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Guillemots – Through The Windowpane. [download: mp3]

Guillemots - Through The WindowpaneGuillemots, que tem como membro um guitarrista brasileiro, é uma das bandas estreantes de 2006. Seu primeiro disco, Through The Windowpane, exibe um frescor melódico e lírico destoantes até mesmo no meio musical alternativo. “Little Bear”, que fala sobre alguém que tenta despedir-se antes de uma longa ausência, já denuncia a qualidade do trabalho da banda como a faixa de abertura: depois de uma introdução de orquestração sofisticadíssima, com apurada coloração cinematógráfica, surge um piano de penosa suavidade, e o vocalista Fyfe Dangerfield inunda de emoção a faixa de abertura com um vocal que causa arrepios e lágrimas quando chega ao seu ápice. O que esperar depois de uma abertura tão arrasadora? Só os versos de “Made Up Love Song #43”, canção em que Fyfe mostra que tudo, mesmo uma latinha vazia de Coca-Cola, passa a exalar poesia quando estamos apaixonados, mostra que a banda é capaz de surpreender muito além da espetacular faixa de abertura. A melodia usa uma introdução feita com a inserção de sampler de orquestração de acordas e ruído de um despertador digital, e logo é seguida por umaa guitarra de acordes fosforecentes, bateria ligeira e vocais de fundo generosamente bem postos, até encontrar seu clamor máximo na ensandecida improvisação do vocal de Dangerfield, desacelerando de maneira genial até encerrar-se. E é justamente um caráter melódico que mais me chamou a atenção depois de finalizar a primeira audição completa do disco: o excelente uso de metais, tanto em melodias animadíssimas como a de “Trains to Brazil” – sobre um homem que ao invés de dormir, remói memórias sobre um amor do passado, desprezando o caos mundial em detrimimento de seu próprio caos – como em músicas mais sorumbáticas como a de “Redwings” – sobre o lento fim de um amor, que termina com a partida de um dos amantes. E a inventividade do grupo não encontra fronteiras, como podemos ver em “Blue Would Still Be Blue”, canção sobre os lamentos de alguém que declara que seria mais fácil enfrentar a vida com seu amor ao seu lado, e “A Samba In The Snowy Rain”, feita de poucos versos que convidam a abandonar o cotidiano e aventurar-se em algo desconhecido. A primeira seria uma faixa “a capella”, não fosse por uma delicada e sutilíssima programação eletrônica que se resume a curtos acordes no teclado, o que deixa espaço de sobre para Fyfe Dengerfield tripudiar em cima da emoção do ouvinte com seu vocal esplendoroso; a segunda é feita de uma melodia algo transcendental, acolchoando o fundo da música com vocais de fundo distantes enquanto, no primeiro plano, vemos uma série de improvisações no teclado e bateria. Há muito coisa boa até chegar no final do álbum, mas é lá, assim como no seu início, que eu fiquei estupefacto – pra usar um termo bem esdrúxulo mesmo. “Sao Paulo”, que relembra amores perdidos nos passado e termina em um clamor poético enlouquecido, é um arroubo sinfônica de onze minutos, repleto de orquestrações épicas e silêncios melancólicos. A melodia divide-se em dois momentos distintos: no primeiro temos uma música mais triste, pesairosa e nostálgica, com alguns instantes mais dramáticos; no segundo temos uma euforia visivelmente improvisada, guiada pelo piano esfuziante, pela instrumentação estremecedora, e pelos vocais extravasados de Fyfe.
Ainda há espaço para surpresas em um mercado tão inflado quanto o da música. Com fartura de lirismo, improvisação e emotividade, todos devidamente envoltos em uma camada generosa de sofisticação, Through The Windowpane surpreendeu tanto crítica quando público. É tanta beleza e arrebatamento que chego mesmo a pensar se um segundo álbum tão bom quanto este é possível. Visto a habilidade de bandas alternativas como Death Cab For Cutie e Thirteen Senses em lançarem discos fantásticos, mesmo sem ousar modificar qualquer coisa no estilo, imagino que o Guillemots não vai deixar por menos em um futuro segundo álbum.
