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Tag: nathan larson

A Camp – Covers EP. [download: mp3]

A Camp - Covers EPEnquanto a banda The Cardigans não dá o ar de sua graça com um novo álbum, Nina Persson promove seu projeto paralelo, cujo segundo lançamento, o álbum Colonia, ganhou vida no fim de janeiro deste ano que está em vias de se encerrar. Das sessões deste disco, ao menos três regravações de canções de outros artistas e bandas foram feitas, duas das quais foram liberadas ao público como B-sides do single “Love Has Left The Room”. Em junho último, porém, a banda formada por Nina, seu marido Nathan Larson e o músico Niclas Frisk decidiu por bem reunir as duas faixas lançadas e a única ainda inédita em um álbum no formato exclusivamente digital, que foi batizado simplesmente como Covers EP. Nas três músicas que compõem o disco, Nina e seus comparsas procuraram redecorar as melodias de forma não-evasiva, impregnando-as com o estilo preponderante do A Camp de Colonia mas preservando a essência que forma a identidade original de cada uma das canções. Em “Boys Keep Swinging”, originalmente gravada por David Bowie no seu álbum Lodger, o trabalho do A Camp lembra enormemente o do cantor britânico, já que a melodia continua tomada de uma verborragia sonora proveniente da esquizofrenia das guitarras e do saturamento promovido pelos backing vocals, a diferença mais perceptível seria o andamento levemente mais acelerado da música, mas que ainda refaz a rítmica sacolejante tão famosa do Bowie dos anos 80. “Us and Them”, conhecida faixa do disco Dark Side of the Moon, dos ingleses do Pink Floyd, também mostra-se razoavelmente fiel ao original, recuperando nos vocais, tanto na reverberação dos versos entoados por Nina Persson quanto nos que preenchem o fundo com tonalidades gospel, a melancolia com ares épicos que é característica de muitas composições do Pink Floyd – algo, por sinal, que eu já tinha notado o A Camp ter utilizado de forma primorosa em Colonia na faixa “Chinatown”. E em “I’ve Done It Again”, a linha harmônica do baixo permanece com as propriedades originais da versão de Grace Jones inalteradas, assim como o ritmo da música, que ganha apenas a companhia de alguns toques ao piano, sopros e sintetizações ocasionais.
É claro que três faixas são bem pouco, mas com elas o A Camp dá uma idéia do que como a banda soaria se decidisse se aventurar em um disco de covers: cautelosa com o trabalho alheio sem deixar de colocar sua porção de charme e elegância em cada uma das canções escolhidas. Eu só esperaria um repertório um pouco mais garimpado, já que a música de Grace Jones bem poderia ter sido substituída por tantas outras muito mais interessantes.

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A Camp – Colonia. [download: mp3]

A Camp - ColoniaAproveitando o intervalo que sua banda The Cardigans tirou desde a última apresentação da turnê do fantástico disco Super Extra Gravity, Nina Persson voltou-se ao seu side-project, A Camp, que fez sua estréia em 2001 com um disco que injetou elegância ao country-rock. O novo álbum ainda conta com interferências do parceiro Niclas Frisk, de Mark Linkous, que produziu a primeira incursão do A Camp, e de músicos presentes na primeira incursão do grupo, como a americana Joan Wasser (da banda Joan As Police Woman), mas novas participações ganham papel integral, como Nathan Larson, marido de Nina e James Iha, ex-guitarrista do Smashing Pumpkins. Em Colonia, o novo disco, as referências ao country-rock somem quase que por completo, cedendo lugar à um pop que remete ao produzido no meio do século passado e que difere razoavelmente do que Nina já fez no início da carreira do The Cardigans, já que o produzido pelo A Camp é menos festivo e acelerado, preferindo fazer florescer melodias que sempre tem um “que” de tristeza e pisando no acelerador com muito maior parcimônia. É claro que esse caráter mais melancólico de Colonia fica mais óbvio em baladas de melodias tranquilas e sóbrias como “It’s Not Easy To Be Human”, que interrompe os poucos versos acompanhados de guitarra e sintetizações de tonalidades doces, calmas e tristes com uma epifania sonora de violinos e vocais de fundo sutis, e “The Weed Had Got There First”, cujo compasso letárgico e profundamente romântico é resultado da combinação das queixas de Nina ao microfone, do andamento lento da bateria, das cordas em ondulações levemente sensuais e da discreta participação da guitarra e de sintetizações, mas a atmosfera plangente está igualmente presente, ainda que de modo atuenado, nas canções mais sonoramente fartas. Isso se reflete na cadência arrastada da guitarra e da bateria e nos sopros e coro glamourosos que se alastram por todos os cantos da faixa “Stronger Than Jesus”, primeiro single do novo álbum, no ritmo imperioso que a bateria impõe no refrão da música suspendida por coros e pianos celestiais e pelas cordas graves que lançam-se em jatos precisos na melodia de “Love Has Left The Room” e até mesmo na aparente extroversão dos vocais e do compasso power-rock da bateria e do baixo e na pontuação deliciosamente dramática produzida pelas palmas e riffs de guitarra em “Here Are Many Wild Animals”.
Contudo, o que me chamou a atenção em A Camp foi a semelhança que me despertaram duas de suas faixas com outros representantes do mundo da música: enquanto “The Crowning”, desde os versos que pintam o cenário de uma irônica festa de homenagem até o ritmo do violão, piano, bateria, guitarra e harmonias dos sopros e cordas lembra, em cada detalhe, os momentos mais afetadamente teatrais de Rufus Wainwright – até mesmo o vocal de Nina remete ao cantar altivo e sarcástico do compositor americano -, algo disfarçado pela verve pop da espetacular “Chinatown”, provavelmente resultado da ambientação criada no trecho final da canção na combinação dos riffs resplandencetes da guitarra com o coro de múltiplas vozes que preenche o fundo da música com uma aura majestosa, me suscita…Pink Floyd. Não, eu não fiquei louco ou digitei errado – eu disse mesmo Pink Floyd. Por ter ouvido até gastar o cassete de The Division Bell em meu finado e nada saudoso Walkman em 1994, a ponto de não conseguir sequer olhar mais para esse disco, me acho no direito de estabelecer essa relação a primeira vista tão estapafúrdia – mas imagino que aqueles que conhecem bem este álbum conseguem, como eu, encontrar uma pontinha da sonoridade de algumas canções de The Division Bell em “Chinatown”.
Excetuando-se algumas faixas um pouco enjoativas, este novo disco do A Camp exala uma atmosfera ao mesmo tempo clássica e sofisticada, cujas melodias e letras persistem de maneira deliciosamente prazeirosa nos ouvidos como as notas aromáticas de um bom perfume o fazem no olfato de quem o percebe. Colonia é isso mesmo: uma nova fragrância de Nina que é resultado da sua alquimia sensível, que sempre consegue obter aromas requintados na união dos mais diversos ingredientes – sejam eles ervas, flores e frutos velhos conhecidos seus ou novas adições ao seu rico catálogo de botânica sonora.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

ifile.it/6i05rsa/camp_-_colonia.zip

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