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Tag: reino unido

Dido – Life for Rent. [download: mp3]

Dido - Life For RentEm No Angel, a britânica Dido fez sua estréia, revelando sua voz aveludada e sua elegância pop. Como a regra das gravadoras, ao apostar muitas das suas fichas em um artista revelação, é estabelece-lo entre os artistas já veteranos e consagrados, faz sentido que mantenha-se o trabalho deste no rumo que garantiu o sucesso inicial ou que se recheie o disco com tons ainda mais cativantes.
É isso que faz Life for Rent parecer uma espécie de parte 2 turbinada do álbum anterior, tantas são as canções com cara de single. Temos a presença de músicas com a vestimenta de hits clássicos imediatos – caso de “White Flag”, com sonoridade pop segura que fala sobre uma mulher que insiste em lutar pela relação que já chegou ao seu fim, e “Don’t leave home”, passionalísima declaração de submissão e dedicação amorosa com instrumentação generosa em que se sobressaem belos acordes de violão. Há, como no disco anterior, as faixas com bases eletrônicas assumidas sem perder a coloração pop – caso de “Stoned”, com eletrônica sincopada, onde Dido canta sobre o desejo de um amor mais vigoroso, de “Who makes you feel”, com melodia eletro-pop de elegante sensualidade e letras onde a cantora dirige-se ao amante questionando e mostrando que ele não encontrará ninguém que o ame mais do que ela, e também de “Do you have a little time”, música de sonoridade mais suave, mas que igualmente exala sensualidade, onde uma mulher implora pela atenção de seu amor, que parece não dedicar muito do seu tempo para os prazeres da vida. E há também as canções com tecitura mais acústica – como “This land is mine”, com acústica acompanhada de uma instrumentação pop sutil, onde uma mulher declara à seu amado, quando ele retorna de um período de ausência, que ele poderá intervir, desde que saiba que agora ela tem o controle de sua vida, e também de “Mary’s in India”, definitivamente a canção mais linda e de harmonia mais simples do álbum, com violões doces e melancólicos e onde a voz de Dido ressalta toda a saudade e o crescer de um sentimento amoroso de uma história sobre dois amigos que encontram-se para matar a saudade de uma amiga em comum, de espírito aventureiro, e se descobrem pouco a pouco apaixonados.
Todas essas características me levam a pensar que Dido, talvez, tenha algo do trabalho da brasileira Bebel Gilberto – tirando o fato de que Dido não tem ambições jazz/bossa, substituindo isto por uma herança mais pop. Talvez seja só uma impressão, uma postura vocal, ou uma “aura” – na falta de termo mais apropriado – musical. Mas é algo que surge devido à suavidade das músicas de ambas as artistas e de ambas terem seus discos reconstruídos por remixagens. E ao concluir a audição observa-se que se trata de um álbum de letras que expressam primordialmente melancolia e entrega amorosa, todas embaladas em melodias pop luminosas, algumas com o eletrônico mais ressaltado, outras com a veia pop mais aberta, e outras ainda que se entregam a simplicidade acústica, e que acabam resultando nas melhores canções do disco. Para os fãs assumidos da música pop mais clássica, este é um álbum de paixão à primeira escuta. No entanto, a presença de harmonias eletrônicas suaves agradam também os fãs do chamado “chill” ou “lounge”. Baixe o disco através dos links que seguem depois da lista de faixas.

Baixe: https://www.mediafire.com/file/8l6c612npzq89s2/di-life-do.zip

Ouça:

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“O Jardineiro Fiel”, de Fernando Meirelles.