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Jenny Wilson – Love and Youth. [download: mp3]

Jenny Wilson - Love and YouthA sueca Jenny Wilson cantou, compôs as músicas, tocou todos os intrumentos e também produziu o seu disco de estréia, Love and Youth. Jesus, mais indie e alternativa do que isso só uma banda da Sibéria que toque berimbaus. Porém, não se assustem: ela fez tudo isso porque sabia que tinha cacife para tanto. Love and Youth é um disco de canções pop/folk que não te surpreendem de imediato, mas que vai construindo o seu espaço devagar no ouvinte. Duas faixas do disco, “Let My Shoes Lead Me Forward” e “Bitter? No, I Just Love To Complain”, se destacam por dividirem a mesma tônica nas letras e melodias: liricamente, ambas as canções falam sobre a resistência e a recusa em seguir regras e princípios – a primeira o faz ao recusar o que aprendemos em convívio durante nossa vida, a segunda concentra-se em recusar de modo sarcátisco e irônico os padrões estabelecidos pela indústria da música -; com relação a música, as duas apresentam uma ambiência pop mais animada, baseada em programação eletrônica variada dos teclados, e um vocal em falsetto durante toda a faixa. Mas a unidade da maior parte das músicas no disco é indicada pelo título do álbum, que não é puro acidente: o tema dominante são as desventuras juvenis, bem como o amor, sempre sob o ponto de vista sarcástico da compositora. Aí se encaixam o pop-rock baseado em guitarra e bateria ligeiras de Love and Youth, que em suas letras descreve com enorme apuro o universo escolar e seus personagens sempre marcadamente caricaturais, o folk-rock de violão e guitarra macios de “Common Around Here”, que narra os rituais de comportamento que fazem os jovens serem aceitos em grupos distintos, e a balada de programação eletrônica e guitarra tristes de “Those Winters”, que trata de um jovem que, aparentemente, é surrado pelas crianças da vizinhança. Contudo, Jenny não ocupa-se tão somente do mundo das amarguras juvenis – há bem mais do que isso em Love and Youth. Em “Would I Play With My Band”, balada de linda suavidade, baseada em programação de tecitura delicadíssima no teclado e em acordes rápidos e sutis de guitarra e violão, uma mulher pergunta-se sobre os caminhos que teria percorrido caso seu grande amor não tivesse morrido. Por outro lado, “Love Ain’t Just a Four Letter Word”, que tem melodia baseada em piano, guitarra, teclado e bateria de acordes e toques graves, breves, mínimos, fala de maneira irônica sobre os efeitos que o amor tem na personalidade de um apaixonado.
Love And Youth só é compreendido pelo ouvinte a medida que ele põe atenção nas letras, entendendo que a artista mostra enxergar o mundo por um viés irônico hiper-sensível. A partir deste momento, qualquer pessoa começa a se apaixonar por esse compêndio de agruras juvenis e amorosas, permeado com falsettos repentinos e meio estriônicos – sempre estriônicos, eu diria.
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Nouvelle Vague. [download: mp3]

Nouvelle VagueNão costumo me interessar por projetos que tem por base reinterpretação de canções ou de clássicos, ainda mais se eles são guiados por DJs ou derivados. Porém, ao saber há alguns meses que a francesa Camille Dalmais tinha participado do primeiro álbum de um famoso e elogiado projeto dentro do gênero, tratei de obter logo o disco. O grupo em questão é o Nouvelle Vague, organizado por dois produtores franceses, que faz novas versões de músicas, preferencialmente as lançadas nos anos 80 por bandas pertencentes aos movimentos do new wave e punk, particularmente. Interpretadas por um verdadeiro elenco de cantoras, as canções ganham arranjos inspirados na bossa nova brasileira, ganhando ainda tonalidades góticas electro-pop. A canção “Just Can’t Get Enough”, do Depeche Mode, por exemplo, perdeu seu caráter technopop e foi transformada num samba-bossa delicioso, cheio de manha e charme. Irresistíveis arranjos dentro do estilo são mesmo a tônica do álbum, como em “This is Not a Love Song”, do Public Image Limited (dissidente do Sex Pistols), e na doce melancolia de “In a Manner of Speaking”, do Tuxedomoon, cantada com perfeição pela excelente Camille Dalmais. O samba-bossa ganha cores mais delicadas e introspectivas, quase sonoramente utópicas, nas canções “Making Plans for Nigel”, do XTC, e de “I Melt With You” (em interpretação irretocável da cantora francesa Silja), do Modern English. Contudo, há espaço para variações melódicas ainda maiores, fusões do ritmo brasileiro com a suavidade do pop, como em “Friday Night Saturday Morning” do The Specials, com o folk-rock como pode ser visto em “Wishing (If I Had a Photograph of You)”, do Flock of Seagulls e com algo que lembra o punk-rock, como em “Guns of Brixton” (em mais uma participação brilhante da francesa Camille), do The Clash e “Too Drunk to Fuck”, do Dead Kennedy’s.
O diferencial de um projeto como este, entre tantos outros que tem objetivo semelhante, é o fato de que muitas vezes a nova versão da canção retrabalhada se iguala em qualidade à original, quando não a supera por completo: isso é fácil de notar, pois as canções, que pertenciam originalmente a movimentos musicais hoje bem datados, renovam-se e recuperam toda a força graças ao esforço do Nouvelle Vague. Além disso, contribui para a qualidade o ecletismo na interpretação das canções e o fato de que os produtores Marc Collin e Olivier Libaux não restringem seus arranjos ao inicialmente proposto – o ritmos de vanguarda brasileiros -, experimentando com outros estilos até encontraram uma identidade própria para cada música. É um disco imperdível, obrigatório principalmente para os pós-modernos de plantão.
