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Camille – Music Hole (+ 1 faixa bônus). [download: mp3]

Camille - Music HoleCom o que fez no álbum Le Fil, seu segundo disco solo, Camille Dalmais chamou tanto a atenção de crítica e público do mundinho da música alternativa que, não é exagero afirmar, alavancou para si o posto de maior sensação da música francesa nos últimos anos. Por esse motivo, o seu álbum subsequente vinha sendo aguardado ansiosamente pelos fãs que não sabiam o que esperar da francesa depois do experimentalismo pop de Le Fil. Com o lançamento de Music Hole nesta segunda-feira a curiosidade foi saciada: no seu novo projeto, Camille dá continuidade à exploração da musicalidade desenvolvida no disco anterior, que esquadrinhou, com temperança, as possibilidades da voz humana como instrumento melódico. Na canção “Cats and Dogs”, Camille mostra isso de forma deliciosa, povoando a segunda metade da faixa, até então constituída apenas de um piano de acordes doces e uma “tuba vocal”, com um almanaque de vozes que mimetizam festivamente toda uma variedade de grunhidos, gritos e urros do mundo animal: pássaros, porcos, elefantes, macacos, cabras, sem esquecer, claro, dos personagens que são a tônica da música – cães e gatos. Mas, além de retomar a pesquisa musical produzida até Le Fil, a cantora e compositora francesa adiciona ao seu repertório experimental a percussão corporal, um novo elemento melódico que incrementa ainda mais a experimentação desenvolvida por ela em suas composições. A utilização deste novo elemento na construção das melodias pode ser conferida em toda sua glória na faixa “Canards Sauvages”: para emular um samba frenético, Camille contou com a ajuda de participantes do grupo brasileiro Barbatuques, que tamborilaram no próprio corpo para produzir a sonoridade percussiva acelerada que faz a base da melodia, composta ainda de ruídos de água nervosamente agitada e de múltiplas camadas da voz de Camille – capaz até de simular uma impagável cuíca vocal.
E já que estamos falando de voz – e como não falar disso, quando tratamos de Camille? -, vamos falar de uma consequência sua: a língua. Ao contrário dos discos anteriores, Music Hole privilegia o inglês. Porém, as letras contam sempre com algumas boas rajadas da língua pátria da cantora quando a idéia é imprimir uma fluidez ao ritmo – algo fácil de notar no vocal de suporte que introduz a faixa de abertura “Gospel With No Lord”, cheia da já conhecida vitalidade sonora da francesa, que joga jovialidade na música com boas doses de estalar de dedos, palmas e, na sequência final, um piano discreto e uma percussão seca encorpando a melodia.
No entanto, quem conhece Camille sabe que a garota não sabe fazer só festa: sua capacidade de emocionar com composições tristes é também algo notável. Neste caráter, destacam-se a faixa “Winter’s Child” – que explora vocais melancólicos em trama algo arábica, sustentada na base por um vocal grave a la Le Fil, e no primeiro plano por uma combinação de versos em inglês e francês, com os quais a cantora abusa da sensibilidade espetacular de sua voz – e as baladas “Waves” – com um piano de acordes esparsamente dramáticos acompanhado por um arranjo vocal encantador que simula em sua rítmica a ondulação oceânica – e “Home Is Where It Hurts” – que é introduzida com um conjunto cativante de acordes de piano e baixo beat-box, que logo ganha a companhia de uma programação com cadência densa e vocais de apoio envolventes.
Ao invés de mudar de curso sem respeitar a coerência do que já produziu, tentando reinventar a si própria, em Music Hole, Camille mostra porque é considerada uma das artistas mais importantes da música pop contemporênea mundial ao, de modo perspicaz, dar um passo a frente com prudência, brincando com o seu vibrante vanguardismo pop ao mesmo tempo que cuida não ultrapassar os limites que estabeleceu para tornar seu trabalho sempre deliciosamente acessível. Deste modo, Music Hole é, ao mesmo tempo, um disco arrojado e simples, cujas texturas melódicas soam inovadoras sem nunca perder a sensatez e bom gosto – um bálsamo pop para ouvidos cansados das agressões deselegantes que, infelizmente, são comuns à muito do que é feito no gênero atualmente.

