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“X-Men: O Confronto Final”, de Brett Ratner.

X-Men - The Last StandJean Grey volta de sua suposta morte revelando a sua personalidade inconsciente, chamada de Fênix – até então ocultada por outro X-men -, uma mutante incontrolável que possui poderes inigualáveis e um nível de loucura ameaçador para qualquer ser vivente. Magneto a persuade para lutar ao seu lado contra os humanos e a recém-criada cura mutante, que promete erradicar os poderes de qualquer ser desta raça. É contra ela e a Irmandade de Magneto que os X-Men tem que lutar, tentando salvar os seres humanos.
Quando foi anunciada a troca da diretor da última parte da trilogia X-Men, os fãs ficaram verdadeiramente temerosos – Brian Singer fez um trabalho tão bom, ao transportar para os dois primeiros filmes o grupo de heróis mais adorado do mundo Marvel, que todos tinham certeza de uma queda de qualidade no epílogo da saga. Por sorte, Ratner revelou-se tão bom quanto o seu antecessor. É certo que o diretor tinha em mãos um roteiro excelente que mistura a clássica saga da Fênix Negra com o episódio da cura mutante, mas Brett Ratner soube muito bem como conduzir a ação incessante composta pelos roteiristas Simon Kinberg e Zak Penn – também um dos responsáveis pela estória do segundo filme – sem perder de vista a coerência com os efeitos do argumento sobre o destino dos personagens. E atenção com relação a esta última característica da estória – os realizadores do longa não tiveram qualquer pudor em exterminar ou alterar o rumo de alguns dos X-men que mais simbolizam o grupo – isso, ao menos, até a possível próxima sequência. As catástrofes e batalhas boladas pelos roteiristas são espetaculares, bem como os efeitos especiais concebidos para torná-las o mais real possível – as sequências da casa de Jean Grey e da ponte Golden Gate são desde já memoráveis na história das adaptações cinematográficas de quadrinhos. Os atores continuam encorporando muito bem seus personagens, e aqueles que tem participação reduzida fazem o que podem em seus respectivos papéis. Tempestade, Wolverine a própria Fênix continuam encabeçando a empreitada, mas finalmente temos a tão aguardada participação da Lince NegraKitty Pride era uma das mutantes pela qual eu nutria imenso carinho nos gibis; e repare a excelente atriz que faz o papel: é a cara da Simone Spoladore -, que ganha destaque considerável na estória, e a participação importante do Fera. No entanto, o maior defeito dos dois primeiros filmes persiste aqui: os mutantes já apresentandos, junto com os personagens introduzidos no novo longa, acabam totalizando tantos papéis que o argumento sempre acaba sem explorar boa parte dos mutantes. Colossus continua subaproveitado, bem como a presença ínfima de Cíclope e a estréia morna, e algo tola, de Anjo – mas o pior aqui foi mesmo o inexplicável sumiço de Noturno. Alguém aí sabe onde ele foi parar?
Apesar disso, é impossível discordar de que a abordagem dos produtores neste capítulo “final” foi corajosa: não é nada fácil tomar a decisão de selar radicalmente ou alterar o destino de alguns personagens tão amados pelos fãs de quadrinhos. Obviamente, é bem provável que seja concebida uma nova trilogia para a saga – eu diria quase certo -, mas isso não garante um retorno dos personagens mortos na sequência. Espera-se que o já anunciado spin-off da série, o filme Wolverine – no qual poderemos aproveitar melhor a caracterização absurdamente perfeita e enlouquecedoramente viril de Hugh Jackman, gostosíssimo como seu personagem – traga para o cinema outros heróis ou explore ainda mais personagens já apresentados. Porém, limitando-se apenas ao episódio final da trilogia, o longa “X-Men: o confronto final” acabou revelando-se uma conclusão adequada da série, com a presença do já citado defeito, já existente desde a sua gênese. Agora, resta torcer para que a ambição dos produtores americanos já esteja trabalhando à nosso favor, maquinando cuidadosamente uma segunda trilogia que aprimore ainda mais o desenvolvimento da série.

OBS: não cometa o mesmo erro que cometi, saindo do cinema logo que começam os créditos: uma importante cena extra foi colocada no fim destes.

