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Tag: musica

Sheryl Crow – The Globe Sessions. [download: mp3]

Sheryl Crow - The Globe SessionsDepois do sucesso atingido com o seu segundo disco, Sheryl deu prosseguimento às suas composições mais voltadas para uma sonoridade pop/rock com o álbum The Globe Sessions, fazendo da discreta tecitura country apenas uma mera citação, como na faixa “Members Only”, com violões, baixos, guitarras e vocal formando uma mesma massa sonora cheia de calor country-rock, orgão ocasional de toques gracejantes e bateria e percussão de cadência leve, que so inicia trotejante e logo acompanha a ritmo alegremente comedido do instrumental restante. Apesar do período de depressão de Sheryl, anterior a gravação do disco, estar refletido nas guitarras sobejantes e na sorumbática mas reluzente orquestração de cordas de coloração oriental de “Riverwide” e no clima quase improvisado das guitarras, órgãos e bateria sofridos, hora conformados, hora transbordando em sentimento em “Crash And Burn”, que fala sobre alguém que, mesmo sabendo que seria em vão, disse adeus à tudo e todos que conhecia na tentativa de esquecer um amor que não deu certo, não se pode exatamente dizer que este é um disco triste. “My Favorite Mistake” – em que Sheryl fala sobre um romance que viveu por alguém que, no fim, descobre que não a amava -, através do seu vocal ao mesmo tempo sutilmente triste e marcado de alegria saudosista e nas suas muitas guitarras, baixos e orgãos de acordes sensuais sobre uma bateria de intensidade suficiente apenas para dar ritmo aos instrumentos restantes, assim como “It Don’t Hurt” – que fala sobre alguém que tenta superar o fim de uma relação redecorando a casa e flertando com o primeiro desavisado que aparece na sua frente -, com o gingado animado de seus violões, guitarras e bateria e seu gaita entusiasmada, dão uma boa idéia desse álbum que fala sobre amarguras, tropeços e tristezas com uma sonoridade mais “pra cima”. Mas a surpresa fica mesmo por conta da faixa “There Goes The Neighborhood”, tanto pelo caráter sonoramente dançante que a percussão e a bateria dão à canção, bastante auxiliadas pelos metais borbulhantemente gritantes e por guitarras de enorme malemolência, quanto pela temática de suas letras, que pinta um painel das bizarrices underground e da marginália dos arredores do Globe Studios, onde Sheryl gravou este disco – e que, claro, acabou dando nome à ele. Pela dificuldade de definir e nomear a mistura de sons e sentimentos, ao mesmo tempo tristes e alegres, amargurados e exultantes, é que pode-se dizer que The Globe Sessions é o retrato do período em que a artista procurava uma saída em meio a uma crise pessoal, vivendo uma instabilidade de estados emotivos que refletiu-se inevitavelmente nas suas composições.

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Goldfrapp – Seventh Tree. [download: mp3]

Goldfrapp - Seventh TreeDepois de dois álbuns que deitaram, rolaram e esquadrinharam tudo o que possa ser imaginado dentro dos domínios do electro-pop e glam, o duo britânico Goldfrapp fez o que seria mais sensato e mais natural no seu futuro novo disco, Seventh Tree: Alison e Will voltaram sua atenção ao passado, revisitando parte da fabulosa sonoridade esquecida do primeiro disco, Felt Mountain, tentando atualiza-la e fundi-la com toda a experiência recente dos dois últimos lançamentos, Black Cherry e Supernature. Assim, este quarto disco possui uma identidade híbrida, já que em algumas faixas, como “Clowns” – um folk com vocal ininteligível e violões e orquestração de cordas de um frescor campestre -, “Eat Yourself” – que igualmente se baseia em violão e cordas, o primeiro trajado em doçura e nostalgia, as últimas vestidas em elegância e placidez, além da inserção ocasional de esparsos acordes de guitarra e de apresentar vocais sutilmente amargurados – e “Cologne Cerrone Houdini” – cuja música é feita de baixo e bateria de toques espaçosos ao fundo enquanto cintilações da programação eletrônica saltitam aqui e ali e violinos curtos e agudos pontuam a melodia -, a dupla ocupa-se em emular a sonoridade por vezes obscura, em outras coruscante, do álbum de estréia, enquanto em outras – como se pode conferir claramente na música luminosa de “Caravan Girl”, com samplers de pratos resplandecentes, piano e baixo de toques galopantes, bateria de ritmo firme e sintetizações brilhantes e em “Happiness”, com bateria, baixo e sampler de sax em compasso conjunto e bem marcado, pinceladas de samplers e sintetizações frugais e vocais doces e macios – o vigor pop e eletrônico dos dois discos anteriores é retomado de modo bem menos selvagem e subto, com ambiência muito mais pop do que eletrônica. A única faixa do disco que soa estranha àquilo que os fãs do Goldfrapp já viram a dupla fazer até hoje é “A&E”, devido à sua melodia mais tradicional, onde violões, bateria, programação no teclado sutil e mesmo o vocal sensível trabalham de forma a construir uma música que surpreende pela sua linearidade, de um pop simples e direto como dificilmente pensaríamos Goldfrapp se dar ao prazer de fazer um dia – pense em algo como Dido e você vai entender mais ou menos o que eu quero dizer.
Seventh Tree funciona muito bem, seja como um disco que suaviza os contornos da parafernália sexy e explosiva de Black Cherry e Supernature, seja como uma tentativa de tornar mais comercial a fabulosa idiossincrasia sonora obscura de Felt Mountain – é um mergulho da dupla em oceanos mais tranquilos, menos quentes do que recentemente foi feito, menos profundo e introspectivo do que antes fora.

