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“Anjos da noite – A Evolução”, de Len Wiseman.

Underworld 2 - EvolutionOs problemas da vampira Selene e seu amado, o agora híbrido de vampiro e lobisomen Michael, acabam de aumentar consideravelmente: Marcus, o último vampiro ancião, e o primeiro de sua raça, acordou de seu sono secular e persegue os dois, procurando obter algo que está relacionado com William, seu irmão lobisomen, que está confinado há séculos e é o primeiro de todos os Lycans. Selene e Michael não sabem, mas contam com a ajuda de um senhor misterioso e seus soldados, que tenta encontrar os dois namorados antes que Marcus o faça.
Por mais incrível que possa parecer, o segundo filme da possível trilogia é bem melhor que o primeiro. A razão é bastante simples: depois de ter explorado suficientemente o conflito instaurado pelo surgimento de um híbrido vampiro-lobisomen e o platonismo Romeu-e-Julieta no primeiro filme, o diretor Len Wiseman resolveu desenvolver uma argumento menos açucarado, e portanto bem menos piegas do que o primeiro, abordando a estória dos antepassados destes seres sobrenaturais, agora acordados, e de sua ambição de dominar o mundo e subjugar a humanidade. Dizendo assim, parece algo bem batido – e não deixa de ser, é verdade – mas Wiseman soube intensificar as sequências de ação do longa e concentrar-se no desenrolar do conflito proposto, aprimorando um pouco mais o argumento – claro, não dá para fazer muita coisa, já que falamos de uma produção cujo argumento reedita estórias de fantasia já bastante exploradas. O único problema deste segundo longa da franquia de Wiseman é, a meu ver, a introdução, em diversos pontos dos 106 minutos do filme, de “flashbacks” do filme anterior: o recurso é adotado tantas vezes que isso cansa o espectador, que fica se perguntando se um dialógo simples não resolveria essa questão. De qualquer forma, esse aspecto negativo é apenas residual, e não interfere na diversão criada pelo filme. “Anjos da Noite – A Evolução” é garantidamente uma espécie de “melhoramento” do filme precursor, enfraquecendo a impressão negativa de diretor pouco inspirado que o primeiro filme tinha deixado, para a sorte de Len Wiseman – e graças ao seu próprio esforço, claro.

NOTA POUCO CULTURAL: e como brinde adicional, fica aqui o registro de que o diretor Len Wiseman, marido da protagonista Kate Beckinsale, é um tremendo de um gato. O que também confirma que Kate pode até não ser uma atriz tão fantástica, mas mostra que ela não é nada boba.

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“O Grande Truque”, de Christopher Nolan.

