Em mais um curta-metragem fenomenal de alunos da Supinfocom, a universidade francesa de animação digital, um espantalho que não espanta é julgado pelos seus iguais por sua amizade com um pássaro e, sendo considerado culpado, é jogado em uma cela para aguardar sua execução. Esplêndida fábula, com animação soberba e um argumento que chega a enganar o espectador apenas para, com ainda maior beleza, reafirmar que a amizade move o mundo. Assista neste link do YouTube ou baixe neste outro link.
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Menomena é uma banda composta por apenas três rapazes de Portland, no estado do Oregon, e já é considerada das mais criativas e originais do cenário indie americano. E isso não é exagero: apesar de serem capazes de compor algumas faixas aborrecidas e obtusas, quandos eles acertam a mão eles criam melodias que, fazendo uso de blocos de harmonias cíclicas ou explorando o crescendo melódico, conseguem soar majestosas sem perder o traço idiossincrático indie que a banda adora preservar. Friend And Foe, o segundo disco destes rapazes tão inventivos, está repleto de incomparáveis gemas sonoras, com instrumentação e arranjos ainda mais afinados que no disco anterior. O disco começa com a faixa “Muscle’n Flo”, feita de versos que pregam o levante sobre uma vida desprovida de sentido, e melodia com vocal que se equilibra entre o cantar mais suave e o brado mais jubiloso, bateria e pratos de cadência energizante, piano de acordes agudos e cíclicos e orgão de tonalidades gospel. Já em seguida a desconcertante “The Pelican” – que utiliza este pássaro como metáfora para o egoísmo e o parasitismo social e afetivo -, que lembra muito o Supergrass, principalmente pela sua metade introdutória, com um vocal encolerizado sobre o piano de de acordes contínuos e graves, logo usurpados por uma intensa torrente de guitarras e loops de bateria que se sobrepõem de modo oscilante em pausas e fulgores melódicos suntuosos. Depois de “Wet and Rusting”, uma faixa um tanto regular, que poderia soar bem melhor com algum esforço, temos “Air Aid”, um brado anti-belicista em que o loop da bateria e percussão concede o andamento, supenso em pequenas pausas, para que piano, metais, guitarra e o baixo minimalistas construam e ganhem seus espaços pouco a pouco sobre esta base, resultando em um módulo melódico que sucede a si mesmo continuamente. Mais à frente no disco podem ser destacadas as faixas “Boyscout’n”, com letras que possivelmente referenciam à Judas e a traição de Cristo e que conta com coro de assobios ultra-jovial, arranjo de metais digno dos melhores trabalhos de Michael Nyman e guitarra, bateria, pratos, baixo e piano em exultante agitação conjunta, e “Evil Bee”, talvez a melhor faixa do disco, com um trabalho verdadeiramente impecável na programação dos loops vibrantes da bateria, da percussão e dos metais, além dos violões, guitarras e xilofones que pontuam de forma luxuosa a melodia que é construída em um crescendo absurdamente exuberante.
Mesmo soando áspero em alguns momentos, Menomena é uma banda a ser apreciada com atenção devido à perícia que esses três rapazes tem ao arranjar suas músicas, ao talento ao lidar com instrumental tão farto e ao poderio de suas composições que, quer sejam demasiadamente experimentais ou não, sempre resultam em melodias fabulosas, grandiloquentes e catárticas como poucas bandas. É o risco que se corre quando se tenta achar um caminho próprio, uma identidade única: as vezes o resultado são tropeços e tombos homéricos e em outras vezes acertos e vôos espetaculares.
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Deixe um comentárioOs palestinos Said e Khaled, amigos de longa data que vivem em Nablus, são recrutados para executar um atentado suicida em TelAviv. Ainda que um tanto surpresos e algo desprevenidos pela urgência da notícia, ambos aceitam e concordam com a missão e com seu destino. Mas, no momento que ambos tentam entrar clandestinamente em território israelense, o policiamento da região fronteira intervem e, enquanto Khaled retorna ao lado Palestino e é levado de volta, Said acaba se escondendo e se perde de seu amigo, passando a vagar pela cidade de Nablus com um artefato explosivo atrelado ao seu corpo.