Quer ver o filme em casa mesmo? Então experimente baixar os arquivos a seguir e montar os seus VCDs. Não faço ideía quanto a qualidade, mas quem se arriscar baixando-os pode comentar a qualidade de imagem e som para os outros usuários, ok?

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“O código Da Vinci”, de Ron Howard.

The Da Vinci CodeCurador do museu do Louvre, ao ser assassinado, deixa mensagens misteriosas endereçadas ao estudioso de simbologia Robert Langdon. Ao tornar-se o principal suspeito do crime, Robert contará com a ajuda de Sophie, policial francesa que é neta do curador.
Hollywood não costuma arriscar com investimentos de retorno garantido – e no caso deste filme, o corportamento foi o esperado. Para a direção da superprodução foi designado Ron Howard, conhecido por ser um diretor que sabe muito bem como desenvolver uma estória, concebendo narrativas corretas, e que acabam nunca indo mais longe do que isso. Tom Hanks, ator que conjuga competência profissional e carisma junto ao público, ficou com o papel do protagonista. E o principal papel feminino ficou mesmo com o rosto que mais rapidamente seria reconhecido pelo público de cinema americano: Audrey Tautou. O elenco restante é feito de atores tradicionais, o que garante a eficiência dos personagens que dão apoio à estória. O argumento foi seguido à risca, sendo criado um roteiro que não ousa modificações que contrariassem as expectativas dos fãs da estória. E os efeitos especiais, a fotografia e a trilha sonora seguem o padrão correto da produção, sem qualquer ambição que fugisse à regra de produções do gênero. O que havia de se esperar de um arrasa-quarteirão cinematográfico baseado em outro arrasa-quarteirão literário? Uma obra-prima? Um filme que marcasse o cinema, entrando no rol das obras memorávies? Não, de fato lo longa-metragem não é nada além de um bom passatempo, divertido e volátil.
Assim sendo, de nada adianta encher-se de expectativas ao encaminhar-se para a sala de cinema: o que se vê na tela é exatamente o que se leu no livro – adicionando-se, evidentemente, toda a pompa e circunstância inevitável de uma produção endinheirada de um grande estúdio americano. O filme, que tem pratricamente três horas de duração, acaba sendo tão lugar-comum que até aqueles que não fizeram questão de ler o livro de Dan Brown vão acabar o achando bem previsível – os dois grandes segredos do filme são facilmente descobertos com um terço de projeção. No fim, “O código Da Vinci” tornou-se um fetiche para os fãs, que correm para os cinemas a fim de comparar letra e imagem, e um filme policial razoável para o público mais treinado, que já não é mais surpreendido pelos recursos do gênero. Se as filas estiverem grandes, não faça muito esforço para ver. O único risco que você corre é de que o filme saia de cartaz e você veja ele de graça em algum canal aberto, daqui a algum tempo.

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Madredeus – Ainda. [download: mp3]