The PrestigeDois amigos, jovens mágicos aprendizes, ambicionam tornarem-se os melhores já conhecidos no ramo. A medida que o tempo passa a competição entre ambos começa a avançar tanto que nada, nem ninguém, lhes importa tanto quanto superar o sucesso de seu rival.
Christopher Nolan já mostrou até onde vai sua criatividade e ambição ao criar “Amnésia” e reiniciar a saga do homem-morcego nos cinemas com “Batman Begins”. Ao anunciar o projeto de “The Prestige”, contratando como protagonistas dois dos maiores astros do cinema comercial no momento, Hugh Jackman e Christian Bale, bem como a jovem atriz que ganha mais prestígio a cada longa, Scarlett Johansson, qualquer pessoa sensata já enxergaria aí a montagem de um imenso marketing para o longa-metragem, sem nem mesmo a produção ter se desenhado definitivamente. Durante o desenrolar da produção em si, notícias sobre o argumento do longa, e alguns de seus acontecimentos, chegaram ao conhecimento do público, e os fãs de Nolan começaram a babar pela enorme espectativa diante do filme. Contudo, apesar de ser uma produção de ponta, com boa atuação do elenco – particularmente Hugh Jackman -, direção competente, fotografia baseada em luzes e sombras bastante misteriosa e argumento bem concatenado, “O Grande Truque” é um filme que, a certa altura, começa a irritar o espectador – e a irritação só aumenta de nível até a conclusão do longa. A razão mais notadamente óbvia para tanto reside na construção da personalidade dos protagonistas: os mágicos intepretados por Jackman e Bale tem como única preocupação na vida atingir a superação profissional, esquecendo e ignorando, com vemência, os sentimentos do todos aqueles que os cercam, conhecidos ou não, em detrimento de sua competição pessoal – não há modos de nutrir simpatia pelo mago de Bale, já que sabe-se que tudo na vida dele foi subjugado e supremamente sacrificado em detrimento de sua carreira como mágico e de sua obssessiva competição com o rival Robert Angier que, ao menos, tinha inicialmente uma motivação pessoal compreensível para fazer o mesmo. Além disso, a medida que o filme aproxima-se de sua conclusão, os acontecimentos e reviravoltas do argumento, bem como a direção do longa-metragem, perdem-se gradualmente na sede de surpreender e estarrecer a platéia – definitivamente, é pretensão demais para uma carreira ainda muito curta.
No saldo final, “O Grande Truque” é um longa-metragem cuja pretensão do argumento, escrito à quatro mãos por Christopher e seu irmão, acaba atrapalhando mais do que sendo o responsável pelo seu engrandecimento. Para que este fosse um filme acima da média, os irmãos Nolan deveriam ter tornado os protagonistas mais humanos. Contudo, se eles não o fizeram com o intuito de querer mostrar até onde pode chegar a ambição, o epílogo do filme trai esta proposta, já que pretendeu-se revelar no personagem de Christian Bale uma emotividade até então não imaginada – e que não convence o espectador por um minuto sequer, devido à frieza deste diante das desgraças que causou ou desencadeou. O longa-metragem de Nolan é um bom filme, mas ele precisa, a partir de agora, parar de acreditar nos comentários da crítica, que o celebra como um dos maiores criadores do cinema comercial atual, e controlar a sua visível megalomania criativa. Do contrário, seus filmes vão passar a irritar o expectador desde a cena inicial, e não apenas a partir de sua metade final, como acontece com este aqui.

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Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede – Vagabundo. [download: mp3]

Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede - VagabundoApesar de ser uma figura extremamente importante na história da MPB, Ney Matogrosso não está entre minha preferências. É fácil observar isto, visto que não eu não tinha nenhum álbum do artista no meio de minha coleção de CDs – até ontem. Ney, que vinha há muito tempo fazendo discos em que regravava uma pá de músicas de compositores reconhecidos, conseguiu com Vagabundo, execelente disco feito em parceira com Pedro Luís e a Parede, dar uma bela atualizada na sua carreira. O álbum começa com a deliciosa “A ordem é Samba”, música que fala sobre a importância deste ritmo em algumas regiões do país, e guiada por belos acordes de guitarra e excelente jogo de violas e percussão. “Seres Tupy” aborda, de maneira esplêndida, o universo dos miséraveis brasileiros. A melodia, assim como na primeira faixa, faz excelente uso de acordes cadenciados da guitarra, percussão e ótima participação de flauta. Em “Interesse”, temos mais uma percussão que se destaca, além dos metais que constroem a agitada sequência final da melodia. A letra é feita de versos em que alguém agradece, sem pena e com todo o orgulho, o desinteresse de um amor que não é mais cômodo. “Assim Assado”, clássico do Secos & Molhados, é uma boa regravação, mas fica aquém da versão original. “Noite Severina”, com melodia mais silenciosa do que a maior parte da músicas até aqui, é uma linda balada cujas letra poética, cantada em perfeito dueto entre Ney e Pedro, revela um amante platônico que observa, atônito diante de tanta beleza e algo triste, o sono da mulher que tanto ama. “Vagabundo” começa um pouco desinteressante, com melodia de samba pouco ortodoxa – pelo uso dos sopros rascantes do sax – mas cresce na sua metade final, quando entram os versos de negação de Pedro Luís. A percussão e bateria fortes são o que chama a atenção de imediato na melodia de “Inspiração”, assim como o alaúde árabe que aparece discreto na música. A letra é uma composição pós-moderna de versos que tratam do esforço criativo humano. “Disritmia”, uma das coisas mais belas já compostas por Matinho da Vila, ganha uma versão poderosa, ainda que algo minimalista e sorumbática, e cantada de forma esplêndida por Ney Matogrosso e Pedro Luís, acompanhados pela banda, inspiradíssima no uso do naipe de pratos e demais instrumentos. Em “Napoleão” temos uma letra irônica e divertida sobre o fim dos soldados deste governante francês. A melodia abusa do triângulo e da ótimo percussão, deixando no ouvido um gosto de música nordestina. A letra de “Jesus” trata do profeta cristão de maneira irônica – mas respeitosa – ao garantir que este não hesitaria em se render à dança ao ser retirado da cruz, bem como brinca com o uso que todos fazemos do nome de Cristo, ao quedarmos diante de qualquer adversidade. A melodia é agitasídíssima, com violões ligeiros e percussão alinhada com estes. “O mundo”, cuja letra revela a diversidade cultural e racial do mundo com versos algo pueris e cita o atual estado caótico da humanidade, é uma das músicas mais conhecidas do disco. A melodia investe, na sua metade final, em uma latinidade dissonante ao construir uma sequência agitada de acordes das violas, sax e da cadência da percussão.
Vagabundo é certamente o melhor disco de Ney Matogrosso em muito tempo, onde o artista acertou ao resolver aventurar-se em um projeto bem mais autoral e contemporâneo e abandonando, ao menos por algum tempo, o gosto pelos discos que celebram nostalgicamente a musicografia de grandes figuras da música popular brasileira. Espera-se que de tempos em tempos Ney arriscar-se em projetos tão surpreendentes como este. Baixe o disco usando o link e senha abaixo para descompactar o arquivo.

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Kasabian – “Shoot the Runner” (dir. Alex e Martin). [download: vídeo]

Kasabian - Shoot the Runner
Com um curta que abusa do estilismo pop, utilizando-se de uma animação super colorida que explora os contornos das imagens capturadas de uma performance da banda, o Kasabian produziu o vídeo que casa com perfeição com a melodia pop-rock incrivelmente irresistível da música “Shoot the Runner”, single do novo álbum, Empire. Os jatos de tinta, aparentemente criados digitalmente, dão o toque final ao vídeo. Não deixe de baixar e ouvir com cuidado a música também. Baixe o vídeo usando o link a seguir.

http://www.partizan.com/partizan/media/clips/583.mov

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“Vôo Noturno”, de Wes Craven.

