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Tag: musica

Portishead – “Chase The Tear” (dir. John Minton). [download: mp3 + vídeo]

Portishead - Chase The TearPra quem ficou dez anos afastado do estúdio, a animação dos membros da banda Portishead em lançar um novo disco para não deixar o seu último lançamento tão solitário é um tanto surpreendente. Segundo declarações de Goeff Barrow, o sucessor de Third pode chegar aos ouvidos do público ainda no decorrer do próximo ano. Mas os fãs mais inquietos em obter material inédito da banda podem matar a vontade até lá degustando o aperitivo liberado pela banda esta semana, a faixa “Chase The Tear”, possível candidata a integrar o tracklist do futuro novo disco.
Lançada como single digital com toda a renda da venda revertida em doação para a organização Anistia Internacional, a canção percorre os mesmos caminhos traçados em Third: sobre uma base em loop que sutilmente sofre graduais e cíclicas mudanças de tonalidade, sem nunca alterar o hipnótico pulso de ritmo rigoroso, os membros da banda lançam intervenções ocasionais de guitarra e sintetizações enquanto Beth Gibbons libera os versos da música com o vocal mais emblemático do trip-hop mundial. Curiosamente, foi só ao escutar esta nova canção que me dei conta do quanto essa recente predileção do Portishead por bases de cadência mais curta, cíclica e repetitiva, inaugurada em Third, guarda alguma semelhança com composições mais minimalistas e um tanto preguiçosas do Radiohead – basta lembrar de “Idioteque”, por exemplo. Obviamente que se tratam de grupos de estilos consideravelmente distintos, mas não há como negar que desde o disco lançado em 2008 que algumas semelhanças podem ser mesmo encontradas entre Portishead e Radiohead além dos seus nomes – engraçado que só agora notei que o estilo sofrido e amargurado é compartilhado entre ambos os vocalistas das duas bandas.
Um vídeo bastante simples também foi produzido para acompanhar o lançamento do single, filmado em preto e branco pelo diretor John Minton e retratando Beth Gibbons, Geoff Barrow e Adrian Utley aparentemente simulando em conjunto o processo de produção e interpretação da canção em estúdio – interessante notar como o vocal de Gibbons reflete-se em sua postura retraída e introspectiva ao cantar, bem como o estilo sempre casualíssimo da banda no uso dos trajes e na condução de sua performance.

Portishead – “Chase The Tear” (mp3)

Portishead – “Chase The Tear”: Youtube (assista)download

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Ariana Delawari – Lion of Panjshir. [download: mp3]

