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Tag: asia

Yoav – Charmed and Strange. [download: mp3]

Yoav - Charmed and Strange

Conheço o disco de estréia do cantor e compositor israelense Yoav desde que foi lançado, mas como acontece com alguns discos e alguns artistas, Charmed & Strange foi relegado à um repouso por tempo indeterminado em minha biblioteca de música. Quando isso acontece, revisito descompromissidamente o álbum de quando em quando até que ele atinja um nível aceitável de simpatia. Claro que às vezes isso simplesmente não ocorre, e o destino do disco é o irremediável descarte, mas se insisto por um longo tempo, neste caso praticamente dois anos, é porque sei que a hora certa vai chegar.
A música criada pelo rapaz moreno com rosto de traços rudes e expressivos e voz juvenil é predominantemente acústica, em grande parte armada tão somente sobre guitarra e violão. Normalmente, a limitação de um músico à estes instrumentos invariavelmente enquadra sua produção dentro dos domínios do folk, mas nas mãos desse cantor dotado de uma destreza e flexibilidade impressionantes no manejo deles e, principalmente, dono de uma grande criatividade, ela não se contenta em permanecer dentro das fronteiras deste gênero: usando e abusando das alterações obtidas por pedais, Yoav engendra loops e beats tanto no dedilhar das cordas quanto tirando proveito do corpo dos instrumentos, fazendo as vezes de bateria e percussão batendo com as mãos – o resultado é uma música que emana um fulgor que na vertente acústica dificilmente seria obtido por apenas uma pessoa em um estúdio ou palco, já que em suas apresentações ao vivo o rapaz repete, em real-time, grande parte dos procedimentos. A faixa de abertura, “Adore Adore”, deixa nítido o que ele é capaz de fazer com sua técnica, já que tanto a batida que cresce ligeira quanto os toques precisos que o cantor arranca de sua guitarra, tão cortantemente amargurados quanto o seu vocal melancólico, impressionam sem muito esforço. E se a primeira música não for suficiente pra mostrar a versatilidade do cantor com sua guitarra e pedais, da segunda, “Club Thing”, isso não passa despercebido: introduzida por um beat marcadíssimo e sutilmente dançante e entoada em um registro vocal que alterna entre a voz macia e um falseto delicado, Yoav vai encorpando a melodia com a alquimia dos seus riffs, live loops e toques em sua guitarra e violão até fazer surgir uma mistura de pop e rhythm’n blues que ferve com uma soturna sensualidade. Isso, não significa, porém, que o compositor omita de suas criações a utilização de instrumental de apoio, como pode ser visto na discreta sintetização ao fundo em “Sometimes…”, que tem como destaque o beat curto e veloz que o cantor arranca do violão enquanto seus toques em segundo plano nas cordas fazem a melodia brilhar com luminosidade e calor, e em “Wake Up”, cuja batida e acordes tão característicos do estilo acústico do cantor arrastam-se em marcha até serem encorpados e continuamente acompanhados por uma sintetização de cordas que potencializa a enorme beleza da melodia. Mas mesmo resumindo-se ao seu pequeno arsenal, o cantor consegue mergulhar em ritmos e influências: “There Is Nobody”, por exemplo, tem a sutilíssima fragância do pop europeu dos anos 90 tanto na sua metade inicial, feita de acordes secos e ásperos sobre o ecoar de um pulso bem marcado, quanto no sua última parte, um intenso cavalgar mais melódico de riffs e uma batida mais consistente que nas mãos de um bom produtor de música eletrônica certamente seria convertida e uma faixa inusitadamente dançante, como aquelas feitas à época. Contudo, provavelmente é a angústia e melancolia palpáveis de “Beautiful Lie” que a põe como a melhor faixa deste primeiro disco do cantor isrealense: introduzida pelos acordes espaçados da guitarra que reverberam enquanto o cantor lança sua bela voz, a canção tem mais da metade de sua duração constituída de um vibrante solo harmônico de guitarra, feito de toques breves, ligeiros e virtuosos, que expande-se em uma harmonia de exuberante emoção. E pra quem está pensando que o rapaz só gosta de exibir-se virtuoso, o tradicionalismo das notas suaves, simples e discretas da triste balada “Angel and the Animal” comprovam que ele sabe compor dentro do estilo pop/rock mais clássico, o que também, espertamente, serve como “respiro” para não cansar o público em meio à quase um álbum inteiro de experimentações percussivas e acústicas – ufa!