Red EyeJovem gerente de famoso hotel em Miami decide retornar para a cidade pegando o último vôo noturno, no meio da madrugada, com o objetivo de chegar o mais cedo possível para o trabalho. Antes de embarcar ela conhece um homem charmoso e simpático, que acaba viajando no mesmo avião que ela. É logo depois que o avião decola que ela começa a viver um inferno que só acabará quando chegar a Miami.
Wes Craven ganhou fama nos anos 80 com a sua maior criação, “A Hora do Pesadelo”. Nos anos 90 ele voltou à velha popularidade com “Pânico”. Foi justamente por ter baseado sua carreira em produções no gênero do terror que Craven decidiu tentar uma total mudança de estilo com o filme “Música do coração”. No entanto, parece que o próprio Craven não avaliou a empreitada positivamente, já que voltou logo ao caminho que tanto havia trilhado e, pouco tempo depois, tinha decidido dar uma pausa no ritmo de trabalho. Porém, ao ter contato com o argumento de um filme de suspense, escrito por um roteirista estreante, o diretor ficou tão interessado com o que leu que adiou por mais algum tempo as suas férias e dirigiu o longa-metragem. Wes Craven tomou a produção como um desafio, pois apesar da diferença não ser muitas vezes compreendida pelo público, filmes de terror são sim diferentes de filmes de suspense – as similiridades existem e a experiência em um dos gêneros conta bastante para o outro, mas são gêneros diversos. Assim, tendo a satisfação de não estar pisando em terreno totalmente desconhecido – diferentemente de como aconteceu em “Música do coração” – Craven conseguiu produzir o filme com mais folga, segurança e flexibilidade. Prova disso é o modo como o diretor, apoiado no excelente desempenho dos dois atores que protagonizam a estória, Rachel McAdams e Cillian Murphy, consegue não apenas sustentar o interesse do público pelo filme durante a longa sequência no interior do avião – que toma um terço do longa-metragem -, mas tornar esta a parte mais tensa de todo o filme. Claro, não apenas o diretor e os atores merecem ser parabenizados pelo feito, mas também o roteirista estreante: mesmo com este espaço tão limitado trabalhando, de certa forma, contra a dinâmica do suspense e diminuindo o número de conflitos possíveis a ser desenvolvidos, Carl Ellsworth conseguiu reverter estas características em fontes geradoras de tensão – para um roteiro de estréia, é um texto bastante apurado e maduro.
“Vôo Noturno”, que resultou em um longa-metragem divertido e competente, garantiu à Wes Craven paz de espírito para entrar com tranquilidade nas suas merecidas férias, chegando à constatação de que seu talento para contar estórias repletas de agitação, sempre apoiadas em personagens jovens e atores estreantes ou não muito populares, continua em plena forma. Ótimo para o diretor e melhor ainda para os espectadores, que ficam na expectativa de outros longas tão revigorantes quanto este.

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Björk – Vespertine. [download: mp3]