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P.S: Agradeço ao pelo toque!

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Coco Electrik – Army Behind the Sun. [download: mp3]

Coco Electrik - Army Behind The SunO duo de electro-pop britânico Goldfrapp tem há pouco mais de um ano a companhia de Coco Electrik, uma banda novata disposta a tomar um pouco do espaço da dupla no campo dos sons cheios de glamour e gingado. Apesar de muitas vezes faltar à Coco – cujo nome verdadeiro é Anne Booty – um bocado da inventividade e charme que Alison Goldfrapp e Willl Gregory tem a esbanjar, ela e seus companheiros de trabalho conseguem, em alguns momentos, compor faixas de ambiëncia deliciosa e sinceramente irresistível em seu álbum de estréia, Army Behind the Sun. E para primeiro single do disco, Coco escolheu o cover dançantemente nostálgico que fez de “Sex Shooter”, canção famosa do filme “Purple Rain”, de Prince. A versão de Coco apela para seu vocal sexy e petulante, com fartas doses de loops de palminhas, frugalidades eletrônicas inundando o refrão e sampler de baixo e beat eletrônico guiando o ritmo libidinoso da música. A faixa seguinte, “Paint It Red”, investe em uma sonoridade mais doce, fazendo melhor proveito da melodia com assobios e com o uso certeiro de alguns acordes sampleados de guitarra e de baixo, que acolchoam a melodia e amaciam o tecido para a entrada do registro vocal um tantinho mais agudo de Coco. Em “Dance To Cash”, Coco investe, com a ajuda de sua banda, em uma sonoridade muito mais encorpada, intencionalmente suja por várias camadas de riffs transbordantes de guitarra, que duela com a pressão do beat eletrônico e do vocal multiplicado e repleto de soberba de Anne Booty – soa próximo das faixas mais esquizofrênicas de Shirley Manson e seu Garbage. Mas a mistura electro-pop administrada em todo o disco por Anne Booty e seus comparsas atingem refinamento máximo mesmo é na combinação de batida eletrônica seca e chicoteante e baixo de acordes graves e sensuais que inunda o fundo de “Pussyfooter”, faixa recheada ainda por samplers e loops que fazem cintilar a melodia. Depois de se lambuzar inteira no pop e no disco, com pitadas de glam rock, a banda ainda faz por bem experimentar um bocado com vocais dissonantes, samplers e distorções das mais diversas na penúltima faixa, “Fall Into My Party”, criando um todo caótico bem à moda do que faz o Planningtorock.
Army Behind the Sun, ainda que soluce por conta de alguns equívocos e chatices em uma ou outra música, reserva alguns momentos realmente deliciosos com faixas que invadem qualquer ambiente com fartas doses de luxúria e hedonismo descompromissados – Anne tem que polir em boa medida muito do que fez em algumas das melodias que compõe, mas já consegue dar uma idéia, neste álbum de estréia, de quantos coelhos dançantes podem ser tirados de sua cartola.