Ariana Delawari - Lion of PanjshirComo a maior parte das coisas na internet, chega uma hora que você acha uma utilidade pra tudo e acaba simpatizando com os serviços, até alguns que causam pré-irritação por conta do hype. Vejam só que coisa: eu cheguei a repudiar blogs – faz muito tempo, obviamente. Agora foi a vez do Twitter. Minha implicância com o serviço era pública – falei sobre isso em um post há alguns meses aqui no seteventos.org -, mas eu decidi que era hora de tentar encontrar a graça do serviço – e acabei encontrando. Foi vasculhando perfis aqui e acolá, tentando entender a dinâmica da coisa toda, que dei de cara com o Twitter de David Lynch. Sim, o próprio, o lendário criador de algumas das coisas mais estranhas da TV e cinema americanos. O fato por si só já despertou meu interesse, mas acabei ficando um tanto desanimado ao ver que o lado místico do diretor o fazia postar mensagens do gênero no seu perfil. Mas como muitos fazem no serviço, David solta uma ou outra dica nas suas mensagens, e resolvi clicar e conferir uma delas, sobre Ariana Delawari, uma cantora cujas feições denunciam uma herança meso-oriental e, descobri depois, que foi apadrinhada pelo diretor e teve seu primeiro trabalho financiado pela produtora de Lynch.
Ariana, que já se apresentava em shows há algum tempo, era antes conhecida pelo pseudônimo Lion of Panjshir, termo que servia de nome de guerra – literalmente falando – a um estudande de engenharia afegão que se tornou um dos maiores heróis do país ao liderar a resistência contra o exército soviético na tentativa de invasão destes ao Afeganistão e que, anos depois, foi assassinado dois dias antes da ocorrência dos ataques de 11 de Setembro. Durante a produção deste seu primeiro disco, a artista trocou o papel exercido pelo pseudônimo, adotando-o como o título do trabalho, atitude que sinaliza a presença de uma inevitável carga política no álbum. Mas apesar de que as referências aos imensos problemas enfrentados pela sua terra-mãe acabem sendo relevantes e funcionem bem nas canções, é o seu caráter sonoro que desperta a atenção. Partilhando tanto da influência ocidental quanto da herança afegã, Ariana apresenta e funde no seu primeiro disco as diferentes identidades musicais das duas culturas, compondo tanto canções que pertencem à uma quanto à outra, bem como criando melodias multi-culturais, que misturam elementos destas e até de outras culturas. As feições woodstockianas de “San Francisco”, introduzida com a placidez melódica do folk que logo reverte-se em uma música onde as guitarras tropejam acordes ligeiros para acompanhar a bateria cuja cadência segue um transe imutável, transpirando uma sonoridade que remete a trilhas do cinema faroeste enquanto Ariana guia os versos em um cantar revestido de tenacidade e audácia são certamente fruto de toda a carga musical que a artista recebeu em sua criação nos Estados Unidos. Também descendem da tradição ocidental o piano de registro grave e baixo e as cordas e sopros que florescem em meio a melodia de “We Live on a Whim”, assim como a melancolia e abandono despertados pela vocal e pelos acordes entre esparsos e ligeiros de “We Came Home”, canção que fecha o disco. Já “Laily Jan” pertence de corpo e alma à sua ancestralidade afegã, pois não apenas é cantada na sua língua de origem mas exibe todas as colorações da música tradicional do país, com direito à toda sorte de instrumentos típicos encadenciados em uma melodia folk-étnica. Com a introdução climática de um rabab que vai aos poucos ganhando a companhia de contínuos acordes de cítaras e dilrubas e a percussão hipnótica das tablas em um crescendo de densidade melódica e rítmica, “Singwind” também partilha do espírito musical do país asiático, porém recebe um sutil tempero ocidental ao ter seus versos cantados em inglês na bela voz da cantora. E é exatamente ao fazer uso da feitura mais multi-cultural de sua personalidade que a cantora acaba construindo o momento mais inspirado do disco, “Be Gone Taliban”. Com uma melodia enormemente imagética, a canção mistura o efeito ritualístico do conjunto de instrumentos afegãos com o dinamismo cinematográfico do arranjo de cordas exasperantes e do cantar repleto de emoção, pontuado por cânticos de feições religiosas. O resultado é uma música de atmosfera intensamente épica e de coloração fascinantemente luminosa.
Se a empreitada musical de Ariana tiver proseguimento, haverá ainda um bocado a ser lapidado e agregado no seu trabalho com as melodias, já que por vezes elas soam obtusas e opacas, porém os momentos mais frutíferos deste seu primeiro lançamento comprovam seu talento e perícia em criar canções exuberantes e sedutoras para os ouvidos. Basta apenas a ajuda do tempo e o auxílio de um produtor mais experiente e versátil para que a artista encontre o foco e consiga buscar e aliar o melhor das culturas tão diversas que convivem dentro dela própria.

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A Camp – Covers EP. [download: mp3]

A Camp - Covers EPEnquanto a banda The Cardigans não dá o ar de sua graça com um novo álbum, Nina Persson promove seu projeto paralelo, cujo segundo lançamento, o álbum Colonia, ganhou vida no fim de janeiro deste ano que está em vias de se encerrar. Das sessões deste disco, ao menos três regravações de canções de outros artistas e bandas foram feitas, duas das quais foram liberadas ao público como B-sides do single “Love Has Left The Room”. Em junho último, porém, a banda formada por Nina, seu marido Nathan Larson e o músico Niclas Frisk decidiu por bem reunir as duas faixas lançadas e a única ainda inédita em um álbum no formato exclusivamente digital, que foi batizado simplesmente como Covers EP. Nas três músicas que compõem o disco, Nina e seus comparsas procuraram redecorar as melodias de forma não-evasiva, impregnando-as com o estilo preponderante do A Camp de Colonia mas preservando a essência que forma a identidade original de cada uma das canções. Em “Boys Keep Swinging”, originalmente gravada por David Bowie no seu álbum Lodger, o trabalho do A Camp lembra enormemente o do cantor britânico, já que a melodia continua tomada de uma verborragia sonora proveniente da esquizofrenia das guitarras e do saturamento promovido pelos backing vocals, a diferença mais perceptível seria o andamento levemente mais acelerado da música, mas que ainda refaz a rítmica sacolejante tão famosa do Bowie dos anos 80. “Us and Them”, conhecida faixa do disco Dark Side of the Moon, dos ingleses do Pink Floyd, também mostra-se razoavelmente fiel ao original, recuperando nos vocais, tanto na reverberação dos versos entoados por Nina Persson quanto nos que preenchem o fundo com tonalidades gospel, a melancolia com ares épicos que é característica de muitas composições do Pink Floyd – algo, por sinal, que eu já tinha notado o A Camp ter utilizado de forma primorosa em Colonia na faixa “Chinatown”. E em “I’ve Done It Again”, a linha harmônica do baixo permanece com as propriedades originais da versão de Grace Jones inalteradas, assim como o ritmo da música, que ganha apenas a companhia de alguns toques ao piano, sopros e sintetizações ocasionais.
É claro que três faixas são bem pouco, mas com elas o A Camp dá uma idéia do que como a banda soaria se decidisse se aventurar em um disco de covers: cautelosa com o trabalho alheio sem deixar de colocar sua porção de charme e elegância em cada uma das canções escolhidas. Eu só esperaria um repertório um pouco mais garimpado, já que a música de Grace Jones bem poderia ter sido substituída por tantas outras muito mais interessantes.

