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Michael Nyman – Prospero’s Books & Royal Philarmonic Collection. [download: mp3]

Michael Nyman - Prospero's Books e Royal Philarmonic CollectionHá dois diferentes grupos de compositores que trabalham concebendo trilhas sonoras. O primeiro deles é composto por músicos que arquitetam peças que servem tão somente como fundo à ação e à imagem desenvolvida no longa-metragem. O segundo grupo é feito de músicos que superam esta limitação, compondo peças musicais que conseguem servir ao propósito a que se destinam mas que sobrevivem à audições isoladas de seus filmes, muitas vezes ganhando vida absolutamente independente destes. Não é difícil de compreender esta característica da obra destes artistas – as trilhas sonoras, hoje, tomaram de assalto a popularidade que outrora pertenceu às composições clássicas, cujas obras contemporâneas circunscrevem seu conhecimento quase que tão somente aos especialistas do assunto. E isto deve-se, em grande parte, à este segundo grupo de compositores – muitas vezes também autores de obras clássicas/eruditas -, que tem como integrantes os músicos Zbigniew Preisner, Philip Glass e Ryuichi Sakamoto.
O britânico Michael Nyman é um dos expoentes deste grupo. Sua trilha sonora da obra-prima absoluta do cineasta britânico Peter Greenaway, “A Última Tempestade”, configura-se inteiramente neste grupo de obras. O filme encontrou sincronicidade sublime com a música do compositor Michael Nyman, habitual colaborador do cineasta, mas também conhecido pela música irretocável que compôs para filmes como “O Piano”, “Fim de Caso” e “Gattaca”. A trilha feita para o filme de Greenaway é complexisíssima, e passeia com desenvoltura por momentos de bizarrice sonora e romantismo como quem faz um “tour” do Museu de Arte contemporânea mais aguerrido ao parque arborizado e primaveril. Músicas como “Prospero’s Curse”, “History of Sycorax” e “Caliban’s Pit”, tem metais que se sobressaem em tom de urgência, com sopros breves e graves que formam temas que se repetem na melodia da música. A concepção idiossincrática destas peças sonoras servem de motivo àqueles que afirmam ser Nyman um dos representantes da música minimalista. É bem verdade que o compositor utilize-se deste recurso estilístico ao compor a melodia de alguns trechos de sua obra, mas este traço é bem mais sutil e bem menos ambicioso do que a forma como isso é explorado por Philip Glass, por exemplo – o grande representante da música minimalista nas trilhas sonoras. No entanto, apesar da beleza idílica de tais momentos da obra de Nyman, sua genialidade se sobressai mesmo na exploração da veia romântica e algo renascentista de suas composições. “Prospero’s Magic” e “Cornfield” são dois grandes exemplos da imensa beleza deste tipo de composição do músico – a primeira trazendo cordas, metais e demais instrumentos complementando-se, construindo uma melodia imponentemente regencial; a segunda desenvolvendo um explêndido tema romântico, que cresce vagarosamente e invade furtivamente os sentidos do ouvinte.
Complexo como qualquer artista que se preze, algumas das composições de Nyman para este filme de Greenaway ainda guardam algo de operístico, como podemos conferir nas faixas “Full Fathom Five”, “While you here do snoring lie”, “Where the bee sucks”, “Come unto these yellow sands” e “The Masque”: as três primeiras adornam os versos cantados pelo garoto soprano com uma orquestração sutil e reduzida; a quarta peça apresenta tom pomposo e mais notadamente derivado do estilo operístico; e a última conclui com eloqüente e variada harmonia, por vezes modificada por curvas sonoras bruscas.
No ano 2000, a Real Filarmônica Inglesa, entre tantos outros compositores regravados por ela, lançou um disco em que reinterpreta algumas peças de Nyman, entre elas algumas que compõe a trilha de “Prospero’s Books”. E é impressionante a forma como a Filârmônica concebeu um novo arranjo à canção “Cornfield” ressaltando sua beleza romântica e iluminando ainda mais sua harmonia extraordinária – impossível terminar uma audição desta versão da música sem lágrimas nos olhos e arrepios pelos corpo. Além de ter rearranjado alguns temas do filme baseado na peça de William Shakespeare – que ganham uma interpretação mais refletida, já que trabalhados por toda uma orquestra -, a Filarmônica refez outras composições famosas de Nyman, como os 4 movimentos do “The Piano Concert”, derivados da trilha do filme de Jane Campion – que foram retrabalhados anteriormente, como um concerto, pelo próprio Nyman – e ainda duas peças de outros dois filmes diferentes de Peter Greenaway; uma de “Zoo – Um Z e dois Zeros” e outra do clássico “O Cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante”. As composições ganham do filme “O Piano” ganham unidade sonora na interpretação da Real Filarmônica – tem continuidade e sonoridade homogênea, ainda que sejam, essencialmente, peças melodicamente diferentes. “Angelfish Decay”, mistura tons fugazes com momentos de contemplação, como em sua versão original, mas aqui acaba ganhando feições mais delicadas, devido à multiplicação de sua sonoridade por diversos intrumentos diferentes – é bom lembrar que a banda que acompanha Nyman tem um número reduzido de instrumentistas. E, por fim, “Miserere Paraphrase” simula, com violinos, a melodia que antes era cantado por um garoto soprano – preservando ainda muito de sua sombria idiossincrasia.
Barroca, romântica, renascentista, contemporânea, a música de Michael Nyman é tão complexa que consegue exibir facetas que se aproximam de diversos estilos artísticos ao mesmo tempo, com andamentos que vão do minimalista ao musicalmente opulento, superando com genialidade, arrojo e lirismo a limitação da “música de filme”, que muitos compositores conformam-se em compor. Nyman é dos poucos músicos que, ainda hoje, conseguem consolidar em seu trabalho uma mistura absolutamente homogênea de pós-modernidade e beleza clássica, conseguindo construir uma música que é um verdadeiro festival de sensibilidade, sem soar datada ou piegas – o que por si só, hoje em dia, já valeria a audição. Link para download depois da lista de faixas.