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Madredeus – Faluas do Tejo. [download: mp3]

Madredeus - Faluas do TejoFaluas do Tejo, lançado em 2005, é mais um disco que pode ser definido como um dos melhores do grupo Madredeus, ao lado de Ainda, trilha sonora do filme “Céu de Lisboa”, de Win Wenders. Plácido e tranquilo, o disco parece ter sido fruto de um momento iluminado da banda, onde a inspiração para composição apresentou-se no mais alto grau de sofisticação, a sensibilidade dos músicos surgiu extremamente apurada e a clareza e emoção da voz de Teresa Salgueiro encontravam-se ideais. Talvez toda essa conjunção de estados perfeitos deva-se à grande inspiração temática do disco: o encanto da cidade de Lisboa. Três das melhores composições do disco citam diretamente as belezas da capital portuguesa em suas letras: tanto “Lisboa Rainha do Mar”, que recorda a era dourada da cidade, quando Portugal lançava-se mar adentro a desvendar velhas e novas terras, fascina com violões e vocais gentios e suavíssima programação ao fundo, fruto de um orgão Hammond divinamente discreto, quanto “Adoro Lisboa”, uma declaração apaixonada à cenários e paisagens da cidade sobre alguns violões de acordes doces e marolantes e outros dedilhados com ligeireza e maestria que fazem com o teclado, cuja sonoridade lembra flautas distantes que preferem nunca aproximar-se muito, e “Faluas do Tejo”, que com enorme nostalgia melódica, aguçada pelo orgão, violões e vocais tristes, rememora o tempo em que embarcações singravam tranquila e solicitamente as correntes do rio Tejo, buscam inspiração nos cenários da cidade, reconstruindo-os com perfeição em seus versos e tons.
Mas não necessariamente as cores de Lisboa são passagem obrigatória em cada faixa deste álbum tão bem cuidado do Madredeus. Há espaço para outros “sítios”, outras sensações, outros temas, como mostram as canções “Na Estrada de Santiago” – que concilia dois vocais de Teresa, um cantado a afastado bem ao fundo, e outro falado e seguro de si, no primeiro plano, enquanto ouve-se um ruído constante como o caminhar dos peregrinos pela estrada de chão batido de Santiago de Compostela – e “Lá de Fora” – com melodia alegre, levemente festiva dos violões de agudas notas trotantes e do teclado de sons malemontes, tudo condizente com os versos que falam sobre sensações furtivas de contentamento e prazer que nos invadem durante o dia.
Para quem conhece com seus próprios olhos a cidade de Lisboa, bem como o restante deste país maravilhos que é Portugal, o disco deve ter um sabor especial, mas mesmo quem não conhece pessoalmente as terras de além mar consegue, ainda assim, sentir o farfalhar delicado de seu vento, o leve ondular de suas águas doces e salgadas e as cores suaves de seus campos em cada nota, verso e timbre de Faluas do Tejo, em uma viajem sonora cortezmente conduzida pelo melhor grupo português da atualidade.

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Beth Gibbons & Rustin Man – Out of Season. [download: mp3]

Beth Gibbons and Rustin Man - Out of SeasonA algo imateral voz de Beth Gibbons é normalmente lembrada sempre associada ao uso de samplers, ruídos estranhos, batidas sinistras e maneirismos de DJs dos mais diversos. Isso porque ela é mais conhecida trabalhando com a sua banda, o Portishead, que até hoje só lançou dois discos, ambos soberbos no desvendamento de um mundo melancólico e sombrio. Porém, depois do lançamento do último disco da banda britânica, Beth deu-se o direito de ceder seu talento para contribuir com um projeto aqui e ali, e entre estas aventuras lançou, em parceira com Paul Webb, assinando sob o pseudônimo Rustin Man, o disco Out of Season. Nele Gibbons dá vazão à um lado mais acústico de sua personalidade musical, utilizando-se basicamente de violão e baterias, acompanhados de perto por orgão e piano que aprofundam o senso de nostalgia que permeia todo o disco. As melodias das faixas “Mysteries” e “Show” são bem características desta faceta mais plácida, ainda que amarga, que a artista revelou: na primeira, na escolta do violão de acordes pálidos e da “colcha” de vocais tristes ao fundo permite-se apenas ruídos e sonoridades suaves que aprimorem a rusticidade da música, na segunda, um lamento tardio sobre um mundo repleto de ilusões e sofrimento, o clima plangente é obtido tão somente com o uso de uma pequena harmonia de acordes no piano repetida incansavelmente e vez ou outra envolvida em um contrabaixo tão lento e arrependido quanto o vocal de Beth Gibbons. Em outros momentos Gibbons e Webb autorizam-se melodias um pouco mais grandiloquentes, como as de “Spider Monkey” e “Funny Time Of Year”: enquanto na primeira os violões, baixos e guitarras ensaiam um crescendo melódico, que não se realiza por completo, para sonorizar os versos sobre as feições fugazes e traiçoeiras de tudo que vivemos em meio à ditadura irreversível do tempo, em “Funny Time Of Year” este crescendo atinge a sua plenitude no lamento emocionante de violões, bateria, guitarra, baixo, acordeão, teclados e no vocal transbordante de sentimento de Beth Gibbons, que mostra aqui porque é tão prestigiada tanto pelos fãs como pela crítica do meio.
Assim, Out of Season funciona como uma espécie de stripped-down Portishead: apesar da sonoridade mais acústica, que recorre bem menos à inserção de orquestrações de metais e cordas e de ruídos e interferências eletro-mecânicas que usurpem a melodia, o clima obtido com elas é o mesmo presente nos álbums da famosa banda de Beth Gibbons, explorando detalhada e soberbamente a melancolia, agonia, sofrimento e solidão em cada verso e nota das canções.
Baixe o disco utilizando o link e senha a seguir

