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Mês: março 2007

“O Corte”, de Costa-Gavras. [download: filme]

Le CouperetBruno é um executivo desempregado, já há dois anos, que trabalhava em empresa de produção de papel. Depois de tanto tempo fora do mercado, e de inúmeras tentativas frustradas em entrevistas, ele vê uma oportunidade do emprego que tanto deseja em um grande indústria papeleira. Contudo, há dois problemas: primeiro, o cargo não está vago; segundo, apesar de não existirem tantos candidatos aptos na ventura de alguém preencher a vaga, há alguns que são tão bons ou ainda melhores do que ele. Bruno decide então tomar medidas extremas: vai eliminar um por um, deixando por último o homem que ocupa atualmente o cargo, até que não reste outra opção se não ele próprio.
Costa-Gravas tem amor à polêmica, abordando assuntos bem espinhosos de maneira geralmente heterodoxa. Ele já havia ilustrado brevemente o quanto o desemprego desvirtua um homem em 1997, no filme “O Quarto Poder”, mas ali ele tratava mesmo da capacidade da mídia de formar opiniões e modificar a realidade ao seu bel-prazer, segundo seus interesses. A primeira vista, neste longa-metragem mais recente, o diretor parece aprofundar-se no efeito mais nocivo da globalização e da busca de eficiência e economia da iniciativa privada: o desemprego crescente e cada vez mais constante que se uniformiza por todo o mundo, sem exceção. Ao menos é isso o que nos indica o argumento básico e a construção dele em cima de personagens que partilham da mesma frustração, ansiedade e sensação de fracasso desencadeados pelo falta de trabalho. Contudo, se dedicarmos um tanto mais de atenção vamos perceber que, apesar de surgir em primeiro plano na trama do filme, o desemprego, suas causas e seus efeitos não são, na verdade, a cerne do filme, configurando-se novamente, como na película de 1997, em uma espécie de ignição da trama e fio condutor do argumento. O grosso da estória trata mesmo do quanto um homem pode afogar-se em sua ambição, ilusões e desejos, e de como a frustração destes pode radicalizar sua conduta,
Assim é o personagem de Bruno que, ao levar ao cabo seu plano de eliminar a concorrência, se vê apenas eventualmente assombrado por questões éticas e morais, encontrando mesmo, na maior parte do tempo, conforto, alegria e orgulho na forma como consegue fazer tudo sem ser descoberto. A medida que seu objetivo encontra-se cada vez mais próximo de ser realizado, sua relação com a vida, dramas e alegrias alheias, mesmo os de sua família, torna-se cada vez mais displicente, quando não aborrecida, enquanto sua cobiça, seu egocentrismo e sua vaidade, inversamente, se revelam cada vez mais. Não há como negar isto, devido à apenas um fato: durante todo o filme, Bruno cogita apenas uma vez um posto que não é exatamente aquele que almeja, rechaçando prontamente qualquer chance de aceitar um emprego de menor status, enquanto todos ao redor, incluindo sua esposa e seus “rivais”, conseguem encontrar a humildade necessária para aceitá-los.
É com uma abordagem menos pesada e pessimista, utilizando-se de humor-negro, ironia e alguma tensão, que Costa-Gravas consegue fazer com que o publico não torça contra o seu personagem principal, bem como considere consistente a maneira como, quase acidentalmente, os acontecimentos auxiliam os objetivos e o anonimato das ações do personagem. Não é, a meu ver, um filme superior ao excelente “Amén”, nem, como fizeram crêr os críticos, uma película que se debruça em dissecar um dos grandes males da vida pós-moderna – o desemprego – e tudo que, de alguma forma ou de outra, ele acaba gerando. “O Corte” é sim um filme acima da média – um bom thriller, muito bem conduzido, roteirizado e com excelentes atuaçõe -, mas a expectativa era maior do que a realidade da obra em si.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

http://www.megaupload.com/?d=LQ6XASH0
http://www.megaupload.com/?d=ZTLW5LB8
http://www.megaupload.com/?d=J921Q16E
http://www.megaupload.com/?d=5YT7LBT1

legendas (português):
http://www.opensubtitles.org/pb/download/sub/3102046

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Acoustic Ladyland feat. Coco Electrik – “Cuts and Lies” (dir. Ben Rollason). [download: video & mp3]

Acoustic Ladyland feat. Coco Electrik - Cuts and LiesEstou divulgando menos pelo clipe em si, do que pela música. O vídeo tem personalidade, foi bem fotografado, com ótimos enquadramentos e edição elegante, mas é a música que salta aos ouvidos, uma faixa com batida gostosa, riffs de guitarras e baixos excelentes e um uso bacanérrimo de saxofones. A vocalista convidada pela banda Acoustic Ladyland, Coco Electrik, tem uma voz cheia de charme e altivez, dando aos versos um ar cool e classudo. É assistir ao vídeo e ficar louco para achar o mp3 da canção. Não quer ter o trabalho de procurar o arquivo? Sem problemas, também tratei de extrair o mp3 diretamernte do vídeo, para quem quiser enfiar isso logo num iPod, como eu fiz.
Baixe o video usando os dos dois links a seguir, segundo a sua preferencia pelo tamanho do download, e o mp3 vai logo depois.