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Kasabian – Empire. [download: mp3]

Kasabian - EmpireEssa banda inglesa, com dois lançamentos de estúdio até o momento, faz um indie-rock superlativo, cujas canções tem melodia quase “over” de tão agitadas: é difícil encontrar um espaço vazio na música da maior parte das faixas. Vemos isso no modo quase incômodo como é explorada a programação eletrônica nas velozes e hipnóticas “Apnoea” (sobre uma revolução popular que almeja acabar com a opressão produzida pelos governantes) e “Stuntman” (que chama os soldados de “dublês”, devido à maneira como prontamente substituem os que já morreram lutando em uma guerra). No entanto, é a fusão de programação eletrônica e indie-rock que faz a tônica do álbum, já que a maior parte das canções foi feita dentro desta concepção harmônica. “Empire” (canção de teor esnobe, que canta os excessos de alguém por quem não temos muito apreço, bem como os nossos próprios), “Shoot the Runner” (que trata em suas letras, de maneira até algo ofensiva, de como os governantes deixam-se tomar pelo sentimento ilusório de supremacia, esquecendo-se que tudo é passageiro e fulgaz, até mesmo o poder) e “Last Trip (In Flight)” (que fala sobre um homem que, de maneira fatalística e inconsequente, tenta conquistar o amor de alguém já comprometido), as três primeira músicas, são um exemplo disso: todas tem instrumentação rock incansável e nervosa, onde guitarras, baixos e bateria são manipulados de maneira explosiva, com um vocal britanicamente arrogante e petulante e uma programação eletrônica profusa e sutilmente saudosista. Embora estas faixas tenham um equilíbrio na sua energia e profusão melódica, outras apresentam um destaque específico dentro da música. É o caso de “Me Plus One” (uma canção que fala sobre uma paixão mal-sucedida e doentia), cujo destaque fica para os acordes econômicos e minimalistas da violão durante toda a melodia e também para a programação eletrônica visivelmente inspirada na música árabe, e de “Sun Rise Light Flies” (que fala sobre o efeito anestésico de um domingo de sol sobre os males que nos afligem) cuja programação eletrônica, que se utiliza de guitarras distorcidas para forrar o fundo da melodia e criar ainda um loop fabuloso de alguns poucos acordes, invade a imaginação do ouvinte como o sol do amanhecer. Por outro lado, “By My Side” (que aparantemente trata dos efeitos de conflitos bélicos sobre as relações humanas ) mostra um Kasabian mais contido, que procura construir a luminosidade da fusão de programação eletrônica e rock com menos pressa e avidez. Porém a última canção do disco, “The Doberman” (que trata de um homem desiludido com a condição do mundo em uma Londres não menos caótica), é isoladamente o destaque absoluto do álbum. A música sustentaria o disco inteiro sozinha, com sua melodia que trabalha um crescendo contínuo de vocais, violões e guitarras algo tristes e bateria acústica marcante, até explodir em um devaneio latino-rocker, cheio de palmas e backing vocals múltiplos.
É bem verdade que tamanha profusão sonora possa estressar os ouvidos do ouvinte, mas também é verdade que a banda faz isso com enorme maestria: mesmo soando cansativo às vezes, Empire é um disco de energia contagiante, irrefreável do início ao fim.
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Coldplay – X&Y. [download: mp3]

Coldplay - X&YEscutando com mais atenção o segundo álbum da banda Coldplay, comentado por mim aqui no blog semana passada, conclui que, apesar da beleza intensa de suas melodias, a dramaticidade excessiva das composições, tanto melodicamente quanto liricamente, deixa um gosto de pretensão suspenso nos ouvidos. O lançamento posterior da banda, X&Y, é um trabalho com muito menor ostentação sonora, visivelmente menos inchado. A tônica do álbum é a rítmica de agitação leve, que exala um breve e agradabilíssimo calor sonoro. Este calor é obtido pelo uso inteligente de programação eletrônica, cujas sonoridades compostas pelo grupo foram introduzidas de forma homogênea nas melhores canções, ao mesmo tempo conferindo-lhes um perceptível destaque na melodia. Assim são “Square One”, “Talk” e “Speed of Sound”. “Square One”, que fala sobre expectativas e reciprocidade nas relações humanas, chama atenção pelo refrão encorpado por guitarras ansiosas e pela sua sequência final contemplativa, baseada em violão. “Talk”, que comenta a confusão, a falta de rumo e sentido da vida contempôranea, surpreende por explorar esplendorosamente a introdução da canção “Computer Love”, da banda alemã Kraftwerk. Porém, no lugar do teclado, as guitarras ficam encarregadas de dar novas cores ao trecho retirado da criação do grupo alemão. E “Speed of Sound”, feita de versos de lirismo abstrato e reflexivo, gerou debates por iniciar-se com acordes de piano que lembram, vagamente, a canção “Clocks”. No entanto, e apesar das críticas por esta similaridade, a música tem identidade propria, sendo um pouco menos minimalista que a do álbum anterior.