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Lolly Jane Blue – “Worms” (dir. Sil van der Woerd). [download: vídeo + mp3]

Lolly Jane Blue - WormsA holandesa Lolly Jane Blue nem tem o seu álbum de estréia finalizado ainda mais já deixou candidato a single e vídeo prontos para qualquer eventualidade. E logo que se termina de assistir ao clipe dirigido por Sil van der Woerd, que também está contribuindo com o disco ao lado de Mosan Tunes, fica-se com a impressão de que a cantora está com sérias pretensões de encarar a fila de Björk ou mesmo de uma Madonna com o modo “Bedtime Stories” ligado. O vídeo tem uma concepção visual impressionante e sofisticada, mas as vezes resvala em algum excesso de breguice, como na sequência “mamãe sou um híbrido de Marilyn Monroe e Princesa Léia flutuando no espaço”. Apesar de alguns exageros, que bem podiam ter sido enxugados, tanto música quanto clipe, na maior parte do tempo, despertam o interesse e enchem olhos e ouvidos.
Assista ao vídeo via YouTube neste link ou baixe o arquivo, em alta qualidade, neste outro link. Se você por um acaso gostou da proposta, baixe as duas versões disponíveis da canção usando os links a seguir.

“Worms”: http://www.badongo.com/file/5167971
“Worms Revisited (Acoustic)”: http://www.badongo.com/file/5167990

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Vienna Teng – Dreaming Through the Noise. [download: mp3]

Vienna Teng - Dreaming Through The NoiseApesar da americana de traços orientais Vienna Teng já dispor de três discos na praça, resolvi, como geralmente faço, ter o primeiro contato com suas canções ouvindo seu mais recente lançamento, Dreaming Through the Noise. E, se você se permitir uma avaliação apressada e sem muita atenção deste disco de Vienna, vai encontrar em faixas como “Transcontinental, 1: 30 A.M.”, devido à sua percussão, piano e vocais brandos, as marcas para classificar a artista como pertencente aquele jazz silencioso, meditativo e um tanto esnobe que faz a alegria de muitos críticos. Mas isso seria realmente um erro: a verdadeira identidade das composições desta americana emerge depois de algum tempo dispensando atenção cuidadosa às suas melodias. Só então percebe-se a sutil variedade musical da cantora e compositora americana: há algumas passagens de inspiração um tanto country – como no modo rústico, levemente campestre, do piano, da viola e do bandolim, de “City Hall”, bem como na presença dos vocais de fundo, bem à moda do gênero – outras de sutil calor pop – como acontece nas faixas “Love Turns 40”, na sua sequência final, aquecida pelo bandolim ligeiro, pelo piano adocicado, pela orquestração grandiosa de cordas e metais e pela bateria mais encorpada, e em “Whatever You Want”, com piano, percussão, cordas e vocais que tocam com carinho e maciez os ouvidos, da mesma forma que a areia fina da praia toca nossos pés -, além de melodias que bebem em influências eruditas – como acontece em “Now Three”, cujo conjunto piano, violino e violoncelo dá vazão à uma música de beleza inominável, que só consigo descrever como imensamente delicada, terna e afetuosa, assim como o são seus versos, que retratam o estado de encantamento de uma mulher pela vida que está gerando dentro de si. E apesar do manso fascínio que estas faixas tecem nos ouvidos de quem as escuta, Vienna guarda o melhor de seu trabalho neste disco para o fim, arrebatando o ouvinte com a poética dos versos e das melodias de “Pontchartrain” e “Recessional”: enquanto nos versos da primeira Teng descreve o cenário de desolação e desgraça deixado em New Orleans pelo furacão Kathrina, recheando a percussão e arranjo de cordas de mistério e drama e desenhando na ponte melódica uma referência à música sacra com o uso de acordes do piano e vocais etéreos, na última faixa ela nos entrega um delicado rito de despedida que relata, de forma impecável, as impressões e sensações de alguém que observa a partida para muito longe de alguém que tanto ama, sonorizando-o com piano, percussão e contrabaixo amenos, além da guitarra e metais pontuais que laceiam a melodia impecavelmente.
Mesmo que ainda possa, de certa forma, ser alinhada entre as inúmeras compositoras que bebem nos mais variados gêneros, como pop, jazz e folk, e que compõe melodias de atmosfera serena com técnica bem aparada, creio que Vienna diferencia-se destas por conseguir construir melodias e letras que estão sempre cobertas de sofisticação e elegância sem prejuízo de sentimento e emoção. O resultado final é sensivelmente diferente do usualmente alcançado por suas colegas, pois Vienna acaba, com todo esse cuidado, carregando suas composições para outra direção e aprofundando o efeito da música no ouvinte.
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Tim Festival Curitiba: Hot Chip, Björk, Arctic Monkeys e The Killers!

