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Tag: cinema canadense

“Redemoinho”, de Denis Villeneuve. [download: filme]

Bibiane, herdeira do legado de famosa estilista e mergulhada em uma fase inconsequente de sua vida, acaba por envolver-se em um evento que vai alterar o curso de sua vida.
Idiossincrático, “Redemoinho” não apenas assume sua ficcionalidade desde o início ao dirigir um pedido de desculpas ao povo norueguês por tudo ser invenção, mas revela seu caráter algo peculiar ao ter sua história narrada pontualmente por peixes que tecem comentários filosóficos sobre as desventuras da protagonista até serem um a um abruptamente interrompidos quando têm suas cabeças decepadas. Assim descrito, o filme dirigido e roteirizado por Dennis Villeneuve pode soar forçosamente artificial e pedante, mas a composição inteligente da trama não apenas remove qualquer possível sombra disto, ela consegue evitar que a protagonista, uma mulher envolvida em relações afetivas pueris, com comportamento displicente e inconsequente que acaba por envolvê-la em um acidente sério, não chegue a despertar a antipatia do público: desnudando explicitamente os defeitos de sua anti-heroína sem deixar de revelar suas angústias, anseios e emoções sinceras, Villeneuve aproxima a personagem do público, tornando-a mais palpável e realista, evitando assim que a audiência julgue-a tão somente pelos seus erros.
Porém, muito além da sensibilidade na construção de sua protagonista, o que de fato concede ao filme o seu enorme charme é a sua constituição híbrida e homogênea de realidade e surrealidade. Ao mesmo tempo que o cineasta canadense encobre com consideráveis camadas de bizarria irônica e humor-negro vários componentes do seu filme – além da já citada introdução e do insólito narrador da história, a abordagem contamina a seleção e utilização da trilha sonora, a inserção de personagens coadjuvantes e periféricos e a concepção da trama, que é pontuada por intervenções e retrocessos que encorpam a trama e coincidências ao acaso que não chegam a interferir inteiramente no livre-arbítrio dos personagens, mas que pontuam suas decisões e auxiliam na sustentação da atmosfera parcialmente idílica – ele nunca deixa de manter o delicado equilíbrio desta abordagem com a malha realista da história e os eventos dramáticos que o perfazem, de um certo modo aproximando “Redemoinho” do realismo fantástico presente em parte da literatura latino-americana de ontem e de hoje, um trabalho muitíssimo cuidadoso que se manifesta tanto no que há de menos quando no que há de mais sutil no filme. O resultado disto é um longa-metragem supreendentemente leve, um misto de comédia romântica, drama e fábula pós-moderna que vai sorrateiramente fascinando o espectador por conseguir captar e materializar em sua trama a sensação que algumas vezes experimentamos de que o insólito está à espreita na nossa vida e de que quando menos esperarmos nos veremos em meio à artimanhas do destino e eventos incomuns – incluindo os peixes narradores.

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legendas (português):
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“Os Amores Imaginários”, de Xavier Dolan. [download: filme]

