (dir. Jeff Fowler). [download: vídeo]

Blur Studio - Gopher BrokeNesta animação, uma espécie de esquilo com ares de toupeira acaba no meio de uma fazenda, cuja produção de verduras está sendo transportada em caminhões. Ladino como só, o bichinho bola uma maneira de obter alguns dos preciosos quitutes de horti-fruti para si. Porém, como todos sabemos, nada é tão simples nessas animações bem-humoradas, e o bichinho vai perceber que não é o único de olho na comida. O final, com a vaca, é hilariante. Vídeo bem curtinho, mas muito divertido. Assista, mal não faz!
Baixe o vídeo utilizando o link a seguir.

http://d.turboupload.com/d/1560338/jefffowler_gopherbroke.avi.html

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My Brightest Diamond – Bring Me The Workhorse [download: mp3]

Shara Worden formou o projeto My Brightest Diamond depois do sucesso com apresentações feitas em 2004. De formação clássica, nota-se nas sutilezas harmônicas e vocais de seu primeiro disco a influência erudita. Porém, apesar do que diz o texto de divulgação do selo que lançou este trabalho, o disco não dilui fronteiras entre gêneros, sendo facilmente identificável como um álbum de rock alternativo/indie. Não há confusão, por exemplo, ao escutar, Something of and End, a primeira faixa, cujos vocais profundos, guitarras, baixos e baterias de melodia grave e orquestração ocasional lembram muito a sonoridade do disco Souvenirs, do The Gathering. Nos versos da canção, aparentemente, Shara fala sobre a descoberta repentina de que alguém é portador de uma enfermidade fatal. No entanto, a partir da segunda faixa nos afastamos da semelhança com a banda holandesa: “Golden Star” desfaz a impressão com o trabalho conjunto de guitarra e baixo, que em dado momento saltam do fundo da melodia para apoiar o frenesi vocal de Shara, que improvisa uma fascinante inserção operística no refrão da música. Na letra, Shara revela as sensações sublimes da paixão. A faixa seguinte, “Gone Away”, com a lentidão cambaleante da guitarra, baixo, bateria e acordeão, retira o ouvinte do contentamento da faixa anterior e o arremessa imediatamente em uma atmosfera sorumbática e trôpega. Nesta estupenda canção, a compositora fala sobre o sofrimento de alguém que foi abandonado pelo seu companheiro, e que tenta manter a ilusão de que ele algum dia retornará, guardando consigo as coisas mais ordinárias que tem relação com ele.
Shara ganhou fama por suas performances marcantes em seus shows, onde a improvisação e experimentação recheiam todo o cardápio. A canção “Freak Out” nos dá a certeza deste fato, uma vez que ali a cantora concede vida à todos os seus desatinos líricos e melódicos. Ao falar nos versos sobre dar vazão aos instintos e desejos mais loucos e repentinos, Shara compôs uma melodia igualmente desconcertante, que contrapõe momentos mais silenciosos e compassados com outros mais ruidosos e destituídos de ordem – nada menos do que fabuloso.
Incrivelmente, é só lá pelo final do disco, com “The Good & The Bad Guy”, onde a compositora fala sobre uma mulher que tenta afastar a memória de seu grande amor ao retratá-lo como um vilão, e com “Workhorse”, onde Shara usa um cavalo que perde sua força de trabalho para falar sobre a descartabilidade da vida diante do interesse alheio, que o ouvinte consegue identificar com o que exatamente My Brightest Diamond guarda maior semelhança. O vocal empostado, a orquestração de evidente inspiração cinematográfica, inserida na melodia triste e lenta, e a programação eletrônica dark e minimalista não mentem: estes elementos revelam a aproximação deste trabalho de Shara com a atmosfera fenomenal do primeiro disco de Alison Goldfrapp, Felt Mountain. É esta mistura complexa de gêneros do rock/pop, e não a suposta e pretensa dissolução dos limites entre música popular e erudita que faz de Bring Me The Workhorse uma jóia do cenário alternativo e independente da música: a melancolia mórbida do Portishead, a classe e elegância densas da estréia de Goldfrapp e os toques mais joviais e assíncronos, que remontam ao melhor de PJ Harvey, formam a identidade extremamente moderna de Shara Worden.

