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Tag: cinema americano

“A Proposta”, de Anne Fletcher.

The ProposalMargareth, executiva de uma grande editora americana, descobre que está em vias de ser deportada para seu país natal, o Canadá. Vendo que não há outra saída, ela tem a idéia de casar-se com o seu assistente, Andrew, que ela há anos perturba com sua antipatia e rigor no trabalho. Inicialmente obrigado a aceitar a proposta com a ameaça de demissão, Andrew decide tirar proveito da situação e obter tudo o que vem pedindo há anos para a chefe, sem nunca ter sido atendido. Contudo, os dois não contavam que uma das exigências da imigração, uma viagem para que a noiva conheça a família do noivo, começasse a mudar a relação que há anos os dois sustentam.
Por uma questão de franqueza não posso deixar de dizer que o ator canadense Ryan Reynolds, minha maior obsessão já há alguns anos, responde por ao menos metade da razão que me levou a deixar o conforto do meu lar e me dar ao trabalho de ir ao cinema para conferir “A Proposta” – bem…pra ser ainda mais sincero, ele é mais da metade da razão. Mas apesar de que a beleza estonteante de Ryan tenha sido a motivação primordial que me moveu até o cinema e ainda que o filme não passe mesmo de mais um lançamento que vá figurar no catálogo da Sessão da Tarde, o longa-metragem da diretora Anne Fletcher tem pelo menos dois predicados. O principal trunfo, obviamente, são os dois protagonistas, que não apenas exibem uma bela química na tela como demonstram a sua já conhecida desenvoltura para a comédia, empregnando seus personagens de sarcasmo e ironia sem deixar de adotar o tom equilibrado necessário para dar credibilidade aos papéis e ajudar, com isso, a suavizar um pouco as inevitáveis sequências de clichês e lugares-comuns típicos do gênero. O outro elemento que sustenta o nível de interesse durante filme é o texto com piadas de bom nível em diálogos ligeiros que concedem um ritmo mais dinâmico ao longa-metragem, embora o filme ainda detenha o compasso tranquilo das comédias românticas – a sequência em que os dois contam aos familiares de Andrew como foi feita a proposta de casamento é um exemplo de humor que não considera a platéia um amontoado de imbecis capaz de achar graça apenas de gags estúpidas e de gosto muito duvidoso. Os menos tolerantes na platéia certamente ficam satisfeitos também com o pouco uso de situações rasteiras no roteiro de Peter Chiarelli, que procurou assim preservar o filme ao evitar expor o espectador à sequências excessivamente estúpidas ou de mau gosto, apesar de que ao menos uma ou duas eu ainda retiraria na edição final do filme. Claro que nenhuma tentativa de refinar ou sofisticar o filme é suficiente para evitar que você se sinta um tanto estúpido por gastar tempo e dinheiro no cinema com um longa-metragem que garantidamente não vai apresentar nada de realmente relevante, mas o charme dos protagonistas, em especial o fulminante de Ryan Reynolds, faz ao menos o espectador sair do cinema flutuando em encanto.

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“X-Men Origins: Wolverine”, de Gavin Hood. [download: filme]