Les Amours Imaginaires - Heartbeats, de Xavier Dolan

Francis e Marie, dois amigos que moram em Montreal, se encantam por Nicolas, jovem que surge no círculo de amizades de ambos, e pouco a pouco o encantamento cria uma silenciosa erosão na relação de ambos.
O que impressiona de imediato neste segundo longa-metragem de Xavier Dolan é que com apenas 21 anos o jovem canadense já tenha definido uma estética firme, sólida e apurada como poucos cineastas. Ao co-produzir e encarregar-se da direção, roteiro, concepção de figurino, cenografia e edição da película, Dolan manteve absoluto controle sobre componentes essenciais para elaborar sem interferências a atmosfera repleta de elegância, charme e uma doce e delicada nostalgia que encobre o filme do início ao fim. A despeito de fascinar, porém, a beleza plástica engendrada pelo diretor tem seus reveses: como todo cineasta em início de carreira que tenta se impor, Dolan peca pelo excesso ao tingir constantemente seu filme nas matizes e texturas de seu olhar embebido em beleza. O uso ostensivo de câmera lenta combinado à uma trilha sonora composta por peças eruditas e canções indie e pop nostálgicas e contemporâneas que amplificam o efeito da imagem tornam, a certa altura, a estética previsível, quando não esvazia-a de sentido, mesmo tendo o cineasta justificado o efeito superficializante de sua estética como reflexo deste mesmo estado das emoções de seus personagens. Porém, os reveses do visual do filme, mesmo intoxicado pela própria beleza, não se constituem no seu maior problema, mas sim o seu conteúdo.
Com a atonicidade da dinâmica de sua história, parece evidente que com seu “Os Amores Imaginários” Dolan presta uma homenagem à uma faceta da Nouvelle Vague, impressão esta reforçada pela estética do filme. Retratos da rotina nada extraordinária de romances, incluindo triângulos amorosos, eram uma das temáticas caras ao movimento do cinema francês, porém, nos clássicos do gênero o seu grande diferencial não eram comumente os acontecimentos da trama, mas seus agentes: os personagens. E esta é exatamente a fraqueza de Dolan: ao invés de uma pessoa repleta de magnetismo, fascinante e sedutora, alguém que poderia despertar paixões inconsequentes a ponto de atribular amizades até então inabaláveis, o jovem que coloca silenciosa e traiçoeiramente os amigos Francis e Marie como adversários que disputam a sua atenção é o exato oposto disso: uma figura sem encanto, opaca e até um tanto infantil – nem é preciso dizer que assim, boa parte da razão de ser do filme deixa de existir. Mas também os protagonistas da trama falham em despertar o completo interesse pelo longa: há uma certa artificialidade presente nos dois personagens que não permite à platéia que desenvolva o necessário nível de empatia para que a trama ganhe importância.
Ironicamente, porém, são os interlúdios reflexivos que pontuam por três vezes a trama – sequências em que amigos dos protagonistas trocam experiências e impressões sobre relações afetivas, em tom informal e semi-documental – que acabam trazendo mais sagacidade e sensibilidade à “Os Amores Imaginários”. É da boca destes jovens homens e mulheres que surgem os comentários mais realistas e precisos sobre as dificuldades amorosas. E, como se isso não fosse o bastante para eclipsar os protagonistas, é entre estes personagens absolutamente periféricos que encontra-se a jovem stalker de lisos cabelos escuros e óculos de resina que se constitui na mais divertida e espontânea das figuras do filme, e talvez não por um acaso, o abre: ao contrário da trama dos protagonistas, seus comentários e observações cheios de ironia e auto-depreciação elegantes captam completamente a atenção do espectador ao ponto de você quase esquecer que este não é o foco principal do longa canadense, o que é realmente uma pena – tivesse o filme se centrado na presença cheia de graça e inteligência destes personagens ocasionais da trama, as atribulações e acidentes afetivos não pareceriam tão pueris quanto o fazem parecer a trinca de protagonistas. Do jeito que está, a credibilidade dos dramas dos amores de Xavier Dolan não vai mesmo além de sua imaginação.

legenda (português):
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hotfile.com/dl/80111438/f75a4d1/Heart_beats.part1.rar.html
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“A Última Noite”, de Don McKellar. [download: filme]