Bjork - Vespertine

Bjork - Vespertine
Com o devassamento emocional de “Dançando no Escuro”/Selmasongs, Björk enveredou ainda mais dentro da introversão artística e lançou uma de suas maiores obras-primas, o álbum Vespertine. Absurdamente celestial, o disco traz Björk entre murmúrios e gritos nos vocais, acompanhada sempre de instrumentos que enlevam a melodia e as letras em um interminável lirismo. “Hidden Place”, que foi lançado como o primeiro single, é uma das músicas símbolo do projeto: com letras que falam sobre uma paixão tão intensa que inspira uma união algo corpórea, a melodia traz delicados loops e ruídos eletrônicos e um belíssimo coro em um cantar enlevante, ambos guiados pelo cantar de Björk, por vezes suave e em outros desbravador – uma canção soberba. Com versos onde uma mulher revela as intimidades de seu deliciamento amoroso e sexual com seu amante, a artista islandesa infurna-se em enorme introversão e minimalismo em “Cocoon”, já que a melodia é feita apenas dos vocais sussurante da cantora e da delicadíssima programação de ruídos eletrônicos. Logo temos “It’s Not Up To You”, cujas letras revelam o inevitabilidade dos acontecimentos, mostrando que mesmo o que é bom pode acontecer à revelia de nossa vontade e esforço. A melodia mistura o minimalismo da programação eletrônicas feita de loops de ruídos com a grandiosidade celestial da orquestração de cordas, das harpas e coro islândes, todos em perfeita simetria. “Undo”, com letras que tematizam o suave esmaecer de nossas lutas e resistências íntimas, é mais uma faixa que abusa com maestria da mistura de minimalismo e grandiosidade: vocal transbordando suavidade, programação um pouco mais solta, harpas fulgurantes desde a metade inicial e mais tranquila da melodia, e o coral da islândia em uma participação fabulosa na sequência final da canção – um inevitável derramar de lágrimas é bem compreensível ao ouvir esta música, tamanha a perfeição de sua beleza. Com uma melodia constante em uma esplendorosa caixa de música, devidamente acompanhada pelo vocal quase carnal de Björk, por vezes multiplicado, acordes de harpa dedilhados pela fabulosa Zeena Parkins e programação eletrônica complementar, “Pagan Poetry” é exatamente o que revela seu título, poesia em estado puro, onde a cantora compôs versos inundados em sentimento e paixão. Marcando o fim da metade inicial do álbum, temos a instrumental “Frosti”, onde Björk utilizou-se apenas da caixa de música para compor melodia emocionalmente frenética. “Aurora”, com letras que derramam-se sobre o sentimento de perplexidade diante da beleza da aurora e da neve, traz a primeira participação da dupla Matmos, compondo uma base de ruídos eletrônicos mais encorpada e loops de sons captados de coisas bem pouco ortodoxas, como o som do pisar na neve, por exemplo. A composição de acordes da harpa e da caixa da música completam a sonoridade, que é fechada com o vocal mais solto e volumoso de Björk. “An Echo, A Stain” combina a base eletrônica bem composta de Matmos, a usurpante orquestração de cordas, a harpa episódica de Zeena Parkins e o coral de mulheres esquimós em uma melodia algo soturna, que sustenta uma sensação de soturno suspense cinematográfico durante toda a sua duração. A razão para tanto talvez seja o fato de que a letra da música traz versos que revelam sensações baseadas na leitura da peça “Crave”, da complexa escritora britânica Sarah Kane. “Sun in My Mouth” inicia com versos do poeta E.E.Cummings, e prossegue em letras de intensidade poética que não deixam muito à dever ao escritor inglês. A música foi composta utilizando acordes de harpa, celeste e programação eletrônica sutil, com enorme complementação melódica da orquestração de cordas. “Heirloom” tematiza sobre imagens idílicas de sonhos orínicos sobre maternidade e tem a melodia cuja programação eletrônica é a mais encorpada de todo o disco, toda baseada na canção “Crabcraft”, originalmente composta por Martin Console. “Harm of Will”, com letra composta em parceria com o roteirista e cineasta indie Harmony Korine, é uma ode ao músico Will Oldham. A melodia é uma das mais tristes do álbum, sentimento este despertado principalmente pelo vocal sensível de Björk e a orquestração de cordas e o coro enormemente melancólicos. “Unison”, com versos que celebram de maneira emocionanete a união e contentamento obtidos através da compreensão e entrega mútuos, fecha o disco com lirismo exobirtante: a programação eletrônica, composta em parte pela dupla Matmos, preenche os poucos espaços deixados pelo vocal luminosíssimo de Björk, pela melodia espetaculosa da harpa e pela participação mais grandiosa do coro de vozes no disco – a sequência final, que reúne de maneira fabulosa todos os elementos, é intensamente lacrimejante. A música é tão indescritivelmente bela que, se fosse intepretada com toda a pompa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, arrebataria as almas de todos os presente diretamente para o paraíso.
Brotando do traçado delineado na trilha sonora que Björk criou para o filme de Lars Von Trier, Vespertine é um composto sonoro pulsante de sensações, algo difícil de explicar epalavras. É, talvez, o último disco perfeito da cantora islandesa, visto que a idiosincrasia sonora, utilizada com tanta cautela aqui, foi aglutinada e multiplicada em Medúlla e absurdamente extremada na trilha sonora de “Drawing Restraint 9”, resultando em dois discos difícies e excessivamente experimentais. Com a dilvugação da notícia de que nada menos que 7 faixas do próximo disco da artista contarão com produção da praga norte-americana que atende pelo pseudônimo de Timbaland – responsável por ter transformando todas as listas possíveis de “mais pedidas” em um intragável desfilar de rappers e R&B girls protagonizando vídeos ou fazendo participações -, a probabilidade de que a cantora possa ter pulado do extremo do experimentalismo para o extremo do populismo musical não deve ser descartada. Porém, em se tratando de Björk, podemos nos surpreender com um disco que desperte paixão tão imediata quanto foi com Vespertine. É esperar para ouvir.

