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Mês: julho 2009

Lolly Jane Blue – “White Swan” (dir. Sil van der Woerd). [download: vídeo + mp3]

Lolly Jane Blue – White SwanA cantora Lolly Jane Blue esta há cerca de um ano e meio gestando o lançamento de seu primeiro trabalho musical, e apesar de toda demora, parece que o lançamento em questão será somente um EP. Pode até ser que a demora tenha algo a ver com o financeamento do seu trabalho, mas se formos pensar nos requintes da faixa “Worms” e o vídeo que a acompanhou, aparentemente a produção seria consideravelmente abastada, visto que há uma fartura orquestral na canção bem como um luxo transbordante no vídeo desta, dirigido e criado pelo também holandês Sil van der Woerd, que trabalha em parceria com a artista respondendo por toda a arquitetura visual que a cerca. E, como já seria de se esperar, a dupla volta a cena com uma nova música e um novo vídeo, “White Swan”, mais uma vez carregando as tintas no luxo em ambas as contrapartes do lançamento. A canção desta vez não conta com interferências eletrônicas, mas nem por isso espere economia na sonoridade da música, já que ela apresenta uma fartura de orquestração de cordas para fazer companhia à um violão resignado de cadência lenta e, claro, à bela voz da cantora holandesa, que se derrama em um canto longo, lento e emocionado para fazer jus a melodia já bastante triste. A porção visual da produção também prossegue ignorando qualquer menção de simplicidade, já que a composição da velha fábrica que é cenário do curta-metragem é feita nos mínimos detalhes de sombras, luzes, proporções e movimentos. A diferença é que desta vez o diretor e artista gráfico holandês não faz uso de diferentes sequências apresentando cenografias e figurinos diversos entre si – o que lhe possibilitou mostrar sua versatilidade e criatividade mas acabou fazendo com o que o vídeo anterior fosse apenas um apanhado de sequências luxuosas desconexas -, preferindo desta vez concentrar-se em criar apenas uma história, o que com certeza dá uma melhor identidade à canção que ele ilustra. Nesta história, a artista encontra-se abandonada no que parece ser uma fábrica antiga e escura, completamente nua sob um incessante feixe de água. Aos poucos, o ambiente vai sendo invadido por uma espécie de fungo algodoado, que vai crescendo ao redor da garota, tomando conta do espaço ao seu redor e envolvendo ela própria, trajando-a com um vestido escalafobético feito de tranças e nós. Ainda que eu ache que tanto música quanto vídeo continuam ali no limite do cafona, sempre correndo o risco de cair numa coisa nauseante meio Sarah Brightman, meio Enya, há de se admitir que tanto Lolly Jane Blue quanto Sil van der Woerd se lambuzam em uma exuberância criativa capaz de fazer Jean Paul Gaultier e Luc Besson saírem esbaforidos com um ataque de inveja histérica pelas ruas da Paris, sacodindo os braços, abanando as mãos e gritando coisas desconexas – e eu não duvido nada que eles dessem de cara com Björk fazendo a mesma coisa pelo caminho.
Agora fica à sua escolha: assista em HD (ou seja, em alta resolução), faça o download em alta ou baixa resolução e, se ficar animado o suficiente, também disponibilizo a música no formato mp3.

P.S.: agradeço muito à dica do leitor Thiago.

Lolly Jane Blue – “White Swan” (mp3)

Lolly Jane Blue – “White Swan”: assista em HDdownload HDdownload baixa resolução

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David Fonseca – “A Cry 4 Love” (single). [download: mp3]