A Última NoiteNas últimas horas da existência do planeta, vidas de anônimos que encaram e se preparam de diferentes modos para o destino final da Terra são cruzadas em uma Toronto que se divide entre o caos e a tentativa de manter a normalidade.
O pressuposto do argumento original do ator e cineasta canadense Don McKellar para sua estréia no comando do set de filmagens é lugar-comum do cinema catástrofe arrasa-quarteirões hollywoodiano, mas seja por conta da restrição orçamentária – algo visível na falta de apuro técnico, como se percebe na direção de fotografia – ou por ter sido sua intenção já desde o início, ao invés de colocar o impacto visual da tragédia concebida pelo seu argumento como principal (senão o único) atrativo, o evento é utilizado apenas como provocador do desvendamento do lado humano do acontecimento pela revelação do comportamento de alguns personagens frente ao fim inevitável da sua existência e de toda a humanidade. Esta abordagem que apoia o filme em seus elementos não-técnicos bebe direto na fonte do cinema independente, já versado na estratégia de explorar um microcosmo de pessoas inseridas em um dando evento como analogia representativa de toda a humanidade, mas isso não é garantia alguma de sucesso na empreitada – pelo contrário, o esforço todo pode desaguar em um filme tão insípido e raso quanto aquele que se escora puramente nos seus efeitos visuais. Em filmes que seguem esta concepção, é a composição de personagens interessantes que injeta nas produções o interesse necessário, e este é um elemento certamente presente em “A Última Noite” – a breve porém enormemente inusitada declaração de uma personagem periférica, uma senhora que já está nos seus 70 anos, ao ouvir o corriqueiro lamento sobre como morrer é cruel para crianças, por terem vivido tão pouco, é um exemplo do tom inusitado presente na composição dos personagens no roteiro. São, porém, duas outras idéias que compõe a narrativa que concedem ao filme seu particular status de interesse. Primeiro, a decisão de retratar na história não somente as últimas horas de existência da Terra, em um cataclisma que tem hora precisa para acontecer, mas delinear um evento irreversível do qual a humanidade tem conhecimentos prévio há muitos meses – esta idéia em particular é o trunfo do processo que revela o que há de mais oculto nos personagens ou que reafirma as características já visíveis de seu comportamento. Não de modo independente, mas como um processo paralelo e derivado da idéia anterior, o evento assim descrito constrói uma inversão peculiar do conceito que fazemos de comportamentos e situações normais e coerentes: diante do fim irreversível de tudo que existe, preocupações prosaicas, antes relevantes, como a atenção à dieta alimentar ou à prestação de serviços essenciais, tornam-se singularmente bizarras e extravagantes, enquanto o extravasamento de condutas inconsequentes, libertinas e anárquicas passam a ser um padrão compreensível, mesmo que muitas vezes ainda seja condenável.
Os elementos da narrativa de “A Última Noite” mostram que Don McKellar tem franca capacidade para a composição de idéias curiosas, quando não bastante surpreendentes, na composição de um roteiro original, mas não há elementos suficientes na administração dos aspectos técnicos nem no desempenho do elenco para afirmar em Don McKellar um talento nato para a direção. Com isso, o diretor acaba por desperdiçar aspectos que, se bem administrados, serviriam para alçar seu filme para um maior status de excepcionalidade. Contudo, as boas idéias existentes na história por ele criada ainda concedem ao seu filme o conhecido charme do cinema independente.

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legendas (inglês):
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“Ensaio sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles. [download: filme]

BlindnessUm surto epidêmico de cegueira branca, incurável, atinge uma grande metrópole, despertando nos habitantes um temor que leva o governo a isolar os contaminados. Dentre eles está um médico e sua esposa, a única que permanece imune à estranha doença.
A adaptação de Fernando Meirelles do livro do escritor português José Saramago fascinou o autor da história, mas não agradou muito crítica e público, passando de certa forma despercebido neste ano de 2008, quando não razoavelmente criticado. A reação tem seus motivos: “Ensaio sobre a Cegueira” resultou em um filme com acertos e erros consideráveis, com maior peso para estes últimos.
A estética do filme é já um retrato desta ambivalência: se de um lado a incessante irradiação de tudo com uma aura branca, arquitetada pela fotografia de César Charlone, traz ao espectador o mesmo desespero e temor vivido pelos personagens, que vagam perdidos em um limbo branco, ela também cansa a expectação do filme a certa altura, “chapando” as sensações do público pela utilização excessiva do artifício. A edição também tem sua dose de sucesso e falha: apesar de conceder ritmo e dinâmica às cenas externas, nas tomadas internas ela não consegue obter o mesmo efeito, ainda que mantenha a tensão em um bom nível. Mas as aspectos técnicos apresentam apenas as irregularidades mais visíveis – é onde nasce um filme, no seu argumento e roteiro, que reside aquilo que fez este novo longa-metragem do brasileiro Fernando Meirelles ser celebrado por alguns e ignorado por muitos outros.
A história criada por Saramago no livro “Ensaio sobre a Cegueira”, e aqui adaptada por Don McKellar, instiga enormemente a curiosidade pelas duas idéias que lhe dão partida. Primeiro, a concepção de uma cegueira que não afunda sua vítima em um breu profundo, mas em um reluzente oceano branco, intriga porque parece ser ainda mais agonizante por, teoricamente, não permitir que a pessoa tenha algum descanso, já que ela passa a viver em um estado de vigília visual, por assim dizer, mesmo na escuridão. Segundo, e tão fascinante quanto a anterior, a idéia de apresentar a moléstia como uma epidemia, reservando a somente uma pessoa a imunidade à infecção confere à este personagem tanto uma vantagem sobre os outros quanto um distanciamento destes, afastando-o daquilo que iguala e une todos.
Essas duas características do enredo a princípio provocam interesse no espectador, mas a medida que é promovido o desenrolar do enredo, cada conflito inserido na história faz com que sua originalidade e caráter diferenciador sejam pouco a pouco degradados, sujeitando o enredo à idéias recicladas e lugares-comuns. A longa sequência na quarentena é o seu defeito mais gritante, reduzindo o filme a uma experiência-limite em ambiente fechado que guarda parentesco com as idéias de George Orwell – não à toa, pois José Saramago é comunista rasgado -, o que deixa o filme com um gosto de café requentado. A insistência de Meirelles em reproduzir com esmero esse episódio de “Ensaio sobre a Cegueira” também acaba por torná-lo excessivamente longo, minimizando o impacto das cenas exteriores e deixando espaço até para um epílogo “família de comercial de margarina” – tivesse a sequência de quarentena sido encurtada e o filme encerrado cerca de 20 minutos antes, com a tomada em elevação da procissão desesperançada dos cegos e sua guia por uma São Paulo ainda mais caótica que o habitual e povoada por uns poucos infelizes que jazem confusos pelas ruas, o filme de Fernando Meirelles teria superado a feição de ensaio que carrega já no título.
Baixe o filme, com legenda embutida em português, utilizando o link a seguir.