Até mesmo as baladas do grupo sofreram alterações devido à maturação artística da banda. No novo disco, fica-se com uma impressão nítida de que elas tem um sentimentalismo menos grandiloquente em suas melodias, uma dramaticidade bem reduzida se comparadas à de “The Scientist”, por exemplo, o que as faz canções menos incômodas para o ouvinte, já que o dramatismo pretensioso das belas baladas do disco anterior arrebatam nas primeiras audições, mas tornam-as cansativas depois de algum tempo. Desta forma, músicas como “What If” e “Fix You” tornam-se músicas bem mais longevas, menos sujeitas ao aspecto nocivo de sucessivas audições. “What If”, que pondera sobre as consequências do afastamento de uma relação afetiva, carrega o piano para o fronte musical novamente, em acordes lentos e tristes, mas menos sofridos do que em composições anteriores da banda, o refrão floresce no ar, sem o peso de querer transformar a música em um hit instânteneo. “Fix You”, que fala sobre o apoio incondicional à alguém que se sente cansado e derrotado, temos um orgão usado de maneira radiante na melodia, que divide-se entre uma primeira parte mais silenciosa e plácida e sua sequência final, arrebatadora.
Porém, a música que me deixou mais estarrecido em todo o disco foi “Twisted Logic”, cujos versos parecem ser mesmo de cunho eco-político. Utilizando a instrumentação tradicional do grupo, a banda conseguiu, novamente utilizando a tônica comedida do álbum, criar uma canção ainda mais pungente que a espetacular “Politik” do disco anterior – a brevíssima reverberação, que ensaia um retorno da melodia na sequência final da música, é de arrepiar.
Depois de três discos, há quem diga, com alguma razão, que o Coldplay é, ou quer ser, o “novo U2″ – obviamente que a maior parte das pessoas que o dizem são fãs da banda irlandesa. Faz sentido se pensarmos que alguns aspectos deste disco o aproximam de “Zoroopa” do U2 (comentado há pouco no seteventos.org), como a participação de Brian Eno e o desejo de que a canção escondida do disco fosse cantada por Johnny Cash, se refletirmos sobre as performances ao vivo do grupo, que ganham o status de experiência única pelos fãs, também encontraremos semelhanças, bem como a tendência ao ativismo politizante das duas bandas. Contudo, o Coldplay, mesmo em seus momentos e facetas mais populistas, é uma banda bem menos afeita à grandiloquencia ambiciosa do U2. E X&Y, com sua vísivel atmosfera equilibrada, é um bom exemplo do caráter mais sutil da banda.
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Coldplay – A Rush Of Blood To The Head. [download: mp3]

Coldplay - A Rush Of Blood To The HeadColdplay é uma banda capaz de canções irresistíveis e outras aborrecedoras. Seus três discos lançados até agora tem essa mesma cararacterística: cerca de metade do disco, ou ainda menos, anima muito, enquanto a outra metade faz o oposto. A Rush Of Blood To The Head é o disco da banda que tem maior quantidade de boas músicas, superando o álbum de estréia e o seu sucessor. “Politik” é a primeira das boas músicas, canção cuja melodia tem dois momentos distintos, mas que na verdade são a variação de uma mesma música: um mais silencioso e intimista, baseado quase que somente em acordes minimalistas de piano, e a sua variação grandiloquente, que intensifica exponencialmente a melodia antes discreta, invadindo o espaço que antes era habitado pelo silêncio com uma profusão de orquestração de cordas, bateria, piano e guitarras – insturmentos que já estavam ali, mas em absorto silêncio. A letra poética tem uma abordagem universal, tratando de coisas que desejamos por toda nossa vida, nas relações humanas que travamos. A faixa seguinte, “In My Place”, é um single clássico, com uma melodia pop/rock bastante atraente e bonita, com bom uso de riffs de guitarra e de bateria cadenciada, com letras românticas simples. “God Put A Smile Upon Your Face” usa em primeiro plano riffs insinuantes de violão, que tem um sutilíssimo sabor meio country/rock. Logo a melodia rock toma a música, quando surgem então uma bateria fortemente sincopada e guitarras que delineam o restante de música, preenchendo todo o espaço restante. A letra fala de maneira irônica sobre como perdemos tempo em algo que parece muito mais uma competição do que uma relação afetiva, por estar repleta de egoísmo, orgulho e esnobismo. “The Scientist” é uma balada linda, guiada em primeiro plano pelo piano triste e sensível, apresentando ainda um violão que mimetiza os mesmos acordes do piano, guitarras, bateria e baixo discretos, e backing vocals e base orquestrada complementar. A letra amplifica a emoção da melodia, falando sobre o desejo de voltar no tempo para recomeçar uma relação que já não existe mais, evitando e corrigindo todos os erros que levaram ela ao seu fim. “Clocks” cuja cujos versos algo retratam pensamentos confusos sobre o que achamos que somos e aquilo que queremos, é a última destas canções. A melodia faz desta, junto com “Politik”, as duas melhores canções do disco: ela foi feita utilizando o mesmo acorde mínimo de piano e leves variações deste pontuando, ciclicamente, toda a música, que vai ganhando a participação de outros instrumentos, mas sempre baseando-se na repetição da mesma melodia mínima. Ainda que sejam só cinco faixas que interessem, A Rush Of Blood To The Head já se destaca pela qualidadade destas canções, que fisgam o ouvinte desde a primeira audição, permanecendo na cabeça por horas, dias. Vale a pena conferir o álbum, mesmo que seja apenas por estas poucas – mas excelentes – faixas.