– Royal Philarmonic Collection:
parte 1: http://rapidshare.de/files/22106170/royal_michael_nyman_1.zip.html
parte 2: http://rapidshare.de/files/22108229/royal_michael_nyman_2.zip.html
parte 3: http://rapidshare.de/files/22109544/royal_michael_nyman_3.zip.html
parte 4: http://rapidshare.de/files/22110581/royal_michael_nyman_4.zip.html
senha: seteventos.org

– Prospero’s Books:
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Madredeus – Ainda. [download: mp3]

Madredeus - AindaWin Wenders inspirou-se inteiramente na música da banda Madredeus para conceber o excelente filme “O céu de Lisboa”, uma ode à beleza do cinema e da capital portuguesa. A parceria não foi frutífera tão somente para o diretor alemão, já que Ainda é, na minha opinião, o melhor disco da banda portuguesa.
Tranbordando sensibilidade e lirismo, composto por uma sonoridade sofisticada e melancólica, o disco é um pequeno esboço da alma portuguesa, faixa a faixa. Em “Guitarra”, que abre o disco, somos remetidos aos primórdios do cantar português – as cantigas medievais -, em uma letra que declara o amor daquele povo à música popular e uma melodia que faz uso delicioso do instrumento que dá nome a canção – conhecido aqui no Brasil como “violão”. As músicas “Milagre” e “Alfama” cantam as alegrias e tristezas afetivas – a primeira bela introdução instrumental e sonoridade triste, complementada pelo canto fenomenal de Teresa Salgueiro; a segunda apresentando belíssima melodia que explora soberbamente os instrumentos de câmara e acordeão, que constroem a sonoridade básica das músicas de Madredeus. Já nas faixas “Céu da Mouraria” – com melodia delicada ornada pelo vocal nostálgico – e “O Tejo” – que inicia-se com harmonia triste, para logo iluminar-se com sutil alegria em seu refrão – constatamos o orgulho do povo português com relação à história de seu país, além da celebração das belezas lusitanas. “A cidade e os campos” versa sobre a tristeza do camponês, ao ver-se abandonado da vida rústica do campo e inserido na frieza cotidiana da metrópole – nesta faixa, enormemente melancólica, a voz de Teresa exibe dor e arrependimento ainda mais intensos. Mesmo nas faixas instrumentais, em que não temos a presença da voz exuberante da vocalista, a banda mostra conseguir cativar o ouvinte – é o que sentimos ao ouvir “Miradouro de Santa Catarina”, que consegue mesmo inspirar a visão plácida do lugar cujo nome lembra, e em “Viagens Interditas”, que guarda em sua melodia a saudade despertada pela partida.
Ao constatar a beleza da música da banda em “Ainda”, não há como não desejar conhecer o povo e a terra que inspira tamanha sensibilidade musical. Em especial para nós, brasileiros, o sentimento é ainda mais verdadeiro, já que herdamos algo desse bucolismo, placidez e nostalgia lusitanas. Mesmo para àqueles que não tem a oportunidade de fazer esta viagem literalmente, ouvir a música da banda portuguesa já confere muito das sensações que tal jornada despertaria. No entanto, muito além do sensorial, a capacidade da música de Madredeus de despertar a reflexão do ouvinte sobre o preconceito com relação à cultura portuguesa, e superá-lo, é o maior ganho de todos – e fazer isso ouvindo composições de qualidade é um prazer inegável. Baixe já o disco pelo link que segue depois da lista de faixas.