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Émilie Simon – “Dreamland” (dir. Asif Mian). [download: video + mp3]

Émilie Simon - DreamlandEm meio a tanta coisa que você quer ouvir, ver e ler, muitas outras acabam sendo adiadas. Assim é que até hoje não consegui dar atenção à uma pá de artistas como, por exemplo, Émilie Simon. Já ouvi trechos das músicas de seu álbum Végétal, mas como a garota na época não me atiçou inteiramente, acabei esquecendo. Porém, hoje acabei topando com o vídeo de uma das músicas de seu novo álbum, The Big Machine, e desta vez sim o meu interesse acabou sendo despertado. O clipe dirigido por Asif Mian se mostra capricha no onirismo, já de início colocando a cantora em um jantar com frutos do mar au naturel – e não posso deixar de notar que o siri poderia ao menos estar mergulhado na água – ao vasculhar uma mansão de estilo aristocrático tomada por manifestações estranhas, como paredes que comprimem recintos e escadas que lutam contra a vontade de quem as sobe. A fotografia em tons escuros reforça o caráter algo gótico do filme e a coloração do vocal da artista francesa, bem como o seu pop que flerta com muita classe com sintetizações, acaba lembrando outra cantora que trafega por terras igualmente idílicas: a britânica Kate Bush. Mas Émilie tem um aroma próprio que acaba soando sensivelmente mais contemporânea que a veterana artista inglesa, ainda que carregue uma certa aura de nostalgia com os acordes dramáticos ao piano que introduzem a música e a programação eletrônica equilibrada no melhor do que já foi feito no início dos anos 90. Se todo o restante de seu novo trabalo preservar estes traços sedurotamente elegantes, vai cair no meu gosto fácil, fácil.

Émilie Simon – “Dreamland” (mp3)

Émilie Simon – “Dreamland”: Youtube (assista)download

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Muse – The Resistance. [download: mp3]