X-Men Origins: WolverineLogan, mais tarde conhecido como Wolverine, e seu irmão mais velho Victor, são mutantes com instintos selvagens recrutados para um projeto de mercenários com super-poderes. Não demora muito e Logan abandona o grupo por discordar de seus métodos e intenções excusas. Alguns anos depois, o mutante tem que combater os membros do grupo com o qual se envolveu no passado, inclusive seu irmão.
A premissa é realmente interessante: filmar toda a origem de um dos mutantes mais enigmáticos do universo Marvel e dos mais adorados pelos fãs. Se bem encaminhado, o filme poderia reeditar a qualidade dos dois primeiros longas da série X-Men, que conseguiram introduzir os personagens no mundo do cinema sem desvirtuar demais suas personalidades e sem violar excessivamente a mitologia destes nos quadrinhos. Contudo, por este ser de certo modo o quarto filme da série, o risco de errar a mão era bem maior. E foi bem isso que ocorreu.
Os dois maiores problemas do longa do diretor Gavin Hood estão relacionados ao modo como o argumento foi desdobrado no roteiro. O primeiro consiste na pressa no desenvolvimento dos episódios que constituem a história, que leva a supressão de uma descrição e delineamento mais detalhados de eventos que determinam a sucessão de acontecimentos do filme – é por isso, por exemplo, que a inveja e mágoa que Victor nutre pelo irmão Logan parecem muito pouco convincentes. O segundo seria a preguiça dos roteiristas em procurar soluções mais realistas para algumas sequências – afinal, Logan não teria notado com uma certa facilidade que apesar do sangue sua amada não estava ferida?
É certo que há algo de positivo no filme. Obviamente que o que há de mais acertado no longa-metragem é Hugh Jackman voltando a incorporar o personagem que lhe rendeu tanta fama: sua personificação de Wolverine continua impecável – com o adendo de que aqui estamos diante do protótipo do que o mutante se tornaria efetivamente mais tarde, e Jackman consegue transmitir isso com toda propriedade, suavizando sutilmente os contornos violentos e selvagens que integram a personalidade de Wolverine no futuro. Apesar da pouco aparecer durante o filme, a estréia do mutante Gambit, tão sequiosamente aguardado há tantos anos pelos fãs do X-Men, também é feita com considerável impacto, e ganhou em Taylor Kitsch um interpréte respeitável. Só mesmo a participação do mutante encarnado por Ryan Reynolds deixou bastante a desejar, e não por culpa do ator canadense: se muito, há 15 ou 20 minutos de participação do ator no longa-metragem, sendo que em cerca de metade disso ele é transformado do estonteante e sexy Wade Wilson para ficar quase irreconhecível na pele de Deadpool, no qual sofreu alguns artifícios e interferências no seu rosto perfeito para deixá-lo assustador e ainda tem que dividir a encenação com um dublê devido ao conhecimento deste em artes marciais – pode parecer apenas um detalhe no meio do filme, mas como Ryan Reynolds é o meu altar-mor de obsessão, pra mim é um erro imperdoável não apenas aproveitá-lo tão pouco, mas também utilizá-lo de modo tão inadequado. E visto que já foi declarada a intenção de aproveitar Deadpool para mais um filme solo, quero ver o que vão fazer pra consertar a adaptação tão esdrúxula – pra não dizer ridícula – que o personagem sofreu ao ser transposto dos quadrinhos para as telas. Quem já viu o filme sabe do que eu estou falando.
Deste modo, “X-Men Origins: Wolverine”, apesar de tanto esmero e tempo gasto na produção, resultou num longa-metragem apressado e mau-acertado. Talvez, com apenas uns vinte minutos adicionais, se um terço dos problemas não fosse solucionado seria ao menos suavizado, com toda certeza – e ainda não sentiríamos um certo desgosto ao saber que o desastre pode ser repetido, se não for intensificado, na óbvia sequência, já declarada, do filme.

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“Por Conta do Destino” (“Heights”), de Chris Terrio. [download: filme]

HeightsEm Nova Iorque, um jovem advogado, sua noiva fotógrafa, a mãe desta – uma atriz de fama e renome -, um jovem ator de teatro alternativo e um escritor britânico vão lidar, dentro do espaço de um dia, com problemas e conflitos que há muito vem ocultando e que, de algum modo, vão alterar o curso que suas vidas tomava.
A revelação de um maço de cigarros escondido pelo personagem de James Marsden, ao ser questionado por sua noiva se haviam jogado todos fora, não é feita no início de “Por Conta do Destino” sem intenção. O que a princípio pode parecer algo sem importância, na verdade sintetiza a principal substância destilada no argumento do longa-metragem: as mentiras, ou melhor ainda, as verdades que escondemos dos que nos rodeiam e principalmente de nós próprios. Os motivos para tanto não são difíceis de se imaginar, e vão sendo revelados aos poucos na trama de cada personagem: alguns o fazem para manter uma vida de aparências, outros para sustentar para si a ilusão de uma vida que não é a sua, outros ainda o fazem para ter alguma felicidade, mesmo que insuficiente, e um dos personagens o faz por todos os motivos citados. Apesar de procurar embricar estas tramas entre todos os personagens, a preocupação da roteirista Amy Fox não é em momento algum estabelecer desvendamentos surpreendentes, reviravoltas mirabolantes ou direcionar a história para possibilitar o encontro entre todos na sequência final do longa-metragem – artifício dos mais recorrentes em filmes cujas tramas são entrecruzadas. O roteiro, baseado em peça de teatro de sua autoria, tem como objetivo tornar esta procissão de revelações e de relações, executada em poucas horas, o mais próximo possível da ordinariedade.
As soluções planejadas pelo diretor Chris Terrio, como a predileção pelo posicionamento mais estático da câmera sutilmente cambaleante, a trilha sonora quase inexistente, que resume-se à alguns acordes de guitarra, e a fotografia e cenografia naturalistas contribuem muito para tornar os rumos tomados pela trama como acidentes da casualidade, aproximando a natureza destas “fatalidades cotidianas” com aquelas que ocorreram ou possam vir a ocorrer em nossas próprias vidas. O elenco afinado com o tom dado a história pela direção e pelo argumento, também responde por parte da tarefa, atingindo com as atuações comedidas o nível exato de verossimilhança exigida para os personagens, para seus comportamentos e suas reações. Porém, o maior mérito de ter conseguido alcançar essa tonalidade realista na história cabe mesmo à dois elementos contidos no argumento de Amy Fox. O primeiro seria o fato de ela escolher misturar no roteiro acontecimentos de diferentes naturezas – os que são obra do acaso com outros que não se configuram como mera coincidência -, o que faz com que a dinâmica deles soe mais realista. O segundo seria a o cenário destas tramas entrelaçadas de desilusões e recomeços, New York. Se por um lado a palpabilidade daquelas relações a acontecimentos casuais do roteiro parece ser pouco natural num universo humano tão gigantesco, por outro é justamente essa densidade populacional, com todas a sua redes infinitamente interligada de relações, que torna isso plausível.
Por não ter se apoiado ostensivamente em artifícios técnicos e estilísticos para construir um caráter diferencial imediato e por não explorar de forma polêmica as temáticas que aborda, “Por Conta do Destino” acaba como um longa-metragem menos pretensioso, e até sensivelmente mais sólido, do que aqueles de mesma natureza que tanto fizeram sucesso de crítica e público nos últimos anos. É provavelmente por isso que o filme tenha passado tão despercebido e ignorado quando do seu lançamento – infelizmente, muitas vezes esse é o preço que se paga pela simplicidade.
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“Quantum of Solace”, de Marc Forster. [download: filme]