Madredeus - AindaWin Wenders inspirou-se inteiramente na música da banda Madredeus para conceber o excelente filme “O céu de Lisboa”, uma ode à beleza do cinema e da capital portuguesa. A parceria não foi frutífera tão somente para o diretor alemão, já que Ainda é, na minha opinião, o melhor disco da banda portuguesa.
Tranbordando sensibilidade e lirismo, composto por uma sonoridade sofisticada e melancólica, o disco é um pequeno esboço da alma portuguesa, faixa a faixa. Em “Guitarra”, que abre o disco, somos remetidos aos primórdios do cantar português – as cantigas medievais -, em uma letra que declara o amor daquele povo à música popular e uma melodia que faz uso delicioso do instrumento que dá nome a canção – conhecido aqui no Brasil como “violão”. As músicas “Milagre” e “Alfama” cantam as alegrias e tristezas afetivas – a primeira bela introdução instrumental e sonoridade triste, complementada pelo canto fenomenal de Teresa Salgueiro; a segunda apresentando belíssima melodia que explora soberbamente os instrumentos de câmara e acordeão, que constroem a sonoridade básica das músicas de Madredeus. Já nas faixas “Céu da Mouraria” – com melodia delicada ornada pelo vocal nostálgico – e “O Tejo” – que inicia-se com harmonia triste, para logo iluminar-se com sutil alegria em seu refrão – constatamos o orgulho do povo português com relação à história de seu país, além da celebração das belezas lusitanas. “A cidade e os campos” versa sobre a tristeza do camponês, ao ver-se abandonado da vida rústica do campo e inserido na frieza cotidiana da metrópole – nesta faixa, enormemente melancólica, a voz de Teresa exibe dor e arrependimento ainda mais intensos. Mesmo nas faixas instrumentais, em que não temos a presença da voz exuberante da vocalista, a banda mostra conseguir cativar o ouvinte – é o que sentimos ao ouvir “Miradouro de Santa Catarina”, que consegue mesmo inspirar a visão plácida do lugar cujo nome lembra, e em “Viagens Interditas”, que guarda em sua melodia a saudade despertada pela partida.
Ao constatar a beleza da música da banda em “Ainda”, não há como não desejar conhecer o povo e a terra que inspira tamanha sensibilidade musical. Em especial para nós, brasileiros, o sentimento é ainda mais verdadeiro, já que herdamos algo desse bucolismo, placidez e nostalgia lusitanas. Mesmo para àqueles que não tem a oportunidade de fazer esta viagem literalmente, ouvir a música da banda portuguesa já confere muito das sensações que tal jornada despertaria. No entanto, muito além do sensorial, a capacidade da música de Madredeus de despertar a reflexão do ouvinte sobre o preconceito com relação à cultura portuguesa, e superá-lo, é o maior ganho de todos – e fazer isso ouvindo composições de qualidade é um prazer inegável. Baixe já o disco pelo link que segue depois da lista de faixas.

http://rapidshare.de/files/8290566/MADREDEUS_-_CD-_Ainda.rar.html

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Muse – “Supermassive Black Hole” (dir. Floria Sigismondi). [download: vídeo]

Muse - Supermassive Black HoleO curta composto para divulgar o primeiro single de Black Holes and Revelations ganha bizarros ares neurastênicos: gente com a pele completamente coberta por malhas que lembram animais ou que simplesmente camuflam a humanidade de quem está ali embaixo, espelhos e projeções no lugar de rostos, coreografia ao mesmo tempo sexy e esquizofrênica. A atmosfera do vídeo tem algo de tão agonizante que lembra aqueles sonhos desconexos e claustrofóbicos que só servem para te acordar no meio da noite, absolutamente incomodado. Não isso não é uma crítica, é um elogio: é a concepção visual ideal paa o ritmo acelerado e dançante de “Supermassive Black Hole”. E para agradar os fãs, claro, o vídeo conta com a participação da banda. Baixe já o vídeo por um dos links a seguir e confira você mesmo.

http://rapidshare.de/files/20727380/lolblackhole.wmv.html

http://www.sendspace.com/file/3qthl5

Se algum visitante do blog puder fazer a caridade de me informar se a velocidade de download do SendSpace é tão ruim aí quanto é comigo aqui, o que significaria que o problema é com o servidor deles mesmo, eu agradeceria.

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The White Stripes – “Seven Nation Army” (dir. Alex e Martin). [download: vídeo]

The White Stripes - Seven Nation ArmyA energia genuinamente rock da banda The White Stripes revela-se como nunca no poder da melodia do hit “Seven Nation Army”, formada apenas pela bateria minimalista de Meg, a guitarra estrondosa de Jack e a própria voz do cantor, estranha, urgente e com uma charmosa desafinação eventual. A ambientação visual do vídeo da canção consegue, com simplicidade e maestria, transformar em imagem o vigor sonoro da banda. O curta é simplesmente isto: apresenta os dois únicos membros da banda, contidos em formar geométricas, que se aproximam e se sobrepõem sucessivamente, em tons de vermelho, branco e preto – o resultado da técnica tem muito de hipnótico, predendo a atenção do expectador nas imagens recorrentes e na sonoridade viciante. Comprove você mesmo o efeito do vídeo baixando agora pelo link a seguir.

http://71.19.22.70:8080/Program/TWS/The_White_Stripes_Seven_Nation_Army_Video.mpeg

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MUSE-me, Baby!

