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The Boy / Julho 2008: todo Caio De La Vega [fotos]

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Início de mês, modelo novo no The Boy. Sucedendo Levy Christiano, que não foi nenhum estouro mas rende um caldo bastante generoso, temos o paulista Caio De La Vega. E quando descobri qual era o modelo deste mês, me veio logo à cabeça o comentário que um visitante do blog deixou no texto sobre o modelo do mês passado: “agora o ‘modelo’ só precisa ter uma barriga definida e uma carinha ‘bonita’, que já fotografam”. Concordo, destacando ainda mais as aspas do autor do comentário, que certamente deixam subentendida a observação de que às vezes a carinha bonita nem chega a ser tão bonita assim. Digo isso porque o meu problema mais evidente com o modelo deste mês é que algo no rosto dele não me agrada. Me parece que há muitos excessos ali: lábios demais, orelhas demais, olhos demais, nariz demais, sobrancelha demais. Ficou tudo tão acima da medida que parece que não sobra espaço na face, deixando a impressão de um rosto muito magro acomodado em uma cabeça grande. O corpo, como sempre, é melhor do que o meu, obviamente, mas corpo bonito e malhado todo mundo encontra com uma certa tranquilidade nas suas andanças cotidianas – isso chega até a ser balela hoje em dia. O que está faltando mesmo, e isso eu os visitantes estamos afirmando há algum tempo, é que os organizadores do The Boy não parecem estar encontrando – ou não parecem interessados em procurar – aqueles modelos que não deixam espaço para “senão”, aqueles que invocam uma unanimidade de imediato entre os admiradores do site de ensaios do Terra, devidamente laceados por um ensaio caprichado, inspirado. O trabalho que compete ao fotógrafo até que não está exatamente ruim, o maior problema é o modelo, mas mesmo o responsável pelas fotos teve seus momentos de insensatez ao enfiar o rapaz dentro de uma piscina com águas em plena agitação, sem parecer dar atenção ao fato de que nada além da água e da cabeça do rapaz podia ser visto nas fotos. Por mais que não estejamos interessados apenas em fotos sem qualquer criatividade do corpo do modelo, também deve-se preservar um equilíbrio na composição das fotos – só não fiquei tão irritado com essa liberdade pretensamente subversiva que desperdiçou uma sessão inteira de fotos, como fiquei quando o fotógrafo Cristiano teve a idéia estapafúrdia de fotografar Matheus Verdelho voando a quilômetros de distância em um balanço, porque Caio não entrou na minha lista de preferidos. Fosse ele um modelo espetacularmente lindo e tesudo, eu ia querer arrancar a cabeça do tal Felipe Lessa usando os meus dentes e usá-la como trava para a porta do meu banheiro.
Certo, eu sempre falo no Matheus, né? Vocês já devem estar cansados de tanto que eu me refiro ao ensaio do modelo como paradigma de perfeição do The Boy, e devem me achar um tarado pelo modelo loiro – o que não deixa de ser verdade – que, sem dúvidas, figura no panteão dos melhores do site. Porém, nem precisamos ser tão saudosistas, há modelos e ensaios tão fantásticos quanto este no espaço de pouco mais de um ano: o loiro belzebu enlouquecedoramente sexy Michael Horta, o moreno enormemente malicioso Fernando Sippel e o garotão arrasadoramente másculo Rodrigo Calazans, por exemplo, já entraram para o meu registro de memória afetiva (risos, por favor) do The Boy. Tenho certeza que há modelos tão tentadores quanto estes fazendo fila nas agências do país. Sendo assim, porque se contentar em convidar alguém que só vai servir pra fazer volume nos ensaios do ano? Já contamos com a injusta diferença no número de ensaios entre a versão feminina e masculina do site, e ainda assim eles se dão ao luxo de desperdiçar o ensaio mensal com um modelo e fotos que só podemos classificar como “bacaninha”? Se é pra ficar no feijão com arroz da plebe, renomeiem o site logo para “Garoto Pop” – porque, vamos combinar, eles parecem estar se esforçando pra nivelar o The Boy à sua concorrência novata e quase sempre um tanto ordinária. Me deu até vontade de ignorar o ensaio do mês, mas em respeito àqueles que sempre acabam gostando, fiquem à vontade para conferir o ensaio aberto e as fotos do ensaio fechado do modelo. Pra finalizar, eu só digo uma coisa: “nhé”. Porque é exatamente isso o que eu acho do modelo e do ensaio do mês – o que vocês acharam eu só vou poder saber, assim como os outros visitantes do blog, se vocês comentarem, né?

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Caio De La Vega.

