Transatlântico luxuoso, qu navega mar adentro na véspera de ano novo, é atingido por onda gigante, que o vira de cabeça para baixo. Um grupo de pessoas decide arriscar-se rumo ao topo da embarcação (ou seja, ao seu casco), em meio à inúmeros obstáculos, buscando chegar ao exterior pelo orifício das hélices propulsoras.
Wolfgang Petersen, diretor de produções cujas ambições são puramente comerciais, teve seus maiores méritos com os filmes “Na linha de fogo” e “Mar em Fúria”, resvalando com certas deficiências em thrillers como “Epidemia”. Ao nos apresentar mais uma das inúmeras regravações que Hollywood nos enfia garganta abaixo, Petersen mantém o argumento básico da estória, tendo apenas o trabalho de rechear a tela de sequências com efeitos visuais que bombardeiam o espectador frequentemente. É bem verdade que o filme explora muito bem a tensão do expectador, é necessário que se admita isto, mas o espetáculo ali acaba sendo apenas o desastre em si. E isso é potencializado ainda mais pela decisão do diretor de desprezar todo o elenco de personagens do filme original, concebendo aqui novos sobreviventes do desastre. O problema é que nenhum dos novos personagens tem o charme, a força e a empatia daqueles que se apresentavam na versão original, perdendo o filme, desta forma, grande parte do interesse e riqueza que “O destino de Poseidon” retinha, com seus conflitos de personalidade e ousadia temática, já que o reverendo, personagem do longa original, revelava uma visão e relação muito peculiar com deus.
Essa priorização do impacto visual sobre o impacto psicológico acaba revelando, inadvertidamente, uma faceta da personalidade de Petersen como diretor que não se mostrava tão evidente até hoje – a sua tendência, à revelia de qualquer outra coisa, de transformar suas estórias em filmes “B” hiperproduzidos. E o fato de contar com um elenco de atores sem grande popularidade aumenta o efeito, mas não é sua causa determinante, já que “Epidemia”, já citado aqui por mim, contava com elenco estelar mas detém a mesma característica “B”. Isso acaba sendo consequência de como a estória é conduzida, e não de seu conteúdo: me parece que o diretor alemão tem certa pressa na condução das sequências que integram seus longas, o que intensifica o suspense mas acaba tornando o filme algo artificial e inverossímil.
Desta forma, recomendo que se despreze inteiramente a nova produção, já que a totalidade da obra acabou vazia e fugaz. O longa-metrahem de Petersen mostrou-se apenas e tão somente como injeção de adrenalina numa “Sessão da tarde” sem opção melhor, onde você costuma esquecer o que viu tão logo siga-se a próxima atração televisiva.
Você viu oi filme?
Afora isso, cinema é minha vida. Levando isto a sério como levo, não há motivos para “pegar leve”, ser tolerante e considerar este um bom filme – ainda mais tratando-se de um remake, onde o filme original apresentou muito mais qualidades, mesmo tratando-se também de entretenimento.
Bem, me parece que o filme não se propõe a ser nada além do que uma ” sessão da tarde”. É o tipico cinema pipoca hollywoodiano que não é um cinema de idéias e sim um espetaculo visual. Se o filme faz com eficacia o papel de divertir, mesmo que não seja das melhores e seja acéfala, deve se dar crédito a ele, que não deixa de ser uma sessão da tarde mas nem de ser divertido. Ao contrário de tantos outros enlatados que, além de ruins em conteúdo, são chatos. Leve a vida mais relax