Baixe: http://www.mediafire.com/file/uadbghr6b59d2jf/bright-workhorse.zip

Ouça:

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“Infamous”, de Douglas McGrath. [download: filme]

InfamousO jornalista e escritor Truman Capote decide produzir um artigo sobre um crime bárbaro que aniquilou toda uma família do interior dos Estados Unidos. Abandonando por algum tempo o ambiente sofisticado e os amigos ricos e refinados de Manhattan, Capote ruma para a pequena cidade em companhia da amiga escritora Nelle Harper Lee, onde, com algum esforço, consegue a simpatia dos habitantes para obter informações. Depois que decide escrever um livro sobre o crime, Capote entra em contato com os dois assassinos e acaba desenvolvendo estranha relação com um deles.
Douglas McGrath escreveu e dirigiu este segundo filme sobre o contato de Capote com o crime que gerou seu mais celebrado livro, baseando seu roteiro sobre uma biografia que tomou depoimentos de diversos afetos e desafetos do escritor americano. É a sua adaptação deste livro, e sua abordagem sobre a mesma história que gerou “Capote” que torna este um filme muito inferior ao longa-metragem de Bennett Miller.
O erro mais visível cometido por McGrath foi ser pouco seletivo com relação ao material que utilizou como base para seu filme: ao adaptar o livro, o diretor decidiu manter o deslumbramento sobre a personalidade esnobe e culta de Capote e sobre o ambiente que o rodeava, explorando ainda a reação de quem não conhecia Capote ao constatar seus trejeitos e maneiras incomuns. Isso nada mais faz do que agregar ao filme um humor óbvio demais para o tema e personalidade abordados. Além disso, o cineasta transpôs para a tela a estrutura documental dos depoimentos sobre o jornalista contidos no livro, o que tornou ainda mais ordinário e artificial o retrato de Capote feito no filme. Um outro erro, que notamos depois que surgem os dois assassinos no longa-metragem, foi explorar o lado mais mundano do contato entre o criminoso Perry Smith e Capote, caindo nas facilidades de escandalizar a platéia através do sensacionalismo na abordagem do relacionamento de ambos.
No entanto, Douglas McGrath não se contenta com seu retrato de Truman, e volta sua atenção também para o assassino Perry Smith. Devido ao perfil, feito pelo diretor, da relação ambígua do criminoso com o escritor e jornalista, já dá para vislumbrar o que o cineasta imaginou para Smith: o suposto homossexualismo enrustido e conflituoso de Perry, sua relação com o pai e sua pretensão artística frustrada respondem, para McGrath, como boa parte das razões que finalizaram na chacina da família Clutter. Mesmo descartando a chance de essa ser uma conclusão simplista da psique de um homicida e da razão de seus atos bárbaros, não há como negar que essa visão sobre Perry Smith e o crime que cometeu faz de “Infamous” um folhetim ainda mais barato do que ja é.
Assim, “Infamous” é o esboço mais leviano e superficial do que pode ter sido Truman Capote e sua relação com os criminosos da cidade de Holcomb. Pode ser mais realista do que o “Capote” de Bennett Miller? Sim, pode. Não há como declarar certezas sem um maior estudo da biografia de Truman. Porém, com certeza é um filme muito inferior ao pesado, silencioso e minimalista longa-metragem anterior.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

http://rapidshare.com/files/13981571/xvid-inf.part1.rar.html
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http://rapidshare.com/files/13983015/xvid-inf.part3.rar.html
http://rapidshare.com/files/13984847/xvid-inf.part7.rar.html
http://rapidshare.com/files/13985627/xvid-inf.part4.rar.html
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http://rapidshare.com/files/13987114/xvid-inf.part6.rar.html

legenda (potuguês):

http://www.opensubtitles.org/pb/download/sub/3100379

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