http://www.megaupload.com/pt/?d=061THWLS

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“Arquivo X – Eu Quero Acreditar”, de Chris Carter.

The X-Files - I Want To BelieveAtravés de Scully, Mulder é contactado pelo FBI para que ajude no caso do desaparecimento de uma agente do bureau, com a promessa de que todas as acusações contra ele sejam retiradas. O ex-agente aceita e logo começa a acreditar na única fonte de informações disponível, nada ortodoxa, enquanto Scully reluta em conceder qualquer credibilidade à ela.
É sempre um prazer voltar a ter contato com personagens tão brilhantes quanto os da série Arquivo X. Porém, isso só não se constitui em motivo para um revival do seriado na materialidade do cinema: precisa-se de argumento sólido e digno de ter à frente Fox Mulder e Dana Scully. Infelizmente, não é o caso do tão aguardo segundo filme baseado nos personagens da série, o longa-metragem “Arquivo X – Eu Quero Acreditar”.
O grande problema desta nova incursão dos agora ex-agentes do FBI Mulder e Scully no cinema é a falta de impacto. E isto já começou a tomar corpo na própria concepção do filme: apesar de que me pareceu, inicialmente, uma boa idéia retomar a série sob a égide dos chamados “monstros da semana”, agora já me parece tanto. Depois de conferir o longa, constatei que este tipo de história dificilmente consegue obter a relevância e a urgência que a mitologia da série tem ao ser desenvolvida em um longa-metragem para o cinema – as aberrações extraordinárias tão bem abordadas tem seu lugar e sua relevância na materialidade da TV, mas no cinema, com certeza, carecem de impacto.
Se a criatura apresentada fosse algo de proporções realmente catastróficas, apresentando perigo em alta escala, o resultado teria sido menos insípido, mas a que foi escolhida não apresenta perigo e terror em uma escala considerável para que o filme ganhasse a dinâmica e a energia necessárias para o cinema – além de ser uma aberração que está longe de ser original, tantas vezes já abordada no cinema.
Mas há ainda um outro elemento que atrapalha a desenvolvimento dos personagens na trama: o seu envolvimento. A beleza do relação de Mulder e Scully sempre foi a sua impossibilidade. A partir do momento que se resolve concretizar aquilo que causava uma tensão interessante e necessária, não há mais muito o que fazer, a não ser inserir a dinâmica e os dramas do romance dentro de um universo onde, lamento informar ao shippers deliciados com o que viram neste filme, ele nunca fez falta – há até um certo emprobrecimento da complexidade dos personagens, nivelando-os à de tantos outros que povoam seriados cujo viés temático é apenas este.
Mas para que tudo não pareça um desastre, há pelo menos um grande acerto. O personagem de Billy Connolly é, provavelmente, a melhor coisa do que foi criado no argumento deste filme: seus atos no passado e sua situação no presente levantam questões morais interessantes que, por sorte, nunca são tratadas de forma barata e, além disso, acabam funcionando como um amálgama brilhante da essência de Scully e Mulder.
Tirando o fato de termos Mulder e Scully novamente em ação, não há mais muito o que realmente faça “Arquivo X – Eu Quero Acreditar” realmente valer a pena – é triste, mas é verdade. Chris Carter chegou a comentar que, dependendo do sucesso do filme, iria propor uma terceira aventura retomando a mitologia da série. É lamentavél, mas meu maior medo não é o fato de que um terceiro filme não venha a ser feito dado o provável fracasso deste aqui, mas em obtendo ele sucesso, o que Carter e o roteirista Frank Spotnitz fariam com a mitologia da série no terceiro. Tendo em vista a perda de rumo do seriado nas última três temporadas, além dos equívocos deste filme, seria melhor deixar a responsabilidade de uma nova aventura de Mulder e Scully nas mãos de alguém mais íntimo do universo do cinema. Ou, na pior da hipóteses, deixá-los em paz de uma vez por todas – porque é bem melhor termos Fox e Dana como os personagens incríveis que sempre foram no seriado do que banalizá-los ainda mais, reduzidos que foram aqui à uma espécie de “Casal 20” subversivo.