http://rapidshare.de/files/8290566/MADREDEUS_-_CD-_Ainda.rar.html

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Fiona Apple – Extraordinary Machine (versões 2003 e 2005). [download: mp3]

Fiona Apple - Extraordinary MachineDepois de um hiato de quatro anos, Fiona entrou em estúdio para gravar, junto com o então parceiro Jon Brion, o álbum que planejava lançar em 2003 – mas percalços mudaram a estória de seu terceiro disco. Reza a lenda que a gravadora apresentou boa dose de má vontade em lançar o disco na versão que se apresentou primeiramente e “sugeriu” mudanças. Com toda a problemática que surgia, a artista acabou se desestimulando – e abandonou o projeto por algum tempo. No entanto, como o disco foi produzido sob a égide da era digital, o inevitável aconteceu: o disco vazou inteiro na internet. Os fãs da cantora ensadeceram, deliraram, gritaram, protestaram. A gravadora, observando o interesse gerado pelo acontecimento, chamou Fiona e decidiu por não tolher sua liberdade de criação. E a cantora, surpreendentemente, decidiu reconstruir praticamente todo o disco, contando com nova produção de Mike Elizondo e Brian Kehew, e compor uma nova canção que integraria a forma da segunda versão do álbum.
O primeiro nascimento do disco, em 2003, foi dramático e pomposo. Muitas músicas possuem orquestração e metais presencialmente nostálgicos, que remetem às trilhas de filmes clássicos – caso de “Not about love” – canção com fantástico andamento que brinca entre o lento e o ligeiro e letras irônicas e cheias de ressentimento, reforçadas pelo vocal primoroso da cantora que reflete sobre um relacionamento fracassado -, “Red, Red, Red” – com orquestração magistral e piano suntuoso, onde a cantora se utiliza de cores para demonstrar a confusão e dor amorosa em que se encontra -, “Waltz” – onde, como numa valsa, Fiona canta a sua impaciência com rodeios afetivos, que quase sempre levam a nada – “Oh, Well” – melancólica e rancorosa, onde a cantora complementa o coloramento triste da espetacular melodia com um cantar sofrido e arrependido sobre um amor no qual ela que se oferece por inteiro mas onde só recebe intolerância e dor. Além disso, o piano apresenta-se frequentemente em tons graves, ligeiros e as vezes ansiosos com reverberação fugaz – como em “Please, Please, Please”, onde o piano se sobressai em uma melodia equilibrada, com letras que protestam contra o comportamento repetitivo e previsível de alguém que não falha em cometer erros -, acompanhando algumas vezes sonoridades sintetizadas ou arranjadas em instrumento artesanal que lembram sinos – assim é “Used to love him”, onde a cantora revela, com boa dose de humor tanto na melodia quanto na letra, o inconformismo de render-se imoderadamente à uma paixão. A bateria e percussão tem muitas vezes a vivacidade e energia já apresentadas por Matt Chamberlain no segundo disco da cantora – “Window”, com melodia e vocal opressivos e rancorosos, soa aqui como um grito de revolta, ira e inconformismo contra a traição e abandono afetivo. Por sua vez, a versão lançada em 2005 é bem menos vistosa e mais retraída, ressaltando mais a voz grave de Fiona Apple. Onde havia bateria e percussão suntuosas, melodias de sinos e metais, entram bateria acústica e metais mais planos e equilibrados, breves e sutis sintetizações eletrônicas e guitarras, por vezes, rascantes – como na igualmente deliciosa segunda versão de “Not about love”. Além disso, os vocais de Fiona apresentam-se refeitos em algumas canções, e mesmo em toda sua perfomance dramática, surgem mais seguros, limpos e certos – como na nova versão de “Used to love him”, agora chamada de “Tymps” e menos ambiciosa e mais balanceada e enxuta. Curiosamente, apesar de todo o apreço pela reconstrução das canções, duas faixas permaneceram irretocadas – a faixa-título do disco e “Waltz”, que ganhou um título sobressalente (“Better than fine”). E, talvez para não sentir-se como que apenas lustrando os móveis antigos da casa, Fiona compôs uma nova canção para o disco, a elegantemente revoltosa “Parting Gift” – onde a compositora disseca o comportamento de seu companheiro, “estripando” sua personalidade verso à verso.
Raramente os fãs de qualquer ídolo rock tiveram a oportunidade de ter contato com dois estados diversos de uma mesma obra artística, tendo a chance de comparar, criticar, elogiar ou apenas acompanhar a mutação sofrida na obra daqueles que adora tanto. E os fãs de Fiona se esbaldaram quando a sua vez chegou – se foram privados por anos de poder apreciar um novo trabalho de Fiona, por sua vez foram premiados, pela luta incessante que travaram, não com um álbum, mas com duas versões bastante distintas deste. E, podem ter certeza, apaixonados estes que são – muitos vão ouvir incessantemente uma versão em seguida da outra.