Por ser o diretor Hany Abu-Assad de origem palestina, “Paradise Now” ganhou vida da maneira mais ideal possível. Primeiro, porque o diretor não extirpa do argumento toda a subjetividade inevitável e necessária para trazer à realidade um filme sobre os atentados com homens-bomba, uma das características mais polêmicas do conflito entre Israel e o povo palestino: Abu-Assad se permite discutir e questionar em “Paradise Now” apenas a validade do mais simbólico método de contra-defesa do povo palestino e nunca o papel que cada uma das partes tem no conflito, sem temer ser parcial ao afirmar que, por mais questionáveis que sejam os métodos praticados pelos palestinos neste conflito, são eles as verdadeiras vítimas, subjugadas pelo poderio da nação de Israel. Segundo, porque o roteiro humaniza a figura do homem-bomba, desmistificando o estigma de mercenários frios e lunáticos, quase mecânicos. E aí é que reside o grande trunfo e a beleza maior do filme: o roteiro desenha Said e Khaled como homens que sujeitam-se a morrer – e matar – por uma causa porque sentem-se incentivados por toda uma vida de miséria, de humilhação, de falta de oportunidades, de sofrimento e de perdas sendo, ainda assim, capazes de temer a morte, de duvidar da eficácia e efeito de suas ações e até de questionar, mesmo que por um breve instante, sua fé e sua crença. E na concepção destes dois personagens, os atores Kais Nashif e Ali Suliman tiveram papel fundamental com seus desempenhos inspirados de Said e Khaled, respectivamente, conseguindo trazer do roteiro, em detalhes, a maneira tão distinta como esses dois homens encaram seus conflitos: o primeiro com uma interpretação minimalista e contida, o segundo compondo um homem extrovertido, transbordando em ansiedade, agitação e emotividade. O elenco de apoio é igualmente notável, incrementando ainda mais as cenas ao contracenar com os dois atores – especialmente Lubna Azabal, como Suha, e a impecável Hiam Abbass, que emociona mesmo na pequena participação que tem como a mãe de Said.
Com “Paradise Now”, o diretor Hany Abu-Assad, além de destrinchar os bastidores de um atentado com uma abordagem realista e enorme sinceridade, revelando o que há de humano em que os perpreta, preenche também uma lacuna há muito existente no cinema mundial: a do cinema palestino. Mesmo que antes existissem outros filmes da chamada “autoridade palestina”, nenhum deles tinha, até então, conseguido notoriedade suficiente para expor além de suas fronteiras as histórias destas pessoas. “Paradise Now” merece ser sucedido por tantos outros filmes que revelem o drama de uma nação castigada e perseguida pela fé que tem e pelas expectativas que nutre há tanto tempo, e que só se materializam em frustrações.
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E finalmente é lançado, com direito a “teaser trailers” e data de estréia, o terceiro volume das sempre inventivas e surpreendentes peças publicitárias da mega-corporação Sony para a sua linha de Tvs LCD Bravia. Depois de causar uma avalanche de bolinhas coloridas ladeira abaixo na cidade de San Francisco e borrar um condomínio de edifícios inteiro da escocesa Glasgow com colossais jorros de tinta, a produtora Passion Pictures decidiu usar New York como cenário e coelhinhos de massinha de modelar como protagonistas. Filmados em stop-motion no meio de uma praça da cidade, esses bichinhos fofos de todas as cores possíveis surgem de canaletas e esgotos, atravessam o trânsito furioso e invadem uma praça, transformando-se em uma enorme onda que, ao quebrar-se no asfalto vira blocos de gelo de onde vemos surgir o dorso de uma baleia, como se a superfície de concreto do chão fosse a do mar. Mas a super-produção não termina por aí, pois logo a cauda da baleia, levantada do concreto-mar, transforma-se em um coelho gigante que, finalmente, derrete-se em blocos multicoloridos por toda a praça – tudo ao som de “She’s a Rainbow”, do Rolling Stones – baby, esse é pra lá de imperdível. Assista o vídeo neste link do YouTube ou baixe-o no formato .FLV usando este link. E se você gostou da canção do Rolling Stones que serve de trilha para o curta, baixe-a utilizando o link a seguir.