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Prévia: “The X-Files: I Want To Believe”.

Previa: The X-Files: I Want To BelieveFãs da saudosa série de TV “Arquivo X” estão em estado de ansiedade absoluta: no dia 25 de julho deste ano será lançado o segundo e aguardadíssimo filme que reúne a espetacular dupla de agentes do FBI, Fox Mulder e Dana Scully. Como já é de costume, a produção está cercada de segredos que, aparentemente, continuam tão bem guardados quanto antes eram, o que acabou limitando, até o momento, o vazamento de informações não-oficias: somente o teaser pôster – espetacular, em tons de branco e preto, mostrando os agentes caminhando e com suas respectivas sombras formando o famoso “X” -, dois trailers ligeiramente diferentes, feitos especialmente para exibição em convenções de ficção-científica e similares e uma sinopse breve, que muito pouco revela, chegaram a ser divulgados na web antes de serem revelados por fontes oficiais da produção. O que de mais concreto e relevante se sabe sobre o argumento do filme foi mesmo divulgado pela produção já há algum tempo: a história, que é cronologicamente atualizada, refletindo o tempo decorrido desde o fim do seriado, não seguirá a chamada mitologia da série, diferentemente do primeiro longa produzido, optando então por adotar uma história independente, que sempre foi a segunda opção temática dos episódios de “Arquivo X”, comumente chamados de episódios do “monstro da semana”. E foi só neste fim de semana passado, após decorridas algumas semanas da revelação do título oficial da trama – “I Want To Believe”, famoso slogan do seriado que, é preciso admitir, soa um tanto brega como título do filme -, que foi liberado, depois de uma sádica contagem regressiva, o trailer oficial do filme. Apesar de satisfazer e atiçar a curiosidade dos fãs da série, o vídeo foi feito com a inserção de apenas algumas poucas cenas diferentes das que foram utilizadas nos trailers feitos para divulgação nas convenções, além de apresentar uma edição sutilmente modificada. Porém, um único dado novo pode ser extraído do pouco que é apresentado: aparentemente, o personagem de Billy Connolly tem o mesmo perfil do saudoso Frank Black de “Millennium”, sendo configurado como uma espécide de investigador – ou algo desta monta – com dotes psíquicos que lhe permitem “ver” fatos relacionados à um crime cometido anteriormente.
Alguns, certemente, estão torcendo o nariz para o advento deste novo longa-metragem baseado na série por considerar isto um tanto oportunista. Obviamente que o incentivo do retorno financeiro conta para a existência da produção, mas as razões são outras para os fãs de “Arquivo X”, e mesmo para seus idealizadores: primeiro porque mesmo com o fim do seriado, e com a ruína que foi a finalização da mitologia da conspiração alienígena que perpassou toda a vida deste, a dinâmica temática da série era bem mais ampla que isso, o que dá toda a liberdade aos produtores para a concepção de novas histórias e, segundo, e a mais importante razão, é o fato inquestionável de que Mulder e Scully são a essência e a razão de ser de “Arquivo X”, o que faz de qualquer história que os envolva mais um episódio genuíno de uma das mais fabulosas criações da televisão americana, que fez história e faz escola até hoje – seria mesmo um desperdício não retomar dois personagens tão geniais apenas porque o principal veículo que os trazia para o público chegou ao seu fim. Por isso, por pior que que possa vir a ser “The X-Files: I Want To Believe”, o simples fato de o público que tanto os admira tem novamente a chance de ter contato com estes dois personagens já vai se configurar para os fãs como um prazer imenso. Porém, a declaração dada pelos realizadores do projeto de que esta história foi especialmente escrita para o local de sua filmagem, os arredores de Vancouver, no Canadá, me dá a clara impressão de que este longa tem muitas chances de ser até melhor do que o primeiro – digo isso porque é notório que os melhores anos de “Arquivo X” foram mesmo aqueles nos quais Vancouver serviu como set de filmagem e principal inspiração para suas mirabolantes histórias.
Agora, para conferir a nova empreitada dos agentes do FBI mais idossincráticos que a ficção já teve a sorte de criar, só resta esperar a estréia do filme. E, segundo informação constante no site oficial do longa-metragem, mesmo nisto os fãs brasileiros de “The X-Files” parecem ter sido agraciados com uma boa amostra de consideração pelo estúdio 20th Century-Fox: ao que tudo indica, o lançamento do filme no Brasil será simultâneo com a estréia nos Estados Unidos. Então, se você tiver a oportunidade de dar uma passada nos cinemas brasileiros no dia 25 de Julho, prepare-se para se deparar com cenas de absoluta estupefação e delírio coletivos como esta – e se tudo der certo, todos nós, fãs de “Arquivo X”, teremos a oportunidade de repetir esta cena por muitos e muitos anos ainda.
Clique aqui para assistir o primeiro trailer oficial diretamente no site da produção.
Se preferir, clique aqui e assista o vídeo no YouTube.
Se você for mais um fã da série e dos dois personagens, pode preferir fazer download do trailer nos links abaixo:
Pequeno (7 MB)
Médio (18,2 MB).
Grande (46, 3 MB).