The Constant GardenerDiplomata acomodado desconfia das circunstâncias da morte de sua esposa, uma ativista que lutava contra a exploração da miséria, e resolve investigar por conta própria o acontecido. Logo descobre que a versão oficial para a morte de sua mulher está longe de ser a verdade.
Meirelles quis, em seu primeiro filme de produção estrangeira, não pisar em falso em momento algum, equilibrando a produção de maneira que despertasse a atenção de público e crítica sem chamar muita responsibilidade para si. O ponto de equilíbrio é bastante claro: enquanto vê-se uma produção financeiramente generosa, bastante requintada visualmente e com locações na Europa e na África, percebe-se que o diretor decidiu que iria conseguir controlar os rumos de seu longa na escolha da atriz para o papel de Tessa. Foi recusando atrizes da maginitude pública de Nicole Kidman e Kate Winslet – com a desculpa de não terem a idade apropriada -, e escolhendo uma atriz competente mas sem notoriedade pública excessiva, que o diretor garantiu para si as rédeas do controle autoral de seu longa-metragem, evitando tanto que sua produção fosse eclipsada pela fome de auto-promoção de atrizes como estas quanto que a presença de uma destas mulheres gerasse expectativas em excesso com relação ao seu filme. Foi assim que Rachel Weisz acabou sendo a escolhida para o papel, e o filme ganhou os contornos pleanejados pelo diretor brasileiro.
Fernando Meirelles consegue manter o conhecido nível de qualidade de suas produções em sua primeira incursão pelo mercado internacional. Os atores estão muito bem em seus papéis, limitando de forma inteligente suas atuações para não prejudicar a atenção do público com relação à estória do longa. O roteiro adaptado consegue organizar a fragmentação de sua estória de modo que o conceito não atrapalhe a compreensão do seu conteúdo. A fotografia, a montagem e a edição tem algo de saturação, imediatismo e imersão, sensações que potencializam o envolvimento do público com o desenvolvimento dos acontecimentos do filme. E a direção de Meirelles sabe deixar o registro de seu estilo sem prejudicar a unidade de cada uma das características já citadas. A palavra que melhor define o mais recente filme do diretor brasileiro é, sem dúvidas, “equilíbrio”.
Desta forma, “O jardineiro fiel” é realmente um filme muito bom, mas não se configura como uma obra-prima. Primeiro, pelo obra em si, que mostra ser um filme acima da média, mesmo entre as produções estrangeiras, mas não se torna referência imediata. Segundo, porque o filme é menos um marco na estória de diretores brasileiros que arriscam carreira internacional e muito mais um degrau acima no caminho percorrido há anos pelo trabalho competente dos cineastas brasileiros – ou seja, não se trata de que ganhamos respeito e reconhecimento internacional agora, mas sim de que já o estamos fazendo há um bom tempo, e este filme representa um avanço ainda maior neste caminho.
Por tudo isso, deve-se assitir à “O Jardineiro Fiel” com o nível de exigência no ponto certo. Nem todo artista nasceu para fazer história: a grande maioria está aí para contribuir na medida certa para o engradecimento da cultura e da arte.

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“V de Vingança”, de James McTeigue.

V For VendettaNa Inglaterra de um futuro não muito distante, jovem garota tem contato com um justiceiro mascarado que, aos poucos, lhe revela a verdadeira faceta da sociedade em que vive: uma nação que foi manipulada para aceitar um regime ditatorial que, de maneira sutil, se livra daqueles que julga nocivos ao convívio social ou que simplesmente se opõe à este regime.
O filme de James McTeigue, com roteiro dos irmãos Wachowski, reponsáveis pela concepção e direção do universo de “Matrix”, é uma adaptação realmente competente da Graphic Novel original de “V de vingança”. O roteiro resume de maneira eficaz os acontecimentos da mini-série dos quadrinhos e consegue despertar e manter o interesse do desenvolvimento dos acontecimentos, ao mesmo tempo que dosa isto com boas cenas de ação. A direção é forte e segura e as atuações, principalmente de Natalie Portman e Hugo Weaving – mesmo atrás de uma máscara o tempo todo – tem o “timing” ideal para um filme do tipo. Claro que, em se tratando de uma superprodução de Hollywood, é impossível que os mais entendidos em cinema não se irritem com um certo uso excessivo de estilismos visuais, principalmente na sua sequência final – me refiro às câmeras lentas, às chuvas providencialmente belas, à captura precisa da trajetória de facas e esquichos de sangue, entre outras coisas. No entanto, trata-se sim de uma excelente diversão descompromissada bem acima da média do gênero – e até mesmo bem melhor que, “Matrix”, a criação maior dos roteiristas -, já que retrata uma estória que envolve manipulação social e política, opressão e preconceito. Também é certo que justamente estas características pesem aí boa semelhança com o genial “1984” de George Orwell mas, a bem da verdade, apesar das semelhanças, a estória de “V de Vingança” consegue criar seus próprios ícones e rumos. Assim sendo, vamos torcer para que as adaptações de obras dos quadrinhos continuem trazendo uma boa quantidade de êxitos, como estamos tendo a sorte de ter nos últimos anos.