Muse - The ResistanceToda vez que uma banda ou artista ensaia uma mudança de sonoridade isso não é feito sem causar certo desgosto em boa parcela dos fãs. Em parte, a banda britânica Muse já tinha vivido essa experiência com o disco Black Holes & Revelations, lançado em 2006, só que os shows da turnê do lançamento deste álbum foram aclamados pelo público e pela crítica, e desse modo o impressionante poder da banda ao se apresentar no palco fez com que os fãs frustados olhassem com mais carinho para o disco. Com The Resistance, álbum a ser lançado oficialmente dentro de algumas horas, o fato provavelmente vai se repetir em alguma medida, isto se ele não se apresentar com uma intensidade razoavelmente maior.
O novo disco mostra que os passos dados em Black Holes & Revelations não foram apagados desde seu lançamento; na verdade abriram caminho para que a banda trilhasse novamente espaços lá percorridos, sem medo de escandalizar alguns fãs ao misturar seu rock com elementos genuinamente pop. Sim, porque se alguns fãs até torceram o nariz ao ter o primeiro contato com “Supermassive Black Hole” e algum tempo depois descobriram a beleza descaradamente dançante e chacoalhante da canção, certamente eles já estarão preparados para “Uprising”, que conta com uma bateria bem marcada e uma camada generosa de riffs de guitarra acompanhados por palmas que alimentam a cadência da música e sintetizações que acolchoam a melodia, mas o que esperar da reação destes fãs ao ouvir a ousadia da banda em “Undisclosed Desires”, que joga o rock para escanteio e coloca em cena um pop com batida eletrônica, pizzicatos e vocais grudentos e algo rasos que remetem à uma mistura do synthpop poderoso do Depeche Mode com a rítmica rastejante do R&B da atualidade? Não é uma música fácil de se engolir, e deve-se admitir que considerando-se o panteão de composições da banda ela é realmente fraca, mas não deixa de ser uma música cativante e, por que não, realmente sincera.
Porém, o medo ou repúdio fica mesmo resumido à esta faixa, pois The Resistance é um disco com o rock da banda, sempre repleto de inferências sonoras épicas e grandiloquentes marcando presença com orgulho, como em “Unnatural Selection”, que nasce com um orgão cheio de fulgor messiânico, logo é assaltada por bateria, guitarras e baixo ferozmente ensandecidos e ondula com uma ponte sonora em que a melodia é desacelerada, ganhando tonalidades mais melódicas. Soa dramático? Mas essa é realmente a palavra que melhor define faixas como esta e “MK Ultra”, que além dos riffs incandescentes de Matt na guitarra e Chris no baixo e da energia e versatilidade de Dom na bateria, ainda conta com algumas sintetizações que complementam o estado de emergência sonoro da canção. “Guiding Light” preserva o imperativo sonoro com a bateria e baixo em pulso rompante contínuo e nos acordes da guitarra que variam entre o melódico e o rascante durante sua execução, mas o compasso nunca é acelerado, cultivando uma harmonia triste e suplicante. Por sua vez, a faixa título do disco, “Resistance”, vai mais longe, ou melhor, volta mais atrás: além de apresentar o trabalho fabuloso de Dominic na bateria e Chris no baixo, que se encarregam de construir uma base sincopadíssima para a melodia onde brilham acordes nostálgicos de piano e o vocal escandalosamente irretocável de Matthew, a música é introduzida e pontuada por uma sintetização fantasmagórica que remete ao trecho final da harmonia de “Citizen Erased”, uma das canções brilhantes do segundo álbum da banda, Origin of Symmetry.
Não é difícil de se observar, porém, que a marca mais estridente deste quinto disco de estúdio da banda britânica não é o tempero pop que se verifica na sua escala auditiva, mas as suas recorrentes referências à música erudita. Nesta categoria, primeiramente o que se encontra são as citações explícitas à obras famosas do gênero, contudo mesmo partilhando essa similaridade há variações no modo como isto é feito em cada representante deste grupo de músicas. Por exemplo, enquanto “I Belong To You/Mon CœurS’ouvre à ta Voix”, deliciosa faixa com sabor de música de cabaret pelo virtuosismo de Matthew no piano e pela interferência de um clarinete, se resume à referência mais simples por conta do interlúdio no qual o vocalista se rasga nos versos extraídos de uma ária da ópera “Sansão e Dalila” do compositor francês Camille Saint-Saëns, “United States of Eurasia ( + Colletral Damage)”, apesar de ser fechada por uma reinterpretação doce e terna de um dos Noturnos de Frédéric Chopin, não se contenta com pouco e se derrama em uma orgia sonora com variações melódicas bipolares que vão dos acordes no piano, vocais e suíte de cordas mais contemplativos até uma explosão faraônica de guitarras, baixo, bateria, vocais e orquestração de cordas ultra-dramáticos ebulindo reminescências que vão desde óperas-rock emblemáticas até composicões para o cinema como a trilha de Maurice Jarre para o fabuloso “Lawrence da Arábia, do diretor David Lean. Porém a banda não se resume à citar clássicos, ela também quis compor os seus. E assim é que a peça sinfônica “Exogenesis Symphony” foi escolhida para fechar o trabalho como o grandioso monolito que sintetiza a essência deste disco. Dividida em três partes – “Overture”, “Cross-Pollination” e “Redemption” – e estendendo-se por quase 14 minutos, a peça é iniciada com arranjo de cordas e sopros que criam uma ambiência esvoaçante que ganha a adição dos instrumentos do trio britânico e do vocal quase transcendental de Matthew Bellamy, sucedida por orquestração que é capitaneada por um solo dedilhado com maestria ao piano que logo é promovido à um rock glorioso e revertido novamente à instrumentação que introduziu a sequência e é fechada com uma serena harmonia guiada por um piano de colorações tristes como o de Beethoven em “Moonlight Sonata” que se desdobra em uma melodia orquestral com vocal emocionante até recrudescer novamente para o piano de matizes pastorais, enormemente plácido e gentil.
The Resistance pode soar excessivo com sua multitude de referências e estilos se sucedendo ou sobrepondo a cada faixa e certamente vai servir como a tão desejada munição para que os detratores, uma vez mais, gritem de modo sensacionalista e panfletário o seu discurso já batido e ultrapassado de como a banda é falsa por não fazer mais do que emular sonoridades alheias – como se estas bandas de rock não devessem tudo o que fazem aos precursores do gênero, como Beatles, Led Zeppelin e Pink Floyd -, mas os fãs sensatos do Muse já aprenderam a ignorar a perseguição apaixonada – que, ora vejam, por isso mesmo soa muito mais como mera dor de cotovelo – dos que enxergam a banda através deste prisma distorcido e se deixam conduzir pelo rebuscamento sonoro do trio britânico, arrebatados pelo universo cada vez mais extenso de suas criações ricas em “sons e visões” – pedindo aqui licença à David Bowie, cânone a quem toda banda e artista que está na ativa deve reverências – cujas influências e referências são assumidas sem qualquer vergonha, ao contrário de grande parte dos nomes do rock atual, que ao serem confrontados por estes senhores magníficos teriam que confessar, constrangidos, nunca tê-lo admitido.