Muse-Me, Babe!É certo que nem todo mundo está preparado para mudanças – alguns chegam mesmo a odiar qualquer tipo de investida do tipo. Atualmente, o melhor lugar para constatar isto como fato é o Orkut e suas inúmeras comunidades – basta que você escolha, por exemplo, algum artista, de qualquer meio, que tenha decidido mudar os ramos de sua carreira e suas obras. Pronto: com certeza você vai se deparar, nos fóruns das comunidades dedicadas à figura de sua escolha, com tópicos furiosos, iniciados por fãs revoltados com as mudanças. Essas, geralmente, são as postagens com as discussões que mais se prolongam, repletas de discursos contra e a favor da atitude tomada pelo ídolo da comunidade.
Obviamente, não introduzi o tópico com esta explanação gratuitamente – eu mesmo tenho minhas motivações. Fãs dos britânicos MUSE – isso se realmente algum destes estiver entre os visitante do seteventos.org – já devem saber que a banda prepara o lançamento de seu mais novo álbum, já entitulado Black Holes and Revelations, para o dia 3 de julho. E logo após do anúncio da disponibilização, via dowload pago na internet, do primeiro single do disco, a canção “Supermassive Black Hole”, o arquivo em mp3 da música já tinha vazado para sistemas de armazenamento temporários da rede. O efeito da música foi bombástico – arrisco o palpite de que, ao menos, metade dos fãs odiaram profundamente a faixa. Obviamente que se trata, justamente, das já citadas pessoas que não são exatamente defensores de mutações artísticas. Em parte, compreendo o posicionamento destes, já que motivos para tanto eles tem: a canção é, definitivamente, é MUITO diferente do que o trio britânico já fez ao longo de três álbuns lançados. No entanto, estou ao lado dos entusiastas da questão – como você pode observar pela foto acima.
O que considero fricote obssessivo-compulsivo é a atitude de alguns de, sem nem ao menos ter uma idéia do conteúdo de todas as outras faixas do disco, reprovar de pronto as mudanças – reza a lenda que a comunidade mais antiga e ativa da banda no Orkut foi simplesmente apagada pelo seu criador logo depois que este ouviu “Supermassive Black Hole” – chega a ser engraçado isso. Além deste acontecimento altamente reprovável – imagine se começassemos a tocar fogo em todos os filmes clássicos de Woody Allen por conta de seus mais recentes deslizes cinematográficos. Mesmo que se trate de um disco totalmente fora dos padrões musicais adotados pela banda até então, isto não significa demérito de qualidade, e mesmo que a perda de qualidade se confirmasse, isso não tornaria a banda desprezível – há um histórico de produção musical anterior à isto. Porém, prefiro nem me prolongar sobre este ponto da questão: qualquer pessoa minimamente esclarecida já tem isto internalizado. Acho mais relevante questionar o que há de tão ruim no medo de muitos fãs de que a banda se popularize em nosso país – coisas como clipes na MTV, músicas em rádios com audiência mais vasta, matérias em veículos abrangentes da imprensa e, inevitalvemente, fãs menos experientes declarando seu gosto pela banda. Alguém aí tem alguma dúvida que artistas como os da banda MUSE não afetariam seu trabalho por conta de uma repentina popularidade no Brasil ou qualquer outro país que, até então, não tivessem atingido? Ou alguém aí acredita mesmo que, se Absolution se tornasse popular no Brasil, o trio britânico gravaria um disco de Axé ou, na mais feliz da hipóteses, um disco de Electro-Bossa? É muito mais provável que qualquer mudança no rumo da produção seja mesmo por gosto dos próprios artistas.
Por isso, é bom controlar os ânimos e a impaciência – esperemos até o início de Julho para rechaçar ou não “Black Holes and Revalations” – até mesmo eu posso odiar o disco, por que não? Não obstante, até lá, só resta aos fãs fundamentalistas destilar seu discurso de eterna lamentação. Quanto aos mais tolerantes, arrastem os móveis da sala para os cantos e preparem o quadril: “Supermassive Black Hole” tem clara inspiração nos trabalhos mais gostosamente gingados de Prince, conseguindo ser pop – bem, algo entre o pop, o electro-funk – sem perder a elegância e intensidade já conhecidas da banda. Os fãs da banda que ainda não escutaram a música vão levar um susto: não sei onde foram parar a bateria acústica de Dominic e o baixo de Chris, mas a guitarra de Matthew está tão presente em “Supermassive Black Hole” quanto estava antes – seus acordes compõe um musicalidade diferente, mas a destreza é a mesma.
Sendo assim, deixe a intolerância um pouco de lado e aposente aqueles disquinhos chinfrins que você escuta só para tomar o embalo e cair na noite – a nova canção do MUSE faz isso por você e ainda te dá a chance de fazer um comentário super esnobe para os bárbaros ignorantes desse tipo de ambiente, do tipo, “É, o MUSE decidiu fazer isso para elevar o nível da música pop.”
Baixe!