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Joan As Police Woman – To Survive (+ 1 faixa bônus). [download: mp3]

Joan As Police Woman - To SurviveO segundo disco da banda de Joan Wasser não encanta tão prontamente quanto o primeiro, principalmente porque algumas poucas canções, como “Magpies”, um pop-soul setentista com direito inclusive aos vocais de apoio e arranjo de metais que remetem ao estilo da época, ensaiam conquistar o gosto do ouvinte mas se perdem tanto em descaminhos melódicos tão inócuos e aborrecedores, quando não absolutamente irritantes, que acabam interferindo na apreciação adequada das demais faixas do disco. No entanto, superada a irritação que essas canções causam por algum tempo, as outras faixas revelam logo os seus enormes predicados, algumas de modo lento e crescente, liberando paulatinamente sua beleza à cada apreciação – é o que acontece com “To Be Loved”, faixa que envereda de modo mais sutil no mesmo pop-soul nostálgico de “Magpies”, mas que é mais feliz ao ser balanceada com um teclado de cores quentes e um piano de notas graves, ambos dedilhados de modo suave e apoiados por uma guitarra e bateria que aquecem discretamente a melodia tanto quanto o próprio vocal macio de Joan -, outras de modo mais imediato e impactante – como “Holiday”, que une acordes deliciosos no violão, no piano, e na bateria para compor uma melodia ao mesmo tempo ágil e graciosa, que cede bastante espaço para a voz encantadora da cantora americana. Sempre inspirada por referências musicais de décadas passadas, Joan é capaz de compor faixas que lembram desde a romântica melancolia da “new wave” do final dos anos 80 e início dos 90 – falo aqui da esplêndida “Start of My Heart”, cuja música é guiada por uma bateria e baixo de cadência lenta, salpicada por uma guitarra de acordes extensos e serenos e preenchida por uma sintetização que cria ondulações ao ser continuamente sobre e sobposta à instrumentação restante – até ao glamour do pop americano que sonorizou bares, discotecas e qualquer festa que se prezasse há cerca de 40 anos – claro que me refiro à faixa “Furious”, marcada por um compasso ligeiro de bateria e teclado, reforçado por piano de acordes dramáticos e prodigiosos e um coro de palmas que recheia o fundo da melodia, além dos vocais adicionais que adensam ainda mais o nostalgia sonora – tudo, porém, com um senso de naturalidade e graça que torna esse caldo saudosista algo de muito bom gosto. No final do disco ainda sobra ânimo para um dueto delicioso com Rufus Wainwright em “To America”, que é introduzida por um piano algo desolado e logo subvertida por um arranjo fabuloso que toma de assalto a música com saxofones, guitarras e sintetizações enormemente melódicas e verborrágicas, fechando de modo brilhante este disco que, a esta altura, faz esquecer qualquer possível menção de tropeço que inicialmente o marcasse.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos – e não esqueça de baixar logo depois a faixa bônus “Take Me”, liberada com exclusividade na web aqui pelo seteventos.org.

senha: seteventos.org

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Faixa bônus “Take Me” (do single “To Be Loved”):
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“Começar de Novo” (“Reprise”), de Joachim Trier. [download: filme]

RepriseDois jovens de 20 e tantos anos, amigos de infância, amantes de literatura e música punk, tentam ambos lançar seu primeiro livro, enviando juntos os seus escritos para uma editora. Enquanto Philip consegue obter o feito, e ganhar fama da noite para o dia, Erik tem seu escrito recusado. Philip, porém, acaba tendo problemas, já que não consegue lidar com o seu sucesso, e Erik segue em frente na tentativa de obter uma nova chance.
O longa-metragem de estréia de Joachim Trier, primo distante de um dos mais famosos cineastas dinamarqueses, Lars Von Trier, tem uma dualidade qualitativa na concepção de seus elementos: sempre que algo parece uma idéia interessante, também o é ao mesmo tempo irritante.
A estilística narrativa é o ponto onde isso é percebido com mais facilidade: ao ser por vezes bifurcada na tentativa de expôr outras possibilidades para o comportamento e o caminho tomado pelos personagens, e inundada por um maneirismo técnico no qual o diretor adota coisas como o congelamento das cenas e a exposição de legendas, ambos com o claro intuito de imprimir dinamismo, a narrativa soa, em alguns momentos, apenas como instrumento para construir no longa-metragem uma identidade cult – e é bom lembrar que o cult genuíno não é o com intencionalidade, mas torna-se um no advento do contato com o público -, enquanto em outros sua técnica ganha sentido, por apresentar elementos importantes para a trama ou por expôr o verdadeiro conflito de um personagem, bem como por apresentar sua solução – é o que acontece na sequência final do longa-metragem, por exemplo. O narrador onisciente é outro elemento de qualidade ambígua no filme: se por um lado ele serve como muleta para a já citada tipificação do longa como obra de status cult, por outro ele ganha o papel de aumentar no espectador o conhecimento mais aprofundado sobre a personalidade dos personagens e a motivação primeira de seu comportamento. Contudo, o mais interessante é observar que este caráter de dualidade se repete até mesmo no par de protagonistas do filme: se Philip, o escritor de inspiração repentina e escrita ágil, irrita pela sua personalidade conturbada e confusa, pela sua instabilidade psíquica e emocional e pelo seu caráter sensivelmente egoísta, Erik, o autor cujas obras só nascem com muito esforço, cativa tanto por suas qualidades – seu companheirismo, que lhe faz estar disposto a sempre apoiar e ouvir aqueles que ama – quanto pelos defeitos – a sua ingenuidade, que lhe permite ser influenciado e moldado pela opinião e comportamento alheios, assim como a inconsequência, que lhe faz agir de modo impulsivo e leviano, sem pensar que pode estar desprezando e magoando alguém que só lhe quer bem. Como se pode prever, é justamente o personagem de Erik que garante ao filme grande parte de seu interesse – muito graças ao carisma de seu intérprete, Espen Klouman-Høiner, e em outra parte pela configuração humanamente verossímel de seu caráter.
Mas os méritos não são sempre inconstantes quando são obra unicamente do diretor: a idéia de abolir sincronia entre fala e imagem, bem como o desvio do foco de suas lentes para outros elementos, capazes de transmitir tanta emoção quando a expressão dos atores, intensifica a potencial emoção das cenas e seu caráter poético – isso pode ser conferido especialmente na sequência que retrata o reencontro entre Philip e Kari.
Uma estréia promissora, como diria um dos personagens-chave da trama. Se em suas produções posteriores o diretor dinamarquês amadurecer sua técnica, polindo-a ao limar o maneirismo excessivamente desnecessário, teremos mais um representante a ser constantemente observado no cinema nórdico, berço de uma tradição de cinema tão ousada na sua poética quanto no seu experimentalismo.
Baixe o filme utlizando os links a seguir.

