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seteventos Posts

Woodkid – I Love You (Quintet Version – Live Acoustic) [vídeo, download: mp3]

WOODKID - I Love You (Quintet Version)

Em uma das muitas entrevistas que concedeu recentemente devido o lançamento do seu debut The Golden Age, o talentoso artista francês Woodkid disse que seu disco de estréia não é um album pop, já que não há nas canções instrumentos comumente utulizados em composições do tipo, como guitarras, baixo e bateria, mas que qualquer destas músicas poderia muito bem ser convertida em algo do gênero em versões alternativas. E no dia de hoje, em uma participação na rádio France Inter, o cantor francês provou que está certo ao apresentar uma versão acústica de “I Love You” a qual utiliza-se apenas de piano e cordas – e apesar da simplicidade, devo dizer que esta versão, que conta com um andamento mais lento e melancólico, rivaliza em emoção com a original de estúdio.
Clique no link para fazer o download da canção em mp3.

http://www.mediafire.com/file/fq79j1tato4yrca/wood-i-love-you-live-acoustic-quintet-version.zip

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Woodkid – “I Love You” [video]

Woodkid - I Love You (Official Video)

E finalmente teve sua estréia o tão esperado terceiro (e provavelmente último) vídeo a ser liberado pelo músico, compositor e diretor francês Woodkid antes do lançamento de The Golden Age, seu álbum de estréia. Após uma brevíssima referência ao personagem do garoto que foi introduzido no vídeo de “Iron” e que protagonizou o vídeo de “Run, Boy, Run”, somos apresentados à um personagem também retratado em “Iron”, o homem jovem que parece ser um sacerdote cristão, que neste vídeo chega para realizar seu culto em uma capela de um vilarejo de camponeses russos. Ao mesmo tempo que ele toca o órgão da igreja para os seus fiéis, nos é apresentado este jovem como um outro personagem em uma jornada através de um imponente e vasto deserto gelado e rochoso até chegar ao litoral, onde acaba por atirar-se no fundo do oceano. Esta história paralela, na verdade, é também contada pelo jovem sacerdote aos seus fiéis, já que ele introduz em russo o conto para eles como sendo sobre um homem que morre duas vezes: ao perder seu amor e ao se afogar nas águas geladas do oceano.
Inevitavelmente bem encenado, impecavelmente fotografado e espetacularmente elaborado, este novo vídeo Inicialmente aparenta ser mais simples do que os dois lançados por Woodkid, mas à medida que o curta se desenvolve vai sendo revelado o destino do desesperado jovem e a história torna-se mais imponente e espetacular, sendo fechada com um final misterioso e intrigante. Enquanto “Iron” e “Run, Boy, Run” tinham temáticas mais juvenis e apoteóticas, o vídeo de “I Love You” é um trabalho mais maduro e emocionante, deixando claro que Woodkid pode ir muito além das belas aventuras juvenis e épicas pelas quais ficou inicialmente conhecido – e confesso: de todos até o momento, este é o meu vídeo preferido.

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Woodkid – The Golden Age (+ 3 faixas bônus) [download: mp3]

