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Mês: outubro 2008

Jenny Lewis – Acid Tongue. [download: mp3]

Jenny Lewis - Acid TongueNo seu primeiro álbum solo, Jenny Lewis, vocalista da banda Rilo Kiley, juntou forças com as gêmeas Watson para produzir canções de forte apelo country. Seu segundo disco, agora sem a companhia das duas garotas, guarda ainda algumas reminescências da primeira investida, onde o gênero marca presença de dois modos distintos. Vestindo os trajes mais tradicionais do country, “See Fernando” monta no ritmo puxado das guitarras, bateria e violão densos e ligeiros, enquanto “Carpetbaggers” investe mais no trotejar alinhado da guitarra, do violão e do vocal de Jenny e do convidado Elvis Costello, o que só torna mais evidente o gingado típico do gênero. Em uma roupagem bem mais caótica, costurando 9 minutos de uma verdadeira miscelânea de gêneros, “Next Messiah” transforma a toada country, com ritmo montado em cima da bateria e vocal de fluxo curto e fechado, em um swing rock sutilmente dançante, dando liberdade à guitarra e bateria em um solo denso, que então é interrompido e subvertido em uma melodia com ares de malemolente ginga blues-rock para finalmente fechar a canção com a rítmica do refrão que iniciou a melodia.
Mas apesar da presença insistente do country, o espírito de Acid Tongue é predominantemente rock, com o sabor sofisticado de sua vertente mais alternativa. Nas faixas que trilham os caminhos do gênero, ganha imenso destaque no vocal da cantora a sua feição mais doce e um tanto etérea, deixando os ouvidos suspensos em uma espécie de utopia sonora. “Black Sand” e “Bad Man’s World” trazem esta sensação, que unidas as melodias construídas pelo conjunto piano, baixo e bateria, e pelas intervenções pontuais de violino e violoncelo, soam como canções menos telúricas de Kate Bush. Por sua vez, “Pretty Bird” é pavimentada com o dedilhar sutil de um violão, enquanto a bateria dá o andamento para que Matt Ward vaporize sua guitarra em harmonias por vezes quase idílicas, em outras mais sensuais e ferinas. Dentre as baladas, duas se destacam: “Godspeed”, composta por uma melodia bem talhada, nos toques ao mesmo tempo delicados e sólidos de piano e bateria, e por uma letra de belos versos que ilustram apoio à uma mulher que sofre abusos de seu companheiro e “Sing a Song for Them”, que apoia sua base em um baixo e guitarra cujos acordes se contrastam em tonalidade mas se complementam em ritmo, sedimentando a melodia para que seja encorpada por uma guitarra mais áspera e arranjo de cordas espesso.
Apesar de que eu nutra muito mais interesse pelo rock do que pelo country, Jenny consegue despertar interesse até mesmo nas suas incursões neste último, retirando boa parte do seu caráter brega e antiquado. É por isso que Acid Tongue comprova bem a versatilidade de Jenny Lewis, possível pelo seu talento e pela beleza e flexibilidade de seu vocal, tornando genuínas as performances da artista em ambos os gêneros que o disco aborda. Apesar disso, ainda preferiria um disco que se encarregasse em dissecar apenas as muitas faces do rock – e a julgar pelo modo como o gênero tomou espaço do country em Acid Tongue, isto deve estar guardado para o próximo álbum.

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Rachel Yamagata – Elephants…Teeth Sinking Into Heart. [download: mp3]

