Vampiros, que há séculos estão em guerra contra lobisomens, descobrem que estes não estão tão enfraquecidos quanto imaginavam. Selene, uma vampira caçadora, descobre que por alguma razão os lobisomens perseguem um jovem médico humano, que corre perigo de se transformar em um daqueles por quem está sendo perseguido. Enquanto tenta entender porque ele é tão cobiçado por seus inimigos, Selene tem que se esquivar da obsessão do atual líder de seu grupo, o ambicioso vampiro Kraven, e pensa seriamente em acordar o poderoso vampiro ancião Viktor de sua hibernação, o único em quem confiaria para ajudá-la na solução do conflito que imagina estar chegando.
O filme de Len Wiseman diverte, traz bons efeitos especiais, é bem produzido e dirigido, apresenta um clima interessante e uma estória bacaninha. Ou seja, “Anjos da noite” é puro entretenimento.
Porém, há dois problemas justamente nas duas últimas características citadas como qualidades do filme – e ambos, na verdade, resultam da inspiração em outra coisa, não sendo algo criado originalmente pela produção de Wiseman. Com relação ao “clima interessante”, não há sequer uma criatura no mundo que, assistindo aos primeiros instantes do filme, não recorde de uma famosa trilogia, tão adorada por aí. Antes mesmo de ser um enorme sucesso de bilheteria, a trilogia “Matrix” é uma enorme influência na cultura pop, e particularmente no cinema. Essa verdadeira praga infestou-se por uma enormidade de produções posteriores, e “Anjos da Noite” é, mais do que evidente, um dos longas influenciados por “Matrix”. Se não vejamos: mulheres com roupas de couro ou vinil preto, super aderentes, homens com enormes capas ou sobretudo, câmera lenta aos borbotões, armas poderosésimas, tiroteios para todos os lados – em câmera lenta, obviamente -, pulos e acrobacias que desafiam qualquer noção fundamental da física, e poses, meu bem, muitas poses de “mamãe sou cool”. Digamos que Len Wiseman tirou toda a referência cyber e do universo da ficção científica e substitui pela referência dark-gótica e pelo universo da fantasia, preservando todo o resto – o estilo cool/pop mais do que inconfundível que faz o filme parecer, como bem notou o pessoal do portal A-Arca, um mega videoclipe. Que trabalho criativo o do diretor, não? Com relação à “estória bacaninha”, o problema é quase tão grande quanto o do estilo. O argumento é, na verdade, o de Romeu e Julieta no mundo dos seres sobrenaturais, com algumas pitadas de ecumenismo racial. O plágio foi mesmo considerado como verdadeiro – uma editora de livros de RPG publicou uma estória muito semelhante, por sua vez inspirada no clássico de Shakespeare, entre as suas obras. Sendo assim, duas das maiores características deste longa-metragem resultam em algo derivado – para não dizer descaradamente copiado – de um filme e de um argumento de Role Playing Game. O que resta de original, de próprio da obra de Len Wiseman, então? Na verdade quase nada. Só o elenco, eu imagino.
Assim sendo, o filme resulta em um longa-metragem problemático. Apesar de divertido, “Anjos da Noite” é resultado de uma mistureba da cultura pop que não traz absolutamente nada de novo. Mas o público adorou e, com o sucesso, a filme que originalmente foi planejado como um só já foi transformado em uma trilogia, ora vejam. Ainda bem que estamos próximos do lançamento da terceira e última – será? – parte desta estorinha bonitinha mas ordinária. Só temos que aguentar mais um longa cheio de figurinhas bad-cool, com doses cavalares de jogadas de cabelo da Kate Beckinsale, e estaremos livres de mais um longa-metragem que recicla idéias que já tinham sido recicladas pelas suas fontes de inspiração. Contudo, não estamos salvos – mais filmes super-originais prometem sair dos estúdios e da cabeça dos produtores americanos. Esse círculo vicioso e nada criativo de Hollywood nunca acaba mesmo.
O problema com os filmes de Hollywood é que eles estão cada vez mais caros e a necessidade de retorno do investimento parece que inibe qualquer tentativa de ousadia por parte dos executivos, o que acaba deixando os filmes medíocres de idéias.
Ahahaha. Este filme é divertidissimo!
É um copy / paste de bocadinhos de outros filmes (a sequencia no metro… o plano sobre o padrão xadrez dos mosaicos ao fundo da escadas, os sobretudos negros e as botas altas).
O segundo é mais extenso e tenta levar-se mais a sério (o que é um erro para um filme deste tipo).
Mas pronto. O Scott Speedman lembra-me sempre a Felicity e a Kate Bekinsale lembra-me o Laurel Canyon e nada posso fazer senão gostar deles. 😛