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“Lost”: 4ª temporada (ciclo final) [sem spoilers].

Lost - Quarta Temporada: Ciclo FinalMais uma temporada de Lost chega à sua conclusão, com a exibição de um eletrizante episódio final duplo. Desde que a série foi retomada, com a exibição do nono episódio, Lost entrou em uma espécie de conclusão de um ciclo, eliminando personagens secundários e mesmo alguns do primeiro escalão do elenco, talvez em caráter temporário, para, de modo muito astucioso, criar novas tramas para os personagens com eles diretamente ligados, dar mais espaço ao aprofundamento da mitologia cada vez mais extensa da ilha e possibilitar, a partir da próxima temporada, o desenvolvimento de uma mudança do espaço físico explorado na série. Parte disso já era do conhecimento do público através do uso dos flashforwards, o que fez desta a conclusão de temporada menos surpreendente da série até hoje. No entanto, a metade do impacto perdido no quesito surpresa foi devidamente compensado pela fabulosa composição da narrativa deste episódio final da temporada, que envolveu passado, presente e futuro da ilha e do mundo exterior à ela – só para citar como registro de exemplo, logo no início do episódio, foi engendrada uma fusão brilhante do fim da “recapitulação” dos acontecimentos anteriores com o início do episódio que, diga-se, remonta ao igualmente fenomenal fim da terceira temporada. Além disso, flashforwards de cada um dos personagens que tiveram especial destaque este ano – quem a assistiu, sabe bem de quem estou falando – pontuaram toda a duração do episódio, respondendo dúvidas que foram lançadas pela exposição de outros flashforwards durante toda a temporada, bem como lançando ainda outras sobre ocorrências na passado/presente/futuro da ilha e daqueles que a habitam – sem falar na aparição mais uma vez meteórica de dois velhos conhecidos do fim da segunda ano que ninguém imaginava que fossem novamente apresentados no seriado.
Mas o que pode nos aguardar para o quinto e penúltimo ano da série? Acho que o mais provável é que, como aposto desde a consequente implementação dos flashforwards, no fim do terceiro ano, há uma tendência em concentrar o foco da Lost no desenvolvimento de uma narrativa fora da ilha – o que, há poucos dias, foi citado pelos produtores como uma possibilidade para a quinto ano do programa. A meu ver, o melhor efeito ao adotar esta idéia seria obtido com a exploração de tramas no mundo exterior durante uma temporada – a penúltima seria ideal – para retornar à ilha como cenário para fechar a trama da série no seu último ano. Claro, isso é só uma aposta ingênua, pois certamente que os produtores devem ter tudo planejado desde já, e há chances de nada ter a ver com apostas e previsões que possamos elaborar. Confundir o espectador sobre a teoria que fundamentaria toda a explicação do que é testemunhado em Lost é uma diversão que os produtores cultivam há muito tempo e ela não foi abandonada nesta temporada – há pelos menos três sequências que retomam a idéia de tudo não passa de uma espécie de jogo, enquanto pelo menos uma lembra o espectador sobre a possibilidade de que os personagens enfrentam algum tipo de purgação espiritual. Contudo, ao menos um dado de certeza foi lançado nos momentos finais do episódio: a idéia de que a presença dos sobreviventes do vôo 815 na ilha não é mero acaso e acidente. Essa suposição, há muito mencionada nos episódios e perscrutada pelos fãs, foi agora abertamente reforçada como um dos fios condutores de todo o sentido da trama da série. Mas e o por quê dessa relação necessária da ilha com o seus ocupantes, capaz de desencadear eventos catastróficos quando da possibilidade que estes ocupantes abandonem a ilha? Bem, a resposta para tanto só deve vir depois de uns bons meses sofridos sem Lost – se é que teremos mesmo a resposta para isso na próxima temporada.