Quantum of SolaceJames Bond tenta desvendar os segredos por trás da organização que chantageou Vesper Lynd e que, consequentemente, foi responsável por sua morte. Seguindo pistas, a primeira sendo no atentado por um agente do MI6 contra M, sua superior, Bond descobre que a organização tem mais influência do que supunha antes.
A nova fase de 007, inaugurada em “Cassino Royale”, ganha continuidade nesta sequência direta da estrelada pelo loiro britânico Daniel Craig. Sob as ordens de Marc Forster, diretor dos excelentes “A Última Ceia” e “Mais Estranho que a Ficção”, Bond continua protagonizando uma história cujo argumento-base é centrado em uma abordagem mais simples e pé no chão, radicalmente oposta aos elementos fantasiosos dos filmes anteriores, o que afeta sobremaneira o próprio perfil do personagem, que abandona a frivolidade em troca da tenacidade, a despeito de um comportamento mais violento, irascível e obssessivo – transformação, por sinal, dividida com a principal “bondgirl” deste novo filme.
Porém, a trinca de roteiristas, que também foi responsável por compor o argumento do primeiro filme, pisa feio na bola nesta segunda incursão do novo James Bond no cinema. Ao desenvolver no argumento elementos apenas sugeridos no primeiro filme, transformando os então terroristas de “Cassino Royale” em saqueadores disfarçados de ambientalistas corporativos em “Quantum of Solace”, os roteiristas, entre eles Paul Haggis, recorrem ao estereótipo estúpido formado pelos países desenvolvidos sobre os países em desenvolvimento, neste caso em particular, sobre a América do Sul: para o chamado primeiro mundo, a região não passa de seu playground particular onde consegue, quando e como quiser, com a ajuda de uma mala com um punhado de dólares, derrubar e nomear governantes, a rigor papel desempenhado por déspotas militares cruéis e interesseiros que se vendem, claro, por aquela mesma mala recheada com um punhado de dólares. A idéia, que abarca inclusive um país como o Brasil, é alimentada pela ilusão ridícula de que democracia é a deles, a dos outros não passa de um embuste republicano que encobre uma terra de bárbaros e barbaridades – uma imbecilidade que ecoa a noção que os romanos faziam dos povos que pouco a pouco subjugaram, sustentada pela ignorância atroz de tudo que lhes é estrangeiro. Como os roteiristas organizaram todo o argumento em cima desta idéia, o filme não apenas se põe a perder por ser mais um a alimentar este estereótipo, mas porque este mesmo estereótipo põe no chão aquela que era até então a maior qualidade desta nova fase de James Bond: o realismo. Apesar de não se apoiar em engenhocas dignas de um filme de ficção científica, por sua vez criadas e manipuladas por vilões idiossincráticos, carnavalescos e quase infantis, a idéia que se faz da extensão dos poderes e da influência dos vilões e de suas corporações em “Quantum of Solace” equivale à fantasia farsesca da fase anterior do agente britânico – a abordagem é outra, o resultado final difere, mas tudo acaba chafurdando na mesma inverossimilhança dos anteriores. Era realmente pedir demais que uma das franquias mais tradicionalmente pop do cinema sustentasse a qualidade e equilíbrio por mais de um filme – a julgar pelo belo tropeço que já foi dado apenas na segunda aventura do novo James Bond, o tombo na vala comum das mega-produções do cinema comercial está mais próximo do que se pode imaginar…e isso porque estou sendo gentil o suficiente em considerar “Quantum of Solace” como apenas um tropeço.
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“Fim dos Tempos”, de M. Night Shyamalan. [download: filme]