Tim Festival -Eu e meu ingressoDepois de termos conhecido, pela manhã, a Ópera de Arame – onde tratei logo de pegar meu ingresso para evitar atribulações a tarde – e passeado pelo Parque Tanguá – realmente lindo – e Parque Tingui, com o seu austero memorial Ucraniano, famos a procura das acomodações de minha amiga e seus pais, mas acabamos nos perdendo no trânsito surreal do centro de Curitiba. Até entender onde acaba a mão única da avenida Marechal Floriano, que tem sentido contrário à sua numeração, foi mais de hora. E como o hotel de trânsito do batalhão ficava bem longe do centro, no bairro do Boqueirão, e o ônibus Mateus Leme teve uma demora absurda para sair, chegamos no local do Tim Festival por volta das 16hs40min. Nisso, com os portões ainda fechados – o que eu já desconfiava, é óbvio – a fila já tinha dobrado a primeira esquina e terminava na esquina da rua que circunda os limites do parque. A fila, que crescia continuamente, andava um bocadinho de tempos em tempos, a cada 20 minutos, eu suponho. Até chegarmos na outra esquina já passava das 18hs30min e foi só então que eu entendi que a demora era por conta da revista do público. Dali conseguíamos ouvir alguma coisa tocando lá dentro, mas eu jurava que era som mecânico apenas, capaz que iam começar o show com metade do público ali fora e atraso na abertura dos portões…pois bem. Ao passar pela revista, tive uma bisnaga de remédio, com líquido para umidificar as lentes de contato, barrada. Minha amiga ficou sem sua caneta. E qual não foi a surpresa, ao finalmente entrar na Pedreira Paulo Leminski, e descobrir que o que estava tocando o tempo todo era o Hot Chip e que eles estavam apresentando as duas últimas músicas do seu show? Fiquei com ódio profundo da organização do Festival, no que tange à admissão do público, por três motivos: primeiro porque eu paguei para ver todos os 4 shows da noite, e acabei vendo só 3; segundo porque eu cheguei depois do horário previsto para a abertura do portões sim, mas a abertura atrasou mais do que nós; terceiro porque na revista eles não deixaram passar coisas como a minha bisnaga de líquido de lente de contato e canetas – por questões de segurança, eu entendo -, mas logo descobri, pelo cheiro inconfundível, que em todo canto tinha gente fumando maconha.
Mas chega de comentar o pré-show. Nas duas únicas músicas que tive oportunidade de ouvir, descobri que o Hot Chip, apesar de soar chato em seus discos, é muito divertido ao vivo – fiquei com muita pena de ter perdido o show dos rapazes. Achei a coisa tão bacana ao vivo que vou dar uma segunda chance à eles e tentar ouvir novamente os seus discos.
Tim Festival - BjörkTão logo eles saíram iniciou-se a montagem do palco para Björk. Faixas com desenhos de um peixe, de uma ave e de um lagarto ao fundo, telas de plasma/LCD no chão do palco e instrumentos e aparelhos devidamente colocados em pouco mais de meia-hora e entrou o grupo de mulheres que faz o combo de coro e orquestra de metais devidamente paramentado, com uma fantasia que incluía uma bandeirinha pendurada em cada uma delas. E Björk entrou, trajada em uma vestimenta de tom verde predominante, e em instantes já estava cantando “Earth Intruders”. E aí eu e minha amiga percebemos – seria difícil não notar – que o som não foi devidamente equalizado, o que fez os graves saírem das caixas estourando e abafando completamente a voz de Björk, que já estava com o volume bem baixo. Isso durou pelo menos umas 6 músicas, destruindo pelo menos um terço do show – se não for toda a metade dele. O problema só começou a ser resolvido gradativamente depois que ela cantou a tranquila e silenciosa “Mother Heroic” – para minha surpresa e delírio, pois jamais pensei que ela resolvesse cantar esse B-side de Vespertine…confesso que não segurei a emoção e cheguei a chorar. Daí pra frente, alguns momentos foram realmente espetaculares, como a diversão de ouvir “Innocence” e “Wanderlust” ao vivo, a delícia de ouvir e ver os requebros e a emoção de Björk e do público durante “Hyperballad” e a agitação louca e incontrolável da islandesa e da platéia durante “Pluto” e “Declare Independence”. Não foi o meu show dos sonhos de Björk, mas teve alguns flashes dele, sem dúvidas.