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The Boy / Junho 2008: todo Levy Christiano [fotos]

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Não foi exatamente o que eu pedi no mês passado, mas Levy Christiano deu uma boa melhorada na impressão nada positiva que ficou com o ensaio anterior do The Boy. Primeiro, por causa da qualidade do modelo escolhido para este mês: apesar de não ser nenhum arroubo de masculinidade, sensualidade e beleza, o rapaz renderia uns belos dias ensolarados de diversão, tomando-se a devida cautela de orientar o mancebo para ostentar apenas e tão somente o seu look mais apetitoso. E segundo, porque o fotógrafo deste mês soube explorar o melhor do rapaz em seus cliques em frente à um espelho, refastelando-se em um sofá de couro, com o abdômen suado, deitado em uma cama, nu em cima de asfalto úmido e, principalmente, embaixo de uma ducha, trajando camisa e sungão branco ensopados, ora sob uma iluminação interna natural, ora sob uma luz projetada que realça os contornos e a silhueta do seu físico – sob a batuta de Didio, que já é autor de alguns ensaios no site, o modelo foi retratado com uma sensualidade e até mesmo alguma malícia que, a bem da verdade, não parecem ser naturalmente suas. Em outras palavras, com a devida produção e orientação, Levy Christiano desperta tesão suficiente para produzir a clássica cena do cigarro sendo lentamente tragado em meio a suspiros de aprovação depois de alguns solavancos animados em uma cama. Tudo bem. Talvez eu tenha exagerado, mas a diversão chegaria mesmo bem próxima da cena descrita acima…isso se o rapaz não insistir em trajar aquele inacreditável agasalho azul e vermelho medonho e chinfrim ou aquele óculos cafona combinado com o misto de calça social e cargo xadrez absolutamente empata-foda – porque, vou te contar, esse figurino infeliz é capaz de desanimar até o mais intrepitadamente tarado dos mortais. Certeza de que a sugestão genial do figurino destas duas sessões de fotos específicas deve ter sido do maquiador cujo trabalho irretocável conhecemos do ensaio de Vinícius Borges: ele deve ter sido “relocado” de função, depois da demonstração de competência no ensaio passado. Então, pra evitar mais estragos em ensaios posteriores, deixa eu dar o toque: o ex-maquiador-recém-habilitado-figurinista parece tão competente nessa função quanto na anterior! Fica a dica!
Agora, vamos todos esperar por um passo ainda mais adiante no próximo mês no The Boy, vislumbrando o retorno total à velha forma – e, porque não, voltar a lembrar o senhor todo-poderoso do The Boy que um ensaio nos moldes “reloaded” com os melhores modelos que aquelas câmeras tiveram o prazer invejável de retratar não seria má idéia nem de longe! Ainda mais se fosse um ensaio no estilo Greatest Hits, com os modelos mais retumbantes todos juntos numa pegaçãozinha soft-core em cima de uma imensa cama de dossel translúcido! Ok, eu exagerei de novo! Eu estava brincando quando disse “dossel translúcido”! Tudo culpa daquela clássica cena de “Fome de Viver”!

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Levy Christiano.

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Beth Rowley – Little Dreamer (+ 1 faixa bônus). [download: mp3]

