O mundo da chamada música “independente” está repleto de bandas com uma sonoridade semelhante, algo que as identifica de forma imediata ao ouvinte por lhe sugerir uma sonoridade mais reflexiva, bem como suas letras, verdadeiramente poéticas. A banda americana Death Cab for Cutie é considerada um dos maiores expoentes desta vertente do gênero rock.
Plans, álbum de 2005, é o primeiro lançado por uma grande gravadora, a Atlantic Records, uma das subsidiárias do grupo Warner. Os fãs, ao descobrirem a assinatura do contrato com um gigante da indústria da música, temeram que a banda sofresse alterações na produção de sua obra musical. O medo não se justificou, já que Plans mantém a identidade da banda e qualidade de sua música.
O álbum inicia-se com a sutileza que é marca da banda: teclados, bateria, baixos e guitarra trabalham juntos como vocal de Ben Gibbard para dar suporte às letras inspiradíssimas de “Marching Bands of Manhattan”, onde cenários da metrópole mais famosa do mundo servem de fundo para belos versos românticos. “Soul Meets Body” tem uso espetacular de violões e uma poética delicada e muito bem construída em suas letras, que cantam sobre o poder de uma paixão que intensifica os sentidos. “Summer Skin” reflete, com beleza e serenidade, sobre um amor que teve a intensidade e longevidade de uma estação do ano. Em “Different Names for the Same Thing”, acompanhamos um viajante com um sentimento de deslocamento e perda de identidade tão grandes que já nem mais importa qual será sua próxima parada. As inevitabilidades da vida também são tematizadas em canções do álbum: “I Will Follow You into the Dark” mostra a intensidade do amor que sobrevive mesmo depois da morte de quem se ama; “Stable Song” aborda a resignação de alguém que envelhece e sente a proximidade do encerramento. Como não poderia deixar de ser, já que estamos falando de Death Cab for Cutie, ambas as canções tratam destes temas com suavidade e encantamento, tanto nas letras irretocáveis quanto nas melodias silenciosas que trazem ao ouvinte. A faixa “What Sarah Said”, que tem melodia um pouco mais intensa e um piano emotivo, também tematiza as adversidades, mas de maneira diferente, retratando personagens em uma sala de espera de hospital, aguardando as notícias de alguém que não está tendo um destino feliz no interior de uma UTI. As amarguras do viver parecem ser mesmo singularidades temáticas da banda: com melodia dramática, porém enxuta, temos em “Someday You Will Be Loved” a representação da eterna ilusão de que todos encontrarão sua alma gêmea. Não resta dúvidas de que a banda sabe ser impiedosamente tocante.
Contrastando com as bandas mais populares do cenário rock, como o adorado U2, bandas alternativo/indies como o Death Cab for Cutie conseguem obter o mesmo efeito de arrebatamento sonoro com melodias mais contidas e econômicas, porém sem nunca perder a profundidade emotiva. As letras das composições também conseguem, muitas vezes, mostrar-se ainda mais repletas de beleza e poesia do que aquelas compostas pelos grandes nomes da música mundial. É uma pena que tais bandas sejam promovidas de forma tão limitada, já que, costumeiramente, são lançadas por pequenos selos. No entanto, para nossa felicidade, a internet está aí para trazer ao conhecimento de quem quiser algo além do que normalmente obtemos nas lojas de discos. Link para download abaixo.
excelente blog! 🙂