The HappeningEm New York, um professor, sua esposa, seu melhor amigo e a filha deste são surpreendidos por uma série de mortes repentinas que assusta a população da cidade. Pelo temor do evento ter sido originado por uma arma biológica, eles decidem fugir da cidade. Logo, os quatro percebem que o acontecimento começa a espalhar-se por outros locais, atingindo cidades e comunidades cada vez menores.
O argumento de “Fim dos Tempos” é sem dúvidas promissor: uma onda epidêmica de mortes por conta de um distúrbio psicólogico que afeta o mecanismo de preservação da vida de cada indivíduo, evento este causado por um agente até então aparentemente indefeso e inofensivo – e este último elemento é, na verdade, a grande idéia do argumento, que subverte a própria identidade de “Fim dos Tempos” como thriller apocalíptico: ao invés do horror e estupefação ser causado por sequências de destruição faraônicas, o terror tem como origem o símbolo do silêncio, da placidez e do pacifismo. Partindo-se desta idéia genial, era só uma questão de compor um roteiro sóbrio, que ao menos lidasse de forma adequada com os artifícios típicos do gênero e contratar um elenco que impusesse peso à história. Infezlimente, não foi isto o que aconteceu.
O roteiro, apresenta dois problemas que saltam aos olhos já em coisa de 20 minutos de filme. O primeiro podemos encontrar em filmes de qualquer gênero: trata-se da qualidade dos diálogos dos personagens. No texto, que pra variar foi escrito pelo diretor/produtor, os diálogos dos personagens tem um sabor tão natural quanto um combo de Big Mac com Ki-Suco, tão rasteiros, simplistas e infantis que soam saindo da boca de personagens adultos – possivelmente nem na boca de uma criança eles soariam adequados. O outro problema é mais comun ao gênero: o eterno recurso de temperar a trama apocalíptica com atribulações pessoais. Isso é algo intrínseco à esse tipo de história, e embora possa funcionar em alguns longa-metragens, aqui soa extremamente aborrecedor e inócuo, ainda mais por ganhar o “auxílio” nada bem-vindo do elenco equivocado – que já tinha sido de “boa ajuda” nos diálogos. O que nos leva ao segundo elemento problemático do filme: os atores escalados para desempenhar os poucos papéis que encabeçam a trama mostram um desempenho fraquíssimo, próximo do constrangedor – em especial Mark Wahlberg, que se tinha como objetivo soar um completo idiota robotizado sofrendo de uma grave crise de insolação ao, por exemplo, falar com uma planta de plástico e tentar negociar com uma velhinha esquizofrênica, devo confessar que teve enorme êxito na empreitada.
“Fim dos Tempos” só não é um fiasco tão retumbante quanto foi “A Dama na Água” porque o argumento base da história é uma grande idéia – embora ela seja destruída pelo trabalho conjunto de roteiro e elenco – e porque o filme apresenta sequências que unem de modo eficiente beleza e terror. Mas estes dois elementos não representam garantia de qualidade suficiente para o longa-metragem e, assim sendo, ele acaba se somando à crescente galeria de equívocos de M. Night Shyamalan. Ao menos, porém, não tivemos que aturar mais uma vez o diretor inserindo-se como personagem dentro da história, nem mesmo em uma ponta sequer – só mesmo pra evitar que “Fim dos Tempos” se transformasse realmente no retrato do apocalipse.
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“Arquivo X – Eu Quero Acreditar”, de Chris Carter.