Pouco depois de ela e sua trupe abandonarem o palco, foi feita uma limpeza para a montagem dos aparatos dos britânicos do Arctic Monkeys. Apesar de simples, a decoração ficou muito bonita: um grande pano branco brilhante tomava o fundo do palco, enquanto alguns pequenos pedestais com lâmpadas laranjas foram colocadas ao lado de onde ficariam os músicos. Depois de mais de 30 minutos eles entraram, e o Arctic Monkeys mostrou que é uma banda competente, com uma técnica muito apurada. Mas, faltou algo. Apesar de ao vivo as canções do primeiro disco soarem mais animadas, antes da metade do show eu comecei a ficar cansado por conta da pressão contínua da sonoridade, sempre mantida no alto, em velocidade máxima, o que acaba deixando as músicas absurdamente parecidas entre si. Foi bacana ver e escutar ao vivo “Brianstorm”, “Balaclava”, “Teddy Picker” e “Old Yellow Bricks”, mas eu não consegui me animar tanto quanto me animei nos melhores momentos de Björk, e até mesmo nas duas únicas coisas do Hot Chip que tive chance de ouvir.
Quando eles saíram eu resolvi fazer minha única visita ao toalete – ou, como definiu minha amiga, o “banheiro de ácido” – antes do The Killers entrar no palco. Na volta resolvemos mudar de lugar, prostrando-nos mais à esquerda da torre de controle do palco. De lá a visibilidade era bem melhor do que no local que estávamos até então, apesar de que desejava estar sempre mais próximo do palco. E quando chegamos ali, boa parte da estrutura do palco para a banda americana já estava montada: pequenas lâmpadas, como as de árvores de natal, flores, caixas de madeira, como aqueles engradados de bebidas, e um grande letreiro com o nome do último disco, sobre um fundo preto emoldurado por outro fundo vermelho. Alguns críticos chamaram de cafona, eu digo que estava absolutamente lindo, em perfeita sintonia com as diversas citações que a banda fez no último disco. Não muito depois, sobre ruídos estranhos e graves, entrou nos dois telões o vídeo com algumas imagens que lembraram a arte do segundo disco da banda – tudo estava pronto.
Tim Festival - The KillersE quando a banda entrou, entoando a faixa título do mais recente álbum, Brandon Flowers, com um figurino impecável, lindo como um lorde, mostrou toda sua simpatia, animação e domínio de palco – e nós do público respondemos com uma alegria e agitação surpreendente, mesmo depois de inúmeras horas em pé tanto na fila para entrar quanto durante os três shows anteriores. A cada música fabulosa Brandon agitava-se sem parar, do teclado para o microfone, de um lado ao outro do palco, oferecendo sem o menor pudor sua interpretação magistral e quase teatral das canções, ajoelhando-se no palco, subindo continuamente em uma das caixas de madeira para exibir-se por completo para todos e lançar seu delírio quase religioso ao público. E os fãs, e mesmo os não fãs, responderam prontamente, de forma incontida e emocionada, cantando do início ao fim muitas das faixas junto com Brandon e sua turma, pulando e agitando os braços deliciosamente tanto quanto o fazia o vocalista da banda. Foi, sem qualquer resquício de dúvidas, a melhor apresentação da noite e, para muitos, até mesmo para veteranos em shows como minha amiga, um dos melhores shows de toda uma vida – sem medo de soar deliciosamente exagerado, como o faz a banda de Las Vegas. Foi tudo tão perfeito que fica até difícil eleger o melhor momento do show, ou destacar alguns – seria uma injustiça fazê-lo por deixar outros tantos momentos igualmente emocionantes de fora.
Na volta, sem um ônibus sequer até o centro da cidade, só nos restou, pra lá de alquebrados, caminhar até lá, ignorando os táxis que relutavam em parar em outro lado que não fosse o esquerdo da avenida. E enquanto íamos todos, a passo de múmias e mortos-vivos, mas felizes da vida, atestávamos, pelos comentários do público gigantesco ao nosso redor que invadiu a rua que levava de volta ao centro de Curitiba, que todos, mesmo os que estavam ali para outros shows, tiveram a mesma impressão sobre o The Killers – a banda ganhou o público todinha para ela, arrebanhando muitos novos fãs e concedendo naquela noite de Halloween, com céu absolutamente estrelado, uma performance de arrepiar a espinha até do próprio diabo. Ninguém tão cedo vai esquecer esse show que está até agora na minha cabeça – e de muitos outros – e foi capaz até de me fazer olhar novamente para o segundo disco, que não considerava tão bom, mas que agora revelou-se em toda sua beleza descomunal.

