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Tag: jenny-wilson

Jenny Wilson – Hardships!. [download: mp3]

Jenny Wilson - Hardships!Há cerca de 15 anos que não se sintoniza uma estação de rádio em qualquer período do dia e da noite sem correr o perigo de expor seus ouvidos à agressão causada pela insuportável mistura de ritmos antes distintos da música negra norte-americana, e que hoje pode ser resumido à um punhado de beats já catalogados featuring moçoilas lançando gritos e “miados” pretensamente sensuais e “manos” que nutrem a ilusão de encarnar a canastrice bad boy ao empostar um vocal que mais se assemelha a um arroto ou por, ao contrário, mimetizar uma voz que, ironicamente, é bem mais frágil e aguda do que a das moças. O conteúdo (?) coincide com a forma, procurando limitar-se a uma ostentação emergente de riqueza ou a enumerar peripécias sexuais do modo mais rasteiro permitido. Pra ajudar a deixar tudo o mais pasteurizado quanto o possível, encarregue um ou no máximo dois sujeitos para produzir os discos de TODOS os contratados do gênero pelas gravadoras e está feito: temos devidamente fabricado metade do catálogo de maior investimento das gravadoras e em média 80% do que estacionou há muitos anos em absolutamente qualquer top ten pelo mundo afora.
Por conta desse massacre sonoro que se mantém onipresente desde meados dos anos 90, fica difícil acreditar que algo de bom possa ser feito dentro destes gêneros musicais. Mas a sueca Jenny Wilson, com a mesma sensibilidade e ironia com as quais tripudiou sobre as agruras do amor e os rituais juvenis em seu disco de estréia, decidiu que essa seria a tarefa para Hardships!, o seu segundo disco.
A princípio isso pode parecer uma idéia que já nasce fracassada por conta dos excessos plantados sem qualquer noção de limite nos ritmos mais em voga da música popular negra norte-americana e que desse modo acabaram sendo fossilizados como suas maiores características. Porém, foi justamente ao manipular ao seu favor as suas excrecências, transformando em beleza e poesia o que na sua origem não passa de sujeira que a compositora conseguiu evocar a graça desejada aos ritmos.
“The Wooden Chair” e “Anchor Made of Gold” são duas das faixas que mais escancaram o poderio de subversão de Jenny ao lidar com o estilo. A primeira adota a rítmica lasciva e dançante dos hits que exploram a sensualidade e a converte em uma música elegante e estudada guiada por um baixo de pulso grave e ornada por clacks, palmas, estalos e tiques percussivos dos mais variados, além claro, de uma linha de vocais impecável; a segunda, com sua melodia entre a balada r&b e o hino soul normalmente resultaria em um single chato e enjoativo, mas trabalhados pelas mãos da cantora sueca os toques de piano e bateria e o cingir dos pratos dão um volume encantável a melodia enquanto os “claps” e backing vocals, tão maltratados pelos americanos, lhe dão um acabamento arrojado.
E são de fato os vocais, tão polidos e reluzentes quanto as jóias de um ourives, que compõe o encanto do musicalidade deste novo disco da artista sueca, como bem prova a música “Hardships” e a curta faixa que lhe faz introdução, “Motherhood”: surgindo em fade in, um coro de vozes em plena sintonia e afinação fascina os ouvidos com uma animada toada de feição gospel sobreposta à um pulsar grave e maciço tão natural que é possivelmente resultado do sapatear em piso de madeira, tudo apenas para abrir espaço para a melodia percussiva e acústica de “Hardships”. Esta apresenta uma música cravejada de cintilantes beats e acordes de piano, violinos e vibrafone com um brilho platinado intenso, mas é o reluzir dourado ofuscante dos vocais ondulantes que dá corpo e sofisticação a harmonia. A balada “We Had Everything” levanta ainda mais os vocais para o primeiro plano, numa composição fabulosa de vozes junto ao cantar esplendoroso de Jenny com o lamuriar deslumbrante de violinos e pianos preenchendo o ar com o aroma doce de sua melodia. Encerrando o disco, “Strings of Grass” sintetiza a experiência de Hardships! com uma música que, assim como o disco, apresenta sinuosidades sonoras rebuscadas que tornam difícil sua classificação, mas que no entanto consegue preservar com tranquilidade nuances suaves ao unir aos vocais piano, sax, flauta e alguma percussão em delicada consonância.
Nem todas as faixas que nascem do flerte da idiossincrasia natural das composições da artista sueca com o soul e o r&b soam atraentes, é verdade, porém os triunfos de Hardships! são suficientemente bons para fazer os poucos insucessos figurarem como meros detalhes. Era de se esperar, uma vez que a moça até se apresentou na capa do disco com a sóbria serenidade de um vestuário à moda Coco Chanel, mas fez questão de mostrar a sua disposição empunhando um belo e amedrontador rifle. Nem era necessário: para dissipar qualquer reminescência que as moças trajadas com o figurino tipicamente Daspu deixaram no r&b, o requinte e a classe de Jenny Wilson, assim como o estranho calor do seu falsetto escandinavo, foram suficientes.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

rapidshare.com/files/211836742/wilson_-_hardships.zip

senha: seteventos.org

Se quiser, leia uma outra opinião sobre o mesmo disco no texto escrito pelo .