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Prévia: “United 93”, de Paul Greengrass.

Previa: United 93Tudo bem, há de se compreender a dro desolamento dos americanos com os eventos do 11 de setembro – apesar de que não se deve esquecer do cárater cosmopolista das vítimas, pois os mortos não foram somente de nacionalidade norte-americana. Porém,fazer um filme sobre o único dos aviões que não atingiu um alvo, espatifando-se no chão do estado da Pennsylvania depois da ação dos passageiros contra os terroristas, já é demais. Isso mesmo: um filme sobre o ocorrido. Acho que vocês já tiveram o bom senso de perceber que as chances de algo assim resultar em bom cinema são ínfimas, não é mesmo? Quer mais um dado que confirma as chances disso ser verdade? Aí está: a produção do filme foi toda feita, segundo noticiado, com o apoio dos parentes das vítimas do vôo. Pronto, isso basta. Claro que só podemos confirmar e comentar sobre a qualidade do filme depois de assisti-lo. Porém, em se tratando de um filme americano que fala sobre este evento, já dá para prever o tom da estória: ufanismo exacerbado, demonstrações de heroísmo e honradez do americano comum, enaltecimento da nação americana. Ou você acha mesmo que uma produção feita envolvendo os parentes dos mortos não ia dar este tratamento à estória. Recomendação de equipamento indispensável para acompanha-lo na pareciação do longa, quando de sua estréia: saco de vômito. Tudo bem que o filme pode ser bom (quase impossível), mas não custa se prevenir. Lembrem que nem todo mundo enjôa em uma viagem de avião, mas os tais saquinhos estão sempre estrategicamente à disposição dos viajantes. Clique no link abaixo para assistir ou baixar o trailer do filme. E não esqueça de opinar e deixar suas impressões usando os comentários!

http://www.jurassicpunk.com/clips/United.93.trailer.mov

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“Manderlay”, de Lars Von Trier.