E aproveite para baixar “I Will Never Grow Up”, a faixa bônus de Music Hole que o seteventos.org está disponibilizando com exclusidade na web. Comentários de agradecimento serão muito apreciados, viu? Agradeçam, em particular, ao meu cartão de crédito internacional – sem anuidade!

rapidshare.com/files/366936483/camille_-_hole.zip

senha: seteventos.org

15 Comentários

  1. Thalita da Costa Leite Thalita da Costa Leite

    Obrigada Cartão de crédito e valeu mt boa música
    por sua causa agora tenho td a discografia

  2. …vivas ao cartão de crédito sem anuidade, hahahaha, tb quero hummmmmmmm!!! >.<

    E.

  3. Queridíssimo, vc é um Gentleman, puxa Vida, me sentí enormemente privilegiada de receber por email, OS 2 links do Ben Ricour…Parabéns pela sua eficiência…e se puder me presentear com os links da Camille…olha, não te largo nunca mais, hahaha.
    As empresas de venda pela internet deveriam te contratar, não as de música é claro, hihihihi, mas de todas as outras coisas, ou é o Astral que te inspira a levar gratuitamente poesia musical as pessoas???rs

    Beijos de energia boa!!!

    E. ^^

  4. nossa! estava louco por essa faixa bônus.
    valeu por disponibilizar.

    =*

  5. Muito Obrigado ! I heard “Money Note” at my work. I loved it and I really wanted this song. Thank you so much !

    Kiss from France ! 😳

  6. Jaime Jaime

    Oi, Giovane. Olha só, na verdade, o novo “The Boy” já foi apresentado, sim. Alguns dias antes de sair na página principal, dá sempre para achar o carinha do mês clicando em http://www.terra.com.br/theboy/aviso_xxyy.htm, sendo xx o mês e yy o ano (tipo, aviso_0408.htm para abril de 2008). 😉

  7. Obrigado a todos pelos comentários – dá sempre uma animação maior quando o texto é bem comentado!

    Zé: concordo, o disco realmente flerta com muitos gêneros!

    Luiz: os textos são sempre de meu punho – que bom que gostou!

    Fellipe: Puxa! São tantos elegios que nem sei como agradeceder! Bem, disponha! E obrigado por comentar!

    Jaime: que bom que a resenha ajudou você a degustar Music Hole! E quanto ao The Boy deste mês, ele ainda não foi apresentado, mas por amanhã ou depois já deve estar pintando…e pode deixar que eu vou colocá-lo no álbum tão breve quanto possível! 😉

    Scott: o álbum vai ser atualizado quando os sites que gosto de utilizar para tanto apresentarem novidades. Mas, sim, admito que estou devendo umas galerias genéricas, como fiz com Matthew Fox, Chris Evans e outros.

    Bruno: sim, algumas músicas entram mais no ouvido do que outras, né? É normal mesmo. E obrigado por experimentar novos sons – mesmo não gostando sempre vale a pena tentar.

    Torzka: be my guest, always!

    Pelvini: o CD do Guillemots me causou uma boa frustração…estou esperando pra ver como vai ser, se vou continuar frustrado ou não, aí vou escrever com segurança de dizer que foi bom ou ruim. E não deixe de experimentar Camille e Music Hole – você vai se surpreender.

  8. sabe que eu adoraria ver você resenhando o novo cd dos Guillemots?

    a resenha desde music hole me deixou curioso – vou ver se baixo as músicas depois. abraços!

  9. bruno bruno

    gostei do cd, bem legal… umas musicas naum me agradaram mto, em compensação outras fora ótimas, como a “Home Is Where It Hurts” e “kfir”, Adorei… 😉
    O My brightest diamond achei interessant, mas naum eh bem meu estilo…

  10. Scott Scott

    O vei…ta faltando vc atualizar la as fotos no album, neh!? hehehehe
    abração!

  11. Fellipe Castro Fellipe Castro

    😆 Cara me desculpe por nunca ter comentado nada no seu blog, acompanho suas postagens a um tempo considerável e acho as suas críticas muito inteligentes, aprecio muito o seu gosto para as expressões culturais e curto a maioria das atrações musicais que você disponibiliza no seu blog, obrigado por fazer esse trabalho e força para continuar fazendo os leitores felizes. Abraços.

  12. Jaime Jaime

    Excelente disco – valeu demais! E sua crítica está muito bem feita, me ajudou a passear pelas músicas.

    PS: Já tem “The boy” novo de abril.

  13. Wow, muito bom mesmo o CD novo, e a analise estava excelente, nao sei se foi a sua, mas enfim, concordo plenamente
    😀

    e muito obrigado pela faixa bonus
    XD

    ate a proxima

  14. Zé

    Hmmm… tem uma pitada de cada ritmo nas músicas, até de R&B. Vou ter que ouvir bastante pra chegar a uma conclusão positiva. 🙂

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