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Ariana Delawari – Lion of Panjshir. [download: mp3]

Ariana Delawari - Lion of PanjshirComo a maior parte das coisas na internet, chega uma hora que você acha uma utilidade pra tudo e acaba simpatizando com os serviços, até alguns que causam pré-irritação por conta do hype. Vejam só que coisa: eu cheguei a repudiar blogs – faz muito tempo, obviamente. Agora foi a vez do Twitter. Minha implicância com o serviço era pública – falei sobre isso em um post há alguns meses aqui no seteventos.org -, mas eu decidi que era hora de tentar encontrar a graça do serviço – e acabei encontrando. Foi vasculhando perfis aqui e acolá, tentando entender a dinâmica da coisa toda, que dei de cara com o Twitter de David Lynch. Sim, o próprio, o lendário criador de algumas das coisas mais estranhas da TV e cinema americanos. O fato por si só já despertou meu interesse, mas acabei ficando um tanto desanimado ao ver que o lado místico do diretor o fazia postar mensagens do gênero no seu perfil. Mas como muitos fazem no serviço, David solta uma ou outra dica nas suas mensagens, e resolvi clicar e conferir uma delas, sobre Ariana Delawari, uma cantora cujas feições denunciam uma herança meso-oriental e, descobri depois, que foi apadrinhada pelo diretor e teve seu primeiro trabalho financiado pela produtora de Lynch.
Ariana, que já se apresentava em shows há algum tempo, era antes conhecida pelo pseudônimo Lion of Panjshir, termo que servia de nome de guerra – literalmente falando – a um estudande de engenharia afegão que se tornou um dos maiores heróis do país ao liderar a resistência contra o exército soviético na tentativa de invasão destes ao Afeganistão e que, anos depois, foi assassinado dois dias antes da ocorrência dos ataques de 11 de Setembro. Durante a produção deste seu primeiro disco, a artista trocou o papel exercido pelo pseudônimo, adotando-o como o título do trabalho, atitude que sinaliza a presença de uma inevitável carga política no álbum. Mas apesar de que as referências aos imensos problemas enfrentados pela sua terra-mãe acabem sendo relevantes e funcionem bem nas canções, é o seu caráter sonoro que desperta a atenção. Partilhando tanto da influência ocidental quanto da herança afegã, Ariana apresenta e funde no seu primeiro disco as diferentes identidades musicais das duas culturas, compondo tanto canções que pertencem à uma quanto à outra, bem como criando melodias multi-culturais, que misturam elementos destas e até de outras culturas. As feições woodstockianas de “San Francisco”, introduzida com a placidez melódica do folk que logo reverte-se em uma música onde as guitarras tropejam acordes ligeiros para acompanhar a bateria cuja cadência segue um transe imutável, transpirando uma sonoridade que remete a trilhas do cinema faroeste enquanto Ariana guia os versos em um cantar revestido de tenacidade e audácia são certamente fruto de toda a carga musical que a artista recebeu em sua criação nos Estados Unidos. Também descendem da tradição ocidental o piano de registro grave e baixo e as cordas e sopros que florescem em meio a melodia de “We Live on a Whim”, assim como a melancolia e abandono despertados pela vocal e pelos acordes entre esparsos e ligeiros de “We Came Home”, canção que fecha o disco. Já “Laily Jan” pertence de corpo e alma à sua ancestralidade afegã, pois não apenas é cantada na sua língua de origem mas exibe todas as colorações da música tradicional do país, com direito à toda sorte de instrumentos típicos encadenciados em uma melodia folk-étnica. Com a introdução climática de um rabab que vai aos poucos ganhando a companhia de contínuos acordes de cítaras e dilrubas e a percussão hipnótica das tablas em um crescendo de densidade melódica e rítmica, “Singwind” também partilha do espírito musical do país asiático, porém recebe um sutil tempero ocidental ao ter seus versos cantados em inglês na bela voz da cantora. E é exatamente ao fazer uso da feitura mais multi-cultural de sua personalidade que a cantora acaba construindo o momento mais inspirado do disco, “Be Gone Taliban”. Com uma melodia enormemente imagética, a canção mistura o efeito ritualístico do conjunto de instrumentos afegãos com o dinamismo cinematográfico do arranjo de cordas exasperantes e do cantar repleto de emoção, pontuado por cânticos de feições religiosas. O resultado é uma música de atmosfera intensamente épica e de coloração fascinantemente luminosa.
Se a empreitada musical de Ariana tiver proseguimento, haverá ainda um bocado a ser lapidado e agregado no seu trabalho com as melodias, já que por vezes elas soam obtusas e opacas, porém os momentos mais frutíferos deste seu primeiro lançamento comprovam seu talento e perícia em criar canções exuberantes e sedutoras para os ouvidos. Basta apenas a ajuda do tempo e o auxílio de um produtor mais experiente e versátil para que a artista encontre o foco e consiga buscar e aliar o melhor das culturas tão diversas que convivem dentro dela própria.