ManderlayDepois da experiência em Dogville, onde a presença de Grace alterou os rumos da vida de todos os que lá viviam, a jovem chega a Manderlay, acompanhada de seu pai e seus gangsters. No momento em que se preparavam para ir embora uma mulher negra implora por socorro. Entrando nas dependências da fazenda descobrem que os proprietários do local mantém o regime da escravatura, mesmo depois de 70 anos de sua abolição. Grace interpela pelos escravos subjugados e decide ali permanecer, acompanhada de gangsters de seu pai, até garantir que os ex-escravos descubram como (sobre)viver em regime de liberdade e que seus ex-senhores tenham assimililado a concepção de que eles agora são livres e tão plenos de direitos quanto eles próprios.
Lars Von Trier é, como alguns diretores que constroem um projeto cinematográfico, presunçoso e ególatra. Porém, vindo dele isso é plenamente aceitável, já que ele possui todos os fundamentos para sê-lo: o diretor dinamarquês é um dos cineastas vivos mais geniais. Enquanto a imprensa propaga que o cinema oriental é a vanguarda do novo século, Von Trier mantém o trabalho mais verdadeiramente coeso, ousado e “avant-garde” da atualidade, criando e recriando seu cinema de uma forma inimaginável.
Apesar de avaliar o primeiro filme da chamada trilogia “Terra das oportunidades” como o mais fraco já produzido por Von Trier, ainda assim um filme seu é sempre melhor do que a maior parte do que é lançado durante todo o ano. Meus problemas com “Dogville” são a sua estética seca, seu argumento um pouco infantil e a óbvia presença de Nicole Kidman, que apresentou uma boa atuação mas que também causou enjôo, já que na época ninguém conseguia pisar em uma videolocadora sem trombar com algum dos inúmeros filmes que ela vinha fazendo. No entanto, em “Manderlay” Lars conseguiu amadurecer sua crítica aos Estados Unidos e à seu povo, concebendo uma fábula mais sombria e desesperançada.
À exceção de Lauren Bacall, que marca uma presença rápida como outro personagem, e do onipresente Jean-Marc Barr – ator fetiche do diretor dinamarquês – os personagens que marcaram presença no filme anterior retornam neste longa personificados por outros atores. Grace, por exemplo, muda de aparência, sendo aqui interpretada por Bryce Dallas Howard – filha do diretor Ron Howard. Esta é uma idéia interessante do diretor, já que ao mesmo tempo que abre caminho para novas nuances na personalidade do personagem ainda tem a obrigação de preservar os traços que foram anteriormente apresentados. Isso acabou gerando um problema, percebido por alguns críticos: Grace volta neste filme com um furor idealístico ainda maior, reforçando o caráter ingênuo da personagem. Isso não deixa de ser uma contradição, visto a experiência que Grace viveu em Dogville. No entanto, também não deixa de ser relevante a insistência nestes mesmos traços da personalidade da jovem ruiva, já que tudo nela é uma metáfora da América e de sua cruzada pela justiça, liberdade e democracia pelo mundo.
E já que entramos na questão do simbólico, qualquer pessoa mais esclarecida que assista ao novo filme de Lars Von Trier vai reconhecer na estória uma analogia à invasão americana ao Iraque: os delírios idealistas de Grace; a imposição na vida alheia daquilo que acha moralmente correto, e com o uso da força, se necessário; seus atos baseados em decisões impensadas; sua ingênua ignorância das diferentes concepções de valores e conceitos – tudo remete ao modo de pensar e agir da América e da maior parte de seu povo.
A cenografia da segunda parte da trilogia continua minimalista: um palco com fundo escuro, iluminação teatral, objetos cenográficos pontuais, marcações no chão propositalmente visiveis. Já comentei não ter gostado do experimentalismo teatral em Dogville, mas é fato que neste segundo filme o público já entra mentalmente pré-disposto a assimila-lo mais rapidamente. E Lars consegue mostrar estranha simbiose entre o visual desidratado da ambientação das cenas e o esporádico uso de alguns efeitos especiais muito bem aplicados, que servem de apoio direto ao argumento do filme. O efeito de uma tempestade de areia em pleno palco, por exemplo, é ao mesmo tempo de constraste e complementação.
Depois de toda essa experiência de cinema, ironicamente concebida com uso violento de recursos teatrais, Lars ainda reserva uma surpresa – das mais chocantes – nos créditos finais do filme, ao som da famosa canção “Young Americans” do britânico David Bowie. Não cometa o pecado venial de parar o longa antes de observa-lo até o fim. O diretor dinamarquês evita poupar seu público até mesmo neste momento, normalmente a sequência mais puramente formal de um filme. Lars Von Trier não tem mesmo quaisquer pudores em concretizar suas idéias, por mais doentias que possam parecer.

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Placebo – Meds. [download: mp3]

Placebo - MedsPlacebo está de volta como o imperdível álbum Meds, a ser lançado no dia 13 de Março desta ano. Tão logo terminei a primeira audição de Meds notei, tardiamente, que não apenas o embasamento melódico do álbum anterior está sendo levado à frente mas percebi também que Sleeping with Ghosts foi na verdade um ponto de partida para a concepção do novo álbum. Isso porque Meds aproveita tanto as novas experiências do álbum de 2003 que o Placebo de 2006 surge com um rock mais plácido e menos visceral do que nos seus três primeiros álbuns. A maior parte das músicas é harmonicamente mais contemplativa, algumas cujas introduções lembram inclusive bandas do fim dos anos 80/início dos 90, como o New Order de então: é o que ocorre na segunda faixa do disco, “Infra-Red”. E há também sonoridades inovadoras como a ambiência techno-rock-mórbida de “Space Monkey”. Com tudo isso, no plano sonoro Meds soa como um dos álbuns mais contraditórios da banda: consegue ser homogêneo ao mesmo tempo que abraça sonoridades tão diversas. Quanto às letras, o Placebo se apresenta nostágico-depressivo como costuma sempre ser, em belíssimos versos que confessam lamentos de utopia amorosa, como em “Pierrot The Clown”. Porém, ainda há espaço para letras que apregoam urgência e rancor, como na abertura do disco, homonimamente entitulada “Meds”, como o próprio disco. E é nessa e em outra faixa do disco – “Broken Promise” – que a banda traz duas participações especiais, respectivamente Alison Mosshart (do The Kills) e Michael Stipe (do R.E.M), para incrementar ainda mais a tecitura complexa deste álbum. É maravilhoso para qualquer fã descobrir que seus ídolos continuam inovadores e criativos, capazes de proezas lírico-sonoras como Meds.
Estas são as fontes para download do álbum que encontrei na internet. Escolhi colocar mais de uma porque o link do Rapidshare do qual baixei o álbum há algumas horas apresenta uma mensagem informando que o arquivo foi apagado pois é de compartilhamento proibido. Ainda assim resolvi deixar o link na lista, é o último e que precisava da senha para descompactação.