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Cowboy Junkies – Lay it Down. [download: mp3]

Cowboy Junkies - Lay It Down

Cowboy Junkies - Lay It DownEsta banda canadense, onde três dos quatros integrantes são irmãos, nunca obteve o sucesso que tanto almejou. O seu country-rock, suave, sutil e econômico mantém sua identidade quase intacta até hoje, e atingiu a perfeição no álbum “Lay it Down”, lançado em 1996. Este é um disco de difícil análise, por um motivo muito simples: as músicas mantém um estilo muito homogêneo, com os mesmos vocais macios de Margo Timmins e cujas melodias utilizam praticamente a mesma instrumentação e estrutura. No entanto, há algumas ligeiras diferenças nas melodias de algumas canções, com a destaque sutil para algum dos intrumentos utilizados. As guitarras, por exemplo, ganham uma tonalidade muito compacta, discreta e organizada, sem um mínimo de rebeldia, mesmo quando utilizada de maneira mais vistosa em “Something More Besides You” (que traz questionamentos sobre o amor que sempre esperamos encontrar, e se paramos de buscar algo a mais mesmo quando o encontramos) e na canção que a sucede, “A Common Disaster” (que mostra a altivez de uma mulher segura de que conquistará quem tanto deseja, mais cedo ou mais tarde). Na música-título do disco (cujos versos falam brevemente sobre uma estória de desgraças e resignação), temos a utilização episódica de irresistíveis riffs comportadinhos de guitarra, ao mesmo tempo que amplia-se ainda mais a quietude sonora que é a maior identidade do grupo. “Speaking Confidentially” (com versos repletos de metáforas e comparações muito bem compostas, retratando sentimentos de ódio, revolta e confusão) tem como seu diferencial a bateria mais claramente ritmada, cuja sonoridade foi trazida mais para o primeiro plano da melodia, assim como também destaca-se por utilizar de maneira mais ostensiva um arranjo de cordas que incrementa – e muito – a canção. No entanto, a homegenidade sonora predomina no disco, como podemos conferir nas clássicas baladas suaves e delicadas, que é uma das coisas que a banda faz de melhor. Exemplos disso são “Hold on to me” (que traz em seus versos o comportamento algo indiferente que as pessoas, por vezes, adotam no amor), “Lonely Sinking feeling” (com letras fabulosas, que revelam, atraves de diálogos e pensamentos de dois namorados, o eterno sentimento de confusa insatisfação que nos abate quando atingimos aquilo que mais almejamos no amor) e “Musical Key” (em cujas letras imensamente tocantes Margo canta, utilizando a tradição musical como mote, sobre lembranças doces da convivência com seus pais em sua infância). Porém, apesar do comportamento caráter conservador do trabalho da banda – o que, em nenhum momento, se configura como defeito -, ela ainda conseguiu perpretrar alguma ousadia, como podemos conferir na canção “Come Calling” (que fala sobre um casal cujo relacionamento amoroso está em suspenso) que tem duas versões de diferentes melodias mas com a mesmíssima letra: as versões “His Song” e “Her Song”. A primeira é a versão que retrata os sentimentos de arrependimento do homem, com melodia mais agitada e rápida, e a segunda transmite com exatidão a melancolia e sofrimento pelo qual passa a mulher, com sua música triste, quieta e lenta. Fechando o disco, e preservando o ritmo melancólico, da faixa anterior, temos “Now I know”, canção de curta duração cujo destaque na melodia fica para o violão e em cujas letras resume-se, em poucos versos, o âmago do que é sofrer.
“Lay It Down” é um disco de audição fácil, que mantém em seu todo uma textura tranquila e algo contemplativa, feito para ser escutado seguidamente no mesmo dia, desfiando nas audições cada detalhe elegante dentro das ligeiras diferenças melódicas das canções. Baixe já o disco utilizando o link abaixo e a senha para abrir o arquivo.

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U2 – Zooropa. [download: mp3]

U2 - ZooropaÉ mais do que verdade afirmar que tenho enorme ignorância no que se refere ao trabalho da banda irlandesa U2. Deles tenho conhecimento de poucas músicas de toda a carreira, algumas de suas origens, outras mais recentes. Mas esse ignorância confessa tem uma razão de ser: o único disco da banda que conheço integralmente é Zooropa, de 1993. Infelizmente, tentei começar a conhecer U2 no trabalho mais desafiador de sua carreira, e isso acabou gerando uma enorme frustração e desinteresse com os outros álbuns. Ouso declarar, dentro de minha ignorância, que tive o azar de começar com o melhor disco da banda, um dos únicos que ouvi até hoje que apresenta sete faixas fabulosas, consecutivamente.