Beth Rowley - Little Dreamer
Little Dreamer, disco de estréia de Beth Rowley, inglesa de loiríssimos cabelos cacheados vistosos, tem faixas que enveredam por caminhos distintos, algumas vezes mesclando várias referências – há algo de soul e rhythm & blues, muito de blues com generosas doses do estilo gospel, algo de um pop nostálgico. Pra ser bem sincero, a maior parte dos gêneros musicais por ela explorados, isolados ou em combinação, normalmente não me inspira qualquer atenção, porém vez por outra o carisma do músico consegue transpor as limitações pessoais. E é com a graça e o charme que impõe à essa fusão de estilo em suas composições e covers que permeiam o disco que Beth consegue angariar a simpatia do ouvinte, mesmo que, aqui ou ali, cometa um resvalo qualquer no caminho – como é o caso da canção “So Sublime”, onde bateria, guitarra, piano e orgão, lacejadas pelo vocal afetuoso e adocidado de Beth, tentam resgatar o charme gostoso do inofensivo pop-setentista americano, mas conseguem mais é tecer uma melodia pop animadinha, mas um tanto quanto apagada e aborrecida.
Contudo, os acertos pagam o troco dos erros com uma folga considerável. O primeiro deles é a versão de de Beth para “Nobody’s Fault But Mine”, canção gravada por Nina Simone que ficou popular na regravação da banda Led Zeppelin: com guitarra, orgão, piano e bateria elegantemente tristes compondo o arranjo blues e um vocal inspirado da bela loirinha inglesa, a melodia, que já soava formosa, é cravejada de emoção com a participação de um coro gospel de andamento lento e consternado na metade final da música. Mais à frente, duas faixas sustentam os melhores momentos do álbum formando um conjunto pop requintado e delicioso: o single “Oh My Life”, abusa do sax que percorre toda a melodia sedutora da bateria, piano e guitarra, com direito até à um solo na ponte sonora, além do vocal da garota, que se mostra potente na canção, e não muito depois a faixa “You Never Called” recorre à semelhante companhia, criando uma cadência bem arranjada entre piano e bateria, com a inserção discreta mas importante de alguns acordes de guitarra e orgão, além de apresentar ainda o mesmo sax em participação ocasional e bem-vinda no refrão da canção. Por sua vez, as faixas “Almost Persuaded” e “When The Rains Came” garantem ao gospel a sua parte no que de melhor há em Little Dreamer: a primeira com uma música que explora a emoção fazendo uso unicamente de piano e vocais, com alguns suspiros do orgão ao fundo, enquanto a segunda puxa a influência para a atmosfera típica de um hino religioso com as clássicas e irresistíveis palmas e o orgão indefectível de toques expansivos e alegres. E são três covers que, cada um ao seu modo, na cadência certeira do pop, soam marcantes no ouvido de quem aprecia a estréia de Beth: o dueto de Beth com Peter Wilson, conhecido pelo pseudônimo Duke Special, em “Angel Flying Too Close”, preenche os ouvidos com uma melodia delicada e terna, feita de toques cálidos na guitarra, orgão e vibraphone, além de sopros graves mas suaves e do vocal intensamente sensível de ambos os artistas; o cover de “I Shall Be Released”, de autoria de Bob Dylan, tempera a melodia plácida com um pouco de reggae de cadência charmosa e animada; e a faixa bônus, uma revisão de “Be My Baby”, clássico dos anos 60, suaviza os contornos pop da canção preservando a sua doçura ao focar-se apenas no vocal de Beth e seu coro de apoio e em um discreto contrabaixo manejado com parcimônia.
Deve-se lembrar que é um terreno minado e difícil este em que Beth Rowley se embrenhou: a garota é boa e sua música seduz, mas ainda que explore campos mais vastos e diversos, inevitavelmente esta sua sonoridade trafega pelo estilo de Amy Winehouse e suas inúmeras contrapartidas, estilo este que já virou moeda corrente no mundinho da música e, assim, vai ser bem pouco provável que seu nome se torne realmente popular dentre as ínúmeras aspirantes à mais nova estrela em um terreno que já virou lugar comum. Paradoxalmente, é justamente por ser uma aspirante que seu trabalho soa mais fresco e interessante do que aquele que já foi ostensivamente laureado por crítica e público.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar.

senha: seteventos.org

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“[Rec]”, de Jaume Balagueró e Paco Plaza. [download: filme]

RecEnquanto uma jornalista e seu cinegrafista registram, por uma noite, o cotidiano de uma equipe de bombeiros para um programa de televisão, uma chamada de emergência é feita solicitando atendimento em um pequeno prédio residencial de Madri. Ao chegar ao local, equipe e jornalistas são recebidos pelos condôminos, que explicam ter feito a chamada para que verificassem barulhos estranhos na residência de uma senhora idosa. É a partir da inspeção do apartamento desta mulher que o horror tem início dentro do edifício.
Para quem conhece bem cinema, o parentesco de “Rec” com longas anteriores fica claro em cerca de metade do filme. Quanto ao formato em si, o filme de Jaume Balagueró e Paco Plaza tem como inspiração mais imediata a técnica utilizada no conhecidíssimo “A Bruxa de Blair”, algo perceptível pelo uso de equipamentos considerados amadores para a totalidade do produção da película, além de, como foi feito em “A Bruxa de Blair”, igualmente envolver o responsável pela realização da filmagem como personagem mesmo dentro da história que está sendo encenada e encerrar todos os seus participantes em um espaço delimitado, de onde não há escapatória – falo aqui da floresta interminável do filme americano e do edifício residencial do filme espanhol. Com isto, o objetivo de ambas as produções é potencializar a sensação de realismo dentro dos domínios da ficção, fato possível ao adotar estes recursos e intervenções familiares ao formato do documentário. No que tange à sua temática, a relação que “Rec” trava é com o longa-metragem “Extermínio”, do britânico Danny Boyle, pois a película espanhola explora o clássico filão do thriller de “zumbis” sob o mesmo viés frenético que ficou famoso na abordagem irretocavelmente tensa e violenta do diretor Danny Boyle.
Ao unir estas duas referências a dupla de diretores espanhóis não produz uma película inovadora, mas um produto cuja soma das partes resulta em um filme onde o medo é explorado de forma profunda e um tanto mais efetiva do que principalmente se experimenta ao assistir “A Bruxa de Blair”, pois enquanto neste último o terror é obtido pela confusão e sugestão, sem nunca expor o público à representação material e física do horror com o qual o filme lida, em “Rec” a sua exposição sem receios é inteligentemente manipulada através da técnica adotada, e apresentado em medida cada vez maior com o decorrer do filme: na película de Balagueró e Plaza não há sombras impenetráveis e sons indistintos, mas o pleno vislumbre de figuras horrendas até mesmo quando há somente o negro aterrador da claustrofóbica escuridão.
Baixe o filme, com legenda embutida em português, utilizando uma das fontes de links a seguir.