Fez valer o desgaste descomunal de cada ossinho do meu corpo e a pane exaustiva de cada fibra muscular. E eu quero casar agora com o Brandon Flowers – mas pelo que vi no Tim Festival, vou ter que entrar na fila e enfrentar uma concorrência bem numerosa!

Mais alguém aí foi no festival? O que achou?

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Tim Festival – Etapa Curitiba: amanhã!

Tim Festival - Etapa CuritibaSim, eu estarei saindo do Florianópolis cedíssimo, pela manhã, para trafegar por Curitiba por algumas horas com minha melhor amiga e seus pais e, junto com ela, rumar para a Pedreira Paulo Leminski lá pelos idos do meio da tarde – não pode ser MUITO tarde porque ainda vou ter que enfrentar a fila da bilheteria para, só então, encarar a fila da entrada do local do show em si.
Fora minha hiper melhor amiga, exigentíssima como poucas em tudo – inclusive no que tange ao mundo da música – só terei mais uma pessoa conhecida por lá – a ex-namorada de meu irmão, uma garota antenada, inteligente e bacana demais. Assim como eu, fã incondicional de música. Já é o bastante – eu realmente não curto aqueles programas que mais parecem caravana para algum programa do Sílvio Santos – o que não quer dizer que eu vá ser antipático com alguém aí que queira passar por lá – se for possível ser encontrado em meio a tanta gente – para dizer um “oi” e bater um papo antes das atrações. Aliás, pelo que noticiaram os jornais, com relação às etapas São Paulo e Rio do festival, talvez nem apareça tanta gente assim para conferir os shows. Pensei até em fazer uma camiseta do blog para fazer uma publicidade básica, mas achei isso meio tolo e deixei para uma outra ocasião qualquer.
A expectativa não é assim tão IMENSA, mas aguardo bons shows. Björk, claro, tenho ânsia de conferir, e imagino que vai ser um grande show, por mais curto que seja – e provavelmente será. Arctic Monkeys, pelo que comentaram, vai trazer uma performance burocrática – boa, sem dúvidas, mas um tanto fria e calada, dizem. Eu realmente não espero tanto, já que realmente só gosto do segundo disco da banda britânica, mas tomara que me surpreendam. Já The Killers, imagino, vai ser um show recheado de simpatia, principalmente do vocalista-gatinho Brandon Flowers. As músicas da banda, principalmente as do primeiro disco, são fabulosas e completamente orgásmicas e, mesmo que no segundo álbum a energia tenha caído um pouco, só as canções do primeiro já são metade do trabalho para uma performance fabulosa. Estou muito animado com todos eles – mas, pra ser sincero, sabiam que acho que fiquei mais animado com os shows do Placebo e The Cardigans? Devo estar com febre – ou são os incômodos garantidos do meu trabalho na semana que vem que estão tirando o meu tesão. De qualquer forma, acho que vou esquentar quando já estiver por lá!
O único senão será aguentar o Hot Chip abrindo o festival – pessoal, juro que tentei gostar da banda, mas não deu. Eles são, digamos, anêmicos demais para o meu gosto – altamente modorrentos. Mas, como há depois três atrações que interessam, vale o esforço!
Então, nos vemos lá. Apareçam pra dar um oi – se vocês me encontrarem, claro!

