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seteventos Posts

Damien Rice – 9 (+1 faixa bônus). [download: mp3]

Damien Rice - 9Damien Rice, o cantor e compositor irlandês, tem auxílio constante da mesma equipe de músicos desde a sua estréia, o que fez seu trabalho ser, não-oficialmente, resultado do empenho de uma banda, e não de um artista solo. A participação crucial e ininterrupta de Lisa Hannigan no vocal e da violoncelista Vyvienne Long dedilhando o violoncelo, por exemplo, corroboram esta caracteristica de Rice. Ainda assim, todo o esforço e comando criativo é dele, e é exatamente isto que nos impede de nomear este grupo como uma banda. Isso chega mesmo a ser palpável ao escutar suas canções: sente-se com facilidade que a unidade algo melancólica e irascível delas é resultado da personalidade arredia e meio porra-louca de Damien Rice. 9, seu segundo álbum, não fica atrás de O no paralelismo das sensações de vigor e tristeza. “Me, My Yoke And I”, é a música do disco que retrata com mais clareza esse aspecto: os vocais bradam continuamente versos abstratos, uma imagem pujante da revolta, melancolia e fúria afetiva, onde guitarras e bateria trabalham em uma melodia de digressões e distorções robustas de volume intenso. Semelhante em estrutura melódica também é “Rootless Tree”, que utiliza violão, violoncelo, baixo, bateria e guitarra, sendo que estes dois últimos avolumam-se ainda mais no refrão, assim como o vocal maciço de Rice. Na letra, o cantor exige que os erros antes cometidos sejam esquecidos por sua amada, e que ela permaneça junto à ele, mesmo que o fator que os una seja o ódio.
A intensidade na mudança de atmosfera e humor melódico é a marca maior das composições de Damien Rice. Em “Elephant” temos uma bela amostra disto: a música, que quase ganhou o título “The Blower’s Daughter Part 2”, é feita de dois momentos instersectos: de início temos uma melodia mais acústica, silenciosa e sofrida, à base de violões e violoncelo discreto, para então estravasar-se em um climax de instrumentação e vocais mais encorpados. Nos versos temos um homem que confessa seu sofrimento para a mulher que o abandonou, afirmando que mesmo a lembrança dela, que ainda persiste como uma presença dolorosamente palpável quase física, deve acabar. Mesmo com esse temperamento difuso de suas canções, há espaço para climas consistentes. “Sleep Don’t Weep”, onde vemos um homem que confessa sua fragilidade e declara que seus dias foram feitos apenas de dor, possui uma persistência na melancolia suave do violão, piano e vocais de Damien e Lisa, ganhando logo a companhia de bateria, violoncelo e orquestrações ainda mais graciosas.
Esse caráter tão difuso, por mesclar melodias resignadas e ternas com momentos de exaltação e cólera, sustentando ao mesmo tempo uma coesão lírica e sonora tão potente é que faz de Damien Rice ser um músico tão insólito no cenário mundial – auxiliado igualmente pela sua fobia aos excessos da fama e da popularidade.

senha: seteventos

ifile.it/ztgeryh/rice_-_nine.zip

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Piana – “Something’s Lost” (dir. Thomas Hilland). [download: vídeo]

Piana - Something's LostNão é sempre que um video de atmosfera transcendental e viajandona soa natural. Thomas Hilland conseguiu fazer isso em um vídeo para a cantora japonesa Piana (pseudônimo de Naoko Sasaki): utilizando-se do bucolismo invernal daquela parte do oriente, bem como fazendo-se valer da imbatível dupla preto & branco, Hilland concebeu um clipe que retrata Piana, cantando em sua língua materna, como um ser absurdamente etéreo – se eu estivesse andando na rua e visse, por acidente, essa japonezinha linda flutuando à metros de altura, com ares de Virgem Maria, não acharia estranho. E, não sei se concordam comigo, mas o meu preconceito línguístico diz que ela ia ganhar mais uns pontos se cantasse em inglês – os ocidentais são fogo, né?
Baixar o vídeo pelo link a seguir.