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“Ensaio sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles. [download: filme]

BlindnessUm surto epidêmico de cegueira branca, incurável, atinge uma grande metrópole, despertando nos habitantes um temor que leva o governo a isolar os contaminados. Dentre eles está um médico e sua esposa, a única que permanece imune à estranha doença.
A adaptação de Fernando Meirelles do livro do escritor português José Saramago fascinou o autor da história, mas não agradou muito crítica e público, passando de certa forma despercebido neste ano de 2008, quando não razoavelmente criticado. A reação tem seus motivos: “Ensaio sobre a Cegueira” resultou em um filme com acertos e erros consideráveis, com maior peso para estes últimos.
A estética do filme é já um retrato desta ambivalência: se de um lado a incessante irradiação de tudo com uma aura branca, arquitetada pela fotografia de César Charlone, traz ao espectador o mesmo desespero e temor vivido pelos personagens, que vagam perdidos em um limbo branco, ela também cansa a expectação do filme a certa altura, “chapando” as sensações do público pela utilização excessiva do artifício. A edição também tem sua dose de sucesso e falha: apesar de conceder ritmo e dinâmica às cenas externas, nas tomadas internas ela não consegue obter o mesmo efeito, ainda que mantenha a tensão em um bom nível. Mas as aspectos técnicos apresentam apenas as irregularidades mais visíveis – é onde nasce um filme, no seu argumento e roteiro, que reside aquilo que fez este novo longa-metragem do brasileiro Fernando Meirelles ser celebrado por alguns e ignorado por muitos outros.
A história criada por Saramago no livro “Ensaio sobre a Cegueira”, e aqui adaptada por Don McKellar, instiga enormemente a curiosidade pelas duas idéias que lhe dão partida. Primeiro, a concepção de uma cegueira que não afunda sua vítima em um breu profundo, mas em um reluzente oceano branco, intriga porque parece ser ainda mais agonizante por, teoricamente, não permitir que a pessoa tenha algum descanso, já que ela passa a viver em um estado de vigília visual, por assim dizer, mesmo na escuridão. Segundo, e tão fascinante quanto a anterior, a idéia de apresentar a moléstia como uma epidemia, reservando a somente uma pessoa a imunidade à infecção confere à este personagem tanto uma vantagem sobre os outros quanto um distanciamento destes, afastando-o daquilo que iguala e une todos.
Essas duas características do enredo a princípio provocam interesse no espectador, mas a medida que é promovido o desenrolar do enredo, cada conflito inserido na história faz com que sua originalidade e caráter diferenciador sejam pouco a pouco degradados, sujeitando o enredo à idéias recicladas e lugares-comuns. A longa sequência na quarentena é o seu defeito mais gritante, reduzindo o filme a uma experiência-limite em ambiente fechado que guarda parentesco com as idéias de George Orwell – não à toa, pois José Saramago é comunista rasgado -, o que deixa o filme com um gosto de café requentado. A insistência de Meirelles em reproduzir com esmero esse episódio de “Ensaio sobre a Cegueira” também acaba por torná-lo excessivamente longo, minimizando o impacto das cenas exteriores e deixando espaço até para um epílogo “família de comercial de margarina” – tivesse a sequência de quarentena sido encurtada e o filme encerrado cerca de 20 minutos antes, com a tomada em elevação da procissão desesperançada dos cegos e sua guia por uma São Paulo ainda mais caótica que o habitual e povoada por uns poucos infelizes que jazem confusos pelas ruas, o filme de Fernando Meirelles teria superado a feição de ensaio que carrega já no título.
Baixe o filme, com legenda embutida em português, utilizando o link a seguir.