David Fonseca - A Cry 4 LoveDepois de merecidamente muito aproveitar o sucesso do delicioso disco Dreams In Colour nos shows que se sucederam ate há pouco, o cantor e compositor português David Fonseca anunciou há pouco mais de um mês por newsletter e post no seu blog oficial que o dia de entrar em estúdio para gravar um novo álbum tinha chegado. As gravações foram rápidas, e pelo que o próprio artista revelou em seu blog, pouco depois do início deste mês ele já estava deixando o estúdio para refletir sobra a pós-produção e tudo o que cerca um novo lançamento – como as idéias para um videoclipe, por exemplo. Enquanto se ocupa com sua febre criativa, para não deixar os fãs se contorcendo em avidez para botar logo nos ouvidos suas novas canções, David resolveu liberar para download gratuito o primeiro single do novo trabalho, “A Cry 4 Love”, uma balada bem ao sabor do disco lançado em 2007 e com a inconfundível pegada pop-rock do compositor, introduzida nostalgicamente por um arranjo de cordas e logo ganhando a companhia de acordes quase monotonais na guitarra, um baixo discreto e uma bateria de síncope equilibrada – uma bela amostra daquilo com o qual o artista pretende em breve presentear o seu público. Para baixar a faixa, basta clicar aqui para ir ao site do cantor, criar um registro como qualquer outro que se costuma fazer por toda a internet e logo em seguida se recebe um email com o link para o download da faixa. Os fãs com certeza nao vão se importunar com essas formalidades típicas de internet – e para os que ainda não são fãs e que com certeza já se importunam previamente com essas burocracias virtuais, fica aqui o lembrete: é de graça, oferecido pelo próprio cantor. Não custa nada gastar os dedinhos digitando meia-dúzia de dados para ter os ouvidos preenchidos com prazer em estado sonoro, não é?

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“O Museu Darbot e Outros Mistérios”, de Victor Giudice

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Talvez o livro mais celebrado dos poucos publicados pelo quase desconhecido escritor carioca Victor Giúdice, falecido no ano de 1997, seja o livro de contos “O Museu Darbot e Outros Mistérios”, ganhador do Prêmio Jabuti de 1995. Nas nove histórias que compõe a obra, o autor manifesta todas as características de sua narrativa fascinante que subverte convenções e elementos já consagrados da literatura universal em uma escrita gritantemente contemporânea.
Não há dúvidas que, dentre os traços que caracterizam seu estilo, a composição de enredos que de uma forma ou de outra fogem do plano da realidade seja o mais emblemático de sua escrita: por vezes sendo assaltada pela repentina introdução de elementos genuinamente fantásticos – como acontece no hilário conto “A Festa de Natal da Condessa Gamiani” – ou em outras entregue ao domínio do delírio subjetivo do personagem-narrador – como pode ser atestado em “A História que meu pai não contou” -, o caráter idílico de suas histórias é sempre o elemento que primeiro encanta o leitor. Porém, esta característica fantástica de seus enredos não se sustenta apenas pela sua condição extraordinária, ela é adaptada à densidade do próprio enredo, angariando no leitor bem mais do que um encantamento que seria garantidamente superficial. O que verdadeiramente faz o encanto do leitor ser transformado em pleno êxtase o é a densidade que o fantástico ganha nos contos do escritor carioca. Ao invés de permanecer conformado ao efeito confortável de sua própria essência super-natural, que pode algumas vezes soar um tanto trivial, o fantástico tem aqui uma presença mais sofisticada, materializando assim uma maior densidade nos enredos em que é aplicado – algo que fica bastante palpável nos contos “Jurisprudência”, em que veicula uma crítica social de modo bastante singular, e “O Hotel”, onde ele corporifica, com uma analogia fabulosa, a repressão perpretada por regimes ditatoriais.
Porém, não é apenas o elemento fantástico que é subvertido à instrumento de adensamento da narrativa pelo autor, outros recursos estilísticos igualmente servem à este propósito na narrativa. É impossível, por exemplo, não notar que o humor negro, traço recorrente em quase todas as histórias, é a ferramenta potencializadora do conto “A História que meu pai não contou”, já que ao integrar-se ao próprio enredo auxilia na intensificação de suas nuances, tornando ainda mais vigorosa a apropriação da tradição da literatura gótica e de horror que é subvertida por Victor Giúdice em uma narrativa inegavelmente pós-moderna. Do mesmo modo, fica patente no gosto em revelar detalhadamente o culto refinamento do protagonista de “A Criação: Efemérides” e na ostensiva enumeração das minúcias do luxo e pompa tipicamente aristocráticos de “A Festa de Natal da Condessa Gamiani” que a narrativa descritiva adota o papel de veículo de construção da tonalidade satírica que, no caso particular destas duas histórias tem como alvo os costumes, comportamentos e crenças dos intelectuais e das classes mais abastadas.
A sátira, por sinal, é a alma de uma entre as duas histórias do livro que não faz uso de elementos fantásticos, “O Museu Darbot”. Na trama espetacular que elaborou, Victor Giúdice mapeia magistralmente a construção de um mito das artes plásticas, precursor de um novo paradigma no mundo da pintura, para trazer à tona o que há de arbitrário no ato de se elevar algo ao caráter de obra de arte, descortinando o que por vezes há de incompreensível, para não dizer ridículo, nas convenções e dogmas artísticos.
Infelizmente, com a sua morte em 1997, o Brasil perdeu o reforço de um dos autores mais brilhantes da ficção brasileira contemporânea para a sua literatura. Contudo, a sua contribuição inegável foi dada: uma narrativa de impressionante versatilidade temática que apesar de sua densidade estilística e transbordante erudição nunca deixa o leitor aborrecido ou desconcertado – pelo contrário, seu vigor arrebata-o, completamente seduzido, à um universo de histórias extraordinárias.