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Primal Scream – “Dolls” (dir. Pedro Romhanyi). [download: vídeo]

Primal Scream - DollsO escocês Bobby Gillespie, único membro permanente da banda Primal Scream, se requebra todinho no vídeo da canção “Dolls”, devidamente acompanhado por modelos gostosinhas fazendo a linha Lux Luxo “sou uma diva”. O cenário é seco e sem graça como o de um templo católico carismático, o que não é problema algum, visto que o show ali é mesmo de Gillespie, tendo ataques pop-bichéticos, e de suas quatro modeletes, que juram ser, ao mesmo tempo, a díspare junção do que é mais pop e mais indie no mundo. E o mais estranho de tudo é que o vídeo ficou divertidíssimo. Baixe o arquivo utilizando este link.

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Sheryl Crow. [download: mp3]

Sheryl CrowDepois do álbum de estréia, Sheryl Crow amainou um pouco suas raízes country e produziu um disco com um bom pé calcado no pop/rock. O disco, sem título, tem uma sonoridado muito distinta do primeiro, com guitarras, bateria e orgãos Hammond e Wurlitzer com marcante presença nas melodias. As letras das canções também foram aprimoridas, com Sheryl e seus parceiros de composição ousando até o debate e a crítica. Já, de cara, marcando a diferença do primeiro disco temos as letras de “Maybe Angels”, cuja letra mostra alguém declarando sua crença, temores e experiências com vida extraterrestre, com uma deliciosa ironia. A melodia não é menos deliciosa, trazendo para acompanhar o vocal meio gritante de Sheryl, acordes de guitarra e do orgão Wurlitzer em perfeita harmonia. “A Change (Would Do You Good)” traça em suas letras o que parece ser o perfil e o cotidiano de um sem-teto, e mostra uma melodia gingadíssima que combina maravilhosamente bateria, teclado Hammond, guitarra e violão – feita pra ouvir seguidas vezes. “Home” é uma fantástica balada desesperançada, onde o vocal à meia voz de Sheryl acompanha o baixo, guitarra e violão de suaves e distantes acordes sonhadores, bateria delicadamente sincopada e Wurlitzer. A letra traz as divagações de arrependimento e nostalgia de uma mulher ao refletir sobre o estado em que se encontra a sua relação amorosa – mais uma canção no disco que te obriga a contínuas e repetidas audições, tamanha a sua beleza. Mais uma criatura com cotidiano desajustado e algo depressivo é retratada nas letras de “Sweet Rosalyn”, mas agora voltando à uma melodia bem mais agitada, irresistível em sua vestimenta pop/rock construída com base em bateria, guitarra, violão, e breve mas importante participação de piano e sax – a sequência que fecha a melodia da música dá uma boa sacodida no esqueleto. “If It Makes You Happy” volta a trazer as confissões de mais uma garota imersa em uma vida cuja faceta afetiva lhe traz apenas sofrimento, também acompanhada por uma melodia bem menos alegra, mais ainda agitada com suas guitarras em profusão, teclado, baixo e bateria marcante. Na letra de “Redemption Day”, Sheryl Crow concebe, pela primeira vez, algo além do entretenimento puro, compondo uma crítica contra os males da guerra – muito bem feita na letra da canção, diga-se de passagem. A melodia é triste, com uso intensivo de violões. “Hard To Make A Stand”, que trata de uma mulher em sua reflexão sobre o cotidiano de um mendigo que entrega flores, e sobre o seu próprio, tem melodia e vocais um pouco tristes, à base do orgão Hammond, baixo, bateria, violão e guitarra – esta canção tem uma “versão alternativa” no fim desta edição especial do álbum, com uma melodia e vocal ligeiramente diferentes, ambos mais adocicados e com uso mais