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“Fim dos Tempos”, de M. Night Shyamalan. [download: filme]

The HappeningEm New York, um professor, sua esposa, seu melhor amigo e a filha deste são surpreendidos por uma série de mortes repentinas que assusta a população da cidade. Pelo temor do evento ter sido originado por uma arma biológica, eles decidem fugir da cidade. Logo, os quatro percebem que o acontecimento começa a espalhar-se por outros locais, atingindo cidades e comunidades cada vez menores.
O argumento de “Fim dos Tempos” é sem dúvidas promissor: uma onda epidêmica de mortes por conta de um distúrbio psicólogico que afeta o mecanismo de preservação da vida de cada indivíduo, evento este causado por um agente até então aparentemente indefeso e inofensivo – e este último elemento é, na verdade, a grande idéia do argumento, que subverte a própria identidade de “Fim dos Tempos” como thriller apocalíptico: ao invés do horror e estupefação ser causado por sequências de destruição faraônicas, o terror tem como origem o símbolo do silêncio, da placidez e do pacifismo. Partindo-se desta idéia genial, era só uma questão de compor um roteiro sóbrio, que ao menos lidasse de forma adequada com os artifícios típicos do gênero e contratar um elenco que impusesse peso à história. Infezlimente, não foi isto o que aconteceu.
O roteiro, apresenta dois problemas que saltam aos olhos já em coisa de 20 minutos de filme. O primeiro podemos encontrar em filmes de qualquer gênero: trata-se da qualidade dos diálogos dos personagens. No texto, que pra variar foi escrito pelo diretor/produtor, os diálogos dos personagens tem um sabor tão natural quanto um combo de Big Mac com Ki-Suco, tão rasteiros, simplistas e infantis que soam saindo da boca de personagens adultos – possivelmente nem na boca de uma criança eles soariam adequados. O outro problema é mais comun ao gênero: o eterno recurso de temperar a trama apocalíptica com atribulações pessoais. Isso é algo intrínseco à esse tipo de história, e embora possa funcionar em alguns longa-metragens, aqui soa extremamente aborrecedor e inócuo, ainda mais por ganhar o “auxílio” nada bem-vindo do elenco equivocado – que já tinha sido de “boa ajuda” nos diálogos. O que nos leva ao segundo elemento problemático do filme: os atores escalados para desempenhar os poucos papéis que encabeçam a trama mostram um desempenho fraquíssimo, próximo do constrangedor – em especial Mark Wahlberg, que se tinha como objetivo soar um completo idiota robotizado sofrendo de uma grave crise de insolação ao, por exemplo, falar com uma planta de plástico e tentar negociar com uma velhinha esquizofrênica, devo confessar que teve enorme êxito na empreitada.
“Fim dos Tempos” só não é um fiasco tão retumbante quanto foi “A Dama na Água” porque o argumento base da história é uma grande idéia – embora ela seja destruída pelo trabalho conjunto de roteiro e elenco – e porque o filme apresenta sequências que unem de modo eficiente beleza e terror. Mas estes dois elementos não representam garantia de qualidade suficiente para o longa-metragem e, assim sendo, ele acaba se somando à crescente galeria de equívocos de M. Night Shyamalan. Ao menos, porém, não tivemos que aturar mais uma vez o diretor inserindo-se como personagem dentro da história, nem mesmo em uma ponta sequer – só mesmo pra evitar que “Fim dos Tempos” se transformasse realmente no retrato do apocalipse.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