The Rolling Stones – “She’s A Rainbow”:
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Até os fãs de PJ Harvey não esperavam que a cantora e compositora britânica fosse tão longe em seu mais recente disco, White Chalk: depois de tantos anos revirando e experimentando dentro das fronteiras do rock mais seco e punk, em 2007 a cantora renasce como uma entidade romântica e quase fantasmagórica do século XIX que utiliza o piano como base de inspiração melódica para suas criações. Mesmo o seu vocal tão singularmente rockeiro, que PJ sempre fez questão de utilizar em todas as variações de graves e agudos que consegue atingir, agora é sustentado quase o tempo todo nesta última faceta, em notas altas e distantes, muitas vezes transmutadas por filtros que intensificam ainda mais seu caráter imaterial. As melodias fogem da trama básica do rock como o diabo foge da cruz, geralmente compostas com o já citado piano, além de banjos, gaitas e harpas, com interferência mínima de bateria, como se pode ver na belíssima faixa de abertura, “The Devil”, em que a cantora fala sobre uma alma atormentada pelo amor e na faixa título, que resgata memórias e emoções despertadas pela paisagem bucólica do paredão de penhascos da região de Dorset, na Inglaterra. Mais adiante, tanto na terceira faixa, “Grow Grow Grow”, de letras que suplicam por ajuda para entender melhor como é crescer e melodia agridoce e brumosa, com um elenco de pianos que vão do mais econômico e minimalista ao mais virtuoso, quanto no piano de acordes graves e vocais monotonais do single “When Under Ether”, que fala sobre uma mulher que sente a vida esvaindo-se dentro de si no momento em que sofre um aborto, Harvey suscita a atmosfera de Is This Desire?, ainda que estas canções estejam tomadas pela sonoridade preponderante de White Chalk. Contudo, se você quer entender inteiramente este projeto inusitado da cantora britânica ouvindo uma única música, a última faixa do disco, “The Mountain”, serve como a foto instântanea desta PJ Harvey que se despe da carne e se converte completamente em espírito: entoando os versos difusos e amargos sobre a perda de confiaça em quem amamos, a cantora se esvai em falsetos exasperados e gritos desesperados sobre uma miríade de acordes de piano, dramáticos e tempestuosos como uma ventania norturna.
White Chalk acabou se tornando o disco mais complexo e difícil da carreira da rockeira britânica: com essa sonoridade distante e leitosa, de pianos oníricos e harmonias por vezes barrocas e em outras algo pastorais, PJ Harvey compôs um álbum cuja atmosfera evoca muito mais ao espírito e às emoções do que ao corpo e ao táctil – o que faz lembrar em alguns momentos a conterrânea Sol Seppy. Esse caráter um tanto intangível tem seus perigos: ele pode desagradar até mesmo uma parcela dos fãs mais fiéis da artista, acostumados e sempre sequiosos pelo rock mais seco e visceral da artista. Porém, a artista parece bem mais preocupada em satisfazer suas próprias expectativas artísticas do que as mais imediatas do seu público – o que, mesmo correndo o risco do mais retumbante fracasso, é sempre algo a ser celebrado – e cada vez mais raro.
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3 ComentáriosDepois de interpretar Maria Madalena em um filme polêmico sobre Jesus, uma atriz sente sua vida alterada pela experiência e abandona tudo, partindo para o Oriente Médio em busca de refúgio e reflexão. Dois anos depois o diretor do filme está prestes a lançar sua obra e obtém contato com um apresentador que está se aprofundando na vida de Jesus através de seu programa televisivo.