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Aproveite para baixar os outros discos da banda clicando na tag “muse” ou nos “posts relacionados”, logo abaixo. Como o primeiro disco não possui uma resenha nos arquivos do blog, o link para download fica a seguir.

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Florence + The Machine – Lungs (4CDs: Deluxe + Special Box Edition). [download: mp3]

Florence and The Machine - LungFlorence Welch disse que deseja que sua música desperte sentimentos fortes em quem a ouça, como a sensação de atirar-se de um edifício ou de ser capturado para as profundezas do oceano sem qualquer chance de prender a respiração. Parece um tanto exasperante, para não dizer presunçoso, mas é este tipo de sensação que se tem ao ter contato com as criações de Florence + The Machine, a banda encabeçada pela artista britânica. Nela, Florence dá vazão à todo o seu impressionante furor artístico, que mistura melodias vistosas, repletas de complexas camadas sonoras à letras poéticas, em sua maioria enormemente metafóricas. O elemento que dá liga a estes ingredientes saborosos é o seu vocal, utilizado pela garota em todas as suas possíveis matizes e variações de volume, não raro emitido em gritos longos e possantes. A substância obtida desta receita é uma música sofisticada e vibrante que tem a mesma identidade idiossincrática e indefinível de artistas como Kate Bush, a Björk intimista de Vespertine, My Brightest Diamond e Bat For Lashes.
Porém, mesmo sem saber exatamente como definir as criações desta artista britânica devido à sua mistura de gêneros, se há algo que se pode dizer ser recorrente em grande parte das músicas deste seu primeiro disco é o uso extenso de uma percussão escandida com força numa síncope potente e bem marcada, concedendo às canções uma atmosfera algo ritualística. Os acordes agudos do banjo e da harpa em “Dog Days are Over”, o volumoso uso de vocais em “Rabbit Heart (Raise It Up)” e “Drumming”, o piano de toques esparsos e dramáticos e as sintetizações salpicadas em “Howl”, a harpa cheia de calor em “Cosmic Love” e o orgão e o arranjo orquestral salpicado de pizzicatos de “Blinding” chegam todos acompanhados de uma bateria e percussão que não se escondem na canção, ao contrário, mostram-se em toda sua glória, usurpando os ouvidos sem qualquer receio e emitindo uma quase imperativa necessidade de sacudir o corpo.
Mas não há erro em afirmar, no entanto, que as criações de Florence e sua máquina partem de bases rockeiras. Tanto “Kiss With a Fist”, na qual a cantora declara que um amor recheado de socos e pontapés é melhor que amor nenhum, “You’ve Got The Love”, cover de uma canção gospel que prega que o amor divino existe mesmo nos tempos difíceis, e o cover “Girl with One Eye”, apesar de sua sutil camada country, exalam a fragrância mais emblemática do gênero: uma fartura de múltiplos riffs de guitarra assaltando a melodia ou preenchendo todos os espaços possíveis. Mas mesmo neste disco tão repleto de canções fabulosas, “Bird Song”, faixa bônus da versão deluxe do disco que igualmente pertence à faceta mais nitidamente rock da artista, ainda consegue se elevar em meio as que acompanham como a música mais brilhante do lançamento: iniciando com alguns versos a capella, logo acompanhados por uma guitarra melancólica, a melodia vai alternando um crescendo de momentos reflexivos com outros repletos de ira até explodir em uma orgia sonora sem economia nos vocais, no arranjo melódico e no sentimento que jorra como lava do Monte Vesúvio ao desenhar metaforicamente nas letras a consciência arrependida de alguém como o cantar de um pássaro delator. E é assim, expelindo suas emoções sem receios de soar vibrante, urgente e épica, mas também nunca renegando o direito de soar delicada e gentil quando deseja que Florence + The Machine traz para o rock alegorias em sons e versos que enfeitiçam o espírito e hipnotizam os sentidos dos ouvintes, exigindo com toda propriedade seu lugar na seleta galeria de músicos que conseguem encobrir suas composições em erudição e sofisticação e ainda preservar o seu caráter potencialmente acessível. Sim, Florence Welch é mais uma daquelas artistas que dificilmente se contenta em soar comedida ou simples, porém o abundante requinte com o qual suas composições são impregnadas permitem que nossos sentidos captem apenas a sua fervente e quase primitiva beleza.