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“A Proposta”, de Anne Fletcher.

The ProposalMargareth, executiva de uma grande editora americana, descobre que está em vias de ser deportada para seu país natal, o Canadá. Vendo que não há outra saída, ela tem a idéia de casar-se com o seu assistente, Andrew, que ela há anos perturba com sua antipatia e rigor no trabalho. Inicialmente obrigado a aceitar a proposta com a ameaça de demissão, Andrew decide tirar proveito da situação e obter tudo o que vem pedindo há anos para a chefe, sem nunca ter sido atendido. Contudo, os dois não contavam que uma das exigências da imigração, uma viagem para que a noiva conheça a família do noivo, começasse a mudar a relação que há anos os dois sustentam.
Por uma questão de franqueza não posso deixar de dizer que o ator canadense Ryan Reynolds, minha maior obsessão já há alguns anos, responde por ao menos metade da razão que me levou a deixar o conforto do meu lar e me dar ao trabalho de ir ao cinema para conferir “A Proposta” – bem…pra ser ainda mais sincero, ele é mais da metade da razão. Mas apesar de que a beleza estonteante de Ryan tenha sido a motivação primordial que me moveu até o cinema e ainda que o filme não passe mesmo de mais um lançamento que vá figurar no catálogo da Sessão da Tarde, o longa-metragem da diretora Anne Fletcher tem pelo menos dois predicados. O principal trunfo, obviamente, são os dois protagonistas, que não apenas exibem uma bela química na tela como demonstram a sua já conhecida desenvoltura para a comédia, empregnando seus personagens de sarcasmo e ironia sem deixar de adotar o tom equilibrado necessário para dar credibilidade aos papéis e ajudar, com isso, a suavizar um pouco as inevitáveis sequências de clichês e lugares-comuns típicos do gênero. O outro elemento que sustenta o nível de interesse durante filme é o texto com piadas de bom nível em diálogos ligeiros que concedem um ritmo mais dinâmico ao longa-metragem, embora o filme ainda detenha o compasso tranquilo das comédias românticas – a sequência em que os dois contam aos familiares de Andrew como foi feita a proposta de casamento é um exemplo de humor que não considera a platéia um amontoado de imbecis capaz de achar graça apenas de gags estúpidas e de gosto muito duvidoso. Os menos tolerantes na platéia certamente ficam satisfeitos também com o pouco uso de situações rasteiras no roteiro de Peter Chiarelli, que procurou assim preservar o filme ao evitar expor o espectador à sequências excessivamente estúpidas ou de mau gosto, apesar de que ao menos uma ou duas eu ainda retiraria na edição final do filme. Claro que nenhuma tentativa de refinar ou sofisticar o filme é suficiente para evitar que você se sinta um tanto estúpido por gastar tempo e dinheiro no cinema com um longa-metragem que garantidamente não vai apresentar nada de realmente relevante, mas o charme dos protagonistas, em especial o fulminante de Ryan Reynolds, faz ao menos o espectador sair do cinema flutuando em encanto.