fonte 1:http://rapidshare.de/files/11270004/Placebo-Meds-2006.zip.html

fonte 2:http://rapidshare.de/files/11278508/Placebo-Meds-2006.rar.html

fonte 3:http://s65.yousendit.com/d.aspx?id=0U1QDK45BYN3U0SYP7UZKG5VLK

fonte 4:http://rapidshare.de/files/11350912/Placebo_-_Meds.rar.html

senha para descompactar fonte 3: remidalver.blogspot.com

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“Escuridão”, de John Fawcett.

The DarkMaria Bello interpreta uma mulher que leva a filha, com quem tem problemas de relacionamento, até a casa do seu ex-marido, num recanto bucólico do País de Gales. Ao chegar lá tem a sensação de que o local guarda algo de sinistro. Correm-se apenas algumas horas e o que ela de alguma forma pressentia acontece: sua filha desaparece no mar misteriosamente. Suas suspeitas sobre o mal que se esconde no lugarejo se confirmam quando o velho caseiro de seu ex-marido lhe revela uma das estórias do folclore galês e que ela acredita ter relação com o desparecimento de sua filha.
Todos os comentários na internet à respeito deste filme o relacionam inteiramente com O chamado, que por sua vez, na dança dos infames remakes de Hollywood, já era o remake de um filme japonês chamado Ringu. As comparações procedem de alguma forma, já que os dois filmes guardam elementos em comum, tanto em conteúdo quanto em estética: uma mãe e seu filho são vítimas de algo sobrenatural; as protagonistas, Maria Bello e Naomi Watts, são fisicamente parecidas; uma fotografia insistentemente escura que por vezes deixa o espectador às cegas; cenas de impacto que misturam horror e beleza plástica.
No entanto, devo dizer que a imensidão de clichês estilístico-visuais de Escuridão tem uma outra fonte, e que é certamente a maior fonte de “inspiração” dos livros e filmes de horror orientais e suas inevitáveis versões hollywoodianas. Quem viu o filme de John Fawcett e gosta de jogos de horror já deve saber do que estou falando. É isso mesmo: Escuridão é uma cópia descaradamente não assumida do genial, e já lendário, jogo Silent Hill. Tudo no filme remete à Silent Hill: os inesperados flashs com fragmentos rápidos de cenas; a fotografia escura e suja; a cenografia que explora ambientes mórbidos e envelhecidos; o argumento base, que envolve crianças desaparecidas relacionando-as ao ocultismo/fanatismo/sobrenatural; até a magnífica transmutação de um mesmo ambiente em sua versão sobrenatural/demoníaca o diretor teve a cara-da-pau de utilizar. Toda a base do filme é uma utilização ostensiva do argumento e atmosfera do jogo e que sofreu apenas algumas modificações para melhor disfarçar a sua fonte: transposição de local, modificações na identidade dos personagens, algumas substiuições no argumento-base. Porém, tudo não passa de uma mudança puramente cosmética, e que se esvai no decorrer do filme sob o olhar atento de qualquer fã de jogos de horror como Silent Hill, considerado o melhor jogo de horror/suspense da história dos games. O projeto de John Fawcett engana a maioria das pessoas, mas não aqueles que não tem preconceitos em reconhecer que um bom jogo é, hoje em dia, tão bom quanto um filme. À todos que pensam em ir ao cinema para ver Escuridão, fica o recado: se você tem um computador, và até a feira livre de eletrônicos ou camelódromo mais próximo, compre o jogo Silent Hill e vivencie uma experiência de horror verdadeiramente inesquecível. Esse, na verdade, é único mérito do filme de John Fawcett: lembrar que o jogo lançado em 1999 é, até hoje, um saboroso e assustador passatempo.