intensivo de violões e de bateria. “Everyday Is A Winding Road” mostra uma mulher refletindo sobre o seu atual partido afetivo e sobre como ele é tão pouco animador quanto estar sozinha. A melodia, com sua agitação bateria, teclados e violões, acaba dando um tom irônico à letra. Com críticas, feitas com muita ironia, à louca tradição americana de armamentismo doméstico e à maneira como políticos e o capitalismo permitem e até incentivam esta tradiação, “Love Is A Good Thing” tem melodia com ótima ginga, onde quando não temos a bateria bem construída, teclado e os acordes breves de violão, temos uma Sheryl mais solta, dando-se ao direito de dar um bom gritinho. “Oh Marie”, balada suave e doce feita com violões, guitarra, bateria, baixo e Wurlitzer, mostra alguém confessando seu amor platônico, através de uma descrição apaixonada da personagem título da canção e de suas atitudes. “Superstar”, de irresistível “bati-cum” pop/rock, feito com doses cavalares de piano, teclado Wurlitzer, violões e bateria, traz à tona o cotidiano de típicos urbanóides festeiros, em suas idas e vindas de celebrações e perambulações para flertar e fazer-se presentes. “If It Makes You Happy” e “Hard To Make A Stand”, “The Book” tem música triste e soturnante, apresentando uma mulher desiludida ao testemunhar que parte de sua vida e cotidano afetivo foi retratado em um livro lançado por um homem que amou. “Ordinary Morning”, apesar da notável ironia e desilusão de suas letras, sobre uma mulher que não se preserva de experiências amorosas desnecessárias, tem melodia que julgo ser uma das coisas mais furiosamente sexy que já ouvi, graças ao piano delicado e ao delírio enlouquecido do vocal de Sheryl, da bateria e da guitarra na sua parte final – rolar em uma cama com um morenão como Matthew Fox ou outra beldade qualquer, ao ritmo desta música, é garantia de sexo desenfreado, com direito até a mordidas no pescoço. “Sad Sad World” é a única música do disco que tem uma melodia mais próximo do country tradicional – os acordes de violão ao fundo não deixam qualquer dúvida – e tem letra que traz as lamentos afetivos de alguem sem a companhia daquele que ama, ironicamente a pessoa que tinha mais dificuldade de lidar.
Este álbum, que tive contato pela primeira vez na fronteira temporal entre o fim de meu colegial e início de minha faculdade, é o melhor da cantora e compositora americana, ao lado de seu disco de estréia – isso sem qualquer dúvida. Suas músicas com letras bem escritas e melodias rascantes, soturnas, tristes e, vez por outra, mais alegres, são o retrato do esforço de uma artista que quis, em um único trabalho, mostrar para a imprensa musical tudo o que era capaz de realizar – Sheryl, depois de sua estréia, tinha sido cogitada por alguns críticos como uma artista de fachada, fruto puro e simples do esforço de produção. A garota resolveu não ficar só reclamando: arregaçou as mangas e produziu ela mesma esse álbum fenomenal, que angariou muitas premiações, teve enorme sucesso comercial e – doce vingança – obteve infindáveis elogios dos crítica musicais. Ouça você mesmo e veja se não estou certo. Baixe o disco utilizando o link e descompacte-o com a senha abaixo.

senha: seteventos.org

http://www.sexuploader.com/?d=I7APA1AX

UMA DICA: use um navegador como o Mozilla Firefox para descobrir, através do seu mecanismo de download embutido, o endereço de download do arquivo no Sexuploader – eu descobri que usando o link verdadeiro com o gerenciador de downloads Flashget você consegue não apenas baixar o arquivo a toda velocidade, mas retormar o download se, por ventura, tiver que pará-lo.