The X-Files - I Want To BelieveAtravés de Scully, Mulder é contactado pelo FBI para que ajude no caso do desaparecimento de uma agente do bureau, com a promessa de que todas as acusações contra ele sejam retiradas. O ex-agente aceita e logo começa a acreditar na única fonte de informações disponível, nada ortodoxa, enquanto Scully reluta em conceder qualquer credibilidade à ela.
É sempre um prazer voltar a ter contato com personagens tão brilhantes quanto os da série Arquivo X. Porém, isso só não se constitui em motivo para um revival do seriado na materialidade do cinema: precisa-se de argumento sólido e digno de ter à frente Fox Mulder e Dana Scully. Infelizmente, não é o caso do tão aguardo segundo filme baseado nos personagens da série, o longa-metragem “Arquivo X – Eu Quero Acreditar”.
O grande problema desta nova incursão dos agora ex-agentes do FBI Mulder e Scully no cinema é a falta de impacto. E isto já começou a tomar corpo na própria concepção do filme: apesar de que me pareceu, inicialmente, uma boa idéia retomar a série sob a égide dos chamados “monstros da semana”, agora já me parece tanto. Depois de conferir o longa, constatei que este tipo de história dificilmente consegue obter a relevância e a urgência que a mitologia da série tem ao ser desenvolvida em um longa-metragem para o cinema – as aberrações extraordinárias tão bem abordadas tem seu lugar e sua relevância na materialidade da TV, mas no cinema, com certeza, carecem de impacto.
Se a criatura apresentada fosse algo de proporções realmente catastróficas, apresentando perigo em alta escala, o resultado teria sido menos insípido, mas a que foi escolhida não apresenta perigo e terror em uma escala considerável para que o filme ganhasse a dinâmica e a energia necessárias para o cinema – além de ser uma aberração que está longe de ser original, tantas vezes já abordada no cinema.
Mas há ainda um outro elemento que atrapalha a desenvolvimento dos personagens na trama: o seu envolvimento. A beleza do relação de Mulder e Scully sempre foi a sua impossibilidade. A partir do momento que se resolve concretizar aquilo que causava uma tensão interessante e necessária, não há mais muito o que fazer, a não ser inserir a dinâmica e os dramas do romance dentro de um universo onde, lamento informar ao shippers deliciados com o que viram neste filme, ele nunca fez falta – há até um certo emprobrecimento da complexidade dos personagens, nivelando-os à de tantos outros que povoam seriados cujo viés temático é apenas este.
Mas para que tudo não pareça um desastre, há pelo menos um grande acerto. O personagem de Billy Connolly é, provavelmente, a melhor coisa do que foi criado no argumento deste filme: seus atos no passado e sua situação no presente levantam questões morais interessantes que, por sorte, nunca são tratadas de forma barata e, além disso, acabam funcionando como um amálgama brilhante da essência de Scully e Mulder.
Tirando o fato de termos Mulder e Scully novamente em ação, não há mais muito o que realmente faça “Arquivo X – Eu Quero Acreditar” realmente valer a pena – é triste, mas é verdade. Chris Carter chegou a comentar que, dependendo do sucesso do filme, iria propor uma terceira aventura retomando a mitologia da série. É lamentavél, mas meu maior medo não é o fato de que um terceiro filme não venha a ser feito dado o provável fracasso deste aqui, mas em obtendo ele sucesso, o que Carter e o roteirista Frank Spotnitz fariam com a mitologia da série no terceiro. Tendo em vista a perda de rumo do seriado nas última três temporadas, além dos equívocos deste filme, seria melhor deixar a responsabilidade de uma nova aventura de Mulder e Scully nas mãos de alguém mais íntimo do universo do cinema. Ou, na pior da hipóteses, deixá-los em paz de uma vez por todas – porque é bem melhor termos Fox e Dana como os personagens incríveis que sempre foram no seriado do que banalizá-los ainda mais, reduzidos que foram aqui à uma espécie de “Casal 20” subversivo.

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“Batman – O Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan.

Batman - The Dark KnightBatman, comissário Gordon e o promotor Harvey Dent encurralam a máfia de Gotham City que, sem alternativa, resolve aceitar a proposta de ajuda de um criminoso excêntrico, conhecido como Coringa. Sua promessa é espalhar o caos e o terror pela cidade até que o herói revele sua verdadeira identidade.
A sequência de “Batman Begins” dá continuidade à abordagem mais realista do famoso herói da DC Comics, tanto no que diz respeito aos personagens e suas personalidades quanto no desenvolvimento da trama em si: o roteiro, rebuscado, é feito de uma trama cheia de curvas e reviravoltas bem compostas e com o pé no chão; os atores, em seus respectivos papéis, oferecem interpretações consistentes com a abordagem do argumento, incluindo aí Heath Ledger, que compôs um Coringa menos histriônico, menos folclórico e mais contido, físico e maquiavélico; e o trabalho de Christopher Nolan na direção continua bastante preciso e requintado, além de manter constante a atmosfera sombria dos quadrinhos que inspiraram esta nova abordagem do herói.
Porém, o ego do diretor que foi eleito o queridinho da crítica americana e do público jovem, principalmente dos aficcionados em quadrinhos, falou bem mais alto desta vez. Crendo piamente que tudo aquilo que sai de sua cabeça é algo genial, Nolan extende o filme de modo desnecessário, produzindo por mais uma hora, além da uma hora e meia em que tudo corria bem, uma reviravolta que só faz colocar tudo no chão. O roteiro, composto pelo próprio diretor em parceira com seu irmão e com David Goyer, a partir do momento que desenha o nascimento do segundo vilão apresentado no longa, põe abaixo a sensatez desenvolvida até então e rende-se a uma série de concessões e soluções fáceis para sustentar cenas de batalha mirabolantes, coroadas por um festejo à integridade humana – incluindo aí a de milhares de criminosos – e por um desfecho rídiculo, para dizer o mínimo, com direito à um discurso final constrangedor do personagem de Gary Oldman para sustentar a pecha de “Cavaleiro das Trevas” para o herói. Em consequência do roteiro que pôs a perder, o diretor acaba fazendo o mesmo no seu trabalho por trás das câmeras: a medida que a última hora do filme avança, Christopher Nolan rende-se à encenação apoteótica mais barata, devidamente temperada com uma pieguice inevitável para encenar o epílogo pelo qual ele acabou sendo co-responsável. E, não exatamente por consequência destes problemas mas como algo que anuncia que a coisa não vai terminar bem, inicia-se o filme já com a constatação patente de que a celeuma em cima da Heath Ledger e seu personagem foram puramente consequência da exploração do epísodio de sua morte: não apenas seu trabalho, mesmo competente, não justifica o estardalhaço feito mas também descobre-se que a participação de seu personagem na trama, ao contrário do que se poderia imaginar, acaba sendo modesta e tímida – cerca de um terço do longa-metragem.
No fim, “Batman – O Cavaleiro das Trevas” serve como veículo para dar vazão à megalomania de Nolan que, na última parte do longa-metragem, parece ter esquecido tudo o que tinha feito até ali. Com poucas exceções, é exatamente isso o que acontece quando todo mundo resolve apressadamente eleger alguém como o melhor em algo, seja no que for – ele acaba acreditando, e não raro perde a noção de limites e do bom-senso. Não seria má idéia dar, no inevitável terceiro filme, o direito à mais alguém de mostrar a sua visão deste Batman sombrio e amargurado – no pior dos casos vamos ter um outro diretor cometendo os mesmos erros. Mas isso ainda me parece melhor do que deixar Christopher Nolan à cargo do terceiro – porque, pelo que eu vi neste filme, a tendência é a coisa ficar bem pior.