legendas (português):
http://legendas.tv/info.php?d=72d6c9557179a888830c86f5f699d80d&c=1

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“Maria Antonieta”, de Sofia Coppola. [download: filme]

Maria AntonietaO mais recente filme de Sofia Coppola, Maria Antonieta, é uma biografia da aristocrata franco-austríaca que tem como ponto de partida a saída de Maria de seu país natal, a Áustria, aos 14 anos, para casar-se com o jovem e futuro rei Luis XVI, e encerrando-se com ela e sua família abandonando o palácio de Versalhes, na eclosão da revolução francesa.
O terceiro filme de Sofia Coppola dividiu a crítica devido à suas escolhas pouco ortodoxas e ao conteúdo da estória em si. Na forma dos primeiros tipos de críticas citados, as mais ruidosas foram feitas aos elementos que retiram do filme um caráter total de reconstituição de época. Contudo, é bom elucidar que tanto a trilha sonora que, de forma soberba, mistura composições clássicas com canções do movimento New Wave dos anos 80/90, uma ou outra ousadia explícita, como o par de tênis All Star propositalmente abandonado em meio a sapatos típicos daquela era, quanto as decisões nitidamente contrastantes com a natureza da história, como a escolha de uma atriz americana para o papel de uma monarca européia, a rigor, não se constituem de forma alguma como defeitos deste longa-metragem, e acabam mesmo é ajudando a arejá-lo, tornando-o menos chato, tradicional e sisudo do que normalmente costumam ser filmes de época. Dentro do escopo das críticas ao conteúdo, a ausência de contexto político e social no filme foi o mais comentado, o que de fato corresponde com a verdade. Porém, deve-se levar em conta que, com a decisão da diretora e também roteirista de concentrar completamente o foco do filme nas ações de Maria, Sofia acabou sendo fiel ao que se tem como notícia desta figura histórica, já que, segundo consta, ela realmente não se dava ao trabalho de inteirar-se e tomar partido na condução das políticas de seu reinado, atendo-se apenas ao que seriam consideradas frivolidades destemperadas.
O maior problema, na verdade, seria a própria Sofia Coppola, dona de um modo de filmar um tanto maçante e sem objetivo claro – em outras palavras, ela enrola o quanto pode. O ápice desta sua técnica foi mesmo o aborrecido “Encontros e Desencontros”. Mas aqui essa crítica não seria exatamente justa, visto que Maria Antonieta, devido à sua repulsa aos assuntos mais sérios e ao seu hedonismo, não exatamente se constitui em uma biografada das mais complexas e agitadas – seu mundo e suas vontades, pelo que informam, era mais ou menos o exposto no filme mesmo. Mas ainda é possível notar a insistência quase inconsciente de Sofia ao constatar que, apesar das duas horas finais, uma hora e meia seria mais do que suficiente para que ela contasse tudo o que pretendia neste longa-metragem.
Assim, não vejo outro modo de definir “Maria Antonieta” a não ser como o melhor filme de uma cineasta fraca, o que significa que não há muito o que esperar deste filme. Sem nenhuma surpresa, ele acaba sendo melhor do que o filme anterior de Sofia, mas também não é bom o bastante para que seu status como artista ganhe um “upgrade”. Veja sem medo e sem expectativas.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

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legenda (português):
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“A Noiva Síria”, de Eran Riklis. [download: filme]