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Sony Bravia – “Paint” (dir. Johnathan Glazer). [download: vídeo]

Sony Bravia - PaintDepois do espetáculo das bolas coloridas descendo a ladeira, a linha de TVs LCD Sony Bravia ganhou outra peça publicitária esplendorosa. Com diversas câmeras gravando um cenário urbano tranquilo, com alguns prédios pertencentes à um condomínio em foco, um espetáculo de jatos de tinta de diversas cores explode no exterior do ambiente e até mesmo dentro dos edifícios – tudo ao som de “The Thieving Magpie”, de Rossini. Tudo termina com uma chuva laranja da explosão do último jato sobre um pequeno parquinho – o que, aparentemente, comprova que tudo foi feito de maneira artesanal, sem vestígios de efeitos digitais. Merece ser baixado e visto de imediato – use este link para fazê-lo.

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“A Névoa”, de Rupert Wainwright.

The Fog
Jovem garota retorna de New York para uma pequena ilha na costa americana, onde reencontrará o namorado e testemunhará a chegada de uma estranha névoa, que traz consigo espíritos que almejam vingança contra os habitantes da ilha, todos descendentes daqueles que um dia lhes fizeram mal.
O filme é mais uma refilmagem – que novidade – de um filme de terror lançado nos anos 80, produção esta dirigida por John Carpenter. E o novo longa, a cargo de Rupert Wainwright, não convence por um minuto sequer. Para você ter uma idéia, o diretor é mais conhecido, dentro de sua ínfima filmografia, por “Stigmata”. Como este filme do diretor já não era um primor da originalidade e qualidade, o que esperar de um remake de um filme menos famoso de John Carpenter? O elenco não cativa o público nunca, o que é um problema, já que o filme é calcado particularmente no par de protagonistas – Tom Welling, personagem principal da confusa “Smallville”, e Maggie Grace, que saiu há algum tempo do elenco de “Lost”. O roteiro é o segundo e maior problema: a estória dos espíritos até interessa e a misteriosa névoa é uma idéia interessante, mas as sequências de horror são fraquíssimas – o desempenho fraco do elenco ajuda muito para tanto -, e a estória vai enfraquecendo aos poucos, concluindo com uma sequência tão anti-clímax que o espectador fica surpreso com o filme ter acabado daquela maneira tão sem graça, sem criatividade e – desculpem o uso de termo tão pouco criativo – brochante. Se o argumento do filme original concluía da mesma forma, por que o novo roteirista não queimou um pouco de massa cinzenta para criar uma conclusão mais satisfatória e impactante? Se o final original foi preservado, o novo responsável pelo roteiro foi muito pouco sensato ao fazê-lo, pois a sequência dá a idéia de que o roteirista simplesmente não sabia como terminar a estória e resolver a situação da maldição dos espíritos sobre a ilha. Se o final foi criação do novo filme, pior ainda. Porém, em qualquer das duas opções o resultado é o mesmo: aquele fim reduz o filme de horror à uma estorietazinha muito chinfrim de amor. Teria sido melhor ter a ousadia de transformar logo a estória em um romance: isso teria sido mais coerente e mais justo com o espectador. A direção, já deu para perceber devido à fraqueza das cenas de horror, é o terceiro problema: sempre parece que o diretor se satisfez em obter sequências medianas e burocráticas, sem se esforçar para melhorar, na construção das cenas, um roteiro fraco e carente de emoções e sustos.
Ao fim, “A Névoa” serve apenas para reforçar a tese daqueles que julgam a atual onda de regravações de Hollywood não apenas como um perigo, quando estas estão baseadas em longa-metragens cultuados, emblemáticos e de qualidade reconhecida, mas uma enorme desnecessidade e desperdício de recursos, quando, como neste caso específico, trata-se de produções que se baseiam em longa-metragens que já eram muito pouco animadores. Há sempre o risco de termos uma surpresa e nos depararmos com um grande filme, um melhoramento da idéia original. Mas, como no post sobre cinema da semana anterior, sou obrigado a lembrar – não tem jeito – estamos falando de Hollywood. E quando falamos de Hollywood, dificilmente estaremos falando sobre boas surpresas.

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