grande: http://www.benrollason.com/newsite/video/secure/cuts_and_lies_hi.mov

pequeno: http://www.benrollason.com/newsite/video/secure/cuts_and_lies_lo.mov

mp3: http://www.gigasize.com/get.php/498459/08_Cuts_and_Lies_feat._Coco_Electri.mp3

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“Half Nelson”, de Ryan Fleck. [download: filme]

Half NelsonProfessor de escola primária americana, viciado em drogas, obtém um comportamento displicente com tudo em sua vida, que já se encontra bastante bagunçada. Uma aluna sua, que tem um irmão preso por tráfico, descobre o seu vício e acaba desenvolvendo estranha relação de amizade com ele.
Os críticos se impressionaram tanto com o curta-metragem “Gowanus, Brooklyn”, do diretor Ryan Fleck, que a pergunta mais frequente, feita por eles, era se o diretor transformaria a estória em um longa. Fleck não hesitou em seguir em frente e expandiu o curta, transformando-o em um filme que desenvolve um senso apuradíssimo de realidade sobre o seu argumento. O que mais impressiona aqui é a naturalidade com que Fleck e a co-roteirista Anna Boden despem a estória de qualquer sombra de clichê. Ao invés de uma escola depredada com alunos marginalizados, que escutam rap e hip-hop o tempo todo e falam como se estivessem em um videoclipe, e professores que se desdobram em esforços vigorosos e heróicos, temos um colégio de periferia sem recursos mas com ambiente saudável, abrigando alunos que tem a tranquilidade, o desinteresse e a curiosidade estudantil reais, bem como professores providos com inteligência e ânimo alterados pelo abatimento e alienação característicos do seu ritmo e condições de trabalho. A desmistificação dos esterótipos não para por aí: a própria periferia, seus habitantes e até o traficante de drogas são mostrados de forma humana e desprovida do maniqueísmo tão presente em produções que abordam o tema.
Ao desenharem o envolvimento do protagonista do longa, o professor Dan Dunne, com as drogas, os realizadores do filme decidiram não encenar o avanço do vício, mostrando a necessidade do consumo como já instaurada e limitando o seu efeito na vida e no comportamento de Dunne ao plausível. Deste modo Fleck e Boden desglamourizaram, com seu retrato, o uso de drogas e suas consequências, descrevendo tudo de maneira a evitar os excessos típicos que o cinema comete quando aborda o assunto: não se vê aqui o moralismo carola de “Réquiem Para Um Sonho”, muito menos os sedutores delírios visuais e narrativos de “Trainspotting”. Tudo ocorre dentro do que imaginaríamos ser possível para alguém com a personalidade pacata e serena do protagonista.
O contato que Dunne trava com a sua aluna, Drey, que exibe uma aproximação com o mercado das drogas, também é bem formulado: apesar de em alguns momentos Dunne tentar intervir abertamente no envolvimento de Drey com o tráfico, a relação de ambos é, em grande parte, de apoio velado, na maior parte mais baseado nas sutilezas silenciosas do que em discursos emocionados, o que faz com que a ajuda que ambos tencionem oferecer um ao outro tenha seus efeitos por caminhos tortos e não da maneira mais habitual.
“Half Nelson” se torna, assim, um projeto contundente pela inteligência de sua concepção, muito mais do que pelo argumento em si. Além da realização primorosa, também somos brindados com belas atuações, particularmente a de Ryan Gosling, excepcional no papel de Dan Dunne, e uma trilha sonora fabulosamente delicada, a cargo principalmente do projeto canadense de rock alternativo Broken Social Scene. É inteligência, elegância, charme e ousadia de sobra produzidos com muitos menos do que um milhão de dólares – que milagres fazem os diretores competentes, não?
Baixe o filme utilizando o link a seguir.

http://d01.megashares.com/?d01=c18f2bd

legenda (português):
http://www.opensubtitles.org/pb/download/sub/3101315

ATENÇÃO: o servidor Megashares limita o download de 250 MB a cada uma hora e meia mais ou menos. Ou seja, depois de decorrido este tempo, o download é interrompido e só poderá ser reiniciado depois do tempo que é informado na ativação do código, quando você poderá baixar por mais uma hora e meia o arquivo. Para baixar um arquivo maior do que este tamanho estipulado, burlando as limitações, siga estes passos:
-digite o código e clique em “activate”;
-clique com o botão direito do mouse sobre o link escrito “Click here to download”, copie o endereço de download e baixe o arquivo usando um gerenciador de downloads, como o Flashget [recomendado] ou DAP (se você não usar um gerenciador, não terá como continuar o download de onde parou);
-depois de encerrar o tempo limite de download, desligue o seu modem e religue-o, conectando-se novamente à internet. Se você não sabe como desligar o modem, reinicie o computador que o modem reiniciará junto;
-agora retorne ao endereço de download do Megashares e digite o novo código para reativar o seu download;
-inicie o gerenciador de download e recomece o download, que continuará de onde parou.