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“Os Prêmios”, de Julio Cortázar

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Grupo diverso de cidadãos de Buenos Aires, ganhadores de uma loteria fomentada pelo governo argentino, embarca em um navio misto – de passeio e de carga, portanto – para desfrutar de seu prêmio: um cruzeiro oceânico. Uma vez lá, uma inquietação se instaura nos passageiros pelas restrições no livre trânsito através da embarcação e pela falta de informações sobre o trajeto da viagem.
Escrita por Julio Cortázar, escritor de origem argentina, nascido na Bélgica e que adotou a França para passar metade de sua vida, a novela “Os Prêmios” figura entre suas obras menos conhecidas. Parte disto deve-se ao fato de que Cortázar tornou-se muito conhecido pelos seus contos, histórias que algumas vezes frustram o leitor por sofrerem de uma aparente falta de sentido e dinamismo – impressão esta que, de um certo modo, não é errada mas se configura num equívoco, já que estes contos em especial procuram obter o efeito de estranhamento pelo destrinchamento do ordinário e não do bizarro ou inóspito. Porém, talvez o fato mais determinante que conferiu um certo status underground à “Os Prêmios” é que esta novela foi elaborada, segundo o próprio autor, para que ele pudesse desviar-se de certezas pré-concebidas que, com o tempo, os leitores foram formulando sobre o estilo de sua narrativa. As mudanças estilísticas conscientes não chegam a ser numerosas nem alteram profundamente a narrativa de Cortázar – o ritmo lento, possível devido aos diálogos extensos que exploram desde questões metafísicas até costumes e relações humanas, é a alteração que fica mais aparente -, no entanto, a sua atuação conjunta acaba tendo um efeito negativo bastante concreto: por consequências disto, a narrativa de “Os Prêmios” ganha identidade incerta na bibliografia de Cortázar, vagueando confusa entre a fuga de seu estilo e adoção dele. Os mistérios da história criada por Cortázar, com isso, acabam diluindo-se na batalha com os inúmeros e longos diálogos, e a narratava, assim, aparenta arrastar-se mais do que se propõe intencionalmente, perdendo muito do impacto, força e fascínio que desperta no leitor inicialmente.
Mas, apesar dos deslizes, a metade da narrativa que preserva as características do trabalho de Cortázar mantém o interesse do leitor até o epílogo de sua história. A sustentação da natureza misteriosa das proibições, da improbabilidade da veracidade das informações veiculadas para mantê-las e mesmo as dúvidas e o desconhecimento quase total sobre a origem da tripulação, da própria embarcação e do seu destino mantém o leitor intrigado, ainda mais por conta da incerteza de que qualquer destas coisas venha a ser esclarecida na conclusão da trama, como é habitual nas obras do escritor argentino, que acaba por explorar o mistério muito mais pelo gosto do efeito despertado do que para levar o leitor a construir lentamente a resolução dos enigmas. A variada gama de personagens, bem como o breve desvendamento de suas personalidades também é outra virtude desta novela: à exceção de Persio e seus monólogos introspectivos que insistem em versar sobre o oculto e o místico sem exibir sequer uma sombra do charme da emblemática narrativa difusa do autor, o restante dos passageiros criados por Julio Cortázar constroem ao mesmo tempo uma analogia à sociedade, seus costumes e convenções e uma sagaz ilustração das aspirações e incertezas humanas, que o escritor nunca deixa de lembrar estar sempre inundadas pela subjetividade de cada personagem.
É uma pena que o desenvolvimento adequado de certos aspectos da trama tenham sido afetados pelas ambições do autor em recriar seu estilo. A leitura de “Os Prêmios” se tornaria muito mais fascinante se Cortázar tivesse dado vazão à sua capacidade natural de manipular os mistérios idiossincráticos mais aparentemente cotidianos e se rendido à materialização do fluir de sua narrativa tão peculiarmente difusa e prolixa, mas infelizmente o autor sucumbiu ao desejo de mudança estilística e, com isso, sucumbiram em “Os Prêmios” boa parte dos encantos que alçaram Cortázar à condição de um dos maiores nomes da literatura latino-americana.