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Jenny Wilson – Love and Youth. [download: mp3]

Jenny Wilson - Love and YouthA sueca Jenny Wilson cantou, compôs as músicas, tocou todos os intrumentos e também produziu o seu disco de estréia, Love and Youth. Jesus, mais indie e alternativa do que isso só uma banda da Sibéria que toque berimbaus. Porém, não se assustem: ela fez tudo isso porque sabia que tinha cacife para tanto. Love and Youth é um disco de canções pop/folk que não te surpreendem de imediato, mas que vai construindo o seu espaço devagar no ouvinte. Duas faixas do disco, “Let My Shoes Lead Me Forward” e “Bitter? No, I Just Love To Complain”, se destacam por dividirem a mesma tônica nas letras e melodias: liricamente, ambas as canções falam sobre a resistência e a recusa em seguir regras e princípios – a primeira o faz ao recusar o que aprendemos em convívio durante nossa vida, a segunda concentra-se em recusar de modo sarcátisco e irônico os padrões estabelecidos pela indústria da música -; com relação a música, as duas apresentam uma ambiência pop mais animada, baseada em programação eletrônica variada dos teclados, e um vocal em falsetto durante toda a faixa. Mas a unidade da maior parte das músicas no disco é indicada pelo título do álbum, que não é puro acidente: o tema dominante são as desventuras juvenis, bem como o amor, sempre sob o ponto de vista sarcástico da compositora. Aí se encaixam o pop-rock baseado em guitarra e bateria ligeiras de Love and Youth, que em suas letras descreve com enorme apuro o universo escolar e seus personagens sempre marcadamente caricaturais, o folk-rock de violão e guitarra macios de “Common Around Here”, que narra os rituais de comportamento que fazem os jovens serem aceitos em grupos distintos, e a balada de programação eletrônica e guitarra tristes de “Those Winters”, que trata de um jovem que, aparentemente, é surrado pelas crianças da vizinhança. Contudo, Jenny não ocupa-se tão somente do mundo das amarguras juvenis – há bem mais do que isso em Love and Youth. Em “Would I Play With My Band”, balada de linda suavidade, baseada em programação de tecitura delicadíssima no teclado e em acordes rápidos e sutis de guitarra e violão, uma mulher pergunta-se sobre os caminhos que teria percorrido caso seu grande amor não tivesse morrido. Por outro lado, “Love Ain’t Just a Four Letter Word”, que tem melodia baseada em piano, guitarra, teclado e bateria de acordes e toques graves, breves, mínimos, fala de maneira irônica sobre os efeitos que o amor tem na personalidade de um apaixonado.
Love And Youth só é compreendido pelo ouvinte a medida que ele põe atenção nas letras, entendendo que a artista mostra enxergar o mundo por um viés irônico hiper-sensível. A partir deste momento, qualquer pessoa começa a se apaixonar por esse compêndio de agruras juvenis e amorosas, permeado com falsettos repentinos e meio estriônicos – sempre estriônicos, eu diria.
Baixe o disco utilizando o link abaixo e a senha a seguir para descompactar os arquivos.

[music]rapidshare.com/files/221691550/wilson_-_youth.zip[/music]

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Jenny Wilson – “Let My Shoes Lead Me Forward” (dir. Andreas Nilsson & Johannes Nyholm). [download: vídeo]

Jenny Wilson - Let My Shoes Lead Me ForwardCentenas de sapatos voando, dançando, parados e de todas as maneiras imagináveis são utilizados neste vídeo stop-motion da cantora sueca Jenny Wilson – essa mulher realmente tem fetiche por sapatos. A técnica é muito bem utilizada, e rende algumas cenas bem hilárias, como quando ela é carregada imóvel pelos comodos pelos seus sapatos e na cena final, quando a mulher, de quem só vemos as pernocas, aparece soterrada por sapatos – sem falar na dancinha infame dela, que também é ótima. Baixe o vídeo utilizando este link.

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