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“A Lula e a Baleia”, de Noah Baumbach.

The Squid And The WhaleUm escritor fracassado, agora professor de literatura, e sua mulher, que descobriu seu talento como escritora, acabam se separando e transferindo seus dramas para seus dois filhos, o que acaba fazendo com que cada um tome as dores de um lado do problema: o mais novo se compadece com a situação de sua mãe, e o mais velho se alia ao seu pai. Logo os dois filhos vão começar a enfrentar dramas que já pareciam nutrir quando suspeitavam da separação de seus pais.
O filme de Noah Baumbach foi aplaudido e elogiado em inúmeros festivais e saudado como um filme excepcional pela crítica. Eu não sei o que os festivais e a crítica viram de tão sensacional nele. Há dois problema sérios ali: o primeiro é uma certa falta de razão para os dramas pessoais de cada um deles, o segundo o fato de você nunca simpatizar totalmente com nenhum dos personagens para, aí sim, compadecer de seus dramas. O expectador até consegue entender porque o caçula desenvolveu uma obsessão e uma tara desmedida por sexo e porque seu irmão sofreu o agravamento da sua falta de discernimento cultural e afetivo e da sua atitude esnobe, que foi herdada, mas isso nunca atinge as emoções do espectador. É evidente que os personagens, durante a maior parte do filme, reprimem suas emoções, mas mesmo quando se pretende emocionar a platéia com o exteriorização de seus dramas e dores, a tentativa não obtém sucesso. Por parte do diretor e roteirista faltou criar traços mais interessantes e idílicos na construção da personalidade dos personagens e acentuar a veia cômica do filme com situações mais idiossincráticas; no que tange aos atores, faltou uma maior emotividade em suas atuações. Partindo-se da informação de que um dos produtores do filme é o cineasta Wes Anderson, conclui-se que este quis impulsionar a carreira de Noah Baumbach dentro da linhagem das comédias mais inteligentes. O problema, no entanto, é que a tentativa não sucede por faltar na concepção do filme de Baumbach o que o maior sucesso de Anderson, “Os Excêntricos Tenenbaums” tem de sobra: charme, inteligência, personagens e situações realmente cativantes e engraçadas e intepretações que, apesar de partirem de um certo ar blasé, transmitem muito claramente grande emotividade. Há alguns desses traços no longa-metragem de Noah, mais o diretor não consegue desenvolvê-los suficientemente e, assim, o filme acaba não indo à frente. O filme termina e você se pergunta: “tá…e daí?”. É, no máximo, uma estória bacana sobre uma família de pessoas cultas que enfrentam um período de desintegração. Não é um filme ruim, mas eu não me daria ao trabalho de indicá-lo para premiação alguma. O único prêmio que o filme merece, ao meu ver, é o de “Maior frustração em tentativa ilusioramente promissora do ano“. E palmas para Noah Baumbach pois, depois desse prêmio, o destino de seu longa-metragem é o limbo amedrontador da “Sessão da Tarde”.

2 Comentários

  1. Henrique P. Boueri Henrique P. Boueri

    Sem dúvida um filme muito interessante para os amantes de dramas!

  2. Um dos melhores filmes do ano em minha opinião, extremamente rico em nuances psicológicas do momento pelo qual passa aquela família… marcante, sem dúvida!

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