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Lenka. [download: mp3]

Lenka"Depois de abandonar na infância o seu aprendizado musical e passar vários anos imersa no mundo da TV e cinema da Austrália, anos mais tarde Lenka Kiprac acabou se dando conta de seus dotes musicais e voltou a se dedicar ao mundo da música, lançando dois discos como membro da banda Decoder Ring. A carreira em uma banda, porém, parece não ter satisfeito as inclinações musicais da garota, que logo lançou-se em carreira solo. O resultado foi o disco batizado apenas como “Lenka”, lançado com êxito em 2008 em seus país natal, mas que também atingiu um sucesso considerável em outros países. A repercussão é compreensível: a australiana investe em uma sonoridade inequivocamente pop repleta de cintilâncias que combinam com perfeição com sua voz doce e juvenil mas não perde nunca a medida do bom gosto, ensaiando exageros sem nunca utilizar-se deles efetivamente.
O carro-chefe do disco é “The Show”, música que ao ser utilizada em muitas peças publicitárias pelo mundo – inclusive no Brasil – acabou levando a artista para os ouvidos de muita gente que passou a inadvertidamente carregar a melodia infecciosa na cabeça. Iniciando com acordes leves em um piano de tonalidade infantil decorando o vocal suave e idílico da cantora, a música não se envergonha de aumentar a família e se aproveitar de uma infinidade de instrumentos e um coral para montar um cenário cheio de uma alegria inconsequente, o que casa perfeitamente com as letras em que a artista faz lembrar que mesmo confuso ao ser cercado pelas inevitabilidades da vida nunca deve-se deixar de aproveitá-la pois tudo deve tomar seu jeito alguma hora. Outra canção que abusa de arranjos orquestrais festivos, sintetizações lúdicas e guitarras e baterias em desenfreado frenesi é “Bring Me Down”, onde Lenka fala que em uma relação de amor que acaba sufocando quem você realmente é em detrimento de ser um outro alguém o melhor mesmo é sair à procura de outros portos para ancorar seu barco. Amor ainda é o tema de “We Will Not Grow Old”, com uma letra que acerta em cheio ao afirmar que quando jovens inevitavelmente nos iludimos com a idéia de que ele seja imune à passagem do tempo. Já “Trouble Is a Friend”, com seu piano e bateria bem cadenciados e cercados por metais e sintetizações, foge um pouco do romance, mas não deixa, de certo modo, de tratar as atribulações da vida como tal, já que afirma que por mais que tentemos fugir parece inevitável que cedamos aos seus encantos traiçoeiros. Sedução, por sinal, é sobre o que fala “Force of Nature”, onde com um cantar intoxicado de desejo a garota dispara uivinhos sensuais em meio a acordes de teclados e sintetizações que adornam a afirmação à seu objeto de desejo que não há como fugir de seus feitiços.
Mas apesar de toda a competência da garota em tecer um folgueiro de vibrantes canções pop, Lenka revela que o seu melhor se esconde mesmo nas suas baladas cheias de um doce amargor e de uma súplica apaixonada. “Skipalong”, que trata da dificuldade de abandonar o conforto do que é conhecido e aventurar-se sozinho em outros cenários, é a que primeiro se encarrega deste estado de sensações, aproveitando cada verso emocionado da cantora para dar partida na bateria, baixo e mellotron e para impulsionar o arranjo de metais e o vibrafone. Em “Live Like You’re Dying” a beleza nasce dos toques pesados no piano, do andamento resignado da bateria e do vocal que capta a exata fração de emoção dos versos que falam que deve-se fazer o melhor da vida com aquilo que temos ao nosso dispor – afirmação um pouco cafona, mas que não deixa de ser verdade. Contudo, nenhuma música supera “Like a Song”, que extrai graciosidade infalível da melodia simples e serena do teclado gentil e da programação suavíssima, além do próprio vocal que entoa, carregado de sentimento, os versos em que Lenka roga ao tempo que aplaque a dor de um amor que acabou mas que não consegue esquecer. É uma canção bem mais equilibrada, que se esquiva da fartura de instrumentação e da efeméride harmônica que é marca do disco, deixando o ouvinte respirar um pouco em meio ao desfile de radiantes cintilações sonoras que se configura como a tônica do disco. No entanto, por mais que você possa se sentir farto da vibração incandescentemente juvenil da artista australiana e que sinta necessidade de um bom tempo afastado de seus encantos infantis, a garota ainda consegue soar mais equilibrada e comedida do que o britânico-libanês Mika, que com sua obsessão em abusar da extravagância glitter-pop em cada detalhe sonoro e visual de suas canções e vídeos conseguiu me afastar definitivamente de qualquer coisa que tenha lançado ou que vá lançar. Por isso, vale aplicar aqui aquela famosa máxima: aprecie com muita moderação.