Abel Ferrara, diretor do circuito alternativo americano, tem uma carreira repleta de filmes escorados sobre o submundo do crime, com a presença constante de personagens desajustados e envolvidos com violência e drogas. Quando qualquer pessoa que conhece sua filmografia descobre que ele resolveu se aventurar em um projeto como “Maria”, não há como evitar a expressão de estranheza. Não que o diretor não tenha competência para tanto – não se trata disso -, mas há de se considerar isto como um sinal de que algo em sua vida o levou a filmar uma história que tematiza quase inteiramente sobre a religião, sem economizar nos questionamentos existencialistas – uma vontade de demonstrar maturidade ou flexibilidade, talvez. Mas esse deslocamento de um espaço tão conhecido, o do underground, para um outro, mais intimista e sutil acaba gerando algumas falhas, que são sinalizadas pela sensação, ao longo de todo o filme e tão logo terminamos de assistí-lo, de que se perdeu ou não se notou algo durante toda a expectação do longa. Ferrara tem preocupações genuínas ali, tratando da eterna culpa que nos leva a questionar se os males que sofremos na vida são penas impostas por deus por pecados e erros cometidos, além de questionar as desavenças religiosas que tentam justificar sua violência como defesa da vontade e da verdade divina, trafegando também pela propensão do ser humano em, a certa altura da vida, questionar a conduta da humanidade, bem como a sua própria, e mergulhar em uma jornada de reflexão e auto-conhecimento, mas em todos os planos discutidos o diretor perde o foco por conta do roteiro fraco, que deixa de dar a profundidade necessária ao tema, o que concede à todas as sequências e acontecimentos ali desenhados um certo ar de ingenuidade. Isso aconteceu, ao que parece, porque o diretor não compreendeu que um filme que tematiza sobre eventos que redefinem a experiência de vida dos personagens, primeiramente, não deve deixar apenas para os atores o trabalho de exteriorizar a complexidade e densidade de seus personagens e seus dramas, pois eles devem sempre contar com o auxílio do roteiro e de diretrizes suficientes do diretor para tanto, e em segundo, que um filme destes pode ser tão pesado e radical quanto os que se escoram na violência mais material, física. Talvez o grande defeito de Abel Ferrara ao se aventurar em uma terra que até então não havia visitado seja seu excesso de singeleza e simplicidade. Faltou à ele transmutar a sua habitual ousadia nos domínios do undreground para os campos do metafísico, psicólogico e espiritual. É realmente uma pena, pois um filme com Juliette Binoche, em uma atuação excepcional, poderia render bem mais.
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Síndrome de Ratatouille: neste curta-metragem francês, que serve de campanha publicitária para a Coca-Cola, um ratinho se mostra capaz de um tudo para obter uma apetitosa latinha do refrigerante, mantido dentro da geladeira da casa onde, digamos, está “hospedado”. O esforço inclui um impagável disfarce de beringela para poder entrar sorrateiramente no eletro e raptar a latinha. Mas ele descobre logo que não foi o único a ter essa idéia genial….
Baixe logo esse comercial divertido e esqueça o furo inevitável do argumento – como ele saiu da geladeira? -, afinal, trata-se de uma peça publicitária que não tem outra pretensão além de ser simples e simpática. Neste link via YouTube ou download direto neste outro link.
Me desculpem se vou soar imparcial, se vou rasgar seda e se este vídeo não é nada demais: é simplesmente impossível eu me controlar quando se fala de Emily Haines, a única mulher até hoje que conseguiu se colocar no meu mundo musical ao lado de Tori Amos. Eu simplesmente idolatra-a, amo-a tanto quanto a fabulosa pianista americana. E achei ótimo que a artista resolveu, ao lado de seu fiel diretor de vídeos Jaron Albertin, que já deu a loira canadense o irretocável e elogiado vídeo de “Doctor Blind”, um clipe para a canção “Our Hell”, que abre seu último disco solo e é um dos pontos altos do lançamento. Jaron, assim como fez no clipe anterior de Emily, decidiu continuar explorando o horror cotidiano, mas ao contrário do que fez no trabalho anterior, em que mergulhou a artista em uma sequência de delírio, resolveu fazer com que a normalidade ali filmada fosse subvertida apenas pelo uso da técnica: trata-se apenas de mais um dia de descanso e diversão na praia, mas tudo foi filmado com o uso de uma câmera de sensibilidade térmica – o resultado é um tanto arrepiante, já que no vídeo o mundo é visto como em uma chapa de Raio-X.
Assista o vídeo neste link do YouTube ou baixe-o através deste outro link.