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“Minha Vida Sem Mim”, de Isabel Coixet. [download: filme]

My Life Without MeAnn, uma jovem casada e com duas filhas, descobre, depois de sofrer um desmaio repentino, que tem um tumor em metástase avançada. O resultado: não mais do que dois meses de vida. Tendo em mãos esse prognóstico, Ann decide tomar algumas medidas antes de sua morte.
A partir da idéia do livro de Nanci Kincaid, a diretora Isabel Coixet explora a descoberta, por uma jovem mãe de família, de sua morte iminente e as resoluções, tomadas por ela, a partir desta descoberta. Se caísse nas mãos erradas, a história da jovem que vive em um trailer nos fundos da casa da mãe, que sobrevive como faxineira em uma escola e que casou e engravidou, na adolescência, do único homem com que se envolvera na sua vida, certamente acabaria virando folhetim da pior qualidade, um inevitável dramalhão inundado pelo sentimentalismo mais barato e pela pieguice mais óbvia, que de quebra serviriam como veículo perfeito para a chamada “superinterpretação” do mais ávido candidato à receber uma estatueta dourada californiana. No entanto, nas mãos dessa diretora espanhola, a sensibilidade não é afogada pelo lugar-comum e por um elenco de olho em premiações fáceis. Ao contrário, ela ganha elegância, classe, inteligência e muita delicadeza: ao invés de dar chance à uma tsunami de desespero, sofrimento e amargor auto-inflingidos pela sensação de impotência frente ao destino inevitável, ou mesmo ao seu oposto extremo, ao hedonismo irrefreado, devidamende despertado por uma turnê de experiências inconsequentes na tentativa de viver tudo o que não vivera até então, a diretora-roteirista faz com que a protagonista, antes já uma mulher equilibrada e conformada com sua realidade, mergulhe em um estado de ainda maior compreensão sobre sua situação, que a faz encarar a inevitabilidade e proximidade de sua morte com uma serenidade implacável, dando-se ao direito de derramar apenas algumas poucas lágrimas enquanto busca muito mais reafirmar o que viveu e vive do que saborear novas experiências. E o elenco, composto apenas de nomes modestos do cinema norte-americano, auxilia não apenas pelo seu desempenho na medida exata – particularmente o de Sarah Polley, que voltaria a trabalhar com a diretora no seu próximo longa, já comentado por aqui -, mas também pela credibilidade e verossimilhança que concede aos seus papéis de pessoas comuns – algo muito trabalhoso de ser atingido com as estrelas e astros de Hollywood de beleza perfeita e fama imensa, que dificilmente conseguem imprimir o realismo que um rosto menos popular imprime.
E isso tudo faz a diferença entre este longa-metragem de Isabel Coixet e tantos outros que já vimos sobre os “bastidores” da jornada para a morte de um ser humano: ao invés de explorar a emoção do público como em uma montanha russa, onde todas as sensações parecem intensas mas, na verdade, não vão além de experiências falsas e fulgazes, “Minha Vida Sem Mim” o faz com a mesma sutileza de uma paisagem passageira à janela de um trem em movimento, que deixa em quem a observa sensações bem mais indeléveis e verdadeiras.