Desde seu despontar na internet, com o lançamento em 2011 do videoclipe e do single “Iron”, venho acompanhando com ansiedade a tão aguardada estréia de Woodkid, pseudônimo do diretor, artista gráfico, compositor e cantor francês Yoann Lemoine. Como já se percebia desde o surgimento do vídeo, o artista europeu não faria sua estréia de modo simples: além dos obrigatórios lançamentos em formato digital e CD de áudio e do lançamento em vinil para agradar os alternativos de plantão, Woodkid preparou uma edição especial primorosa na qual o CD figura como brinde de luxo de um livro que mistura memórias e ficção, escrito em conjunto com sua prima polonesa Katarzyna Jerzak, e que acompanha também ilustrações do elogiado ilustrador de graphic novels Jillian Tamaki. Contudo, pra não fugir à tradição dos lançamentos musicais na era pós-moderna, poucos dias antes do lançamento oficial o álbum em sua totalidade já começou a se alastrar pela internet. E finalmente Woodkid pode ser posto à prova nos ouvidos dos fãs que já tinha arrebanhado sem nem mesmo ter um álbum lançado.
The Golden Age é, como já se esperava, um trabalho grandioso de um estreante singular, que começou sua carreira por trás das câmeras, migrou para os palcos e arrebanhou fãs mesmo antes de seu lançamento oficial, assumidamente, em suas próprias palavras, um “músico frustrado que é diretor de vídeos”. Essa auto-avaliação tem um fundo de verdade: sua faceta de cantor realmente não tem a perfeição de um crooner, já que é difícil não notar a limitação de sua voz, que quase chega a titubear em alguns volteios, mas o artista conhece a si próprio e, inteligente, escolheu apresentar-se ao público com as faixas “Iron”, “Run, Boy, Run” e “I Love You”, músicas extremamente bem produzidas e arranjadas que se adaptam ao seu vocal e o encorpam simultaneamente. Isso se repete em outras faixas que permeiam o álbum, como a que o abre e lhe dá nome, que surge com harmonia reflexiva ao piano seguida de um turbilhão percussivo e orquestral que afoga os sentidos em uma epopéia sonora que só encontra paralelo em épicos do cinema de ficção científica e da fantasia, mas que lembra também melodias compostas por Björk nos últimos anos, em particular no disco Volta. A referência vem novamente à tona no compasso melódico de “Ghost Lights”, onde o órgão, os metais e a percussão soam taciturnos e amargurados. “Stabat Mater”, composta e produzida pelo amigo de Woodkid, o DJ e músico francês SebastiAn, não tem medo de soar redundante ao adicionar um coro de inspiração religiosa para acompanhar a percussão já retumbante e os metais e cordas em resplandecente psicose – uma melodia que soa como o hino de uma cruzada messiânica. “Conquest Of Spaces” promove a união da influência sacra presente no trabalho do francês com o seu apreço pelo cinema de ficção científica ao associar um órgão futurista à um sintetizador de sonoridade caleidoscópica. Fechando o disco, em “The Other Side” acordes de piano e sinos entoam um belo lamento, que partilhado pelo coro e pelos arranjos de metais e cordas, acaba por se submeter ao ritmo marcial da percussão – uma analogia melódica perfeita às letras da canção.
Apesar da apoteose cinematográfica ser uma constante, há momentos nos quais o artista francês procura outras experiências sonoras, como em duas músicas de atmosferas opostas, “The Great Escape” e “The Shore”: a primeira, que não deixa de lado a percussão frenética e incansável, é uma música mais despretensiosa e alegre, com arranjos orquestrais mais simples que se limitam a complementar a música, enquanto a segunda, conduzida por um piano aristocrático, vai ganhando colorações ainda mais formais e clássicas à medida que levantam-se metais e cordas que reforçam suas pretensões algo operísticas. Além disso, há também instantes mais introspectivos nos quais Woodkid consegue em grande parte dominar e balancear seu vocal, como em “Boat Song”, onde sintetizações que remetem à produção setentista de Brian Eno evitam, inutilmente, a tristeza compassiva dos trompetes e do piano, e também “Where I Live”, uma balada onde os floreios de metais concedem algum conforto à voz e ao piano que compartilham desmedida dose de doçura e pesar.
The Golden Age é um debut impetuoso e impecável que certamente vai ser rejeitado por muitos por beirar o excessivo e o megalômano, por querer ser incondicionalmente muito ou tudo ao mesmo tempo: romântico, épico, delicado, fascinante, sensível, apoteótico. No entanto, é inegavelmente uma obra emocionante, fruto da dedicação de um artista imbuído de uma sincera vontade de trazer à realidade seus sonhos e ideais mais caros, inspirado pela inocência e inconsequência da infância, a era dourada que ficou no passado e dá nome ao disco, e pela inevitabilidade da vida adulta, realidade que passamos a viver para o resto de nossa existência e que por vezes é fria e dura demais para poder ser tolerada. Portanto, por baixo de toda a esplendorosa grandiloquência, por baixo da pompa percussiva e da avalanche de arranjos orquestrais que arrebata muitos e irrita tantos outros, há situações e sentimentos tão verdadeiros e simples quanto a daquela banda indie que foi apontada como a mais nova sensação por aquele coletivo online ou blog hypadíssimo que adora posar de humilde e apontar o dedo para a “mídia oficial”, mas que, na verdade, é um veículo de comunicação tão super produzido quanto este último. O exato oposto de Woodkid, um artista que em momento algum finge ser o que não é.