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Fascinoma – “I’m Walking This Road Because You Stole My Car (Don’t Go)”. [download: mp3]

Alanna Lin - FascinomaNa noite do último sábado para o domingo, numa dessas pouquíssimas madrugadas as quais tenho me dado o direito de permanecer acordado no últimos anos, estava papeando com o Pelvini quando, assistindo descompromissadamente um episódio do desenho animado “American Dad” que eu descobri estar sendo exibido pela Rede Globo, tive minha atenção chamada para a música que servia de trilha para uma sequência hilariante em que o filho da família retratada no desenho tinha um sonho romântico-erótico com um gato de rua que tentou salvar, mas que não foi muito cordial com o pobre garoto. A canção trazia o vocal macio de uma garota sobre uma melodia de extrema suavidade que contava com nada muito além de que uma guitarra de acordes cálidos e uma bateria igualmente confortante. Como adorei a música, eu obviamente fiz uma anotação mental imediata: “descobrir e baixar com urgência”. Apesar do sono já me cercar, tão logo o episódio terminou, me voltei para a internet um busca da tal música. Em poucos minutos eu já tinha as informações que queria: a canção, que se chama “I’m Walking This Road Because You Stole My Car (Don’t Go)”, é obra de uma americana de traços orientais chamada Alanna Lin, mas que se identifica artisticamente como Fascinoma. Baixando a faixa pude dar atenção as letras que misturam saborosamente ironia, rancor e súplica, já que nelas a garota ao mesmo tempo que diz que só vai acreditar nos sentimentos do homem que ama quando ele lhe devolver suas coisas também avisa que enterrou os livros do rapaz debaixo de uma árvore e afirma que os seus esquilos de estimação morreram – quanta maldade. Depois de me encantar com a música, fucei a web em busca do único álbum lançado, apenas em formato digital, pela garota. Agora me perguntem se eu encontrei o bendito? Nem traço dele, nadinha, niente, zero. A única idéia que se pode ter do restante das canções compostas pela garota, além de algumas poucas faixas no seu Myspace oficial, são os previews da página do disco na Amazon.com, e que não despertam tanto interesse quanto a sua música mais conhecida. Deste modo, por conta de não ter conseguido o restante do disco e também porque muito pouco desse restante – umas duas outras faixas – me pareceu realmente atraente, estou abrindo uma exceção e disponibilizando apenas esta faixa. Vocês já sabem que não costumo e não gosto de fazer isso – sei lá por qual razão -, mas não há outro jeito e também acho que seria mesmo só isso o que interessa de Alanna Lin, pelo menos pelo pouco que se pode ouvir do trabalho dela.

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Lolly Jane Blue – “White Swan” (dir. Sil van der Woerd). [download: vídeo + mp3]