senha: peb.pl

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legendas disponíveis (português):
http://www.opensubtitles.com/pb/download/sub/85208
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“Senhores do Crime”, de David Cronenberg. [download: filme]

Eastern PromisesObstetra, sensibilizada com a morte de uma garota de 14 anos no parto, procura dados sobre sua família, no diário encontrado com ela, para poder informar sobre o nascimento do bebê. É através deste diário que ela entra em contato com uma família de mafiosos russos em Londres, colocando em risco a vida dela e de sua mãe e tio.
David Cronenberg já foi conhecido por explorar a loucura, o estranho e o surreal em filmes de suspense, terror e ficção científica. Nestes longas, a sua obsessão com o corpo, abordando-o e explorando-o de forma bizarra, era conhecida como a sua marca registrada. Desde “Marcas da Violência”, Cronenberg mudou radicalmente o foco de seu cinema: mesmo que, de alguma forma, ainda mostre sinais de sua fixação pelo orgânico – presente no detalhismo da violência que gosta de expôr -, esta passou a ser mero reflexo do ambiente e temática que agora decidiu explorar, a do submundo do crime. Nesta esfera narrativa, o diretor canadense decidiu explorar personagens que, de algum modo, desestabilizam este ambiente: enquanto no longa anterior seu foco caiu sobre alguém que queria deixar de pertencer à este mundo, em “Senhores do Crime” ele inverteu a premissa, colocando como um dos protagonistas um homem que se esforça para entrar nele, mas que ao mesmo tempo evita os excessos típicos dos que dele fazem parte – ambos interpretados nos dois filmes pelo mesmo ator, Viggo Mortensen. Uma característica interessante do roteiro é que ele tem uma tendência a poupar o excesso de desgraças shakespearianas que é típico do gênero, mas ao mesmo tempo, a certa altura do filme, ele também torna-se um tanto previsível, visto que já se pode antever algumas coisas relativas à um dos protagonistas, e ainda acaba, nos seus últimos minutos, deixando de retratar eventos que poderiam incrementar o seu epílogo, preferindo apenas citar a resolução de tais eventos ao avançar no tempo e mostrar o destino que os personagens tomaram. Tais problemas na concepção do roteiro, bem como a própria condição linear e tradicional de “Senhores do Crime”, fazem do longa-metragem apenas mais um que se alinha à média dos que tematizam sobre a máfia e o mundo do crime. E isso, infelizmente, o faz estar bem longe de algo que se espera de David Cronenberg, que mesmo quando tem nas mãoes um material que pisa bem firme com o pé no chão é capaz de recheá-lo de sequências e soluções que lhe conferem a marca notória de seu cinema idiossincrático – como aconteceu em “Marcas da Violência”.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

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“Contraponto”, de Terry Gilliam. [download: filme]

TidelandJeliza-Rose é uma garotinha tão estranha que, sem o menor pudor, auxilio o seu pai no consumo de drogas. Tão logo sua mãe, igualmente viciada, morre por conta de uma overdose, ela acompanha seu pai na viajem à “Jutilândia”, tão prometida por ele diversas vezes, tendo como primeira parada a casa abandonada de seu avó, jogada em meio à uma paisagem vasta e rústica que alimenta ainda mais a já fantasiosa mente de Jeliza.
“Contraponto”, baseado no livro de Mitch Cullin, tem o mérito de figurar como um dos piores, se não o pior, longa-metragem de toda a filmografia do diretor Terry Gilliam. Seus problemas são unicamente dois, e um derivado do outro – personagens e roteiro -, mas a intensidade deles é tamanha que mais nada dentro da concepção do filme consegue cativar suficientemente o espectador para que uma avaliação minimanente positiva dele seja feita. A lógica da problemática é bem simples de se entender: se os protagonistas do filme – um rockeiro fracassado e viciado cujo momento de maior proximidade com sua filha é quando pede para esta que a ajude a preparar sua dose diária do heroína; uma taxidermista com fobia de abelhas tanto quanto de pessoas, e que só vê como possível estabelecer relações com estas depois de mortas e devidamente empalhadas; seu irmão com problemas mentais, perdido em ilusões marítimas e ambições um tanto quando destrutivas e, finalmente, a gatorinha Jeliza-Rose, que passa seus dias inundando-se em fantasias com as quais cresceu sempre acostumada a confundir com a realidade – falham em despertar a menor dose de simpatia no público, a estória que os envolve, se já não parece interessante – pois apenas retrata as ilusões da garotinha, sozinha na casa abandonada de sua vó e em contato com gente desprovida de qualquer interesse em estabelecer comunicação com a realidade -, tem essa feição ampliada ainda mais pela falta de empatia dos personagens, tornando-se um verdadeiro teste de paciência cinematrográfico. Visto que estes dois aspectos são a base da formação de qualquer bom filme de ficção, fica difícil elogiar qualquer outro componente ou característica de “Contraponto” – mesmo que eles tenham algum vago caráter de qualidade, sua importância frente à dos personagens e do roteiro é consideravelmente menor.
Mas Terry Gilliam é assim mesmo, um homem de extremos: quando o diretor britânico, ex-integrante do grupo Monty Python, acerta a mão, geralmente ele o faz de maneira sublime – como em “O Pescador de Ilusões” e “12 Macacos” -, mas quando ele erra, ele o faz em igual medida, cavando fundo a cova do seu próprio filme. Se ele continuar acertando uma vez a cada dois equívocos, já vale o serviço prestado ao cinema – e como “Contraponto” é o seu segundo equívoco seguido, vamos torcer para que o próximo seja um acerto realmente compensador.