O arquivo para download inclui 3 faixas bônus: a instrumentais “The Deer” e “The Golden Age” (Intro), e “The Golden Age” (feat. Max Richter ‘Embers’), a versão do vídeo da canção, de mais de 10 minutos, com várias inserções melódicas alternativas, que conta inclusive com a participação do compositor erudito alemão Max Richter.

http://www.mediafire.com/file/h6kpbu4hobvv57f/wood-age-3-bonus-tracks.zip

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Woodkid – “I Love You” (single)

E hoje foi liberada “I Love You”, mais uma faixa de The Golden Age, um dos discos mais esperados dos últimos meses pelos alternativos de plantão (me incluo aqui). Um projeto sendo gestado com todo o cuidado e sem pressa pelo francês Yoann Lemoine, mais conhecido pelo pseudônimo Woodkid, o ambiciosíssimo disco está sendo acompanhado de videoclipes esplendorosos e uma pré-turne cabulosa onde o artista está conquistando seu público sem nem mesmo ter lançado seu debut. É tudo um tanto pretensioso, mas nesse caso isso é feito com toda a propriedade, já que tudo o que o seu ouviu (e viu) até agora é de uma qualidade acachapante. “I Love You” prossegue mantendo o nível na estratosfera: com uma base percussiva forte, badalar apoteótico de sinos, órgãos e violinos dramáticos, Woodkid solta sua voz grave e macia para tornar completo e inevitável o transe sonoro.

Woodkid - I Love You

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“Amor”, de Michael Haneke

O casal Georges e Anne, no alto do seus 80 anos, tem sua rotina alterada quando Anne começa a apresentar sinais de uma enfermidade crônica.
Depois de assistir “Amor”, alguns críticos afirmaram que este é o filme no qual o característico estilo frio, seco e analítico de Michael Haneke se manifesta com mais força, mas acredito que é na verdade a combinação do estilo com a temática incômoda que acaba por tornar esse um dos filmes mais difíceis do diretor. Basicamente duas horas de um tour de force do processo de degradação da saúde de uma senhora de 80 e tantos anos, o longa metragem vai se tornando cada vez mais indigesto à medida que avança, sua última hora sendo a mais angustiante. Com o desfecho revelado logo no início, o espectador que tem a noção de que o diretor austríaco é um observador inclemente por natureza já imagina que enfrentará todo o restante do longa apenas para testemunhar a jornada de sofrimento, desilusão, e desesperança que Anne e George irão encarar – Anne penando por estar consciente de seu estado, por conformar-se com seu destino e inconformar-se com demonstrações de tristeza e piedade; Georges sofrendo com a afirmação desta de que representa um estorvo para ele, com o modo pragmático como Anne às vezes manifesta querer solucionar sua condição e principalmente por presenciar a veloz e severa deterioração da saúde de sua companheira de toda vida.
Por conta de seu naturalismo irrevogável – visível na fotografia em grande parte impessoal e compassiva e na quase completa ausência de trilha sonora – e de sua enorme proximidade com o teatro – praticamente toda a história se passa dentro do apartamento do casal -, “Amour” é um espetáculo pensado para seus poucos atores. Na pele do casal de protagonistas, Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva exploram todo o peso e a experiência da idade em suas expressões e gestos, sendo até mesmo seus silêncios marcados por uma carga imensa de significados, mas é Riva, por conta da galopante piora de sua personagem, que acaba ficando com a atuação mais complexa e extenuante dentre os dois: seu trabalho é tão intensamente verdadeiro que na última metade do filme o espectador respira fundo e move-se inquieto na cadeira do cinema a cada vez que uma cena com a atriz é apresentada. A sempre irreprimível Isabelle Huppert, musa de Haneke, tem poucas sequências no longa no papel da filha do casal, mas estas são suficientes para que a atriz imprima o desespero, a dor e a impotência de uma filha diante do penoso processo de morte de alguém que lhe concedeu a vida.
Não há muito mais o que falar sobre “Amor”, a não ser que por conta de toda esta objetividade o filme acabe sendo um tanto previsível, além de arrastar-se um pouco além do necessário, coisas que o tornam o menos pungente longa-metragem do diretor austríaco. Contudo, a lentidão narrativa é uma marca já bastante conhecida do cinema de Haneke, e raramente utilizada por ele de modo gratuito, e o desenvolvimento e desfecho algo previsíveis são intencionais e inevitavelmente necessários – o propósito de um diretor tão engajado como Haneke narrando uma história como esta não é surpreender, mas atestar de modo contumaz o que já é de conhecimento do público, mas que é pouco considerado por este. Assim, despido como é de qualquer artifício que não seja a espinha dorsal do cinema e materializando-se como a mais explícita confissão de que o diretor tem tão pouca misericórdia de seus personagens quanto tem dos espectadores, “Amor” é a obra-síntese absoluta do cinema direto e incisivo de Haneke. Isso, no entanto, não significa que o diretor pormenorize a emoção: é delineando ao seu modo preciso e mordaz as dores e o sofrer do envelhecimento, da enfermidade e da morte que Haneke afirma a vida, o companheirismo e, claro, o amor. A diferença é que, sendo quem é, Haneke o faz sem as concessões, os misticismos e os esoterismos de boutique. Ainda bem.