senha: seteventos

Extraordinary Machine 2003: mediafire.com/?4gl88vr5oed8rtr

Extraordinary Machine 2005: mediafire.com/?j2xk20ahm48oyp1

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Fiona Apple – When The Pawn. [download: mp3]

Fiona Apple - When The PawnEm 1999, Fiona Apple retornou com seu segundo álbum, When the pawn… – disco vigoroso já no seu título, composto por 90 (!) palavras -, onde novamente demonstra composições cujas letras prosseguem cheias de rancor e estórias de conflito afetivo. No entanto, diferentemente de Tidal, When the pawn… é sonoramente mais vigoroso e forte, adequando-se muito mais ao gênero rock, já que as músicas apresentam-se melodicamente mais sincopadas pela influência do gênero. É o que acontece em “On the bound” – canção despida de qualquer esperança, com acordes curtos, secos e cortantes de piano, acompanhado de bateria e metais fortes -, “To your love” – com letras que falam sobre um amor que causa, simultaneamente, dependência e repulsa, sonorizadas por um piano minimalisticamente ritmado e fundo composto por percussão pontual e bateria que salta aos ouvidos – “A mistake” – melodicamente mais equilibrada, onde a cantora tece letras que pretendem justificar, ou ao menos mostrar indiferença, à sua tendência de cometer erros – e “The way things are” – balada com radiantes acordes de piano, onde Fiona solta a voz no refrão que canta lindamente o desestímulo e a lamentação de um amor sem muito futuro.
Mas há duas canções que conseguem impor ritmo ainda mais ligeiro e enérgico, e que foram melodicamente construídas meio que uma ao inverso da outra: enquanto “Limp” – onde Fiona responde ao cansaço de um amor tempestuoso, e em cuja melodia a bateria e percussão frenéticas de Matt Chamberlain são um espetáculo adornado pelos acordes breves do piano – inicia vagarosa, saltando bruscamente para uma sonoridade rápida, “Fast as you can” – outra canção de amor conflituoso, onde a compositora volta a ressaltar sua auto-suficiência e orgulho – surge cheia de vontade, para logo construir uma sequência mais tranquila.
Reminiscências da sonoridade de coloração mais preponderantemente blues/jazz também surgem durante a audição do disco, especialmente na delicadeza e frescor da harmonia triste de “Love Ridden” – com letras sofridas sobre uma mulher que desiste de um amor que sempre acabava lhe causando mágoas – e na beleza intensa da melodia deprimida que ecoa do piano, cordas e da própria voz grave e confessional de Fiona em “I know” – que versa sobre uma mulher que aceita, por amor, os erros e traições de seu amado, aguardando silenciosa e resignada obter um pouco de sua atenção.
Artista primorosa, Fiona mostrou neste seu segundo álbum ser uma compositora muito mais versátil e completa do que as atuais estrelas do pop/jazz, que vendem milhões de cópias e são celebradas pelos críticos musicais, mesmo repetindo-se infinitamente a cada novo lançamento. Fiona não se deixou levar pelo comodismo artístico: When the pawn… mostrou que a artista preferia arriscar um redesenho de suas composições do que lucrar com as facilidades do que já foi trilhado. Link para download do disco depois da lista de faixas.

http://rapidshare.de/files/19185707/2–When_The_Pawn.zip

E, para aqueles que ficaram curiosos, este é o título completo do disco: “When The Pawn Hits The Conflicts He Thinks Like A King What He Knows Throws The Blows When He Goes To The Fight And He’ll Win The Whole Thing ‘Fore He Enters The Ring There’s No Body To Batter When Your Mind Is Your Might So When You Go Solo, You Hold Your Own Hand And Remember That Death Is The Greatest Of Heights And If You Know Where You Stand, Then You Know Where To Land And If You Fall It Won’t Matter, Cuz You’ll Know That You’re Right”