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The Boy / Julho 2009: todo Victor Benain [fotos]

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Todo mundo que acompanha os ensaios do site The Boy do portal Terra já sabe bem que os fotógrafos contratados pelo portal tem algumas sinas, tanto no que se refere na escolha do modelo quanto na configuração do ensaio em si. Dentre as mais recorrentes, posso destacar que os modelos com silhueta esguia e sua personificação como surfistas são das mais exploradas no site. E como Marcio del Nero, fotógrafo responsável pelo ensaio deste mês de julho de 2009, encontrou reunidas no modelo Victor Benain estas duas características, de tanta satisfação ele deve estar se sentido um verdadeiro Sputnik entrando em órbita e desbravando o espaço sideral. Mas vocês bem devem saber que junto com o Sputnik foi a pobre coitada da Laika, que não teve um destino nada feliz nessa história toda – e apesar de adorar cães, eu nao sou ingênuo o suficiente como eles pra ficar dando pulinhos, abanando o rabo e latindo de alegria pra qualquer coisa, principalmente quando aquilo não me contenta.
Bem, nao me entendam mal. Victor é um belo rapaz, com aquela morenice que normalmente me encanta sem muito esforço. Porém, falta Sustagen no rapaz. Não sou assim tão contra modelos esguios como eu mesmo o sou, mas além de eu préprio me bastar em termos de magrinhos malhados, eu acho que pra escolher um modelo com este biotipo ele tem que ter algum diferencial pra causar algum impacto. E ele simplesmente não tem. Tanto não apresenta diferencial que, pior, chega a ser uma espécie de Luke Wilson reloaded, numa versão sem o maxilar proeminente e mais magro do que o ator americano – sim, porque Wilson atualmente está gordo feito um leitão de frigorífico. Então é aquela história: uma graça o Victor Benain, mas não me causa encantamento pra ficar me perseguindo durante dias nos momentos mais inesperados, como quando você se pega lembrando daqueles detalhes fascinantes do corpo do rapaz e se perde em um olhar distante no meio de uma frase que você trocava com um colega de trabalho.
Agora, em se falando do ensaio, temos que admitir que Marcio del Nero instaurou no panteão de personagens dos ensaios do The Boy uma figura inovadora: o surfista de piscina. Alguém aí me explica de onde ele tirou essa idéia? Foi um ataque fulminante de preguicite que não permitou levar a produção para uma praia meia-boca qualquer ou foi restrição orçamentária? Bem, isso nos não vamos saber provavelmente nunca, só vamos desejar que isso não se repita porque ficou muito kitsch. Já que temos aqui tanta coisa emulada da historiografia do site – o jogador de pelada de futebol, o pseudo-nerd com o indefectível óculos de polietileno, o ninfeto do sofá, o modelo da Richards – era melhor tirar a prancha do rapaz e assumir que esta fazendo mais uma sessão de fotos na piscina do que tentar transformar isso em algo diferente ou, se foi o caso, ficar tentando satisfazer o modelo ao inserir elementos de sua personalidade no ensaio. Sim, porque Victor é surfista, daqueles que tem como livro da vida a biografia de Kelly Slater. Uau, Kelly Slater, que deve ter assim uma vida super fascinante pra render uma biografia. Quantas páginas deve ter o livro, duas? Dá pra ver que se o modelo não é bem um catalisador de tesão no quesito físico também não me parece excitar pela sua fulgurante personalidade. A coisa mais surpreendente foi colocar o rapaz, no ensaio fechado, falando no celular. Isso sim deu um ar descontraído às fotos em questão – mesmo que jogar futebol de cueca não pareça a coisa mais natural do planeta, ainda que seja uma coisa bonita de ser ver…ei, os clubes de futebol aí pelo mundo podiam adotar essa idéia. Quem sabe na Copa do Mundo do ano que vem, heim? Nao custa lançar a idéia…

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Victor Benain.

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Kasabian – West Ryder Pauper Lunatic Asylum (+ 2 faixas bônus). [download: mp3]