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Natalie Prass & Among Savages – “When I Am Alone” (single) [download: mp3]

Colaboração entre os músicos de Nashville Natalie Prass e Peter Barbee, mais conhecido pela alcunha Among Savages, “When I Am Alone” é, segundo a dupla, uma entre cerca de dez canções compostas pelos dois artistas num período de duas semanas há um ano atrás. Com uma base simples de bateria e guitarra de toques bem marcados e intervenções eletrônicas suficientes apenas para incrementar a atmosfera dark, a melodia marcada por silêncios concede espaço generoso para que Natalie explore com um vocal doce, melancólico e sutilmente sensual os versos que tratam, segundo a própria, dos temores e companhias imaginárias da infância de muitas pessoas – em outras palavras, dos amigos imaginários que algumas crianças tinham como companhia constante – por azar ou felicidade. Depois de ouvir essa faixa tão inspirada, resta saber se a dupla vai reunir o súbito surto criativo em um álbum – se as outras faixas tiverem a atmosfera e qualidade desta, torço para que isso aconteça logo.

baixe: http://www.mediafire.com/?22vyu9bpb8yjgi6

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JJAMZ (aka Phases) – Suicide Pact [download: mp3]

Assistindo o vídeo com o preview da nova fase do um dia glorioso MySpace, me chamou a atenção a canção utilizada como trilha, uma faixa com uma base bem ritmada de bateria, riffs bem marcados de baixo, guitarras farfalhando em uma suave maresia e em um solo equilibrado, sintetizações discretas e um vocal que fica na cabeça já no primeiro contato. Claro, corri atrás pra descobrir do que se tratava. É “Heartbeat”, single do disco de estréia do JJAMZ, mais uma banda formada por membros de outros grupos já estabelecidos ou que tem alguma trajetória no indie/pop/rock: The Like, Maroon 5, Rilo Kiley, Bright Eyes e Phantom Planet. Reunida com o objetivo de espairecer descontentamentos pessoais e de cada membro em suas respectivas bandas, as composições pisam firme nos domínios do pop/rock e contam com uma produção bem caprichada. A idéia surgiu repentinamente entre os amigos no karaokê do club Guys em Los Angeles, depois da vocalista Z Berg ter cantado “Criminal”, de Fiona Apple, o que parece ter funcionando como inspiração para o grupo, que poucas horas depois escreveu e gravou a primeira música, “Square One”, uma faixa com guitarras bem marcadas, bateria solidamente ritmada e um vocal impecável de Berg. Daí em diante tudo seguiu naturalmente e o disco de dez faixas rendeu algumas composições muito boas para uma estréia cuja idéia surgiu tão descompromissadamente. Além das canções já comentadas, “Never Enough” é uma balada rock que encanta de imediato com o refrão certeiro, a bateria firme e guitarra e baixo que discretamente constroem o tecido melódico sobre o qual o vocal de Z Berg desliza com tranquilidade. “LAX”, com acordes de guitarra que vibram em uma harmonia luminosa, é um dueto onde Alex Greenwald e Z mostram desenvoltura ao cantar sobre um casal que se encontra no aeroporto da cidade de Los Angeles, e aceitando o convite do acaso, entregam-se estrada afora no melhor estilo carpe diem. “You Were My Home” é outra balada pop/rock deliciosa com toda a cara de single infalível: guiada por violões macios, uma bateria bem sincopada e frêmitos cintilantes de guitarra, é impossível não querer emular o cantar sutilmente sofrido de Z Berg. Fechando o disco, o conjunto de órgãos lânguidos, guitarras e violões amargurados, bateria arrastada e vocal suave de “Can I Change My Mind” envereda pelos baladões fantásticos que tem um pézinho tímido no country com