A primeira delas é a soturna faixa título do disco. “Zooropa”, conta com fantástica introdução soturna, à base de piano e guitarras em solos dramáticos e distantes, e entre ruídos difusos e retrabalhados, registros de vozes captadas, vocais manipulados, samplers e loops de guitarras e eletronismos diversos, Bono Vox canta versos que celebram, de maneira irônica, o progresso da Europa pelo uso e aplicação da tecnologia. “Babyface”, maravilhosa canção de amor confesso à uma ninfeta, apresenta Bono cantando em vocal duplo, com sua voz natural e outra em meio-falsetto, com um delicado tilintar eletrônico e diversas guitarras de sonoridade distorcida e rústica ao fundo, tudo devidamente acompanhado pelos loops e samplers algo espaciais que invandem todas as canções do álbum. “Numb”, com letra repleta de versos que censuram tudo que possa ser imaginado, traz uma exceção na discografia da banda, já que o vocal à frente da melodia, em tom recitado, é o do guitarrista The Edge, com versos cantados em falsetto por Bono ao fundo e outros vocais difusos. A música inicia com uma percussão minimalista e samplers de acordes cortantes de guitarra. A medida que avança a bateria vai sendo encorpada e a canção ganha exponencialmente mais ruídos indistintos, até virar um caos sonoro, guiado pelo vocal genialmente blasé de The Edge. Voltando à crítica tecnológica, em “Lemon” a banda fala sobre como o homem, ao alterar a sua vida com a o avanço tecnológico, esquece as coisas mais simples que almeja. O vocal em completo falsetto de Bono Vox guia a música, e é acompanhado pela sua própria voz multiplicada e coberto pela melodia cuja base é toda feita em samples sôfregos, loops hipnóticos e bateria compassada. “Stay (Faraway, So Close!)” foi tema de “Tão Longe, Tão Perto”, a sequência do idolatrado “Asas do Desejo” do diretor alemão Win Wenders. A música é uma das primeiras, depois de quatro faixas, a deixar a guitarra soar seus acordes com naturalidade. Apesar da estrutura clássica, uma espetacular melodia triste e pesairosa cantanda por Bono sem medo de deixar brotar a sua emotividade, a base de samplers retorcidos prossegue ao fundo, com mais descrição. A letra retrata um cotidiano de eventos imutáveis, tão automatizados que nos torna insensíveis e já não nos afeta mais. “Daddy’s Gonna Pay for Your Crashed Car” apresenta introdução opressiva, lembrando um pomposo hino militar, que logo é suplantado pela mistura agitada de reverberante bateria acústica e programação eletrônica de loops agitados e nervosos. Bono solta seu vocal com ironia e muita vontade em boa parte da música, o que coincide com as letras que falam sarcasticamente sobre a tentativa de independência de alguém que não consegue se livrar dos cuidados paternos. “Some Days Are Better Than Others” é feita de versos perfeitos que encantam o ouvinte na primeira audição ao listar inúmeras situações e sensações positivas e negativas em nosso aparentemente interminável cotidiano. Da mesma forma que as letras, a melodia captura logo quem a escuta, com seu baixo gingado e deliciosos loops de riffs de guitarra que surgem no refrão da música, seguida por programação eletrônica fantástica.
Não sei se foi sorte ou azar, apenas sei que Zooropa satisfaz com folga a minha vontade de ouvir U2. Da forma como se encontra hoje, considerada fenomenal, altamente politizada e inteligente até por uma pedagoga ignorante que mal sabe o que é música, duvido que a banda consiga produzir algo tão excitante musicalmente quanto esse maravilhoso universo de canções irônicas e tristes, iluminadas por um eletro-rock espetacular – em grande parte graças ao toque pós-moderno da produção de Brian Eno. Eu não reclamo – tenho meu Zooropa aqui a meu dispor, satisfatoriamente alimentando com louvores a minha paradoxal nostalgia futurista.
