Em um pequeno vilarejo da Espanha, onde a vida é ditada pelo prefeito carola, uma mulher, mãe solteira e nômade assumida, chega na cidade para montar sua “chocolateria” e choca a sizuda população com seu estilo de vida despreocupado e inconsequente. Porém, a medida que a população se rende aos encantos dos chocolate e à simpatia de quem os produz, todos começam a questionar suas vidas e começam a modificá-las.
“Chocolate”, de Lasse Hallström tinha razões suficientes para ser um bom filme: Um elenco de bons atores, com estrelas européias e norte-americanas, um diretor reconhecidamente adorado pela crítica e um estúdio e distribuidora que usufurem de muito prestígio na atualidade, desde a indicação de “O Paciente Inglês” para o Oscar. O problema é que “Chocolate” não é um bom filme.
Começando pelos aspectos menos problemáticos, o elenco até está bem, mas nenhum dos papéis é bom o suficiente para merecer qualquer destaque: até uma atriz excelente, como Juliette Binoche, não chama a atenção do público com sua atuação, já que um personagem como o seu não exige muito esforço do ator. A fotografia do filme dá para o gasto, e a cenografia faz o seu papel. Mas o maior problema é mesmo a estória de “Chocolate”. O roteiro, como vocês podem conferir na sinopse acima, tem uma estorinha tão prevísível, tão batida e repleta de clichês que qualquer expectador de cinema mais experiente já sabe o que vai acontecer no filme inteiro. Não bastasse isso, esse mesmo espectador via ficar com um gosto nada doce na boca, já que é impossível evitar uma certa sensação de dèja vú com o argumento do filme de Hallström, por demais semelhante à um clássico do cinema de arte europeu, “A Festa de Babette” e mesmo com o recente “Como água para chocolate”. E, além de tudo isso, “Chocolate” ainda carece de franqueza: porque tentar fazer o filme passar por um filme de arte, quando todo mundo percebe que um longa metragem cheio de estrelas e astros do cinema, bancado por um estúdio americano que de uma hora para a outra viu-se endinheirado, jamais seria um filme de arte ou mesmo uma produção “independente”? A razão, na verdade, é bem óbvia: porque o engodo tem efeito. A maioria massiva do público termina de ver o filme jurando que, agora, também aprecia cinema de arte – tenha santa paciência. Contudo, àqueles que tem uma maior percepção artística não vão deixar de notar um outro grande problema: o filme inteiro deixa patente uma produção apressada e descuidada. A cenografia não convence direito, soando tão falsa como numa produção novelesca da TV, e o descuido chega em níveis tão absurdos que, se você prestar atenção na parte superior da tela, vai descobrir uma participação especial no filme, não creditada entre os nomes do elenco: o microfone suspenso. É de cair o queixo a maneira como o dito instrumento faz um verdadeiro baile na tela, totalmente à vontade e com uma naturalidade ainda maior do que muitos dos atores em seus papéis. Isso é o sinal cabal de que o longa-metragem foi feito sem qualquer apuro e com enorme falta de cuidado e atenção. A impressão que fica é de que o diretor Lasse Hallström fez o seu filme em meio à outras atividades que julgava mais importantes no momento, enquanto tomava café, via TV ou conversava no telefone celular, concluindo-o de maneira absorta, como o faz um colegial qualquer com um trabalho escolar. No final, a verdade é uma só: todos queriam apenas fazer um falso filme de arte que enganasse o bastante apenas para angariar um bom dinheiro e algumas premiações. E isso, definitivamente, não é fácil de engolir, como o seria um chocolate.
Tag: alfred-molina
Curador do museu do Louvre, ao ser assassinado, deixa mensagens misteriosas endereçadas ao estudioso de simbologia Robert Langdon. Ao tornar-se o principal suspeito do crime, Robert contará com a ajuda de Sophie, policial francesa que é neta do curador.
Hollywood não costuma arriscar com investimentos de retorno garantido – e no caso deste filme, o corportamento foi o esperado. Para a direção da superprodução foi designado Ron Howard, conhecido por ser um diretor que sabe muito bem como desenvolver uma estória, concebendo narrativas corretas, e que acabam nunca indo mais longe do que isso. Tom Hanks, ator que conjuga competência profissional e carisma junto ao público, ficou com o papel do protagonista. E o principal papel feminino ficou mesmo com o rosto que mais rapidamente seria reconhecido pelo público de cinema americano: Audrey Tautou. O elenco restante é feito de atores tradicionais, o que garante a eficiência dos personagens que dão apoio à estória. O argumento foi seguido à risca, sendo criado um roteiro que não ousa modificações que contrariassem as expectativas dos fãs da estória. E os efeitos especiais, a fotografia e a trilha sonora seguem o padrão correto da produção, sem qualquer ambição que fugisse à regra de produções do gênero. O que havia de se esperar de um arrasa-quarteirão cinematográfico baseado em outro arrasa-quarteirão literário? Uma obra-prima? Um filme que marcasse o cinema, entrando no rol das obras memorávies? Não, de fato lo longa-metragem não é nada além de um bom passatempo, divertido e volátil.
Assim sendo, de nada adianta encher-se de expectativas ao encaminhar-se para a sala de cinema: o que se vê na tela é exatamente o que se leu no livro – adicionando-se, evidentemente, toda a pompa e circunstância inevitável de uma produção endinheirada de um grande estúdio americano. O filme, que tem pratricamente três horas de duração, acaba sendo tão lugar-comum que até aqueles que não fizeram questão de ler o livro de Dan Brown vão acabar o achando bem previsível – os dois grandes segredos do filme são facilmente descobertos com um terço de projeção. No fim, “O código Da Vinci” tornou-se um fetiche para os fãs, que correm para os cinemas a fim de comparar letra e imagem, e um filme policial razoável para o público mais treinado, que já não é mais surpreendido pelos recursos do gênero. Se as filas estiverem grandes, não faça muito esforço para ver. O único risco que você corre é de que o filme saia de cartaz e você veja ele de graça em algum canal aberto, daqui a algum tempo.