elegância e sensualidade semelhante do The Cardigans ou da menos conhecida dupla The Watson Twins, caindo fácil no gosto de quem ouve. O difícil é saber se a banda vai seguir muito além da estréia, já que não poucas vezes estes projetos musicais paralelos tendem a desbotar e perder forçar depois de algum tempo. Bom gosto e cuidado na produção do pop/rock esta ocasional reunião de talentos tem para uma razoável carreira em potencial, mas o mundo da música, apesar de ser suficientemente variado e grande o bastante para quase todos terem o seu espaço, também é bem imprevisível – a não ser que você faça o patentemente óbvio, como a maioria que lidera as vendas de discos e singles hoje em dia, angariando seu lugar como tema de novela e trilha de slideshow com fotos de casal comemorando seu um ano de relação. Aí, meu caro, o orgulho do estrelato é garantido. Com a plebe, obviamente.

http://www.mediafire.com/file/5tebozu42o2b8bn/jjamz-pact.zip

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Sol Seppy – The Bird Calls, and Its Song Awakens the Air, and I Call (EP) [download: mp3]

Se você acha que Fiona Apple é a mais reclusa e obtusa artista que se conhece é porque nunca ouviu falar de Sol Seppy. Pra se ter uma idéia, seis anos se passaram desde The Bells of 1 2, o imensamente belo álbum solo de estréia de Sol Seppy, e desde então, a única coisa que a talentosa artista concedeu ao público foi uma faixa (“I Am Snow”) para a compilação Love Cartier (que conta, inclusive, com uma canção da atriz francesa Marion Cotillard), lançada em 2008. E, diferentemente da cantora americana, que deu toneladas de entrevistas para o lançamento neste ano do seu álbum, até hoje muito pouco se viu, leu ou ouviu da cantora britânica de origem grega (seu nome verdadeiro é Sophie Michalitsianos) que não fosse suas músicas. Até mesmo fotos da moça não passam de alguns punhados que se encontra na internet. Apresentações ao vivo e vídeos? Esqueça são ainda menos numerosos que imagens. Ao que parece, a artista trabalha no seu ritmo, sem se preocupar com a frequência de lançamentos estabelecido como padrão pela indústria da música ou com a panacéia de ritos necessários para se chegar ao conhecimento púlico ou para mantê-lo. Por conta disso, só fiquei sabendo há poucos dias que a cantora deu o ar de sua graça em fevereiro deste ano para lançar um EP de apenas três faixas. Parece pouco, mas para o seu público, sedento há anos por alguma de suas composições tão singulares, já é motivo suficiente para se comemorar. As três canções foram nomeadas de forma que compõe um verso, “Part of/ Music/ Live in Me”, o que já indica a sua semelhança na tonalidade melódica: todas lidam com não mais do que piano, violão e violoncelo para tecer as harmonias delicadas, etéreas, difusas e distantes que marcaram a maior parte das composições do disco de estréia da britânica. De uma melancolia não propriamente triste, mas reflexiva e contemplativa, as faixas são pontuadas e atravessadas por silêncios profundos e tão significativos quanto a própria melodia, o que permite ao vocal sempre calmo e terno, que por vezes ecoa longínquo e abissal e em outras familiar e reconfortante, elevar-se sob a frágil tecitura musical que lhe serve de acompanhamento. A única coisa ruim que fica do lançamento deste pequeno EP (além da capa, que resolvi ignorar e criar outra um pouco mais interessante) é a impressão de que com ele a profundamente talentosa artista se dará por satisfeita por mais um longo período sem lançar qualquer outra coisa. Vamos torcer para que isto não passe de uma impressão e tenhamos logo uma fantástica surpresa reservada para breve.