OBS: é bem provável que os textos da semana sejam afetados pela tempo que esta viagem vai me tomar. Vocês vão compreender se eu não publicar tanta coisa essa semana, não? 🙄

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Keane – Under The Iron Sea (+ 1 faixa bônus). [download: mp3]

Keane - Under The Iron SeaAlguns, eu diria até muitos, gostam de comparar a banda britânica Keane com seus conterrâneos do Coldplay. Mas isso, na verdade, carrega consigo uma boa dose de injustiça e confusão: a banda de Tom Chaplin, Tim Rice-Oxley e Richard Hughes foi fundada antes da de Chris Martin – o que faz, então, a lógica da semelhança ser inversa. Porém, como não é raro no mundo da música, o estilo da banda foi sendo lapidado com o passar do tempo e, talvez, alguma influência – de “mão única” ou recíproca – é bem possível de ter ocorrido.
Mas o fato é que em seu segundo disco, Under The Iron Sea, a banda inglesa aprimorou suas composições que, apesar de priorizar a ausência de guitarras, “emula” a sonoridade delas com o uso combinado de teclados e pedais de distorção – técnica que é praticamente o único tecido sonoro da instrumental “The Iron Sea”, de tecitura triste e com coro distorcido e dramático, e que está também presente em doses fartas nas faixas “Is It Any Wonder?” (canção que protesta contra alguém que tornou a vida cansativa e extenuante, generosa nos vocais altos e vistosos, nos compasso bem marcado e ligeiro da bateria, e nos acordes discretos do baixo), e “Crystal Ball” (sobre alguém que não reconhece mais a si próprio e cuja melodia possui uma cadência pop fácil e um tanto grudenta na bateria, baixo, piano e, principalmente, no modo como Tom Chaplin canta o refrão). Claro que, se é para utilizar uma sonoridade semelhante à da guitarra, faz mais sentido utiliza-la logo de uma vez do que criar artifícios para tanto, mas a banda confessou que não se trata de não gostar do instrumento nos arranjos, ele apenas não faz parte da proposta que a banda tem até o momento, e que isto pode mudar no futuro. E dentro da proposta atual do grupo o destaque fica, claro, com o piano e suas derivações. Das canções que os utilizam, impressiona, em “Leaving So Soon” e “Put it Behind”, a energia que emana destes instrumentos e que contagia bateria, baixo e os vocais de forma brilhante, assim como encanta o modo gracioso como os instrumentos são dedilhados em “Nothing In My Way”, acompanhando a melodia límpida e marítima do vocal, da bateria e baixo.
Contudo, como se sabe, Keane é especialista em lapidar baladas com melodias e letras pujantes de emoção – e este disco está muito bem servido delas. Destacam-se como as melhores composições do disco – se não da própria discografia da banda – as faixas “Hamburg Song”, que consegue, com o mínimo de recursos – orgão, piano, vocal e o “clique” das baquetas sendo chocadas – ressaltar as suas letras intensamente tristes onde, sabe-se, o compositor Tim Rice-Oxley reclama da falta de atenção do vocalista Tom Chaplin, alguém para quem oferece tanto e tanto admira, “Try Again”, que conta com vocais, teclado, piano, baixo e bateria de sublime melancolia e fala, em suas letras, de alguém que acorda para uma situação abominável, tendo destruído sua vida e afastado todos que estavam a seu lado, mas que deseja muito tentar mais uma vez ser quem era antes, e “A Bad Dream”, que não apenas tem uma melodia soberba, com piano, vocais, bateria e sintetizadores plenos em melancolia, arrependimento e sofrimento, como tem letras extremamente bem escritas, elaboradas de uma maneira tão inteligente que os versos podem ser interpretados tanto como sendo o ponto de vista de um soldado que se sente sozinho em uma guerra, refletindo sobre a falta de sentido do conflito, como também sendo a confissão de alguém que sente-se vivendo um pesadelo, mas que sabe ser esta a dura realidade de alguém abandonado e cansado demais para lutar por um amor.
Apesar do disco anterior, Hopes and Fears, ser um belo trabalho, sucedendo principalmente na forma como expressa abertamente sentimentos em música e letras, Under The Iron Sea me parece um trabalho mais profissional, com melodias que soam, no conjunto, mais coesas, mais bem acabadas, trabalhadas e pensadas. É bem verdade que metade deste trabalho mais reflexivo é resultado de confessas desavenças entre os membros do grupo, mas essa abertura, essa exposição da intimidade da banda para o seu público, através de sua música, acaba mostrando também que este disco seja até mais sincero que o seu anterior – um “mar de metal” que tanto fez sofrer os membros da banda mas que inundou o público com beleza, graça e sentimento.
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