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Tag: eletronico-islandes

Björk – Volta (+ 3 faixas alternativas). [download: mp3]

Björk - VoltaSe as críticas a frugalidade de The Beekeeper, de Tori Amos, me soam bastante exageradas, eu não me atreveria a tentar amaciar qualquer uma que surgisse sobre Medúlla e Drawing Restraint 9, já que neles Björk passou um tanto além da conta, tornando-os, na maior parte do tempo, de dificílima digestão. Quando decidiu preparar um novo disco, a islandesa, sentindo-se um tanto cansada de tornar sua música cada vez mais idiossincrática, resolveu investir em algo que não pusesse a experimentação acima da beleza melódica e lírica. Assim nasceu Volta, que como o American Doll Posse de Tori Amos, também funciona, coincidentemente, como um verdadeiro cruzamento de todas as experiências que Björk agregou ao longo de sua carreira. Apesar de “Pneumonia”, que clama a superação das tristezas na vida, ser uma das faixas do disco que sofre influência quase somente dos dois mais recentes disco de Björk – já que ela adota o mesmo exotismo sonoro dos últimos trabalhos, sendo composta apenas de vocal e orquestração de metais lentos e consternados – em outras a introspeção é suplantada por uma sonoridade que conhecemos mais do início da carreira solo da artista. Não é difícil sentir isso em “Vertabrae by Vertabrae”, que recorre as experiências de Selmasongs e Drawing Restraint 9 mas desfaz-se das agudezas resultantes da contaminação pelo trabalho de Matthew Barney e retorna à vivacidade dos primeiros anos: apesar da orquestração de metais, da percussão e dos versos abstratos citarem muito das duas trilhas sonoras feitas por Björk, a base eletrônica levemente suja e os vocais remetem ao calor de discos como Homogenic e Post. Já que falei de Homogenic, “Declare Independence”, um brado eletrizante contra a dominação, não deixa de ser uma Pluto-punk: ela conta com costura melódica feita por samplers de guitarras dissonantes – o que lhe confere uma tecitura punk-rock ruidosa -, além de percussão e bateria eletrônica sincopadíssima e uma introdução composta de sirenes de navio. Por sinal, depois que se escuta todo o disco, percebe-se que o ruído de navios é um recurso recorrente em Volta, já que a faixa inicial, “Earth Intruders”, há quase um minuto e meio de ruídos ambientais indistintos de um porto – marulho e, novamente, sirenes de navio sendo os mais perceptíveis – na sequência final. A música, que fala sobre uma invasão e ataque de seres alienígenas, tem a energia fulgurante de Debut e Post, com sua mistura de eletrônico e percussivo lembrando “Army of Me”, mas difere-se desta justamente porque grande parte de seus samplers e loops tem muito de acústico. A agitação prossegue de forma semelhante em “Wanderlust” (sobre a compulsão de abandonar-se em viagens oceânicas), que possui forte base de samplers e loops e nova experimentação com ruídos que fecham a música com uma transposição das sensações presentes nas letras para os sons – a diferença é que aqui Björk investe também em uma histérica orquestração de metais para a melodia. “Innocence”, que fala do quanto podemos controlar e conviver com a inocência e o medo, tem base construída sobre uma eletrônica prolixa, com um pulso constante de samplers e loops de piano e ruídos indistintos, incuindo aí um sampler vocal – a única sombra de Medúlla nesta faixa.
Depois de alguns anos aumentando gradualmente o nível de experimentação de sua música, não seria muito difícil prever que, em dado momento, a cantora e compositora voltasse sua atenção para algo menos diletante, na tentativa de relaxar novamente seu processo criativo. Faz todo sentido que isso tenha acontecido agora, uma vez que, durante essa longa fase experimental, possivelmente, Björk esgotou o uso de toda e qualquer excentricidade existente – pelo menos por algum tempo. Isso torna este projeto o mais comercialmente ambicioso da artista – o que, por sinal, foi assumido pela própria gravadora em sua campanha de promoção do disco.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

versão de 128kbps:
senha: seteventos.org
http://www.gigasize.com/get.php/1231166/zutzut.zip

versão de 320kbps:
senha: seteventos.org
http://www.gigasize.com/get.php/1257387/vrumvrum.zip

faixa extra (128kbps) – “Earth Intruders (Mark Stent Extended Mix)”:

http://www.gigasize.com/get.php/1257635/12_Earth_Intruders_Mark_Stent_Exten.mp3

faixa extra (128kbps) – “Innocence (Mark Stent Mix)”:

http://www.gigasize.com/get.php/1257634/13_Innocence_Mark_Stent_Mix.mp3

OBS: o arquivo de 128 kbps inclui três versões alternativas de faixas já presentes no disco: “I See Who You Are (Mark Bell Mix)”, “Earth Intruders (Mark Stent Extended Mix)” e “Innocence (Mark Stent Mix)”. O arquivo de 320kbps não possui as duas últimas, dentre estas 3 faixas, com esse bitrate alto, por isso elas estão disponíveis para download separadamente.