http://www.partizan.com/partizan/media/clips/678.mov

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Franz Ferdinand – “Outsiders” (dir. Steven Huber). [download: vídeo]

Franz Ferdinand - OutsidersUma prisão. Até aí tudo bem. Mas uma prisão onde de animais que passam o seu tempo livre dançando? Essa animação bizarra – aliás, ser bizarro é sina das animações – é o vídeo da faixa “Outsiders” da banda Franz Ferdinand. Não é um vídeo brilhante, mas casa bem com o “mood” nostálgico da ótima faixa do segundo disco – ao contrário das críticas na internet, que afirmavam que este clipe não casa nem um pouco com o trabalho dos britânicos. Assista e decida por si mesmo.
Baixe o vídeo utilizando o link a seguir.

http://extreme.colonelblimp.com/radar/RD_huber_franz.mov

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“A Noiva Síria”, de Eran Riklis. [download: filme]

The Syrian BrideNoiva pertencente a família drusa prepara-se para abandonar sua família, para que possa unir-se ao seu futuro esposo na Síria. Na celebração do casamento, com presença apenas da noiva, vemos a reunião de uma família cheia de desentendimentos ocasionados diretamente pela realidade deste povo.
Pouco a pouco, filmes do oriente-médio protagonizados por personagens femininas vem ganhando espaço e projeção. A escolha dos produtores destes longas por mulheres não é difícil de se entender: sua posição nos povos de origem islâmica é primordialmente a da submissão, o que funciona como alegoria do próprio conflito entre Islamismo/Judaísmo e Oriente/Ocidente. “A Noiva Síria” pertence à esta vertente do cinema, mas se diferencia destes por tratar de uma das minorias menos abordadas pela arte e pelos meios de informação: os drusos. Eran Riklis fez um bom trabalho ao retratar a realidade deste grupo religioso que vive na fronteira entre Síria e Israel, em território ocupado por este último. Usando como analogia uma família um pouco disrupta e seus conflitos internos, o diretor encenou em um microverso as agruras dos drusos, divididos entre o apoio à nação Síria e ao estado de Israel. O casamento de Mona funciona como um despertar para a consciência da situação de todo este povo que, por sustentar uma neutralidade movida por alguns privilégios consideráveis do governo israelense e uma omissão pelo apoio de parte do grupo à Síria, acaba servindo de instrumento da agressão mútua entre ambas as nações no evento da ocorrência de qualquer disputa geo-política ou no menor capricho diplomático, como muito bem retratado na sequência final do filme. É justamente esta via-crúcis final de Mona e de sua família, na tentativa de reunir-se ao seu futuro marido, que ficam expostos todos os reveses da dúbia situação dos drusos: um povo sem identidade, sem nacionalidade e sem a segurança confortante de pertencer definitivamente à uma só pátria.
Apesar de ser bem produzido e dirigido, faltou em Eran Riklis uma noção mais exata do tom ideal para uma estória desta natureza. As situações de humor casual e acidental durante o longa-metragem interferem na linha argumentativa principal do filme, causando o fenecimento do seu caráter dramático. Um filme baseado em premissa tão rica deveria ter sido conduzido com mão mais pesada, sem medo de assumi-lo definitivamente como um drama desesperançado. E isso fica ainda mais claro quando constatamos a dupla de atrizes que protagonizam a estória: como Mona, Clara Khoury é a encarnação viva da resignação com a sua intepretação silenciosa e cheia de temor, enquanto Hiam Abbass causa estupefação no espectador, tamanha a força de sua atuação ao mesmo tempo conformista, perseverante e audaz – ela é, sem nenhum risco de dúvida, a razão maior deste filme existir. É belo filme a ser visto, mas fica no espectador a tristeza de confirmar que faltou muito pouco para estar diante de um longa-metragem complexo e excepcional.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