Refaça os passos de desligamento do modem e reativação do download na página do Megashares onde está o arquivo até terminar de baixá-lo.

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Metric – Live It Out. [download: mp3]

Metric - Live It OutMinha adoração por Emily Haines, que descobri no ano passado através do seu projeto solo, me fez temer o contato com a sua banda, digamos assim, oficial – o Metric. Por estar tão apaixonado pelas canções sorumbáticas e profundas, levadas ao piano, de Knives Don’t Have Your Back fiquei com receio de me decepcionar com o trabalho da banda e decidi não procurar canções deles tão cedo, fazendo-o apenas esta semana. Essa foi uma decisão acertada, já que a sonoridade da banda difere muito do trabalho mais pessoal da vocalista e, estando naquele momento tão ensoberbado, eu não conseguiria me afeiçoar e acostumar com a sonoridade mais agitada do Metric.
No álbum mais recente, Live It Out, Emily Haines demonstra à frente do Metric o infinito potencial de sua versatilidade, acompanhando guitarras no modo punk-rock com maestria tão fabulosa quanto fazia ao piano, no seu disco solo. “Handshakes”, que fala sobre o círculo vicioso do consumismo que sustenta a vida moderna, “Monster Hospital”, tratando da tentativa de lutar contra a opressão e “Patriarch On A Vespa”, que igualmente fala de opressão, mas daquela desenvolvida pela sociedade machista sobre as mulheres, são todas canções onde o Metric investe pesado neste estilo, elaborando arranjos quase frenéticos com uma profusão de guitarras ligeiras em riffs e distorções saborosas e bateria esmurrada com esmero. O vocal de Emily é completamente possuído pelo espírito do gênero, exibindo interpretações pujantes.
No entanto, a banda consegue também vestir-se de traquilidade, e ser tão boa nisso quanto nos seus momentos mais raivosos e barulhentos. O Metric de “Too Little, Too Late”, por exemplo, lembra muito o The Cardigans dos dois últimos discos, com seu baixo, guitarra e bateria desapressados e charmosos e com o vocal cheio de romantismo interpretando uma canção sobre o amor atribulado que as vezes vivemos, que nos faz mais mal do que bem, mas que, mesmo assim, não temos coragem de recusar. “Poster Of A Girl”, onde Emily canta sobre uma mulher que busca o amor, mas que acaba satisfazendo-se com os prazeres sexuais, sempre mais fáceis de se obter, continua promovendo uma melodia mais tranquila, mas a sua estrutura é mínima, feita de dois diferentes momentos que se sucedem durante toda a canção, com destaque para os riffs amenos da guitarra e a programação eletrônica graciosa e cintilante.
Assim, não bastasse o deleite que é descobrir as belezas do rock do Metric, a banda ainda serve para confirmar a suspeita de que Emily Haines e seus colaboradores estão dentro do que há de mais genial, genuíno e criativo no cenário atual da música, destacando-se ainda mais no meio alternativo/indie devido à enorme versatilidade dos membros que integram o conjunto. E eu levanto a bandeira: quero Emily Haines já para o posto de sacerdotisa do indie rock.
Baixe o disco utilizando o link a seguir a a senha para abrir o arquivo.

[music]rapidshare.com/files/225717196/metric_-_live.zip[/music]

[password]senha: seteventos.org[/password]

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Game Over Project – Pole Position (dir. Guillaume Reymond). [download: vídeo]

Game Over Project - Pole PositionO suíço Guillaume Reymond pretende, com o projeto Game Over, produzir mini-clipes inspirados em sequências de jogos clássicos de arcade. Os vídeos utilizam uma pessoa representando cada um dos pixels dos gráficos de 8 bits para montar a imagem como um todo, e depois centenas de fotos, o vídeo é editado em sistema stop-motion. O jogo “Pole Position” foi a mais recente escolhido do projeto, todo feito em um dia dentro de um teatro da Bélgica, no mês passado. Além dos pixels serem representados por pessoas, os sons do jogo também são feitos com a voz humana – uma doideira. Se quiser saber mais sobre o projeto, acesse http://notsonoisy.com/gameover/index.html
Baixe o vídeo utilizando o link a seguir.

http://www.gigasize.com/get.php/465011/GameOverProjectPolePosition.avi

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