The Syrian BrideNoiva pertencente a família drusa prepara-se para abandonar sua família, para que possa unir-se ao seu futuro esposo na Síria. Na celebração do casamento, com presença apenas da noiva, vemos a reunião de uma família cheia de desentendimentos ocasionados diretamente pela realidade deste povo.
Pouco a pouco, filmes do oriente-médio protagonizados por personagens femininas vem ganhando espaço e projeção. A escolha dos produtores destes longas por mulheres não é difícil de se entender: sua posição nos povos de origem islâmica é primordialmente a da submissão, o que funciona como alegoria do próprio conflito entre Islamismo/Judaísmo e Oriente/Ocidente. “A Noiva Síria” pertence à esta vertente do cinema, mas se diferencia destes por tratar de uma das minorias menos abordadas pela arte e pelos meios de informação: os drusos. Eran Riklis fez um bom trabalho ao retratar a realidade deste grupo religioso que vive na fronteira entre Síria e Israel, em território ocupado por este último. Usando como analogia uma família um pouco disrupta e seus conflitos internos, o diretor encenou em um microverso as agruras dos drusos, divididos entre o apoio à nação Síria e ao estado de Israel. O casamento de Mona funciona como um despertar para a consciência da situação de todo este povo que, por sustentar uma neutralidade movida por alguns privilégios consideráveis do governo israelense e uma omissão pelo apoio de parte do grupo à Síria, acaba servindo de instrumento da agressão mútua entre ambas as nações no evento da ocorrência de qualquer disputa geo-política ou no menor capricho diplomático, como muito bem retratado na sequência final do filme. É justamente esta via-crúcis final de Mona e de sua família, na tentativa de reunir-se ao seu futuro marido, que ficam expostos todos os reveses da dúbia situação dos drusos: um povo sem identidade, sem nacionalidade e sem a segurança confortante de pertencer definitivamente à uma só pátria.
Apesar de ser bem produzido e dirigido, faltou em Eran Riklis uma noção mais exata do tom ideal para uma estória desta natureza. As situações de humor casual e acidental durante o longa-metragem interferem na linha argumentativa principal do filme, causando o fenecimento do seu caráter dramático. Um filme baseado em premissa tão rica deveria ter sido conduzido com mão mais pesada, sem medo de assumi-lo definitivamente como um drama desesperançado. E isso fica ainda mais claro quando constatamos a dupla de atrizes que protagonizam a estória: como Mona, Clara Khoury é a encarnação viva da resignação com a sua intepretação silenciosa e cheia de temor, enquanto Hiam Abbass causa estupefação no espectador, tamanha a força de sua atuação ao mesmo tempo conformista, perseverante e audaz – ela é, sem nenhum risco de dúvida, a razão maior deste filme existir. É belo filme a ser visto, mas fica no espectador a tristeza de confirmar que faltou muito pouco para estar diante de um longa-metragem complexo e excepcional.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

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fonte: demna.com

legenda (inglês):
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legenda (espanhol):
http://www.opensubtitles.org/en/download/sub/103300

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“Drawing Restraint 9”, de Matthew Barney. [download: filme]