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“Cloverfield”, de Matt Reeves. [download: filme]

CloverfieldNova-iorquinos que participam de uma festa de despedida são repentinamente surpreendidos por um estrondo gigantesco. O que inicialmente é cogitado como um acidente ou atentado terrorista na cidade, logo mostra-se como algo muito mais estranho e aterrador através da lente da câmera digital amadora que registrava a festa de despedida.
“Cloverfield” é mais um fruto da atual seara de produções de ficção que exploram o pressuposto documental, cujo representante mais popular é o longa “A Bruxa de Blair”. Considerando-se este aspecto, o filme acaba tendo sucesso na empreitada ao expôr um evento catastrófico, bem como o pânico e caos por ele desencado, sob a abordagem de um registro amador, incluindo aí a exploração dos reveses do material utilizado para a gravação assim como da falta de habilidade ao manipulá-lo – como se pode conferir nas cenas que simulam o vídeo que havia sido gravado anteriormente na fita e que “vaza” em alguns momentos em que ele estava sendo sobreescrito pela gravação mais recente, interrompendo a trama do filme -, e fundindo-o com a inserção de efeitos especiais em uma materialidade que está ainda sendo descoberta no cinema – a do filme digital. Mas os méritos de “Cloverfield” ficam mesmo por aí, resumidos aos aspectos técnicos. Naqueles responsáveis pela verdadeira qualidade de um longa-metragem, “Cloverfield” capenga na referência algo assumida e naquela que inivetavelmente, a meu ver, soa mais como apropriação do que referência. Aquilo que se assume como tal pode ser visto poucos minutos logo que se inicia o evento catastrófico que é a razão de ser da película: a cabeça da estátua da liberdade, arrancada e arremessada contra um edifício e que acaba aterrissando em uma rua da cidade é uma referência à cena que estampa o cartaz do filme “Fuga de Nova York”, do diretor John Carpenter. Ate aí, tudo bem. O problema é que praticamente o filme todo acaba sendo uma cópia dissimulada, um remake um tanto cara-de-pau de “Godzilla”, de Roland Emmerich, com uma pitada do clássico absoluto “Alien”, quando em uma sequência do filme vislumbra-se uma idéia que se aproxima muito de um dos elementos mais simbólicos do universo da franquia iniciada pelo filme de Ridley Scott. Para entornar ainda mais o caldo, os personagens do longa-metragem, um bando de homens e mulheres beirando os 20 ou 30 anos, tem personalidades e comportamentos consideravelmente irritantes e infantis, em particular aquele responsável pelo registro em vídeo – é certo que este personagem, ao assumir o trabalho que seria equivalente ao de um narrador, deve ser inevitavelmente inoportuno, mas ao somar-se à isto uma boa dose de imbecilidade do câmera-personagem-narrador, que muitas vezes não entende algo que já está patente para a platéia, o filme beira, em alguns momentos, as raias da irritação.
É por conta disto que “Cloverfield” é apenas mais um filme que privilegia a forma sobre o conteúdo, organizado sobre uma pirotecnia efusiva que tem como objetivo encher os olhos suficientemente para desviar atenção de um conteúdo raso, um pastiche barato do filão americano do monstro na metrópole – seja ele, de fato, uma criatura colossal e sanguinária ou uma constelação de naves espaciais sedentas por destruição. A única coisa que fez valer a pena essa sessão diante de meu televisor foi a curtíssima cena, logo no início do filme, em que o ator Michael Stahl-David é flagrado sentado em uma cama, vestindo apenas uma cueca samba-canção: nem uma horda de bestas genocidas gigantescas é páreo para toda a formosura deliciosamente perfeitinha do garoto loiro – ele chega a fazer você até esboçar um sorriso ao fim dos 85 minutos desta pura perda de tempo.
Baixe o filme utilizando uma das fontes de links a seguir.