http://rapidshare.com/files/304716/Syrian.Bride-iMBT.PANDiON.rar.html
http://rapidshare.com/files/286651/Syrian.Bride-iMBT.PANDiON.r00.html
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http://rapidshare.com/files/302047/Syrian.Bride-iMBT.PANDiON.r05.html

fonte: demna.com

legenda (inglês):
http://www.opensubtitles.org/en/download/sub/3099600

legenda (espanhol):
http://www.opensubtitles.org/en/download/sub/103300

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Guillemots – Through The Windowpane. [download: mp3]

Guillemots - Through The WindowpaneGuillemots, que tem como membro um guitarrista brasileiro, é uma das bandas estreantes de 2006. Seu primeiro disco, Through The Windowpane, exibe um frescor melódico e lírico destoantes até mesmo no meio musical alternativo. “Little Bear”, que fala sobre alguém que tenta despedir-se antes de uma longa ausência, já denuncia a qualidade do trabalho da banda como a faixa de abertura: depois de uma introdução de orquestração sofisticadíssima, com apurada coloração cinematógráfica, surge um piano de penosa suavidade, e o vocalista Fyfe Dangerfield inunda de emoção a faixa de abertura com um vocal que causa arrepios e lágrimas quando chega ao seu ápice. O que esperar depois de uma abertura tão arrasadora? Só os versos de “Made Up Love Song #43”, canção em que Fyfe mostra que tudo, mesmo uma latinha vazia de Coca-Cola, passa a exalar poesia quando estamos apaixonados, mostra que a banda é capaz de surpreender muito além da espetacular faixa de abertura. A melodia usa uma introdução feita com a inserção de sampler de orquestração de acordas e ruído de um despertador digital, e logo é seguida por umaa guitarra de acordes fosforecentes, bateria ligeira e vocais de fundo generosamente bem postos, até encontrar seu clamor máximo na ensandecida improvisação do vocal de Dangerfield, desacelerando de maneira genial até encerrar-se. E é justamente um caráter melódico que mais me chamou a atenção depois de finalizar a primeira audição completa do disco: o excelente uso de metais, tanto em melodias animadíssimas como a de “Trains to Brazil” – sobre um homem que ao invés de dormir, remói memórias sobre um amor do passado, desprezando o caos mundial em detrimimento de seu próprio caos – como em músicas mais sorumbáticas como a de “Redwings” – sobre o lento fim de um amor, que termina com a partida de um dos amantes. E a inventividade do grupo não encontra fronteiras, como podemos ver em “Blue Would Still Be Blue”, canção sobre os lamentos de alguém que declara que seria mais fácil enfrentar a vida com seu amor ao seu lado, e “A Samba In The Snowy Rain”, feita de poucos versos que convidam a abandonar o cotidiano e aventurar-se em algo desconhecido. A primeira seria uma faixa “a capella”, não fosse por uma delicada e sutilíssima programação eletrônica que se resume a curtos acordes no teclado, o que deixa espaço de sobre para Fyfe Dengerfield tripudiar em cima da emoção do ouvinte com seu vocal esplendoroso; a segunda é feita de uma melodia algo transcendental, acolchoando o fundo da música com vocais de fundo distantes enquanto, no primeiro plano, vemos uma série de improvisações no teclado e bateria. Há muito coisa boa até chegar no final do álbum, mas é lá, assim como no seu início, que eu fiquei estupefacto – pra usar um termo bem esdrúxulo mesmo. “Sao Paulo”, que relembra amores perdidos nos passado e termina em um clamor poético enlouquecido, é um arroubo sinfônica de onze minutos, repleto de orquestrações épicas e silêncios melancólicos. A melodia divide-se em dois momentos distintos: no primeiro temos uma música mais triste, pesairosa e nostálgica, com alguns instantes mais dramáticos; no segundo temos uma euforia visivelmente improvisada, guiada pelo piano esfuziante, pela instrumentação estremecedora, e pelos vocais extravasados de Fyfe.
Ainda há espaço para surpresas em um mercado tão inflado quanto o da música. Com fartura de lirismo, improvisação e emotividade, todos devidamente envoltos em uma camada generosa de sofisticação, Through The Windowpane surpreendeu tanto crítica quando público. É tanta beleza e arrebatamento que chego mesmo a pensar se um segundo álbum tão bom quanto este é possível. Visto a habilidade de bandas alternativas como Death Cab For Cutie e Thirteen Senses em lançarem discos fantásticos, mesmo sem ousar modificar qualquer coisa no estilo, imagino que o Guillemots não vai deixar por menos em um futuro segundo álbum.
Baixe o disco utilizando um dos links e a senha a seguir para descompactar os arquivos.