OBS: links funcionais mas não testados.

Fonte UM:
Parte 1
Parte 2
Parte 3

Fonte DOIS:
http://www.megaupload.com/?d=TVZL96HJ

legenda disponível para o arquivo da fonte DOIS (português):
http://rapidshare.com/files/107414526/_REC_.rar.html

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Prévia: “The X-Files: I Want To Believe”.

Previa: The X-Files: I Want To BelieveFãs da saudosa série de TV “Arquivo X” estão em estado de ansiedade absoluta: no dia 25 de julho deste ano será lançado o segundo e aguardadíssimo filme que reúne a espetacular dupla de agentes do FBI, Fox Mulder e Dana Scully. Como já é de costume, a produção está cercada de segredos que, aparentemente, continuam tão bem guardados quanto antes eram, o que acabou limitando, até o momento, o vazamento de informações não-oficias: somente o teaser pôster – espetacular, em tons de branco e preto, mostrando os agentes caminhando e com suas respectivas sombras formando o famoso “X” -, dois trailers ligeiramente diferentes, feitos especialmente para exibição em convenções de ficção-científica e similares e uma sinopse breve, que muito pouco revela, chegaram a ser divulgados na web antes de serem revelados por fontes oficiais da produção. O que de mais concreto e relevante se sabe sobre o argumento do filme foi mesmo divulgado pela produção já há algum tempo: a história, que é cronologicamente atualizada, refletindo o tempo decorrido desde o fim do seriado, não seguirá a chamada mitologia da série, diferentemente do primeiro longa produzido, optando então por adotar uma história independente, que sempre foi a segunda opção temática dos episódios de “Arquivo X”, comumente chamados de episódios do “monstro da semana”. E foi só neste fim de semana passado, após decorridas algumas semanas da revelação do título oficial da trama – “I Want To Believe”, famoso slogan do seriado que, é preciso admitir, soa um tanto brega como título do filme -, que foi liberado, depois de uma sádica contagem regressiva, o trailer oficial do filme. Apesar de satisfazer e atiçar a curiosidade dos fãs da série, o vídeo foi feito com a inserção de apenas algumas poucas cenas diferentes das que foram utilizadas nos trailers feitos para divulgação nas convenções, além de apresentar uma edição sutilmente modificada. Porém, um único dado novo pode ser extraído do pouco que é apresentado: aparentemente, o personagem de Billy Connolly tem o mesmo perfil do saudoso Frank Black de “Millennium”, sendo configurado como uma espécide de investigador – ou algo desta monta – com dotes psíquicos que lhe permitem “ver” fatos relacionados à um crime cometido anteriormente.
Alguns, certemente, estão torcendo o nariz para o advento deste novo longa-metragem baseado na série por considerar isto um tanto oportunista. Obviamente que o incentivo do retorno financeiro conta para a existência da produção, mas as razões são outras para os fãs de “Arquivo X”, e mesmo para seus idealizadores: primeiro porque mesmo com o fim do seriado, e com a ruína que foi a finalização da mitologia da conspiração alienígena que perpassou toda a vida deste, a dinâmica temática da série era bem mais ampla que isso, o que dá toda a liberdade aos produtores para a concepção de novas histórias e, segundo, e a mais importante razão, é o fato inquestionável de que Mulder e Scully são a essência e a razão de ser de “Arquivo X”, o que faz de qualquer história que os envolva mais um episódio genuíno de uma das mais fabulosas criações da televisão americana, que fez história e faz escola até hoje – seria mesmo um desperdício não retomar dois personagens tão geniais apenas porque o principal veículo que os trazia para o público chegou ao seu fim. Por isso, por pior que que possa vir a ser “The X-Files: I Want To Believe”, o simples fato de o público que tanto os admira tem novamente a chance de ter contato com estes dois personagens já vai se configurar para os fãs como um prazer imenso. Porém, a declaração dada pelos realizadores do projeto de que esta história foi especialmente escrita para o local de sua filmagem, os arredores de Vancouver, no Canadá, me dá a clara impressão de que este longa tem muitas chances de ser até melhor do que o primeiro – digo isso porque é notório que os melhores anos de “Arquivo X” foram mesmo aqueles nos quais Vancouver serviu como set de filmagem e principal inspiração para suas mirabolantes histórias.
Agora, para conferir a nova empreitada dos agentes do FBI mais idossincráticos que a ficção já teve a sorte de criar, só resta esperar a estréia do filme. E, segundo informação constante no site oficial do longa-metragem, mesmo nisto os fãs brasileiros de “The X-Files” parecem ter sido agraciados com uma boa amostra de consideração pelo estúdio 20th Century-Fox: ao que tudo indica, o lançamento do filme no Brasil será simultâneo com a estréia nos Estados Unidos. Então, se você tiver a oportunidade de dar uma passada nos cinemas brasileiros no dia 25 de Julho, prepare-se para se deparar com cenas de absoluta estupefação e delírio coletivos como esta – e se tudo der certo, todos nós, fãs de “Arquivo X”, teremos a oportunidade de repetir esta cena por muitos e muitos anos ainda.
Clique aqui para assistir o primeiro trailer oficial diretamente no site da produção.
Se preferir, clique aqui e assista o vídeo no YouTube.
Se você for mais um fã da série e dos dois personagens, pode preferir fazer download do trailer nos links abaixo:
Pequeno (7 MB)
Médio (18,2 MB).
Grande (46, 3 MB).