http://www.megaupload.com/?d=2XQS9OQW
http://rapidshare.de/files/19821242/01Supermassive.m4a.html

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Fiona Apple – Extraordinary Machine (versões 2003 e 2005). [download: mp3]

Fiona Apple - Extraordinary MachineDepois de um hiato de quatro anos, Fiona entrou em estúdio para gravar, junto com o então parceiro Jon Brion, o álbum que planejava lançar em 2003 – mas percalços mudaram a estória de seu terceiro disco. Reza a lenda que a gravadora apresentou boa dose de má vontade em lançar o disco na versão que se apresentou primeiramente e “sugeriu” mudanças. Com toda a problemática que surgia, a artista acabou se desestimulando – e abandonou o projeto por algum tempo. No entanto, como o disco foi produzido sob a égide da era digital, o inevitável aconteceu: o disco vazou inteiro na internet. Os fãs da cantora ensadeceram, deliraram, gritaram, protestaram. A gravadora, observando o interesse gerado pelo acontecimento, chamou Fiona e decidiu por não tolher sua liberdade de criação. E a cantora, surpreendentemente, decidiu reconstruir praticamente todo o disco, contando com nova produção de Mike Elizondo e Brian Kehew, e compor uma nova canção que integraria a forma da segunda versão do álbum.
O primeiro nascimento do disco, em 2003, foi dramático e pomposo. Muitas músicas possuem orquestração e metais presencialmente nostálgicos, que remetem às trilhas de filmes clássicos – caso de “Not about love” – canção com fantástico andamento que brinca entre o lento e o ligeiro e letras irônicas e cheias de ressentimento, reforçadas pelo vocal primoroso da cantora que reflete sobre um relacionamento fracassado -, “Red, Red, Red” – com orquestração magistral e piano suntuoso, onde a cantora se utiliza de cores para demonstrar a confusão e dor amorosa em que se encontra -, “Waltz” – onde, como numa valsa, Fiona canta a sua impaciência com rodeios afetivos, que quase sempre levam a nada – “Oh, Well” – melancólica e rancorosa, onde a cantora complementa o coloramento triste da espetacular melodia com um cantar sofrido e arrependido sobre um amor no qual ela que se oferece por inteiro mas onde só recebe intolerância e dor. Além disso, o piano apresenta-se frequentemente em tons graves, ligeiros e as vezes ansiosos com reverberação fugaz – como em “Please, Please, Please”, onde o piano se sobressai em uma melodia equilibrada, com letras que protestam contra o comportamento repetitivo e previsível de alguém que não falha em cometer erros -, acompanhando algumas vezes sonoridades sintetizadas ou arranjadas em instrumento artesanal que lembram sinos – assim é “Used to love him”, onde a cantora revela, com boa dose de humor tanto na melodia quanto na letra, o inconformismo de render-se imoderadamente à uma paixão. A bateria e percussão tem muitas vezes a vivacidade e energia já apresentadas por Matt Chamberlain no segundo disco da cantora – “Window”, com melodia e vocal opressivos e rancorosos, soa aqui como um grito de revolta, ira e inconformismo contra a traição e abandono afetivo. Por sua vez, a versão lançada em 2005 é bem menos vistosa e mais retraída, ressaltando mais a voz grave de Fiona Apple. Onde havia bateria e percussão suntuosas, melodias de sinos e metais, entram bateria acústica e metais mais planos e equilibrados, breves e sutis sintetizações eletrônicas e guitarras, por vezes, rascantes – como na igualmente deliciosa segunda versão de “Not about love”. Além disso, os vocais de Fiona apresentam-se refeitos em algumas canções, e mesmo em toda sua perfomance dramática, surgem mais seguros, limpos e certos – como na nova versão de “Used to love him”, agora chamada de “Tymps” e menos ambiciosa e mais balanceada e enxuta. Curiosamente, apesar de todo o apreço pela reconstrução das canções, duas faixas permaneceram irretocadas – a faixa-título do disco e “Waltz”, que ganhou um título sobressalente (“Better than fine”). E, talvez para não sentir-se como que apenas lustrando os móveis antigos da casa, Fiona compôs uma nova canção para o disco, a elegantemente revoltosa “Parting Gift” – onde a compositora disseca o comportamento de seu companheiro, “estripando” sua personalidade verso à verso.
Raramente os fãs de qualquer ídolo rock tiveram a oportunidade de ter contato com dois estados diversos de uma mesma obra artística, tendo a chance de comparar, criticar, elogiar ou apenas acompanhar a mutação sofrida na obra daqueles que adora tanto. E os fãs de Fiona se esbaldaram quando a sua vez chegou – se foram privados por anos de poder apreciar um novo trabalho de Fiona, por sua vez foram premiados, pela luta incessante que travaram, não com um álbum, mas com duas versões bastante distintas deste. E, podem ter certeza, apaixonados estes que são – muitos vão ouvir incessantemente uma versão em seguida da outra.