senha: seteventos

ifile.it/mei0wjd/guillemots_-_windowpane.zip

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Guillemots – “We’re Here” (dir. Chris Cairns). [download: vídeo]

Guillemots - We're HereAo assistir o clipe da bela canção “We’re Here”, da banda de rock alternativo/indie Guillemots, é fácil perceber a influência do clássico “Koyaanisqatsi”, filme de Godfrey Reggio com trilha sonora de Philip Glass. Contudo, neste vídeo temos imagens sempre em ritmo acelerado, o que combina bem com a música de bases orquestradas. Não é nada inovador, mas é uma bela reutilização da influente fórmula criada por Reggio.
Baixe o vídeo utilizando o link abaixo.

http://download.file2you.net/arxj8fpffd4m/guillemots_-_werehere.mov.html

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Minuscule – O Gafanhoto (dir. Thomas Szabo). [download: vídeo]

Minuscule - O GafanhotoNeste outro filme da série “Minuscule” temos como principal figura um gafanhoto que abusa de todos os insetos que passam desprevenidos por um milharal – a risadinha dele é absolutamente infame. Contudo, os abusos e sacanagens com os insetos desatentos não vão durar muito tempo: a intrépida e justiceira joaninha também surge neste curta-metragem.
Baixe o vídeo utilizando o link abaixo.

http://www.gigasize.com/get.php/705609/minusculethegrasshopper.avi

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“Sonhos de metrópole” ou “Todo mundo acha essa ilha a tal”.