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Tanita Tikaram – The Cappuccino Songs. [download: mp3]

Tanita Tikaram - The Cappuccino SongsNão sou exatamente um fã de Tanita Tikaram: a maior parte de suas composições são de um folk tão desigual e estrambólico que fica muito, mas muito difícil passar de uma faixa para a outra, tentando achar algo que agrade dentro de todo um disco. Com Lovers in the City, de 1995, a cantora e compositora alemã iniciou uma mudança em sua música que tornou suas canções bem menos bizarras. Assim, ao me deparar, lá em 1998, com o disco The Cappuccino Songs, eu já conhecia a sonoridade amoníaca de Tanita mas, olhando a simpatíssima capa deste seu novo – à época – álbum, me senti compelido a arriscar. E, ao fazê-lo senti-me estupefato, tamanha a surpresa ao constatar a mudança absurda na sonoridade de suas composições. Tanita Tikaram simplesmente pulou de um extremo para o outro, jogando do topo de um arranha-céu toda a esquisitisse folk que tinha criado e mergulhando num projeto de música pop até o último fio do seu cabelo. O disco é tão repleto de orquestrações de cordas, de acordes algo óbvios de piano, de backing vocals e letras românticas que chega, em alguns momentos, e soar um pouco cafona e piegas – mas nem por isso deixa de ser um belo disco de música pop. Qualquer pessoa que tenha ouvido alguma coisa composta por Tanita antes do álbum Lovers in the City já vai se assustar com a faixa de abertura, “Stop Listening”. A música já começa com uma introdução grandiosa e ligeira de sua onipresente orquestração de cordas, que cede logo o lugar à voz grave e macia de Tanita. Uma percussão suave acompanha a sua voz, até que as cordas tomem novamente a melodia, junto com um piano de acordes melosos mas perfeitos dentro da música, que então sucede momentos mais calmos e outros de absoluta quandriloquência melódica. O lirismo excessivo da melodia é reflexo da letra, que trata da turbulência de sentimentos e desejos paradoxais em uma relação afetiva. “Light up My World” utiliza a base orquestrada de forma mais comedida, dando mais destaque à tecitura acústica do violão, à percussão suave, à bateria complementar e ao vocal de tonalidades românticas. A letra fala sobre um amor do passado, um relacionamento que apesar de ter chegado ao fim ainda fascina e apaixona. “Amore Si”, que questiona em suas letras se o amor está sempre atrelado à dor e ao sofrimento, é uma das melhores faixas deste álbum: a melodia é perfeita, com um piano de acordes doces e melancólicos, uma percussão luminosíssima, orquestrações na medida exata e um violão que completa a música em momentos decisivos. O vocal de Tanita, que foi mixado em várias camadas da melodia, entoando diferentes versos ao mesmo tempo, fecha o trabalho iniciado pela instrumentação de maneira esplêndida – tente ouvir apenas uma vez, sem voltar a faixa outra vez (é verdadeiramente impossível). “Back in Your Arms”, assim como a primeira música do disco, utiliza um pouco excessivamente a orquestração na melodia, bem como um teclado mínimo – ainda bem – e um backing vocal tão batidos que deixa um gostinho um pouco ordinário à canção. No entanto, graças aos vocais delicados de Tanita e à sequência final do trabalho de orquestração, a música consegue cativar. Na letra Tanita suplica sentir, ao menos uma vez mais, todo o conforto de um amor perdido. A faixa subsequente, a música-título do disco, retrata em sua letra episódica um flerte despretensioso em uma cafeteria, que se converte na esperança de ser o amor de toda uma vida. A melodia é composta de um trabalho cuidadoso de programação eletrônica, que ganha no refrão a companhia do teclado de acordes sutis e da orquestração de cordas complementar. O vocal e vocais de fundo da própria Tanita, adocicados e suplicantes, são acompanhados por uma ou outra fala em italiano, o que confere uma atmosfera cotidiana e cosmopolita à canção. “I Don’t Wanna Lose At Love” destaca-se pela sua orquestração de cordas de intensa beleza folk, o que faz de certo modo a canção fugir um pouco da intensidade pop do disco, apresentando também uma programação eletrônica feita de loops usuais que misturam-se à melodia de forma bastante homogênea. Na letra da música, vemos o desejo de conquistar o objeto de uma paixão algo platônica. Em “I like this”, o vocal da cantora apresenta-se entre o sussurrado e o sentimental, e em cuja melodia temos como destaque, à semelhança de outras faixas, uma bela fusão de programação eletrônica mínima e orquestração de cordas sobressaltante, com participação importante de ótimos acordes ao violão. “I knew you” fecha o disco escancarando, sem vergonha e com vontade, uma descarada inspiração latino-americana – acordes de piano, violas, violinos, vocais e backing vocal estão todos mergulhados num tcha-tcha-tcha animadíssimo e requebrante. A letra simples fala da constante prática de disfarçar sentimentos a atitudes e uma relação afetiva.
Parece evidente que a idéia deste disco foi tentar amenizar os aspectos mais idiossincráticos da música de Tanita Tikaram, tentando torná-la popular da maneira que ela nunca foi – isso ficou evidente até mesmo na sua maneira de cantar, já que seus vocais soam nitidamente menos abrasivos, bem mais suaves e macios. O mais estranho nisso tudo é que mesmo a empreitada não tendo obtido sucesso, a cantora decidiu manter as modificações no seu estilo, como se pode observar em seu mais recente lançamento, Sentimental – um disco que funciona como uma versão mais polida deste aqui. Porém, mesmo com alguns excessos de floreamento pop, The Cappuccino Songs é um bom disco, delicioso de se ouvir sem muito pretensão e com algumas faixas preciosas. Não deixe de arriscar, como fiz eu, atirando totalmente no escuro ao comprar este CD, há oito anos atrás – mal não há, já que aqui você vai obter as músicas todas de graça.
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Thom Yorke – The Eraser. [download: mp3]

thom_yorkeMesmo não sendo fã da banda Radiohead, gostando apenas de algumas poucas faixas de seus álbuns, resolvi arriscar ouvir The Eraser, o álbum solo do vocalista da banda. Foi uma boa idéia – mesmo o disco não se revelando estar entre as minhas preferências, há ali um projeto sonoro bastante coeso e faixas bem acima da média.