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The Boy / Maio de 2008: todo Vinícius Borges [fotos]

vinicius-borges-theboy-homens

E ninguém esperava por essa. Tá certo que Tiago Botega não era nenhum supra-sumo da beleza e erotismo masculinos, mas ele tinha até cara de atôr porno do leste europeu. E com o que nos brinda o mais clássico dos sites de ensaio masculino de toda a internet, o The Boy, do Terra, neste mês de Maio? Com Vinícius Borges. Então, deixem eu lhes apresentar o garoto:

Sim, isso é um cravo.
Acompanhado de uma procissão de espinhas.
E as espinhas estão VIVAS. Amém!
Tenha cautela. Não se aproxime muito.
Vamos às considerações.

Primeiro as de caráter mais subjetivo. Se eu não disse antes, fica dito que dificilmente eu acho interessantes homens de cabelos cacheados ou fortemente ondulados – ainda mais quando eles insistem em preservar uma espécie de juba, sem ter a menor noção de que aquilo está muito longe de ser atraente. E o modelo deste mês é um retrato fiel do tipo de cabeleira que, a meu ver, interfere na beleza masculina.
No entanto, mesmo saindo do campo de gosto mais pessoal, existem problemas. Vejam bem: olhando com atenção para esse rapaz, não parece que ele foi recrutado para o ensaio por um “olheiro” enquanto este rapaz zanzava pela praça de alimentação de um shopping qualquer, com uma pasta da Positivo debaixo de um braço enquanto sorvia o resto de milkshake comprado no McDonalds? Ou pior: na saída de uma escola de ensino médio? É evidente que tem muito rapaz, e dos bem jovens, inacreditalvemente atraentes para sua idade em estabelecimentos de ensino secundário e shoppings, mas Vinícius é o exemplar típico de beleza mais ordinária – no sentido de “comum” e “casual” – que se pode encontrar nesses locais.
Mas o que pode ter passado pela cabeça do cara que organiza o The Boy para achar que este rapaz seria adequado para integrar a lista de beldades do site? Bem, primeiro, podemos pensar em um corte nos recursos financeiros disponibilizados pelo portal Terra para o seu site de ensaios. Acho esta uma possibilidade bastante improvável, mas vocês realmente prestaram atenção ali em cima nas espinhas e cravos no fulgor de sua glória em boa parte das fotos do ensaio? Assim, qualquer base ou pó de qualidade mais regular encobriria aquilo com uma certa tranquilidade. Agora, se eu estou sendo ingênuo quanto ao poder da maquiagem do século XXI sobre essa manifestação clássica de distúrbio hormonal adolescente, então a solução é simples: não contratem alguém com este tipo de problema. Fica parecendo ou desleixo da produção do ensaio ou uma certa displicência de quem seleciona os modelos.
Há uma outra possibilidade a ser considerada. O nosso adorado The Boy pode estar querendo mudar ou, ao menos, arrebanhar um outro tipo de público: o das moçoilinhas adolescentes que integra o grupo espectador de programas de televisão como Malhação, que são leitoras de períodicos como Capricho e fãs afoitas de bandas do naipe do RBD. Não se trata de uma generalização estúpida, mas da constatação de que, na sua grande maioria, é este o público ao qual a beleza lolítico-querubínica-sem-qualquer-ranço-de-malícia-e-erotismo de Vinícius agrada em cheio. Não é de se estranhar, portanto, que o rapaz tenha tão imensa semelhança com os integrantes menos inspirados (fisicamente) do elenco daquela insuportável novela vespertina global.
É uma tremenda bola fora. Claro, o ensaio anterior, pra mim, não foi exatamente um gol, mas um “chute a gol”. Porém, este aqui é quase um gol contra.
Então, vamos deixar um recado ao todo-poderoso do The Boy?
Eu começo.