Entre as figurinhas arredias da música mundial, Madeleine Peyroux é atualmente a representante americana nos círculos do jazz. No entanto, talvez o termo mais adequado não seja nem “arredia”, mas “displicente”, visto que a forma como ela preferiu jogar-se na anonimidade das ruas de Paris com seu violão, sem qualquer preocupação de divulgar decentemente seu elogiado disco de estréia, têm mais a ver com não dar muita atenção à fama e ao crescimento no mundo artístico do que se esconder acintosamente dele – mas estranho é que, seja arredia ou displicente, nada na sua musicalidade dá qualquer pista sobre isso, já que o seu apuro e cuidado extremos ao compor arranjos e ao tornar o seu vocal o mais límpido possível correspondem mais à uma artista metódica e “caxias” (é assim que se escreve?) do que à uma porra-louca impulsiva. Ao menos é isso que senti ao ter contato com os arranjos das canções – todas regravações – do seu segundo álbum, pois ela e seu produtor, Larry Klein, tiveram o cuidado de arranjar as melodias para que os intrumentos se integrassem de modo cauteloso, sem que nenhum deles usurpasse a sonoridade de outro. Assim é em “Dance Me To The End Of Love”, que celebra a dança como expressão e caminho para toda a beleza e para o amor e apresenta a voz suavíssima de Madeleine em perfeita homogenia com a sedosidade do contrabaixo, da percussão e do piano, cujos acordes dão charme vísivel à canção, em “Don’t Cry Baby”, um country-blues que suplica pelo perdão e pelo recomeço, a guitarra carrega o arranjo sem nunca abadonar a discrição, acompanhando respeitosamente os toques cálidos e malemolentes do orgão e piano, em “You’re Gonna Make Me Lonesome”, sobre alguém que antecipa o mal que lhe seria feito se seu amor lhe abandonasse, as sonoridades do contrabaixo, do piano, da percussão e da guitarra soam tão aveludadas e lânguidas quanto o vocal de Peyroux, e em “Between The Bars”, onde a instrumentação soa inegavelmente felpuda, desde a percussão até as notas formosas ao piano.
Ainda que pertença muito mais aos domínios do jazz, gênero pelo qual, confesso, não costumo ter muito apego, em Careless Love Madeleine Peyroux consegue soar interessante por harmonizar este estilo com algumas rajadas de pop e blues. Além de lhe retirar, com isso, o ranço esnobe com o qual o jazz, não poucas vezes, tende a soar como um laboratório de aborrecida sofisticação sonora para loiras gélidas escondidas atrás de pianos, Madeleine Peyroux ainda consegue assim encarnar melhor a parisiense indiferente – afinal de contas, é muito mais fácil fazer isso carregando um violão do que um piano de calda.
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1 comentárioUm compositor de jingles para campanhas publicitárias, que um dia foi tecladista de uma banda de um sucesso só, passa a achar tão intolerável o estado de sua vida e as pessoas com cuja companhia tem que lidar, como sua namorada dominadora e seu melhor amigo, um homem egocêntrico e narcisista que, por um acaso, também vem a ser seu chefe e ex-colega de banda, que começa a achar nos sonhos a satifisfação que não encontra na vida real.
Em seu filme de estréia, Jake Paltrow, irmão da atriz Gwyneth Paltrow, resolveu enveredar-se pela seara da “comédia cool” sem, no entanto, arriscar demais em um argumento que experimentasse com o nonsense e o surreal, como costumam fazer Michel Gondry e Spike Jonze. E isso não é difícil de ser de se perceber, já que até mesmo nas sequências que retratam os sonhos do personagem Gary o diretor não quase não tira o seu pé do chão, evitando utilizar este espaço como um meio para exacerbar suas idiossincrasias criativas. Esta preferência de Jake pela sutileza e pela discrição deixa o filme com um mesmo tom, do seu início até o seu fim. E, se por um lado isso remove o risco de deixar o longa-metragem com uma certa artificialidade pelo uso de bizarrices que soam bem gratuitas e com o único objetivo de conferir status “cult” ao filme, também o deixa um tanto maçante e sem charme. O elenco, um tanto desafinado, aumenta rasoavelmente esta sensação de aborrecimento que permeia toda película.
Mas nem tudo é pasmaceira neste longa-metragem: o diretor consegue, pelo menos em dois momentos, elaborar soluções que, se não completamente surpreendentes, ao menos não eram assim previsíveis: a primeira surge no meio do longa, quando sonho e realidade fazem contato de forma crível, sem recorrer ao surreal; a segunda no exata sequência que fecha o filme, quando o protagonista finalmente atinge, de alguma forma, aquilo que tanto almejava.
Procurando controlar a tendência dos cineastas da nova geração – à qual pertence – de insuflar seus filmes de acontecimentos e sequências que fascinam pelo apelo onírico, Jake Paltrow resvalou um bom tanto por excesso de recato em “Sonhando Acordado”. Não há problema algum em querer cortar modismos derivados do mundo videoclípico, mas em se abordando um tema que lida com a fuga do mundo real, alguma ousadia sempre ajuda.
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