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Fonte 1 [AVI]:
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Fonte 2 [AVI]:
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Fonte 3 – RMVB [297 MB]:
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Prévia: “The X-Files: I Want To Believe”.

Previa: The X-Files: I Want To BelieveFãs da saudosa série de TV “Arquivo X” estão em estado de ansiedade absoluta: no dia 25 de julho deste ano será lançado o segundo e aguardadíssimo filme que reúne a espetacular dupla de agentes do FBI, Fox Mulder e Dana Scully. Como já é de costume, a produção está cercada de segredos que, aparentemente, continuam tão bem guardados quanto antes eram, o que acabou limitando, até o momento, o vazamento de informações não-oficias: somente o teaser pôster – espetacular, em tons de branco e preto, mostrando os agentes caminhando e com suas respectivas sombras formando o famoso “X” -, dois trailers ligeiramente diferentes, feitos especialmente para exibição em convenções de ficção-científica e similares e uma sinopse breve, que muito pouco revela, chegaram a ser divulgados na web antes de serem revelados por fontes oficiais da produção. O que de mais concreto e relevante se sabe sobre o argumento do filme foi mesmo divulgado pela produção já há algum tempo: a história, que é cronologicamente atualizada, refletindo o tempo decorrido desde o fim do seriado, não seguirá a chamada mitologia da série, diferentemente do primeiro longa produzido, optando então por adotar uma história independente, que sempre foi a segunda opção temática dos episódios de “Arquivo X”, comumente chamados de episódios do “monstro da semana”. E foi só neste fim de semana passado, após decorridas algumas semanas da revelação do título oficial da trama – “I Want To Believe”, famoso slogan do seriado que, é preciso admitir, soa um tanto brega como título do filme -, que foi liberado, depois de uma sádica contagem regressiva, o trailer oficial do filme. Apesar de satisfazer e atiçar a curiosidade dos fãs da série, o vídeo foi feito com a inserção de apenas algumas poucas cenas diferentes das que foram utilizadas nos trailers feitos para divulgação nas convenções, além de apresentar uma edição sutilmente modificada. Porém, um único dado novo pode ser extraído do pouco que é apresentado: aparentemente, o personagem de Billy Connolly tem o mesmo perfil do saudoso Frank Black de “Millennium”, sendo configurado como uma espécide de investigador – ou algo desta monta – com dotes psíquicos que lhe permitem “ver” fatos relacionados à um crime cometido anteriormente.
Alguns, certemente, estão torcendo o nariz para o advento deste novo longa-metragem baseado na série por considerar isto um tanto oportunista. Obviamente que o incentivo do retorno financeiro conta para a existência da produção, mas as razões são outras para os fãs de “Arquivo X”, e mesmo para seus idealizadores: primeiro porque mesmo com o fim do seriado, e com a ruína que foi a finalização da mitologia da conspiração alienígena que perpassou toda a vida deste, a dinâmica temática da série era bem mais ampla que isso, o que dá toda a liberdade aos produtores para a concepção de novas histórias e, segundo, e a mais importante razão, é o fato inquestionável de que Mulder e Scully são a essência e a razão de ser de “Arquivo X”, o que faz de qualquer história que os envolva mais um episódio genuíno de uma das mais fabulosas criações da televisão americana, que fez história e faz escola até hoje – seria mesmo um desperdício não retomar dois personagens tão geniais apenas porque o principal veículo que os trazia para o público chegou ao seu fim. Por isso, por pior que que possa vir a ser “The X-Files: I Want To Believe”, o simples fato de o público que tanto os admira tem novamente a chance de ter contato com estes dois personagens já vai se configurar para os fãs como um prazer imenso. Porém, a declaração dada pelos realizadores do projeto de que esta história foi especialmente escrita para o local de sua filmagem, os arredores de Vancouver, no Canadá, me dá a clara impressão de que este longa tem muitas chances de ser até melhor do que o primeiro – digo isso porque é notório que os melhores anos de “Arquivo X” foram mesmo aqueles nos quais Vancouver serviu como set de filmagem e principal inspiração para suas mirabolantes histórias.
Agora, para conferir a nova empreitada dos agentes do FBI mais idossincráticos que a ficção já teve a sorte de criar, só resta esperar a estréia do filme. E, segundo informação constante no site oficial do longa-metragem, mesmo nisto os fãs brasileiros de “The X-Files” parecem ter sido agraciados com uma boa amostra de consideração pelo estúdio 20th Century-Fox: ao que tudo indica, o lançamento do filme no Brasil será simultâneo com a estréia nos Estados Unidos. Então, se você tiver a oportunidade de dar uma passada nos cinemas brasileiros no dia 25 de Julho, prepare-se para se deparar com cenas de absoluta estupefação e delírio coletivos como esta – e se tudo der certo, todos nós, fãs de “Arquivo X”, teremos a oportunidade de repetir esta cena por muitos e muitos anos ainda.
Clique aqui para assistir o primeiro trailer oficial diretamente no site da produção.
Se preferir, clique aqui e assista o vídeo no YouTube.
Se você for mais um fã da série e dos dois personagens, pode preferir fazer download do trailer nos links abaixo:
Pequeno (7 MB)
Médio (18,2 MB).
Grande (46, 3 MB).