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Menomena – Moms [download: mp3]

Menomena, a agora dupla de Seattle, depois da partida de Brent Knopff para se dedicar ao seu projeto Ramona Falls, segue seu caminho sem esmorecer pela saída de um dos membros, já que Moms, o novo disco da banda, foi gestado com uma rapidez considerável para o histórico dos rapazes de Portland. O primeiro trabalho em que Justin Harris e Daniel Seim trabalham sozinhos é um disco que apesar de manter a mesma energia que estamos acostumados a esperar nas composições da banda traz harmonias que estão na maior parte do tempo mais focadas do que no álbum anterior. Porém, o grande diferencial de Moms, que o coloca como o divisor de águas na carreira da banda são as suas letras: com a saída de Knopff, pela primeira vez Harris e Seim permitiram-se abordar temas mais íntimos para si próprios, inquietações altamente pessoais, mas também enormemente universais, como a família, o envelhecimento e a morte. Em outras palavras, é um disco mais maduro liricamente e emocionante como nunca antes a banda se deu o direito de ser. “Pique” é um exemplo, com a intensidade da percussão, piano e baixo, os acordes vibrantes da guitarra e o saxofone em participação impecavelmente espetacular acompanhando Justin Harris desmanchando sua alma no vocal ao descortinar de modo amargurado a sua criação sem a presença do pai, que o abandonou logo cedo: “now I’m a failure, cursed with male genitalia, a parasitic fuck with no clue as to what men do, impossible to love”. Mas é difícil, se não impossível, a tarefa de apontar a canção mais emocionante do disco, já que em “One Horse”, onde a banda pela primeira vez emprega o uso de orquestrações na melodia, Seim acompanha a letárgica melancolia do piano e a sôfrega harmonia de violinos e violoncelos despedaçando o coração ao cantar com uma crueza impressionante a perda da mãe quando ainda adolescente: “I had a mother who swam in your streams, I know the ending, yet I’m faking suspense, more fertilizer for the trees”. “Heavy is as Heavy Does”, cantada por Harris, é mais uma ode ferina à desestruração familiar, onde versos como “as powerfull as a man he was, pride my father never was of me” são acompanhados por um piano em cadência imutável, enquanto aos poucos crescem guitarra e bateria que explodem em uma orgia sonora desesperada no marco dos 2 minutos e meio.
Contudo, as canções de Moms não chafurdam apenas o sofrimento e o rancor como um lamento. Apesar do abandono e solidão serem temas constantes, nem sempre eles são acompanhados por melodias tristes e resoluções amargas, como em “Plumage”, que abre o disco com palmas, piano, guitarra e bateria em vibrante comunhão, incluindo um solo de saxofone bem à moda da banda, enquanto Harris compara a dança do acasalamento das aves com a sedução de uma mulher que acaba grávida e sozinha – uma referência clara à situação de sua própria mãe. Outras faixas que não deixam os versos agridoces afetar a melodia são “Capsule”, cuja bateria sincopada é marcada por solos ásperos de guitarra e breves toques ao piano que se sobrepõem à observações precisas sobre viver tendo perdido quem se ama (“while i’m evolving from a child to an aging child you’re maturing from a memory to a legacy”), “Skintercourse”, com Harris cantando o amor e a invevitável dependência e repúdio que costumam acompanhá-lo ao mesmo tempo que guitarra, baixo, piano e bateria alternam-se, misturam-se e apoiam-se ao melhor estilo da banda, “Giftshoppe”, com sonoridade profusa onde todos os instrumentos mesclam-se em uma espiral melódica e onde Seim divaga sobre seu amadurecimento enquanto caminha para os 40 anos (“you perverted aging fuck, what age did your mind get stuck?”), “Tantalus”, também com uma composição cíclica típica da banda, cuja base está na cadência trabalhada, re-trabalhada e subvertida muitíssimo bem por Daniel na bateria enquanto piano, guitarra e teclado intervém na síncope percussiva e as letras refletem sobre a inevitabilidade da morte, a percepção da efemeridade da vida e do que foi feito até então dela (“volcanic dirt stains feet and won’t wash out of clothing, this is where your ashes should be strewn instead of some cold mainland suburb”). No fim, a saída de Brent Knopff não apenas fez bem ao Menomena, como até ouso dizer que foi necessária para o crescimento dela: se antes o trabalho da banda seduzia os fãs pela sua energia e vibração na mais pura celebração hedonista, agora ela os conquista e arrebata por não mais evitar revelar que aqueles garotos são na verdade tão humanos quanto eles próprios, sujeitos assim à sofrer com os mesmos sentimentos de revolta e perplexidade diante da enorme confusão que não poucas vezes a vida mostrar ser.