O disco inicia com a idiossincrasia da faixa título do álbum que, como a maior parte das faixas do disco, é essencialmente eletrônica. O sampler de um piano repete-se continuamente ao fundo, enquanto ruídos intencionalmente sujos encorpam a base da canção e sobrepostos pelo vocal anasalado de Yorke, que ao mesmo tempo segue e foge da limitada melodia. Na parte final da canção a base eletrônica é re-sampleada e ganha um ruído abafado ainda maior, sumindo aos poucos e deixando o cantarolar baixo do cantor para encerrar a música. A letra trata dos jogos de aparência, as traições e segundas intenções que integram ambos os lados de uma relação afetiva. Logo depois temos “Analyse”, um dos pontos altos do disco, com letras que falam sobre a insistente busca humana de um sentido maior na vida que, geralmente, deixa os que travam esta busca mais confusos do que antes de terem a iniciado. A melodia é bem menos minimalista e seca do que a anterior: os acordes do piano ousam ser mais melódicos e emotivos, acompanhados por uma base eletrônica complementar constante que, apesar de bastante sincopada, complementa estranhamente bem a beleza do piano e vocais fabulosamente sensíveis de Thom Yorke. “The Clock”, a faixa seguinte, tem baixo bem mercado e um loop curto constante, feito à base de ruídos eletrônicos e samplers hiper-minimalistas de guitarra e de percussão. O vocal de Thom aparece em várias camadas diferentes pela melodia, que no âmbito geral produz uma sensação de desconforto urbano pós-moderno. A letra, como indica o título da canção fala do tempo, mas dentro do espaço da relação afetiva e das ilusões e desejos dentro delas construídas. “Skip Divided” é a canção em que Yorke menos utiliza os seus famosos falsettos, preferindo cantar com uma voz menos empostada e mais natural. Funciona muito bem dentro da melodia de tons noturnos, recheada de eletronismos obscuros e vocais de fundo distorcidos e redistorcidos que, de tão bruxuelantes, me lembram as melhores passagens da inspiradíssima trilha sonora de Wojciech Kilar para o filme “Drácula”, idealizado por Francis Ford Coppola. Na letra, Thom Yorke disseca a dor, agonia e descontrole doentios que a simples visão e proximidade de alguém por quem nos apaixonamos pode despertar. “And It Rained All Night” inicia com uma miríade de ruídos eletrônicos que se entrelaçam em uma espiral sonora, até serem estranhamente sobrepostos pela acústica de baquetas de bateria sendo batidas uma contra a outra. O loop das baquetas prossegue continuamente, enquanto surge na música mais um riff marcante do baixo e um teclado que lembra o som de um temerim, algo claramente inspirado em filmes de terror e suspense cheios de soturnas figuras alienígenas – loops e samplers sujos de ruídos indistintos ou de guitarras deformadas também perfazem a melodia delirante da canção. A letra contribui na preservação do clima perturbardo da melodia, falando sobre uma noite de sono perdida por um ruído incômodo de chuva, o que abre espaço na mente cansada para ser tomada por delírios de Nova Iorque ser completamente alagada por águas torrenciais – faixa de clima mórbido interessantíssimo. “Harrowdown Hill” é outra canção que se destaca no álbum, apresentando um baixo (ou guitarra?) de presença forte na música, funcionando quase como uma bateria, cujos acordes dedilhados se repetem ciclicamente durante toda a canção. Sonoridades sobressalentes são construídas pelos loops minimalistas que complementam a base da canção e também pelo constante orgão de leve variações melódicas, que potencializa a sensibilidade do vocal de Yorke e produz uma pausa na sequência final, acompanhada brevemente por acordes espaçados e adocicados de piano que deixam o ouvinte suspenso na melodia por alguns instantes. Yorke declarou que sua letra foi baseada na morte de David Kelly, o cientista que derrubou, usando provas e estudos, as motivações britânicas – e consequentemente americanas – para a invasão do Iraque. Mas, analisando a revelia deste dado, pode-se dizer que a letra trata do desejo humano de fuga e de revolta diante da confusão e desprezo sobre as individualidades e sentimentos.
The Eraser não compraz ainda uma sonoridade que grade em extremo, nem faz seu criador passar muito mais notado por aqueles que nunca o tiveram como preferência. No entanto, o disco revela que Thom Yorke é capaz de modificar a sua idiossincrática veia criativa para atingir uma outra parcela de público sem, no entanto, colocar em risco a identidade musical criada com tanto esmero e afinco à frente da banda Radiohead. É um grande mérito já que, algumaa vezes, projetos solo descambam para algo sem novidade alguma, servindo apenas ao propósito de apaziguar o ego de uma artista que se sentia tolhido ou pouco livre para expressar-se.
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Sim, eu já tinha postado este álbum por aqui. No entanto, tinha feito isso sem escrever uma resenha. Me dei ao direito de refazê-lo, agora que o escutei com cuidade e avalei. (Re)Aproveitem.

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