KasabianOlhe bem para a capa do novo disco da banda britânica Kasabian. Olhou? Agora leia bem o título ali em cima. Não custa repetir: West Ryder Pauper Lunatic Asylum. Até alguém com meio cérebro percebe que com este novo lançamento os rapazes resolveram se aventurar no filão da música conceitual e experimental. A bem da verdade, a sonoridade não é assim tão experimental, diria que é ainda bem linear, e o conceitual não vai tão longe, fica tão somente na capa do disco – imagem sobre a qual, por sinal, já falei antes em um post no meu outro blog -, onde os rapazes se fantasiam com o intuito de melhor ilustrar a insanidade dos pacientes da instituição psiquiátrica que inspirou o título do disco e também se resume à algumas declarações de Sergio Pizzorno e Tom Meighan, que garantem que as canções foram imaginadas como trilha sonora de algum filme avant-garde como “A Montanha Sagrada” , de Alejandro Jodorowsky – essa sim uma obra experimental e conceitual com todas as idiossincrasias a que tem direito. Nem é preciso parar pra pensar muito pra se dar conta de que, na verdade, o disco é mais uma tentativa de atrair uma aura cult à banda, e eu já devo ter dito por aqui que tudo o que é intencionalmente cult acaba nunca atingindo o seu objetivo – ou seja, ser cult -, ao menos não de um modo que soe natural. No entanto, mesmo tendo-se conhecimento de que tudo está encoberto por boas doses de pretensão, isso não impede de reconhecer que, sim, West Ryder Pauper Lunatic Asylum é um disco com uma boa quantidade de belas canções compostas pela banda.
Começando pelo começo, “Underdog” é um single típico da banda, misturando muito bem os riffs arfantes de guitarra e do vocal sempre britanicamente petulante de Tom Meighan com uma batida que bebe direto no gargalo da cadência ligeira do trip-hop. Mas é a sacolejante “Fast Fuse” que consegue de fato embriagar a bateria na síncope acelerada da música eletrônica, compondo com os acordes precisos da guitarra e do baixo, com o vocal aos brados de Meighan e com os vocais de fundo de Pizzorno uma melodia hipnoticamente dançante. “Take Aim” entra em ação logo em seguida, e apresenta o flerte da banda com elementos orquestrais, como mostra a introdução triste, algo fúnebre, feita de um arranjo de sopros e cordas e acompanhada por um violão e baixo que respiram latinidade e infectam a bateria com o mesmo ar ibérico. “West Rider Silver Bullet”, que surge um pouco mais a frente, também experimenta com elementos orquestrais, mas o faz de outro modo: a canção, que inicia com uma breve narração feita pela atriz Rosario Dawson, usa ostensivamente um arranjo cortante de cordas para pontuar dramaticamente a música, que incorpora baixo e violão em um andamento que remonta as trilhas sonoras de filmes clássicos de faroeste – Ennio Morricone sendo o criador de algumas das mais emblemáticas composições para o gênero.
Esta, por sinal, parece ter sido uma obsessão do Kasabian neste disco, visto que “West Rider Silver Bullet” não é a única canção que suscita as composições que ficaram no imaginário popular como trilha para paisagens áridas e empoeiradas do meio-oeste norte-americano. “Thick as Thieves” assume a empreitada sem receios, invocando no seu banjo, bateria, vocais e violões todo o tracejado do estilo e a melodia de “Fire” prossegue forte nesta mesma toada, investindo no violão, no baixo e na bateria de inconfundível fragrância western, ainda que as guitarras do refrão destoem para um leve perfume oriental.
Mas como o álbum foi gestado com as pretensões artístico-conceituais em mente, não poderia faltar canções que respondessem à este propósito, e “Secret Alphabets”, a meu ver, seria a que melhor materializa a idéia: desda a introdução de vocais e pratos reverberando brevemente, passando pela melodia de andamento algo minimalista, guiada pela bateria e temperada por uma sintetização contínua e por econômicos acordes de guitarra, até o fechamento conduzido por cordas e um teremim ameaçadores, tudo procura conjugar uma atmosfera de estranheza e mistério que imagina-se ser a dos filmes experimentais que inspiraram os membros da banda neste lançamento. Mas se o cinema experimental foi fonte de inspiração para o Kasabian de West Ryder Pauper Lunatic Asylum é devido ao poder exercido pela música da época sobre este cinema, e que também é palpável neste disco, haja visto que a balada “Happiness” escancara suas influências, contando com a sempre infalível beleza de um coral gospel armado de suas vozes e palmas acompanhando a melodia que, claro, vai sem medo transitando pelo blues, o que dá um evidente “Beatles touch” à canção. É claro que essa música, e pra ser sincero, o disco como um todo não é diferente de um sem número de outros tantos que já ouvimos por aí, mas se por um lado a banda se acomoda copiando fórmulas consagradas, ao menos deve-se reconhecer que o Kasabian o sabe fazer muito bem.

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