senha: seteventos

Extraordinary Machine 2003: mediafire.com/?4gl88vr5oed8rtr

Extraordinary Machine 2005: mediafire.com/?j2xk20ahm48oyp1

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The Boy / Maio 2006: todo Igor Rosa [fotos]

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Estou com medo, muito medo. E se a Polícia Federal, ou quem quer que seja responsável por isso, descobre o ensaio deste mês do The Boy? O site vai ser fechado na hora por exploração de menores. Porque, pessoas, convenhamos: por onde andaram, neste mês de Maio, os responsáveis pela escolha de modelos do The Boy para selecionar o Igor Rosa? Uma creche? O rapaz, apesar dos 25 anos, tem cara de mocinho indefeso – daqueles que parecem estar meio melancólicos o tempo todo. Eu, reclamando? Imagine! Nada contra a juventude, desde que esteja acima da idade legal. Esse efebo, que atende pelo nome de Igor, tem lá seu defeitinho – aquele bocão gelatina Royal de ser -, mas de resto, até que fomos bem servidos este mês. O corpo, bem atlético e malhado é, ao mesmo tempo, bem enxuto – típico em garotinhos! – e com suaves pêlos negros no peitoral, no abdômen e no….é, ali, justamente onde você está pensando. Por sinal, é bem neste recanto íntimo que o rapaz tem uma verdadeira floresta de pêlos……ah! A beleza natural de um homem, não? O ensaio fechado está bastante inspirador: seja na praia, trajando-se de menino do rio, com direito a bermudão e moleton de capuz, ou de cuequinha cinza, com as pernas abertas – o que me lembra Vinícius Postiglione, e me faz pensar que este fotógrafo sortudo do Terra está começando a se divertir nestas fotos… -, ou ainda completamente sem roupa, num banho bem à vontade, o rapaz está bem aproveitável. Todos gostam de um homem com cara de senhor de si, mas todo mundo sabe muito bem reconhecer as belezas e prazeres de um belo lolito. Só recomendo conferir se ele está carregando a identidade, antes de pular em cima do coitado, se não corre-se o risco de ser preso. Enfim, divirtam-se com o ensaio que saiu das lentes do onipresente fotógrafo Cristiano Madureira.

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Igor Rosa.

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“Menina de ouro”, de Clint Eastwood.