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“Buena Vista Social Club”, de Win Wenders.

Buena Vista Social ClubO compositor Ry Cooder, que vem costumeiramente trabalhando com o diretor alemão Win Wenders, declarou que sempre se sentiu atraído pela música cubana, aproximando-se dela nas visitas que fez ao país à trabalho. Algum tempo depois, seguindo a sugestão de sua gravadora, decidiu levar à frente o projeto de unir músicos cubanos e africanos para gravar um disco. No entanto, depois de tudo acertado, os músicos que vinham da África foram impedidos na Europa de embarcar para Cuba. Apesar de frustrado, Cooder resolveu resumir o projeto aos músicos cubanos. O disco Buena Vista Social Club, resultado das gravações coordenadas por Cooder, tornou-se um grande sucesso de crítica e público, levando os músicos à apresentações dentro e fora do seu país.
De forma sucinta, o processo de construção do disco Buena Vista Social Club é mostrado no documentário homônimo dirigido por Win Wenders. O diretor alemão foi convencido pelo amigo Cooder a retratar a experiência e transformá-la em um filme. A crítica de cinema rasgou-se em elogios infinitos à película. E o filme está longe de ser uma obra prima mas é, de fato, tocante. Wenders leva grande parte do filme seguindo uma mesma estrutura: faz uma rápida apresentação do artista no estúdio para, logo depois, mostrar um pouco do seu cotidiano e revelar como foi trajado o seu caminho até a música. Além disso, sessões de estúdio são mescladas com apresentações ao vivo dos músicos na Europa e Estados Unidos.
Cooder e Wenders conseguem no filme demonstrar que os esquecidos músicos cubanos tinham ainda, apesar da idade avançada, muita vitalidade para mostrar sua música suave e nostálgica. E o público brasileiro se sente particularmente identificado com suas composições, pois muito do que se vê ali pode ser identificado com o nosso samba-canção: a melodia, as letras, a impostação vocal, que era característica desse gênero da música brasileira, se assemelha muito àquilo que fizeram os cubanos. Não sou um grande conhecedor de música brasileira, mas poderia arriscar e dizer que nosso samba-canção guarda algum tipo de parentesco com a música latina, particularmente à cubana.
No entanto, algumas ressalvas ficam a partir da expectação do filme, e elas nãO estão relacionadas ao documentário em si. Durante boa parte dos 105 minutos de Buena Vista Social Club, Wenders percorre as ruas da capital cubana Havana. E o que ele mostra não pode, de forma alguma, ser demagogicamente chamado de belo. Tanto no centro quanto na periferia da cidade, o que se vê são sobrados que apresentam aspecto nada agradável, nitidamente expostos à mercê do efeito temporal, sem qualquer sinal de terem, algum dia, sido reformados. Talvez eu mesmo esteja sendo insistentemente eufemista: o que quero dizer é sinais de pobreza visível saltam aos olhos, sendo impossível terminar o filme sem comentá-la. Em contraste, ainda dentro do aspecto das edificações, os únicos edíficios que exibem a beleza e o frescor de cuidados constantes são, notadamente, edifícações sob os cuidados do governo cubano. A humildade financeira do povo cubano não fica clara apenas no exterior de suas casas: nas gravações feitas na residência de alguns dos músicos vemos que a pobreza é a constante, e os depoimentos dos artistas confirmam o fato.
Não quero aqui estipular posicionamento algum sobre a realidade sócio-política deste país que tem sido prazerosamente o santo Graal de infindas arguições dos defensores e detratores do regime socialista/comunista. Seria ingenuidade da minha parte expor um posicionamento contrário ou favorável, já que sabemos que o regime cubano também apresenta alguns aspectos positivos. Trato apenas aqui de expor um fato retratado com cuidado e sem qualquer posicionamento nítido, pelo menos à primeira vista, no filme de Wenders. A música cubana é sem dúvidas bela, mas a realidade daqueles que a fazem, aparentemente não é.