Sonhos de Metrópole ou Todo mundo acha essa ilha a tal“Ah, Florianópolis é um paraíso!” muitos diriam. “Tenho inveja de você, por morar aí”, todo mundo que não está aqui me diz. E o que eu, que moro nesse lugar, tenho a dizer, afinal de contas?
Realmente, a ilha é linda, cheia de praias fantásticas que eu quase não uso, repleta de homens e mulheres lindas, todos vindos de outros lugares do Brasil – e alguns de outros lugares do mundo -, consideravelmente mais segura do que as cidades que são oficialmente, por assim dizer, regiões metropolitanas.
Pronto, acabou.
No resto Florianópolis sai perdendo para todo mundo. Para mim, ao menos, ela sai perdendo em muito do que me interessa.
Vamos ao cultural primeiro.
Cinemas. Nossa, isso é uma lástima. Temos mais dois shoppings abrindo – e um deles abriu em novembro passado, anunciando que as 6 salas de cinema só estariam funcionando em março deste ano…tem coisa mais mané!?! – e um antigo tendo suas salas ampliadas. Contudo, nada disso me traz a esperança de que a oferta de filmes por aqui vai melhorar. Imagino que teremos uma variedade maior de lançamentos chegando, mas nada que fuja do padrão que já temos por aqui: produções pertencentes ao circuito comercial americano. Os dois únicos cinemas que tem a proposta de exibir filmes fora deste circuito – o do CIC, fundado há muito tempo e o Cine York, com algo em torno de 5 anos – tem seus donos aliados em uma prática que lesa de maneira degradante o público já há algum tempo: nos dias de meia entrada são exibidos filmes do circuito comercial padrão – muitos deles já exibidos nas salas dos shoppings -, restando ao público ver os filmes europeus, alternativos e de arte, que são a verdadeira razão de ser destas duas salas e que justamente são os que tem maior público nestas salas, apenas nos dias em que não há possiblidade de alguém pagar meia entrada, excetuando-se os estudantes. Isso é uma tremenda filha da putagem porque, ninguém me engana: ambas as salas recebem sim incentivos do governo, incentivos estes pagos do bolso do contribuinte. Como então eles podem se achar no direito de retirar os filmes do circuito alternativo/independente dos dias de meia-entrada, obrigando o público massivo daquelas salas a pagar a inteira para assistí-los? Isso tem nome: picaretagem.
E os festivais? Ai meu pai. Eu tive sorte de ver shows do Placebo e The Cardigans sem “sair de casa” – tenho que agradecer aos festivais Claro que é Rock e Campari Rock. Tirando isso, nada mais que realmente interesse passa por aqui. É uma tristeza ver tantas bandas e músicos interessantes fazendo shows nas grandes capitais, e nós por aqui ficamos na mão. Vocês podem até estar pensando que uma viajem resolve esse problema. Ok, resolve, mas eu estou falando sobre os pontos negativos da capital catarinense, lembram? E isso, sem dúvidas, pode ser configurado como um. Se falarmos em festivais de cinema a coisa é igualmente dramática.
E as exposições de arte, apresentações de teatro, concertos de música erudita que são realmente imperdíveis? Isabelle Huppert já esteve com um monólogo de Sarah Kane no sudeste brasileiro, assim como Peter Greenaway com sua mais famosa instalação/exposição, a Filarmônica de Berlim, as obras de Rodin, Picasso, Salvador Dalí, entre inúmeros outros. Já sofri por todos eles, mas ao saber da peça de Isabelle Huppert me senti o mais infeliz dos seres humanos tropicais.
Saindo da questão cultural também há um certo desespero. Males do exôdo de pessoas para cá causada pela burrice da mania de publicidade da prefeitura da cidade – e de muitos de seus habitantes também.
Falemos de segurança – ela já foi melhor! É bem aterrorizante ver o número de assassinatos, rixas entre traficantes, assaltos, roubos e até estupros aumentando sua incidência de forma gradual. Vocês podem até achar chato eu falar isso, mas eu sou obrigado a me revoltar contra a enorme migração de pessoas para a minha cidade. Não fosse todo mundo vir ou simplesmente anunciar querer vir para cá, algumas delas com imenso poder aquisitivo, essa corja de animais – estou falando dos criminosos – não iria ter a idéia de se instalar por aqui – que me perdoem os animais, eles não merecem comparação com essa gente degradante.
E quanto ao mercado imobiliário? Eu tive sorte de comprar, há menos de cinco anos, o meu apartamento de dois quartos, praticamente na cara do centro da cidade, por menos do que R$ 50.000. Hoje eu não pagaria por ele menos do que R$ 100.000. Desde o início deste novo século o preço dos imóveis quase triplicou, com um outro agravante: todos os imóveis atualmente planejados pelas construtoras são de alto padrão, com suítes a perder de vista, entre outros luxos. Há muito pouca coisa nova abaixo deste esquema sendo construída e, portanto, não há opções de compra – além do imóvel usado super valorizado – para quem não é um juiz aposentado cheio da grana.
Agora, por favor, parem de me dizer que é maravilhoso morar aqui. Acho que já ficou bem claro que não é bem assim. Eu não tenho mais paciência de ouvir isso só porque aqui tem praias e gente bonita. Até esses “pontos positivos” são conversa fiada: o mar está ficando poluído por conta dos balneários, o sol envelhece e dá câncer de pele, ir na praia todo dia enche o saco e, com algumas honrosas excessões, gente bonita é ao menos uma dessas coisas ou todas elas ao mesmo tempo: burra, metida, esnobe, fútil, extremamente brega e egocêntrica – já viram aquelas inúmeras comunidades de gente que se acha a tal no orkut por ser gostosa e linda? Tem algo mais desprezível do que aquilo?
Que isso sirva de aviso, heim! 😉

