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Tag: eletronico-britanico

Noonday Underground – On the Freedom Flotilla. [download: mp3]

Noonday Underground - On The Freedom FlotillaDe boas intenções o inferno está cheio, e de DJs/produtores que elencam vocalistas – muitas vezes mais de um ao mesmo tempo – para interpretar sua canções cheias de balanço o mundo da música está tão cheio quanto. Boa parte deles quer ganhar fama e popularidade trilhando o caminho dos representantes mais famosos do estilo, como Groove Armada e Nouvelle Vague, fazendo uma alquimia sonora com funk e hip hop ou pop e bossa, respectivamente. A verdade é que dificilmente dou atenção à qualquer uma dessas duas tendências predominantes – se não soam totalmente irritantes quando esses produtores derramam nas composições mais hip-hop/funk do que o bom senso permite, o incômodo acaba sendo outro (ainda que em muito menor grau), já que, de tão lugar-comum, essa vontade de soar “brasileiro” acaba como um negócio maçante.
Contudo, eu diria que normalmente os elementos menos famosos que fazem parte deste grupo se alimentam em outras fontes, como a música latina, trilhas sonoras da época mais glamourosa do cinema americano ou pop/rock com rajadas de soul mais nostálgico. É nesta última referência musical que se encaixa o Noonday Underground, formado pela dupla Simon Dine – o inevitável DJ – e Daisy Martey – a necessária vocalista. Confessando desconhecer a discografia anterior da dupla, posso afirmar que seu último lançamento, o disco On The Freedom Flotilla, merece uma espiada por conter algumas faixas com um groove delicioso. “You Keep Holding On” é uma, onde o vocal impetuoso de Daisy foi distanciado um pouco do primeiro plano, nivelando-o bastante com a melodia cheia de loops e pontuais orientalismos sonoros e com programação eletrônica que permite uns bons requebros de cinturinha. Em “She Knows” os loops se repetem em pulsos constantes e os samplers de cordas, que dão a partida e fecham a melodia, lhe conferem maior glamour. Isso difere sobremaneira de “Put You Back Together”, cujo sampler-base que sustenta a música, um riff ligeiro de baixo que soa pinçado de uma surf music aleatória, salta aos ouvidos nos primeiros segundos da melodia e segue apoiado por um loop de bateria igualmente acelerado e sacolejante – o que provavelmente inspirou a vocalista a segurar mais as notas, principalmente no refrão. Em “It’s Alright” eles resolveram pregar uma peça no ouvinte: ao invés de uma canção soturna e mórbida, como sugerem os primeiros acordes de um baixo de negrume arrepiante, o que surge na verdade é um 70’s pop cintilante e nostálgico que lembra muito as canções-tema mais clássicas de filmes de 007, e que só sofre interferência do sampler de metais rascantes que prepara o encerramento da melodia. Pra fechar o disco a dupla colocou “Gone Now Blues”, canção que injeta uma melodia com loops percussivos velozes e samplers de metais, guitarras e gaitas salpicados que criam uma esquizofrenia à moda do Beck Hansen mais clássico.
Afora um Portishead ou Gotan Project, este projetos compostos por Disc-Jockeys normalmente não conseguem subverter o instrumental com que lidam, samplers e loops resultantes da digestão de acordes e harmonias limitadas ou mesmo alheias, em composições suas – você escuta e geralmente acaba achando aquilo reciclado e até mesmo repetitivo. Isso reduz muito o impacto que estes artistas podem ter dentro daquilo que alguém possa listar como suas preferências. Porém, tendo isto em mente, não há problemas em apreciar audições esporádicas de grupos como Noonday Underground, com sua prolixia sonora esparramante e de coloração solar – e até mesmo se jogar dançando na sala de estar.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

[music]rapidshare.com/files/191094370/noonday_-_flotilla.zip[/music]

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Thom Yorke – The Eraser. [download: mp3]