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“Onde os Fracos Não Tem Vez”, de Joel e Ethan Coen. [download: filme]

No Country For Old MenUm homem, praticando caça no deserto, se depara com uma série de carros e pickups abandonadas em meio a desolação. Ao aproximar-se encontra diversos cadáveres e descobre uma enorme quantidade de heroína. Após questionar, sem muito sucesso, um moribundo que sobreviveu ao tiroteio, ele acha, não muito longe, uma valise com 2 milhões de dólares – parte da transação mal-sucedida.
Sem ter muito medo de parecer estar desmerecendo o trabalho de Joel e Ethan Coen, pode-se afirmar que a grande “sacada” do longa-metragem “Onde os Fracos Não Tem Vez” é, na verdade, obra do escritor Cormac McCarthy, e algo previamente idealizado por ele já nas linhas, por ele compostas, no seu livro homônimo: muito além da competência tanto na construção do realismo palpável da história, perpassada de ironia e humor muito sutis, quanto na composição da idiossincrasia do taciturno assassino Anton Chigurh – que orienta sua conduta e a sorte de suas vítimas na noção de que toda e qualquer circunstância é determinação inquestionavelmente necessária do destino – a grande idéia está na relação de contraste existente entre a abordagem realista dada a trama e a essência insólita da personalidade de Anton Chigurh, o único personagem que realmente se destaca nesta trama feita praticamente apenas de personagens periféricos – é no contraponto existente entre as abordagens destes dois componentes, um deles interno ao outro, que torna a trama do livro, e consequemente do filme, realmente interessante. Mas, se por um lado esse mérito é fruto de idéias de autoria de Cormac McCarthy, por outro a sua narrativa guarda razoável similaridade com o cinema que fez Joel e Ethan Coen tão famosos, tornando o trabalho de adaptação para o dupla de diretores, roteiristas e produtores um passeio em um parque de diversões cujos brinquedos eles já experimentaram tanto – como muito do que compõe o estilo dos diretores já estava presente na história, arrisco supor que bastou aos irmãos manter o foco da adaptação fiel à atmosfera da trama criada por McCarthy para que o roteiro estivesse apto à ser encenado. Porém, um filme não se resume ao seu roteiro, e no que tange aos seus outros aspectos, a competência também se fez presente: com relação a direção de fotografia, Roger Deakins potencializa a aridez do deserto tanto na sua escura gravidade noturna quanto na sua ofuscante luz diurna; no campo da trilha sonora, o compositor Carter Burwell dá espaço à crueza das situações com sua trilha surda e quase inexistente; e no trabalho de direção propriamente dito, os Coen mantém as mãos bastante seguras, coordenando os elementos que dispunham de modo firme o suficiente para transpor fielmente a narrativa para as telas – o que deve ter incluído as diretrizes certeiras para Deakins e Burwell na condução de suas respectivas tarefas.
Mas e quanto ao elenco?
Bem, como eu disse acima, a trama de “Onde os Fracos Não Tem Vez” foi construída de forma que praticamente não há protagonistas a conduzindo solenemente, mas apenas um punhado de coadjuvantes que a guiam de forma algo colaborativa, quase nunca dividindo a mesma cena. Desse modo, o equilíbrio entre os atores, com boas atuações, mantem-se constante, porém, Javier Bardem, ganhando o papel de Anton Chigurh, ganha nítido destaque frente aos outros, em grande parte devido à própria natureza do personagem, em outra devido ao seu trabalho que é sim competente ao compor um homem de aspecto opressivo e grave que, ao mesmo tempo, transparece à sua afeição ao sarcasmo sutil, mas que pertence àquela gama de atuações que, não é difícil perceber, não exigem muito do ator.
“Onde os Fracos Não Tem Vez”, muito mais do que um filme de personagens é um filme que põe seu foco nas consequências dos atos perpretados por estes, ilustrando de modo argucioso como a ação mais corriqueira pode mudar o rumo pensado por estes personagens para as suas vidas. Mesmo com “Fargo” e “Ajuste Final” ainda ocupando o posto de momentos mais brilhantes de suas carreiras, este novo filme reaproxima os irmãos Coen do cinema cheio de sagacidade e de discreta morbidez do qual tinham se afastado tanto depois de seguidas incursões cinematográficas reprováveis e sofríveis – e não foi tarde para que os Coen percebessem que os fracos realmente não tem vez no cinema.
Baixe o filme, já legendado em português, utilizando os links a seguir.

Link Um
Link Dois
Link Três
Link Quatro
Link Cinco
Link Seis

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