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“A Névoa”, de Rupert Wainwright.

The Fog
Jovem garota retorna de New York para uma pequena ilha na costa americana, onde reencontrará o namorado e testemunhará a chegada de uma estranha névoa, que traz consigo espíritos que almejam vingança contra os habitantes da ilha, todos descendentes daqueles que um dia lhes fizeram mal.
O filme é mais uma refilmagem – que novidade – de um filme de terror lançado nos anos 80, produção esta dirigida por John Carpenter. E o novo longa, a cargo de Rupert Wainwright, não convence por um minuto sequer. Para você ter uma idéia, o diretor é mais conhecido, dentro de sua ínfima filmografia, por “Stigmata”. Como este filme do diretor já não era um primor da originalidade e qualidade, o que esperar de um remake de um filme menos famoso de John Carpenter? O elenco não cativa o público nunca, o que é um problema, já que o filme é calcado particularmente no par de protagonistas – Tom Welling, personagem principal da confusa “Smallville”, e Maggie Grace, que saiu há algum tempo do elenco de “Lost”. O roteiro é o segundo e maior problema: a estória dos espíritos até interessa e a misteriosa névoa é uma idéia interessante, mas as sequências de horror são fraquíssimas – o desempenho fraco do elenco ajuda muito para tanto -, e a estória vai enfraquecendo aos poucos, concluindo com uma sequência tão anti-clímax que o espectador fica surpreso com o filme ter acabado daquela maneira tão sem graça, sem criatividade e – desculpem o uso de termo tão pouco criativo – brochante. Se o argumento do filme original concluía da mesma forma, por que o novo roteirista não queimou um pouco de massa cinzenta para criar uma conclusão mais satisfatória e impactante? Se o final original foi preservado, o novo responsável pelo roteiro foi muito pouco sensato ao fazê-lo, pois a sequência dá a idéia de que o roteirista simplesmente não sabia como terminar a estória e resolver a situação da maldição dos espíritos sobre a ilha. Se o final foi criação do novo filme, pior ainda. Porém, em qualquer das duas opções o resultado é o mesmo: aquele fim reduz o filme de horror à uma estorietazinha muito chinfrim de amor. Teria sido melhor ter a ousadia de transformar logo a estória em um romance: isso teria sido mais coerente e mais justo com o espectador. A direção, já deu para perceber devido à fraqueza das cenas de horror, é o terceiro problema: sempre parece que o diretor se satisfez em obter sequências medianas e burocráticas, sem se esforçar para melhorar, na construção das cenas, um roteiro fraco e carente de emoções e sustos.
Ao fim, “A Névoa” serve apenas para reforçar a tese daqueles que julgam a atual onda de regravações de Hollywood não apenas como um perigo, quando estas estão baseadas em longa-metragens cultuados, emblemáticos e de qualidade reconhecida, mas uma enorme desnecessidade e desperdício de recursos, quando, como neste caso específico, trata-se de produções que se baseiam em longa-metragens que já eram muito pouco animadores. Há sempre o risco de termos uma surpresa e nos depararmos com um grande filme, um melhoramento da idéia original. Mas, como no post sobre cinema da semana anterior, sou obrigado a lembrar – não tem jeito – estamos falando de Hollywood. E quando falamos de Hollywood, dificilmente estaremos falando sobre boas surpresas.

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