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Björk – Vespertine. [download: mp3]

Bjork - Vespertine

Bjork - Vespertine
Com o devassamento emocional de “Dançando no Escuro”/Selmasongs, Björk enveredou ainda mais dentro da introversão artística e lançou uma de suas maiores obras-primas, o álbum Vespertine. Absurdamente celestial, o disco traz Björk entre murmúrios e gritos nos vocais, acompanhada sempre de instrumentos que enlevam a melodia e as letras em um interminável lirismo. “Hidden Place”, que foi lançado como o primeiro single, é uma das músicas símbolo do projeto: com letras que falam sobre uma paixão tão intensa que inspira uma união algo corpórea, a melodia traz delicados loops e ruídos eletrônicos e um belíssimo coro em um cantar enlevante, ambos guiados pelo cantar de Björk, por vezes suave e em outros desbravador – uma canção soberba. Com versos onde uma mulher revela as intimidades de seu deliciamento amoroso e sexual com seu amante, a artista islandesa infurna-se em enorme introversão e minimalismo em “Cocoon”, já que a melodia é feita apenas dos vocais sussurante da cantora e da delicadíssima programação de ruídos eletrônicos. Logo temos “It’s Not Up To You”, cujas letras revelam o inevitabilidade dos acontecimentos, mostrando que mesmo o que é bom pode acontecer à revelia de nossa vontade e esforço. A melodia mistura o minimalismo da programação eletrônicas feita de loops de ruídos com a grandiosidade celestial da orquestração de cordas, das harpas e coro islândes, todos em perfeita simetria. “Undo”, com letras que tematizam o suave esmaecer de nossas lutas e resistências íntimas, é mais uma faixa que abusa com maestria da mistura de minimalismo e grandiosidade: vocal transbordando suavidade, programação um pouco mais solta, harpas fulgurantes desde a metade inicial e mais tranquila da melodia, e o coral da islândia em uma participação fabulosa na sequência final da canção – um inevitável derramar de lágrimas é bem compreensível ao ouvir esta música, tamanha a perfeição de sua beleza. Com uma melodia constante em uma esplendorosa caixa de música, devidamente acompanhada pelo vocal quase carnal de Björk, por vezes multiplicado, acordes de harpa dedilhados pela fabulosa Zeena Parkins e programação eletrônica complementar, “Pagan Poetry” é exatamente o que revela seu título, poesia em estado puro, onde a cantora compôs versos inundados em sentimento e paixão. Marcando o fim da metade inicial do álbum, temos a instrumental “Frosti”, onde Björk utilizou-se apenas da caixa de música para compor melodia emocionalmente frenética. “Aurora”, com letras que derramam-se sobre o sentimento de perplexidade diante da beleza da aurora e da neve, traz a primeira participação da dupla Matmos, compondo uma base de ruídos eletrônicos mais encorpada e loops de sons captados de coisas bem pouco ortodoxas, como o som do pisar na neve, por exemplo. A composição de acordes da harpa e da caixa da música completam a sonoridade, que é fechada com o vocal mais solto e volumoso de Björk. “An Echo, A Stain” combina a base eletrônica bem composta de Matmos, a usurpante orquestração de cordas, a harpa episódica de Zeena Parkins e o coral de mulheres esquimós em uma melodia algo soturna, que sustenta uma sensação de soturno suspense cinematográfico durante toda a sua duração. A razão para tanto talvez seja o fato de que a letra da música traz versos que revelam sensações baseadas na leitura da peça “Crave”, da complexa escritora britânica Sarah Kane. “Sun in My Mouth” inicia com versos do poeta E.E.Cummings, e prossegue em letras de intensidade poética que não deixam muito à dever ao escritor inglês. A música foi composta utilizando acordes de harpa, celeste e programação eletrônica sutil, com enorme complementação melódica da orquestração de cordas. “Heirloom” tematiza sobre imagens idílicas de sonhos orínicos sobre maternidade e tem a melodia cuja programação eletrônica é a mais encorpada de todo o disco, toda baseada na canção “Crabcraft”, originalmente composta por Martin Console. “Harm of Will”, com letra composta em parceria com o roteirista e cineasta indie Harmony Korine, é uma ode ao músico Will Oldham. A melodia é uma das mais tristes do álbum, sentimento este despertado principalmente pelo vocal sensível de Björk e a orquestração de cordas e o coro enormemente melancólicos. “Unison”, com versos que celebram de maneira emocionanete a união e contentamento obtidos através da compreensão e entrega mútuos, fecha o disco com lirismo exobirtante: a programação eletrônica, composta em parte pela dupla Matmos, preenche os poucos espaços deixados pelo vocal luminosíssimo de Björk, pela melodia espetaculosa da harpa e pela participação mais grandiosa do coro de vozes no disco – a sequência final, que reúne de maneira fabulosa todos os elementos, é intensamente lacrimejante. A música é tão indescritivelmente bela que, se fosse intepretada com toda a pompa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, arrebataria as almas de todos os presente diretamente para o paraíso.
Brotando do traçado delineado na trilha sonora que Björk criou para o filme de Lars Von Trier, Vespertine é um composto sonoro pulsante de sensações, algo difícil de explicar epalavras. É, talvez, o último disco perfeito da cantora islandesa, visto que a idiosincrasia sonora, utilizada com tanta cautela aqui, foi aglutinada e multiplicada em Medúlla e absurdamente extremada na trilha sonora de “Drawing Restraint 9”, resultando em dois discos difícies e excessivamente experimentais. Com a dilvugação da notícia de que nada menos que 7 faixas do próximo disco da artista contarão com produção da praga norte-americana que atende pelo pseudônimo de Timbaland – responsável por ter transformando todas as listas possíveis de “mais pedidas” em um intragável desfilar de rappers e R&B girls protagonizando vídeos ou fazendo participações -, a probabilidade de que a cantora possa ter pulado do extremo do experimentalismo para o extremo do populismo musical não deve ser descartada. Porém, em se tratando de Björk, podemos nos surpreender com um disco que desperte paixão tão imediata quanto foi com Vespertine. É esperar para ouvir.

senha: seteventos

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