Million Dollar BabyMulher aspirante a boxeadora consegue, depois de muita insistência, ser preparada por um experiente treinador que, apesar do extremo talento, nunca conseguiu chegar ao circuito profissional. O relacionamento de ambos, inicialmente distante, se intensificada á medida que o treinador tem conhecimento da vida díficil de sua aluna.
Há um punhado de coisas irritantes neste que foi considerado um dos melhores filmes de Clint Eastwood. O primeiro ponto desta questão é a enorme lentidão da primeira metade do filme. Não tenho absolutamente nada contra a condução lenta de um longa-metragem, mas é óbvio que ao decidir por utilizar este como o tom de seu filme, o diretor deve concentrar seus esforços em não deixar que este recurso torne sua obra desinteressante ou atrapalhe a própria constituição do argumento. Ao que parece Clint não deu devida atenção à isso, ja que a impressão que se tem é que absolutamente nada acontece neste primeira sequência de seu filme. Alguns podem enxergar isto como qualidade, mas a verdade é que é mesmo uma falha. O segundo problema é o artíficio da narração em “off” – à cargo do ator Morgan Freeman -, utilizado à exaustão pelo diretor americano durante o seu longa. O recurso é, na minha opinião, dos mais difícies de se implementar em um filme. Seu uso pode acabar conferindo infantilidade – devido à sua relação com a fábula -, lentidão, artificialismo e, mesmo que inadvertidamente, causar uma certa sensação de presunção do seu relizador. Todos esses efeitos nocivos da narração em “off” acabam por se apresentar em maior ou menor grau no filme, acarretando assim num empobrecimento da trama. O terceiro problema seria a insistência do cinema americano em elaborar tramas que carreguem o discurso didático-moralista da valorização da experiência dos mais idosos. É certo que isso deve ser sempre respeitado, mas os americanos – como não poderia deixar de ser – sempre o fazem com excessos de pedantismo e pieguice. Clint Eastwood já fez um filme inteiro assim – falo de “Cowboys do Espaço” -, e ainda teima em querer educar seu público no assunto, como se pode conferir particularmente na cena em que o personagem de Morgan Freeman nocauteia um boxeador de personalidade lamentável e, evidentemente, muito mais jovem que ele.
Porém, há de se admitir que o filme tem suas vitórias. As atuações estão realmente soberbas – Hillary Swank, em especial, consegue desenvolver sua boxeadora com o misto ideal de força, resignação, sofrimento e humildade que o roteiro exige. Além disso, se a primeira metade do filme arrasta-se no desinteresse, a segunda parte desperta até mesmo tensão no expectador, devido à previsibilidade intencional da desgraça que abate o destino da protagonista: e é justamente por ser previsível que o testemunho da desgraça pessoal do boxeadora se torna ainda mais doloroso e difícil de acompanhar. E o inevitável avanço da misérável destino da boxeadora é tratado pelo diretor americano com bastante cuidado, sem cair excessivamente no melodrama fácil e inevitavelmente piegas que a abordagem de uma doença/estado terminal ou crônico sempre acaba acarrretando. A trilha sonora, composta ainda pelo próprio Clint Eastwood, é delicada e sutil, conseguindo ser tocante sem apresentar arroubos orquestrais que poderiam carregar demais as tintas já naturalmente emotivas do argumento do filme. Ao cabo do longa-metragem – que foi feito com base no roteiro de Paul Haggis, também responsável pela direção do desnecessário “Crash – no limite” -, percebe-se que Clint consegue obter, em parte, a beleza de seu eternamente memorável “As pontes de Madison”. É uma expectação válida, mas não merece ser colocada ao lado dos filmes celebrados do diretor – não fosse pelos defeitos, que não se configuram como meros detalhes, Clint poderia ter sucedido completamente na empreitada.

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Sony Bravia – “Balls” (dir. Nicolai Fuglsig). [download: vídeo]

Sony Bravia - BallsUma surreal invasão de bolinhas coloridas, um verdadeiro maremoto, invade as ladeiras de uma cidade – San Francisco, muito provavelmente – e derrama-se torrencialmente em casas, carros, ruans e tudo mais que estiver adiante, ao som de “Heartbeats”, canção suave de José González. Peça publicitária bem boladíssima, e de produção artesanal seguramente trabalhosa, feita para divulgar a linhas de TVs de alta definição “Bravia”, da gigantesca companhia Sony. Imperdível. Baixe o vídeo pelo link abaixo.

http://www.bravia-advert.com/includes/vid/bravia_60_sec_high.mov

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