“Querido senhor todo-poderoso do The Boy,
Quero lhe dizer que experimentação, ou pretensa experimentação, é coisa de bandas de rock e diretores do cinema de arte europeu. Se o seu objetivo era qualquer coisa perto de inovar ou radicalizar os paradigmas do nosso amado site The Boy, quero lhe dizer que este site é tão famoso justamente pelo respeito que tem aos “cânones da beleza masculina”. E este cânone, por sinal, foi em grande parte estabelecido pelo público masculino, e não o feminino. Então, vou deixar aqui o toque: espero no mês de Junho um modelo mas tão de “parar o trânsito”, que o recorde histórico do engarrafamento do trânsito de São Paulo vai parecer uma coisa à toa, algo como falta de vagas em estacionamento de padaria às 6 da tarde. E um ensaio de qualidade idem: inspirado, lascivo, malicioso, tentador, que me faça uivar em frente à tela do meu computador, que me cause uma cascata de feromônios líquidos escorrendo pelo meu corpo.
Acho que você entendeu, não é?
Um abraço!”

Agora eu passo a bola pra vocês: deixem aí seus recados para o senhor todo-poderoso. E comente positivamente quem gostou, né? Porque sempre tem aqueles que gostam.

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Vinícius Borges.

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“Sonata de Outono”, de Ingmar Bergman. [download: filme]

HostsonatenEva convida a mãe, Charlotte, uma pianista de sucesso, para visitá-la depois de longos sete anos sem que as duas tenham estabelecido qualquer contato entre si. A pianista aceita, e ao chegar é informada por Eva da presença na casa de Helena, sua filha mais nova, uma mulher com severa debilitação física que Charlotte imaginava ainda estar em uma instituição onde a colocou e não mais procurou ver. Dentro de pouco tempo sua estadia vai servir para que Eva exponha toda a mágoa do passado que levou-as ao afastamento.
O cinema de Ingmar Bergman é marcado pela construção de uma cenografia, fotografia e composição de cenas que não apenas possuíam imensa beleza plástica, mas que contribuíam com o tecido próprio da história que queria contar, pelo modo como trabalhava as interpretações de seus fiéis atores com o máximo de eficiência e pelo olhar inquisidor e crítico que o diretor sueco debruçava sobre os temas que abordava. “Sonata de Outono”, filme de 1978, é mais um exemplo excepcional deste trabalho tão requintado e cauteloso do celebrado diretor europeu.
A qualidade dos aspectos técnicos de “Sonata…” supera a sua própria utilidade, pois a cenografia e fotografia irretocavelmente belas foram arquitetadas de modo a reforçar a idéia de que os personagens que ali estão tentam disfarçar inutilmente as profundas atribulações que carregam à tanto tempo cercando-se com um manto de solidez, constância, equilíbrio e austeridade que são, claro, pura aparência, assim como também a composição e enquadramento das cenas foi delicadamente planejado afim de aprofundar e potencializar o impacto, no espectador, das emoções em que os personagens se encontram imersos. O que nos leva ao trabalho das atrizes, que abrilhanta o labor sempre genial do diretor sueco incorporando estas três protagonistas amarguradas com invejável afinco, concedendo-lhes, em iguais e intensas doses, uma emoção enormemente palpável tanto nos seus gestos e reações mais mínimas e contidas quanto nas mais explosivas e extravasadas. E, por falar em personagens, grande parte da análise e da crítica que é abordada no argumento de “Sonata de Outono” foi montada por Bergman explorando o comportamento e os atos de uma personagem apenas: se por um lado Charlotte foi concebida como um poço dos sentimentos, atitudes e reações dos mais reprováveis, devido à displicência e aversão disfarçadas mas implacáveis que nutria por seu marido e filhas, tudo servindo ao intuito de que o diretor expiasse a que níveis o egocentrismo, o egoísmo, a indiferença e insensibilidade podem existir em uma relação na qual a oferta de carinho, amor e compreensão seriam mais certos, por outro lado, ao ser caracterizada como alguém incapaz de oferecer amor genuíno e desviar seu olhar de seus próprios e objetivos e de suas eventuais frustrações, ela acaba também materializando uma crítica à imposição das convenções sociais – um tema recorrente no cinema do diretor -, já que, para uma mulher como Charlotte, a constituição de uma família é uma ruína previamente declarada para si e para aqueles que dela farão parte.
Do trabalho e auxílio de cada um destes elementos temos um filme onde o foco de Bergman, uma vez mais, concentra-se em revelar a vida como palco de um sofrimento que, se não é interminável é, ao menos, bem mais certo do que a tão almejada felicidade: produto de frustrações, dramas, amarguras e mágoas que acumulam-se sorrateira e silenciosamente, este sofrimento tão espetacularmente exposto pelo diretor sueco faz apenas aguardar de modo silencioso o momento de solapar traiçoeiramente a frágil, débil felicidade que tentamos salvaguardar grande parte de nossa existência. E, após sofrer com as chagas deixadas pela sua impiedosa chegada, tentamos nos agarrar a esperança de que, um dia, ele dará lugar a felicidade, que julgamos ser possível reconstruir dos cacos que esta acabou miseravelmente se transformando. É inútil: para Bergman, o sofrimento é a constante da vida.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

OBS: legendas embutidas em inglês.

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