Keren Ann, jovem pertencente aquela seara de artistas europeus multi-étnicos que está cada vez se tornando mais comum, tem já uma discografia considerável, mesmo tendo iniciado sua carreira apenas neste novo século. Seu mais recente álbum é um trabalho onde a elegância e simplicidade são sugeridas já no contato mais imediato e superficial com o disco: tanto a ausência de título para o trabalho, que se contenta em levar o nome da artista, quanto a fotografia escolhida para ser a capa do álbum, uma bela mas discreta imagem da cantora e compositora em tons predominantemente claros, conseguem transmitir a idéia de um disco despido de quaisquer ambições que ultrapassem seu objetivo mais visível, a sinceridade das emoções. E é justamente nelas que a linda morena, de olhar sedutor, altivo e misterioso, conquista o ouvinte. Faixas como a balada “In Your Back” – onde o violão de leve pesar, a orquestração de cordas de inspirada ternura na ponte da canção, e a programação suavemente cintilante abrem caminho para que a voz cheia de mágoa de Keren materialize-se com maciez imediata -, a sutil “The Harder Ships Of The World” – que, ornada por violão, guitarra, piano e programação serenas, compara as turbulências e o destino de um romance à uma jornada àrdua que parece sem rumo e fadada ao fracasso – e a plácida “Where No Endings End” – onde o arranjo delicado e cuidadoso composto de violão, flauta, piano, guitarra e orquestração de sopros e cordas breves e eventuais ambientam a letra que fala sobre um amor que fatalmente encontra seu fim – sucedem em cativar os ouvidos ao expor sentimentos sem muitos volteios, de modo franco. Músicas de cunho pop mais animado também ganham seu posto no disco da artista de origem indo-européia que nasceu em Israel mas que cresceu na França – como “Lay Your Head Down”, uma canção que fala sobre a entrega completa ao amor e que traz um arranjo farto feito de guitarra, baixo, bateria, gaita, orquestração de cordas e sampler de palmas que entra parar intensificar a vibração positiva da canção, principalmente na sua metade final -, assim como há espaço na ambiência mais reflexiva do disco para um momento ácido e lânguido – caso de “It Ain’t A Crime” que, com vocal sensual de Keren, traz as impressões do que parecer ser uma garota de programa sobre o comércio da luxúria em meio à toques firmes na bateria e nas guitarras rascantes. De brinde ainda temos “Liberty”, canção que tanto em sua melodia – feita de toques tépidos no piano, acordes adocicados no violão, orquestração suavemente reluzente de cordas e algum sopro e o backing vocal etéreo posto sobre sussurros indistintos e brandos -, quanto em sua letra “emula” a atmosfera das composições de Björk para o seu disco Vespertine. Esse é sem dúvidas um disco para se ouvir refastelado no sofá, saboreando de modo tranquilo e preguiçoso o inabálavel gosto de Keren pelas melodias pacatas e pelos romances bem ou mal-aventurados.
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Nossa, que interessante encontrar esse texto. Hoje, exatamente 5 de novembro de 2008, quatro anos depois de eu ter visto um clip dela, me veio a lembrança e fui procurar a moça cantando num parque coberto de neve. 4 horas depois encontrei o nome e to me deparando com um trabalho lindo e emocionante. Keren Ann é especial!
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Conheci ela pelo Genius. GENIAL!!! Valeu a dica!
Adorei esse álbum da Keren Ann. Muito bom.
Adoro tb o seu blog, tah nos meus favoritos e sempre visito pra ver o q tem de novo.
Sempre poste esse tipo de música, que não passa em rádio, e q é mais difícil de a gente conhecer… 😉
Que bom, Keren Ann fez sucesso, heim? 🙂
Sim, “Liberty” é linda mesmo, mas também amo a tristeza assumida de “In Your Back” e a sensualidade abundante de “It Ain’t A Crime”.
A seu dispor! 😉
achei lindo.
lembrou-me um pouco de Regina Spektor, um pouco de Azure Ray, ao passo que tem sua singularidade.
– Liberty é a minha favorita, disparada.
obrigado pela recomendação. Meu deus.
abraços!
Não, esse é o único disco dela que ouvi até o momento. Mas eu já tinha lido sobre este projeto conjunto dela e já está na lista de espera 😉
Faz tempo que eu não ouço os álbums dela. By the way, você já ouviu o projeto musical que ela fez com Bardi, “Lady & Bird”? Muito bom também.