P.S.: E olhem, que engraçado: poucos dias antes, um outro blogueiro aqui de Floripa abordou o mesmo assunto com um texto excelente!
Vocês considerariam isso coincidência ou mais um sinal de que essa não é a ilha da fantasia?
Leiam o texto dele clicando no link abaixo:
http://web.marlonguerios.com/2007/florianopolis-paraiso/

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Jenny Wilson – Love and Youth. [download: mp3]

Jenny Wilson - Love and YouthA sueca Jenny Wilson cantou, compôs as músicas, tocou todos os intrumentos e também produziu o seu disco de estréia, Love and Youth. Jesus, mais indie e alternativa do que isso só uma banda da Sibéria que toque berimbaus. Porém, não se assustem: ela fez tudo isso porque sabia que tinha cacife para tanto. Love and Youth é um disco de canções pop/folk que não te surpreendem de imediato, mas que vai construindo o seu espaço devagar no ouvinte. Duas faixas do disco, “Let My Shoes Lead Me Forward” e “Bitter? No, I Just Love To Complain”, se destacam por dividirem a mesma tônica nas letras e melodias: liricamente, ambas as canções falam sobre a resistência e a recusa em seguir regras e princípios – a primeira o faz ao recusar o que aprendemos em convívio durante nossa vida, a segunda concentra-se em recusar de modo sarcátisco e irônico os padrões estabelecidos pela indústria da música -; com relação a música, as duas apresentam uma ambiência pop mais animada, baseada em programação eletrônica variada dos teclados, e um vocal em falsetto durante toda a faixa. Mas a unidade da maior parte das músicas no disco é indicada pelo título do álbum, que não é puro acidente: o tema dominante são as desventuras juvenis, bem como o amor, sempre sob o ponto de vista sarcástico da compositora. Aí se encaixam o pop-rock baseado em guitarra e bateria ligeiras de Love and Youth, que em suas letras descreve com enorme apuro o universo escolar e seus personagens sempre marcadamente caricaturais, o folk-rock de violão e guitarra macios de “Common Around Here”, que narra os rituais de comportamento que fazem os jovens serem aceitos em grupos distintos, e a balada de programação eletrônica e guitarra tristes de “Those Winters”, que trata de um jovem que, aparentemente, é surrado pelas crianças da vizinhança. Contudo, Jenny não ocupa-se tão somente do mundo das amarguras juvenis – há bem mais do que isso em Love and Youth. Em “Would I Play With My Band”, balada de linda suavidade, baseada em programação de tecitura delicadíssima no teclado e em acordes rápidos e sutis de guitarra e violão, uma mulher pergunta-se sobre os caminhos que teria percorrido caso seu grande amor não tivesse morrido. Por outro lado, “Love Ain’t Just a Four Letter Word”, que tem melodia baseada em piano, guitarra, teclado e bateria de acordes e toques graves, breves, mínimos, fala de maneira irônica sobre os efeitos que o amor tem na personalidade de um apaixonado.
Love And Youth só é compreendido pelo ouvinte a medida que ele põe atenção nas letras, entendendo que a artista mostra enxergar o mundo por um viés irônico hiper-sensível. A partir deste momento, qualquer pessoa começa a se apaixonar por esse compêndio de agruras juvenis e amorosas, permeado com falsettos repentinos e meio estriônicos – sempre estriônicos, eu diria.
Baixe o disco utilizando o link abaixo e a senha a seguir para descompactar os arquivos.