Drawing Restraint 9Contrariando a vontade do autor, que considera o longa-metragem como uma obra a ser apreciada em exibições únicas em ambientes pré-definidos, o filme está sendo distribuído na internet lentamente – mais uma vez obra de jornalistas muito companheiros dos internautas. E, desta forma, a ambiciosa obra do artista (plástico, performático, entre outras vertentes) Matthew Barney cai nas graças e no discernimento do público.
Com quase 2hs 30min de duração, “Drawing Restraint 9” é um hiper-devaneio imagético, musicado dentro do mesmo estilo pela cantora e companheira de Barney, Björk. É evidente que o interesse de Barney não era em obter sentidos, significados, noções, em tecer uma estória em seu filme – apesar de que, pode-se dizer com algum esforço, que há uma. Nota-se isso, muito além do discurso do cineasta/artista, pela maneira como seu filme não apresenta diálogos entre os personagens: há apenas um, entre os dois protogonistas e um senhor oriental, em uma lenta sequência – como muitas – que retrata a cerimônia japonesa do chá – e nada mais. O objetivo principal ali é que tudo, todo e qualquer ato mais inofensivo e cotidiano passe pelo seu filtro estético, obtendo sequências visuais instigantes, altamente contemplativas, de beleza plástica inegável.
Vocês podem estar pensando como um filme que despoja-se da necessidade de sentido, ocupando-se mais em confundir o espectador, pode ter relevância e importância – em outras palavras, como um filme dessa natureza, ó raios, pode ser bom?? Saibam – alguns de vocês já devem saber, claro – que isso não faz um longa-metragem, a priori, ser ruim e dispensável. Os filmes de David Lynch, algumas das obras primas mais singulares de Ingmar Bergman e os longas mais sincréticos de Andrey Tarkovsky, cada um a seu modo e em diferentes níveis, provam exatamente o oposto. Contudo, “Drawing Restraint 9” não se encaixa entre eles.
Há dois problemas no projeto de Matthew Barney – e sua importância não deve ser ignorada, mesmo em um filme que supostamente não se identifica como tal. O primeiro problema é o viés em que foram concebidos os eventos do argumento – se é que existiu, de fato, a concepção de um argumento – em “Drawing Restraint 9”: o empacotamento de estranhos artefatos marinhos, a partida do navio baleeiro Nisshin Maru, o encontro, o envolvimento e a relação algo sadomasô do casal de “ocidentais”, a celebração do ambergris – nada acontece com naturalidade no filme, tudo é encenado de forma altamente cerimoniosa, tudo está envolto em uma série de procedimentos que me parecem excessivos – mesmo ignorando qualquer remota menção de significado. O segundo problema, os personagens, também é consequência direta do argumento do filme. Os poucos personagens do longa-metragem não despertam no espectador qualquer empatia ou interesse. E a pergunta que surge a partir desta constatação não é difícil de imaginar, é? Ok, eu falo: é possível, ó senhor, despertar atenção ou simpatia no espectador sem personagens minimamente instigantes? A resposta, ao menos, todo mundo sabe, né?
Como se vê, o prazer de assistir à “Drawing Restraint 9” não vai muito além do fato de que você conseguiu ver um filme que foi concebido para ser exibido apenas em museus enormemente famosos de mega-metrópoles do primeiro mundo – ou seja, qualquer coisa que fique bem distante da América Latina. Contudo, como Matthew Barney já deveria saber – antenado como é com toda a vanguarda pós-moderna – a internet e os seus navegantes não perdoam nada.

Se você quiser arriscar uma expectação do longa de Barney, seguem abaixo dois torrents do filme sendo distribuídos na internet:

Imagem ISO do DVD (4.3 GB)
http://rapidshare.com/files/12719675/DR9.iso.torrent.html

vídeo em AVI (1,3 GB) [som incompatível com alguns media players]
http://rapidshare.com/files/12720104/DR9.avi.torrent.html

fonte: GreyLodge

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“Dolls”, de Takeshi Kitano.

Dolls, de Takeshi Kitano

Dolls, de Takeshi KitanoTakeshi Kitano compôs uma obra de visual deslumbrante: paisagens fantásticas, roupas interessantes, fotografia perfeita. As atuações também são competentes. Mas o filme não chega a animar. Na verdade fica bem na faixa do regular. Há dois problemas que fazem o filme pairar nesta avaliação. Primeiro, o longa não precisava ser tão longa-metragem assim. Com quase duas horas de duração, tudo poderia muito bem ter sido resolvido em cerca de 1 hora e meia. Não havia necessidade de tanto contemplacionismo. O roteiro das três estórias não necessita de tanto. Segundo, das três estórias, a única que realmente satisfaz é a do casal-mendigo. As duas outras não chegam a animar, talvez pelo fato de possuírem uma alma muito oriental, incompreensível para um ocidental, como eu. Talvez eu estivesse esperando mais do filme. Mas acho que não, o filme poderia ter sido mais eficiente, bastando, para tanto, um pouco mais de bom-senso.

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