Lolly Jane Blue – White SwanA cantora Lolly Jane Blue esta há cerca de um ano e meio gestando o lançamento de seu primeiro trabalho musical, e apesar de toda demora, parece que o lançamento em questão será somente um EP. Pode até ser que a demora tenha algo a ver com o financeamento do seu trabalho, mas se formos pensar nos requintes da faixa “Worms” e o vídeo que a acompanhou, aparentemente a produção seria consideravelmente abastada, visto que há uma fartura orquestral na canção bem como um luxo transbordante no vídeo desta, dirigido e criado pelo também holandês Sil van der Woerd, que trabalha em parceria com a artista respondendo por toda a arquitetura visual que a cerca. E, como já seria de se esperar, a dupla volta a cena com uma nova música e um novo vídeo, “White Swan”, mais uma vez carregando as tintas no luxo em ambas as contrapartes do lançamento. A canção desta vez não conta com interferências eletrônicas, mas nem por isso espere economia na sonoridade da música, já que ela apresenta uma fartura de orquestração de cordas para fazer companhia à um violão resignado de cadência lenta e, claro, à bela voz da cantora holandesa, que se derrama em um canto longo, lento e emocionado para fazer jus a melodia já bastante triste. A porção visual da produção também prossegue ignorando qualquer menção de simplicidade, já que a composição da velha fábrica que é cenário do curta-metragem é feita nos mínimos detalhes de sombras, luzes, proporções e movimentos. A diferença é que desta vez o diretor e artista gráfico holandês não faz uso de diferentes sequências apresentando cenografias e figurinos diversos entre si – o que lhe possibilitou mostrar sua versatilidade e criatividade mas acabou fazendo com o que o vídeo anterior fosse apenas um apanhado de sequências luxuosas desconexas -, preferindo desta vez concentrar-se em criar apenas uma história, o que com certeza dá uma melhor identidade à canção que ele ilustra. Nesta história, a artista encontra-se abandonada no que parece ser uma fábrica antiga e escura, completamente nua sob um incessante feixe de água. Aos poucos, o ambiente vai sendo invadido por uma espécie de fungo algodoado, que vai crescendo ao redor da garota, tomando conta do espaço ao seu redor e envolvendo ela própria, trajando-a com um vestido escalafobético feito de tranças e nós. Ainda que eu ache que tanto música quanto vídeo continuam ali no limite do cafona, sempre correndo o risco de cair numa coisa nauseante meio Sarah Brightman, meio Enya, há de se admitir que tanto Lolly Jane Blue quanto Sil van der Woerd se lambuzam em uma exuberância criativa capaz de fazer Jean Paul Gaultier e Luc Besson saírem esbaforidos com um ataque de inveja histérica pelas ruas da Paris, sacodindo os braços, abanando as mãos e gritando coisas desconexas – e eu não duvido nada que eles dessem de cara com Björk fazendo a mesma coisa pelo caminho.
Agora fica à sua escolha: assista em HD (ou seja, em alta resolução), faça o download em alta ou baixa resolução e, se ficar animado o suficiente, também disponibilizo a música no formato mp3.

P.S.: agradeço muito à dica do leitor Thiago.

Lolly Jane Blue – “White Swan” (mp3)

Lolly Jane Blue – “White Swan”: assista em HDdownload HDdownload baixa resolução

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David Fonseca – “A Cry 4 Love” (single). [download: mp3]

David Fonseca - A Cry 4 LoveDepois de merecidamente muito aproveitar o sucesso do delicioso disco Dreams In Colour nos shows que se sucederam ate há pouco, o cantor e compositor português David Fonseca anunciou há pouco mais de um mês por newsletter e post no seu blog oficial que o dia de entrar em estúdio para gravar um novo álbum tinha chegado. As gravações foram rápidas, e pelo que o próprio artista revelou em seu blog, pouco depois do início deste mês ele já estava deixando o estúdio para refletir sobra a pós-produção e tudo o que cerca um novo lançamento – como as idéias para um videoclipe, por exemplo. Enquanto se ocupa com sua febre criativa, para não deixar os fãs se contorcendo em avidez para botar logo nos ouvidos suas novas canções, David resolveu liberar para download gratuito o primeiro single do novo trabalho, “A Cry 4 Love”, uma balada bem ao sabor do disco lançado em 2007 e com a inconfundível pegada pop-rock do compositor, introduzida nostalgicamente por um arranjo de cordas e logo ganhando a companhia de acordes quase monotonais na guitarra, um baixo discreto e uma bateria de síncope equilibrada – uma bela amostra daquilo com o qual o artista pretende em breve presentear o seu público. Para baixar a faixa, basta clicar aqui para ir ao site do cantor, criar um registro como qualquer outro que se costuma fazer por toda a internet e logo em seguida se recebe um email com o link para o download da faixa. Os fãs com certeza nao vão se importunar com essas formalidades típicas de internet – e para os que ainda não são fãs e que com certeza já se importunam previamente com essas burocracias virtuais, fica aqui o lembrete: é de graça, oferecido pelo próprio cantor. Não custa nada gastar os dedinhos digitando meia-dúzia de dados para ter os ouvidos preenchidos com prazer em estado sonoro, não é?

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