thom_yorkeMesmo não sendo fã da banda Radiohead, gostando apenas de algumas poucas faixas de seus álbuns, resolvi arriscar ouvir The Eraser, o álbum solo do vocalista da banda. Foi uma boa idéia – mesmo o disco não se revelando estar entre as minhas preferências, há ali um projeto sonoro bastante coeso e faixas bem acima da média.
O disco inicia com a idiossincrasia da faixa título do álbum que, como a maior parte das faixas do disco, é essencialmente eletrônica. O sampler de um piano repete-se continuamente ao fundo, enquanto ruídos intencionalmente sujos encorpam a base da canção e sobrepostos pelo vocal anasalado de Yorke, que ao mesmo tempo segue e foge da limitada melodia. Na parte final da canção a base eletrônica é re-sampleada e ganha um ruído abafado ainda maior, sumindo aos poucos e deixando o cantarolar baixo do cantor para encerrar a música. A letra trata dos jogos de aparência, as traições e segundas intenções que integram ambos os lados de uma relação afetiva. Logo depois temos “Analyse”, um dos pontos altos do disco, com letras que falam sobre a insistente busca humana de um sentido maior na vida que, geralmente, deixa os que travam esta busca mais confusos do que antes de terem a iniciado. A melodia é bem menos minimalista e seca do que a anterior: os acordes do piano ousam ser mais melódicos e emotivos, acompanhados por uma base eletrônica complementar constante que, apesar de bastante sincopada, complementa estranhamente bem a beleza do piano e vocais fabulosamente sensíveis de Thom Yorke. “The Clock”, a faixa seguinte, tem baixo bem mercado e um loop curto constante, feito à base de ruídos eletrônicos e samplers hiper-minimalistas de guitarra e de percussão. O vocal de Thom aparece em várias camadas diferentes pela melodia, que no âmbito geral produz uma sensação de desconforto urbano pós-moderno. A letra, como indica o título da canção fala do tempo, mas dentro do espaço da relação afetiva e das ilusões e desejos dentro delas construídas. “Skip Divided” é a canção em que Yorke menos utiliza os seus famosos falsettos, preferindo cantar com uma voz menos empostada e mais natural. Funciona muito bem dentro da melodia de tons noturnos, recheada de eletronismos obscuros e vocais de fundo distorcidos e redistorcidos que, de tão bruxuelantes, me lembram as melhores passagens da inspiradíssima trilha sonora de Wojciech Kilar para o filme “Drácula”, idealizado por Francis Ford Coppola. Na letra, Thom Yorke disseca a dor, agonia e descontrole doentios que a simples visão e proximidade de alguém por quem nos apaixonamos pode despertar. “And It Rained All Night” inicia com uma miríade de ruídos eletrônicos que se entrelaçam em uma espiral sonora, até serem estranhamente sobrepostos pela acústica de baquetas de bateria sendo batidas uma contra a outra. O loop das baquetas prossegue continuamente, enquanto surge na música mais um riff marcante do baixo e um teclado que lembra o som de um temerim, algo claramente inspirado em filmes de terror e suspense cheios de soturnas figuras alienígenas – loops e samplers sujos de ruídos indistintos ou de guitarras deformadas também perfazem a melodia delirante da canção. A letra contribui na preservação do clima perturbardo da melodia, falando sobre uma noite de sono perdida por um ruído incômodo de chuva, o que abre espaço na mente cansada para ser tomada por delírios de Nova Iorque ser completamente alagada por águas torrenciais – faixa de clima mórbido interessantíssimo. “Harrowdown Hill” é outra canção que se destaca no álbum, apresentando um baixo (ou guitarra?) de presença forte na música, funcionando quase como uma bateria, cujos acordes dedilhados se repetem ciclicamente durante toda a canção. Sonoridades sobressalentes são construídas pelos loops minimalistas que complementam a base da canção e também pelo constante orgão de leve variações melódicas, que potencializa a sensibilidade do vocal de Yorke e produz uma pausa na sequência final, acompanhada brevemente por acordes espaçados e adocicados de piano que deixam o ouvinte suspenso na melodia por alguns instantes. Yorke declarou que sua letra foi baseada na morte de David Kelly, o cientista que derrubou, usando provas e estudos, as motivações britânicas – e consequentemente americanas – para a invasão do Iraque. Mas, analisando a revelia deste dado, pode-se dizer que a letra trata do desejo humano de fuga e de revolta diante da confusão e desprezo sobre as individualidades e sentimentos.
The Eraser não compraz ainda uma sonoridade que grade em extremo, nem faz seu criador passar muito mais notado por aqueles que nunca o tiveram como preferência. No entanto, o disco revela que Thom Yorke é capaz de modificar a sua idiossincrática veia criativa para atingir uma outra parcela de público sem, no entanto, colocar em risco a identidade musical criada com tanto esmero e afinco à frente da banda Radiohead. É um grande mérito já que, algumaa vezes, projetos solo descambam para algo sem novidade alguma, servindo apenas ao propósito de apaziguar o ego de uma artista que se sentia tolhido ou pouco livre para expressar-se.
Baixe o disco utilizando a senha a seguir para abrir o arquivo.

senha: seteventos.org

http://d.turboupload.com/d/1223894/Yorke_-_Eraser.zip.html

Sim, eu já tinha postado este álbum por aqui. No entanto, tinha feito isso sem escrever uma resenha. Me dei ao direito de refazê-lo, agora que o escutei com cuidade e avalei. (Re)Aproveitem.

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