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Placebo – Sleeping with Ghosts. [download: mp3]

Placebo - Sleeping With GhostsNão me eximo der comentar que sou um dos que teve a sorte de desfrutar de uma apresentação ao vivo de Placebo, que supreendentemente ocorreu aqui em Florianópolis, no ano passado. Outra oportunidade como essa, aqui na cidade onde moro, será difícil.
A turnê em questão, da qual fazia parte a apresentação na minha ciadade, ainda era a que promove o mais recente álbum da banda, Sleeping with Ghosts. Se comparado aos álbuns anteriores da banda, Sleeping with Ghosts nos sugere levemente que a banda está mais solta: suas melodias punk-rock já conseguem conviver com sutis experimentações mais eletrônicas, como é o casa da animadíssima faixa 2 do álbum,“English Summer Rain”, na qual Brian anuncia os aspectos imutáveis de sua sisuda terra-natal, a Inglaterra, usando como analogia a famosa e onipresente chuva britânica. Também pode entrar nessa classificação “Something Rotten”, que apesar do inconfundível estilo da banda se apresentar bastante claro, percebe-se algo de bjorkiano na atmosfera eletrônico-inusitada da faixa em questão.
Como de praxe, há os irresistíveis singles, especialidade de uma banda que consegue muito bem mesclar sua formidável habilidade comercial à uma criatividade impressionante. “Bitter End”, primeiro single lançado do disco, tem insistentes e deliciosos riffs de guitarra aliados à uma bateria precisa. Outro single seria “Special Needs”, que possui intro nostálgica que alia um baixo certeiro à acordes nostálgicos de piano. É a melodia certa para uma música que trata de um passado recente, mas que não deixa nunca de se configurar como irrecuperável.
E não vamos esquecer que o Placebo, mesmo que mais conhecido pelas sua canções cheias de energia, ainda tem o mérito de compor faixas de uma leveza tocante, o que faz a banda assemelhar-se muito à outra, já extinta, o Smashing Pumpkins. A faixa que fecha o disco, “Centrefolds”, é uma das composições mais belas já feitas pela banda, com letras de uma passionalidade afetiva capaz de levar qualquer um às lágrimas.
E se você está animado com a possibilidade de ouvir este que é o último álbum da banda, saiba ainda que o Placebo já anunciou um novo álbum, ainda sem título, com lançamento previsto para 13 de março de 2006. Uma notícia fantástica para deixar qualquer fã de boa música menos irritado com as inevitáveis decepções de cada ano novo. Links para baixar Sleeping with Ghosts logo depois da lista de faixas.

http://hippohome.homeip.net/magda/download/placebo.zip

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“Billy Elliot”, de Stephen Daldry.

Billy ElliotBilly Elliot, um humilde garoto de 12 anos, orfão de mãe suicida e filho e irmão de mineiros, vive em uma pequena cidade cujo economia gira em torno, justamente, das minas de carvão. Enquanto seu irmão e seu pai ocupam-se e lutor por melhores salários e condições de trabalha organizando uma greve, Billy acaba perdendo o interesse pelo boxe, esporte que já foi praticado pelo seu pai rude e, aparentemente insensível, e apaixona-se por uma atividade numa cidade repleta de homens como o seu pai: o ballet. A instrutora percebe o talento e o enorme interesse do menino para a atividade e decide, então, treiná-lo para tentar uma vaga Academia Real Inglessa de Ballet. No entanto, Billy e sua mestre terão uma tarefa difícil pela frente: lutar contra o preconceito e a recusa da família do menino.
Billy Elliot é divertido, é bem feito, tem uma trilha sonora bacana, um roteiro simpático, boas atuações e, portanto, acaba cativando e, até mesmo, emocionando o espectador. Porém, sou obrigado a dizer que não vai além disso mesmo, pois se trata, assim, de mais um filme bonitinho de pessoas que investem em atividades não muito bem vistas e que, portanto, tem de superar diversos obstáculos. Há inúmeros filmes com o mesmo argumento. O único mérito deste filme, em vista de tantos outros com o mesmo mote, é que Billy Elliot não chega a exceder a cota do sentimentalismo barato e pieguices, armadilha fácil em filmes que tratam de temas como esse. De resto, é tão somente um filme assistível e mediano. Para uma tarde (ou noite mesmo) em que você não encontra nada para fazer e não há uma opção mais interessante, é um passatempo competente, sem contra-indicações. Mas de tão deja vu você esqueçe ele tão logo desliga a TV.

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