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“Drawing Restraint 9”, de Matthew Barney. [download: filme]

Drawing Restraint 9Contrariando a vontade do autor, que considera o longa-metragem como uma obra a ser apreciada em exibições únicas em ambientes pré-definidos, o filme está sendo distribuído na internet lentamente – mais uma vez obra de jornalistas muito companheiros dos internautas. E, desta forma, a ambiciosa obra do artista (plástico, performático, entre outras vertentes) Matthew Barney cai nas graças e no discernimento do público.
Com quase 2hs 30min de duração, “Drawing Restraint 9” é um hiper-devaneio imagético, musicado dentro do mesmo estilo pela cantora e companheira de Barney, Björk. É evidente que o interesse de Barney não era em obter sentidos, significados, noções, em tecer uma estória em seu filme – apesar de que, pode-se dizer com algum esforço, que há uma. Nota-se isso, muito além do discurso do cineasta/artista, pela maneira como seu filme não apresenta diálogos entre os personagens: há apenas um, entre os dois protogonistas e um senhor oriental, em uma lenta sequência – como muitas – que retrata a cerimônia japonesa do chá – e nada mais. O objetivo principal ali é que tudo, todo e qualquer ato mais inofensivo e cotidiano passe pelo seu filtro estético, obtendo sequências visuais instigantes, altamente contemplativas, de beleza plástica inegável.
Vocês podem estar pensando como um filme que despoja-se da necessidade de sentido, ocupando-se mais em confundir o espectador, pode ter relevância e importância – em outras palavras, como um filme dessa natureza, ó raios, pode ser bom?? Saibam – alguns de vocês já devem saber, claro – que isso não faz um longa-metragem, a priori, ser ruim e dispensável. Os filmes de David Lynch, algumas das obras primas mais singulares de Ingmar Bergman e os longas mais sincréticos de Andrey Tarkovsky, cada um a seu modo e em diferentes níveis, provam exatamente o oposto. Contudo, “Drawing Restraint 9” não se encaixa entre eles.
Há dois problemas no projeto de Matthew Barney – e sua importância não deve ser ignorada, mesmo em um filme que supostamente não se identifica como tal. O primeiro problema é o viés em que foram concebidos os eventos do argumento – se é que existiu, de fato, a concepção de um argumento – em “Drawing Restraint 9”: o empacotamento de estranhos artefatos marinhos, a partida do navio baleeiro Nisshin Maru, o encontro, o envolvimento e a relação algo sadomasô do casal de “ocidentais”, a celebração do ambergris – nada acontece com naturalidade no filme, tudo é encenado de forma altamente cerimoniosa, tudo está envolto em uma série de procedimentos que me parecem excessivos – mesmo ignorando qualquer remota menção de significado. O segundo problema, os personagens, também é consequência direta do argumento do filme. Os poucos personagens do longa-metragem não despertam no espectador qualquer empatia ou interesse. E a pergunta que surge a partir desta constatação não é difícil de imaginar, é? Ok, eu falo: é possível, ó senhor, despertar atenção ou simpatia no espectador sem personagens minimamente instigantes? A resposta, ao menos, todo mundo sabe, né?
Como se vê, o prazer de assistir à “Drawing Restraint 9” não vai muito além do fato de que você conseguiu ver um filme que foi concebido para ser exibido apenas em museus enormemente famosos de mega-metrópoles do primeiro mundo – ou seja, qualquer coisa que fique bem distante da América Latina. Contudo, como Matthew Barney já deveria saber – antenado como é com toda a vanguarda pós-moderna – a internet e os seus navegantes não perdoam nada.

Se você quiser arriscar uma expectação do longa de Barney, seguem abaixo dois torrents do filme sendo distribuídos na internet:

Imagem ISO do DVD (4.3 GB)
http://rapidshare.com/files/12719675/DR9.iso.torrent.html

vídeo em AVI (1,3 GB) [som incompatível com alguns media players]
http://rapidshare.com/files/12720104/DR9.avi.torrent.html

fonte: GreyLodge

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