Rachel Yamagata - Elephants...Teeth Sinking Into HeartQuatro anos separam Happenstance, o disco de estréia de Rachel Yamagata, de seu mais novo lançamento, o álbum Elephants…Teeth Sinking Into Heart. E não há como não chegar à conclusão de que o tempo fez muito bem à artista: enquanto no primeiro a garota criou algumas boas faixas com enorme potencial de hits instantâneos, mas que não conseguiam ir mais fundo do que isto, neste seu segundo álbum Rachel traz à tona canções cuja sofisticação melódica, sabe-se, foi fruto de um amadurecimento que só se atinge com tempo suficiente para refletir e polir melhor aquilo que é gestado.
“Elephants“, a faixa que dá título ao primeiro disco deste álbum duplo, assim dividido por ser composto de duas atmosferas musicais distintas, é o retrato exato do aperfeiçoamento atingido por Rachel no cerne emocional das canções que compõe toda essa primeira parte de sua nova criação: para sonorizar a brilhante analogia entre as amarguras do amor e a selvageria predatória da cadeia alimentar das selvas, a garota explorou reverberações melancólicas em acordes de guitarra e piano, lançando mão também de uma bateria de andamento lento e pesairoso e de uma orquestração que preenche a melodia com matizes ainda maiores de sofrimento e mágoa. “Sunday Afternoon” é outra canção em que Yamagata e o produtor Mike Mogis operam com o emocional da canção sem resvalar um milímetro sequer da exacerbante classe e elegância que são a marca maior da primeira parte do álbum: guitarras de vibrações idílicas, bateria sorumbática, violão de acordes metálicos e uma orquestração de suave fulgurar tecem, na primeira parte da canção, nuances substancialmente pastorais que aos poucos são revertidas em um arranjo mais vigoroso e levemente sensual, finalizado por uma sequência plácida e serena. E apesar do trabalho primoroso no arranjo, muito da experiência fabulosa despertada ao ouvir a música é produzido pelo vocal da americana, que exprime a dor e tristeza de alguém que confessa tentar, de uma vez por todas, abandonar um amor que só lhe causa sofrimento cada vez maior – é a faixa que com mais intensidade sintetiza a atmosfera atormentada do disco.
Porém, ainda que ela subsista em todas as canções, essa atmosfera é suavizada em alguns tons em algumas faixas do disco, particularmente nas baladas. É o que ocorre nas canções “Over and Over”, que como a maior parte das músicas da primeira metade do álbum abusa do infalível arranjo de cordas, mas sem nunca deixar de apostar no protagonismo dos acordes de piano e bateria que exalam aroma de inequívoca paixão, e na extrema simplicidade de “Duet”, que emprega apenas um violão de acordes suaves para a composição harmônica que acompanha o vocal de Rachel e seu convidado, o cantor Ray Lamontagne.
Mas este é um álbum duplo, e o contraponto à melancolia rascante do primeiro disco é o furor faiscante de Teeth Sinking Into Heart, a segunda parte, composta de canções de um rock profuso, como se confere na fartura de guitarras, baixo, bateria e múltiplas camadas vocais de “Sidedish Friend”, na qual é declarada à aversão à qualquer tipo de compromisso afetivo, e na rítmica mais fechada e menos aguda produzida pela guitarra, bateria, baixo e marimba da faixa “Pause That Tragic Ending”, cujo acabamento é dado pelo arranjo de cordas algo febril.
Muito além do fato de que a artista explora as gradações de seu potencial artístico em cada uma das partes do disco – não há algo de muito novo nisso, pois Happenstance já encerrava no seu interior tanto a placidez de Elephants quando o frenetismo de Teeth Sinking Into Heart -, o grande diferencial deste novo lançamento para o primeiro é o testemunho de que o requinte que florescia na estréia foi tão aprimorado e amadurecido que ele torna-se palpável da primeira a última nota do álbum. Por isso que, diferentemente da própria Rachel, eu não me surpreendo que uma das maiores gravadoras do mercado dê suporte incondicional à um disco que se dá ao luxo de trazer uma faixa de quase dez minutos de duração. Posso apostar que para a Warner Records, o valor da artista não é o das cifras que ela possivelmente reverta nas vendas ou na popularidade que suas canções possam ganhar no rádio, TV ou cinema, mas o fato de que a presença de Rachel é um reforço considerável ao cast de artistas de primeiro escalão da gravadora, agregando ao selo a qualidade inquestionável de seu trabalho – algo bem mais duradouro do que o dinheiro fácil feito com o “gado” que compõe a maior parte dos contratados da indústria da música.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e senha para descompactar os arquivos.

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senha: seteventos.org

Agradecimentos ao , que por vezes incorpora o meu feed musical.

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“A Questão Humana”, de Nicolas Klotz. [download: filme]

La Question HumainePsicólogo do setor de recursos humanos da filial de uma grande empresa alemã na França é solicitado por um dos seus altos funcionários a investigar sigilosamente a aparente perturbação no comportamento de outro executivo da empresa.
O argumento da trama de “A Questão Humana” tem como suas maiores qualidades a ousadia temática e o trabalho bem feito no alinhavamento dos elementos que constituem suas bases: enquanto personagens narram a participação de seus pais nos medonhos extermínios perpetrados na segunda guerra mundial na busca pelo ideal nazista de perfeição racial, um paralelo é lenta e sutilmente traçado com as estratégias de seleção de corte de funcionários para reduzir custos e otimizar a produtividade da iniciativa privada. Auxiliada pela fotografia que imprime a mesma frieza do ambiente às expressões humanas e pela encenação silenciosa das sequências, a comparação tecida pelo diretor ganha amplitude e peso, o que não quer dizer que ela chegue a convencer o espectador – há uma distância exosférica entre a execução gratuita de pessoas com o pretexto de promover o aperfeiçoamento da raça humana e os critérios de seleção no corte de funcionários que, por exemplo, inclui dispensar alcoólatras baseando-se no pressuposto de que sua possível instabilidade é sempre um risco a ser considerado. Mas se o único senão de “A Questão Humana” fosse a idéia discutível de estabelecer uma relação de similaridade entre a desumanidade do regime nazista e das políticas corporativas do sistema capitalista, o resultado não teria sido tão ruim.
O problema mais óbvio é a duração colossal do filme. Nicholas Klotz e a roteirista Elisabeth Perceval não parecem ter qualquer pudor em saturar o longa-metragem ao esticar de forma imensurável sequências periféricas – quando não totalmente descartáveis -, gastando mais de duas horas de filme para contar algo que poderia ser sintetizado em uma hora e meia sem qualquer prejuízo àquilo que ambos se propõe a mostrar.
Não bastasse esse despropósito ser prejudicial por si só, ele ainda torna mais profundo o maior equívoco desta película: a abordagem pretensiosa tanto do diretor quanto de sua roteirista. Muito além de ser um problema dos temas tratados, seja na idéia básica do argumento – baseada em livro de François Emmanuel – ou nos outros componentes da trama – como as críticas pontuais às políticas de combate à imigração ilegal e ao desprestígio da música erudita e folclórica em detrimento da música eletrônica contemporânea -, a falha subsiste na forma como eles foram compostos no roteiro e conduzidos na materialização do longa-metragem, sendo impregnados de uma convicção moralizante, de uma certeza pré-concebida de Klotz e Perceval de que seus pontos de vista constituem a verdade única e absoluta. Nas mãos de um diretor que sabe promover, sem tropeços, uma mistura mais coesa e sucinta de suas ambições e concepções na trama, “A Questão Humana” teria sido convertido em um filme que não afogaria sua narrativa em um pedantismo de dimensões oceânicas – ou, pelo menos, o faria com muito mais propriedade e fundamentação.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

rapidshare.com/files/125660331/Heartbeat_Detector_up_by_Poldek.part1.rar
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legendas (português):
http://legendas.tv/info.php?d=b4b98c3dd4d685b35313b6831ddeb810&c=1

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