http://www.mediafire.com/file/dj7twf948mowb5m/mem_-_moms.zip

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Menomena – “Heavy is As Heavy Does” (single)

Duas notícias para os que, como eu, são fãs dos rapazes de Portland da banda Menomena, uma ruim e outra boa. A ruim, que nem é notícia por ser já um tanto velha, é que um de seus três componentes, Brett Knopf, deixou a banda para dedicar-se ao seu projeto particular, Ramona Falls, depois de não conseguir mais se entender com os companheiros Justin Harris e Daniel Seim. Apesar de inicialmente nutrirem dúvidas se deveriam ou não seguir juntos, ambos chegaram a conclusão de que valeria a pena tentar. E aí é que temos a notícia boa: Moms, o novo álbum da agora dupla de Portland, será lançado dia 18 de Setembro. A partida de Knopf abriu a possibilidade para a dupla remanescente enveredar por um trabalho mais pessoal, sem receios de destrinchar intimidades particulares, daí o nome do álbum, que é focado em experiências e histórias relativas à vivência de ambos e de suas respectivas famílias. “Heavy is as Heavy Does”, uma das faixas do novo disco, foi liberada hoje e já dá aos fãs um pequeno aperitivo de qual será a musicalidade da banda, agora que Seim e Harris podem trabalhar de modo mais focado. A bem da verdade, ela não difere muito da musicalidade mais harmoniosa e menos esquizofrênica de parte das faixas de Mines, o disco anterior: um piano em registro baixo revira ciclicamente os mesmos acordes enquanto versos como “Heavy are the branches hanging from my fucked up family tree, and heavy was my father, a stoic man of pride and privacy” descortinam a intimidade de Justin Harris sobre uma percussão mais organizada e solícita – mas apesar do saxofone hipnótico do Menonema que todos amamos não desempenhar mais do que um papel pontual nesta nova música, um solo rascante de guitarra e uma bateria ensandecida não se fazem de rogados e transbordam no outtro melódico da faixa – bom saber que os rapazes ainda tem gosto por estripulias.

Menomena - "Heavy Is As Heavy Does" (Audio)

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