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Dido – Life for Rent. [download: mp3]

Dido - Life For RentEm No Angel, a britânica Dido fez sua estréia, revelando sua voz aveludada e sua elegância pop. Como a regra das gravadoras, ao apostar muitas das suas fichas em um artista revelação, é estabelece-lo entre os artistas já veteranos e consagrados, faz sentido que mantenha-se o trabalho deste no rumo que garantiu o sucesso inicial ou que se recheie o disco com tons ainda mais cativantes.
É isso que faz Life for Rent parecer uma espécie de parte 2 turbinada do álbum anterior, tantas são as canções com cara de single. Temos a presença de músicas com a vestimenta de hits clássicos imediatos – caso de “White Flag”, com sonoridade pop segura que fala sobre uma mulher que insiste em lutar pela relação que já chegou ao seu fim, e “Don’t leave home”, passionalísima declaração de submissão e dedicação amorosa com instrumentação generosa em que se sobressaem belos acordes de violão. Há, como no disco anterior, as faixas com bases eletrônicas assumidas sem perder a coloração pop – caso de “Stoned”, com eletrônica sincopada, onde Dido canta sobre o desejo de um amor mais vigoroso, de “Who makes you feel”, com melodia eletro-pop de elegante sensualidade e letras onde a cantora dirige-se ao amante questionando e mostrando que ele não encontrará ninguém que o ame mais do que ela, e também de “Do you have a little time”, música de sonoridade mais suave, mas que igualmente exala sensualidade, onde uma mulher implora pela atenção de seu amor, que parece não dedicar muito do seu tempo para os prazeres da vida. E há também as canções com tecitura mais acústica – como “This land is mine”, com acústica acompanhada de uma instrumentação pop sutil, onde uma mulher declara à seu amado, quando ele retorna de um período de ausência, que ele poderá intervir, desde que saiba que agora ela tem o controle de sua vida, e também de “Mary’s in India”, definitivamente a canção mais linda e de harmonia mais simples do álbum, com violões doces e melancólicos e onde a voz de Dido ressalta toda a saudade e o crescer de um sentimento amoroso de uma história sobre dois amigos que encontram-se para matar a saudade de uma amiga em comum, de espírito aventureiro, e se descobrem pouco a pouco apaixonados.
Todas essas características me levam a pensar que Dido, talvez, tenha algo do trabalho da brasileira Bebel Gilberto – tirando o fato de que Dido não tem ambições jazz/bossa, substituindo isto por uma herança mais pop. Talvez seja só uma impressão, uma postura vocal, ou uma “aura” – na falta de termo mais apropriado – musical. Mas é algo que surge devido à suavidade das músicas de ambas as artistas e de ambas terem seus discos reconstruídos por remixagens. E ao concluir a audição observa-se que se trata de um álbum de letras que expressam primordialmente melancolia e entrega amorosa, todas embaladas em melodias pop luminosas, algumas com o eletrônico mais ressaltado, outras com a veia pop mais aberta, e outras ainda que se entregam a simplicidade acústica, e que acabam resultando nas melhores canções do disco. Para os fãs assumidos da música pop mais clássica, este é um álbum de paixão à primeira escuta. No entanto, a presença de harmonias eletrônicas suaves agradam também os fãs do chamado “chill” ou “lounge”. Baixe o disco através dos links que seguem depois da lista de faixas.

Baixe: https://www.mediafire.com/file/8l6c612npzq89s2/di-life-do.zip

Ouça:

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Fiona Apple – Tidal. [download: mp3]

Fiona Apple - TidalA cantora e compositora Fiona Apple tinha apenas 18 anos quando lançou seu álbum de estréia, Tidal. Para alguém que tem constante contato com os adolescentes de hoje, ainda causa surpresa tal lembrança – já que mais da metade destes jovens, hoje, estão insuflados por um imenso vazio cultural. o trabalho da garota é de uma profundidade e complexidade inimaginável para alguém de sua idade. Melodias sofisticadas e repletas de sutilezas jazzisticas, letras que tratam de temas como amor e culpa com elegante ironia e um vocal em estilizadíssimo tom grave são coisas que fazem este disco soar estranhamente atraente para qualquer ouvido disposto a iniciar uma imensa evolução sonora em sua cultura musical.
Fiona não é uma artista de meios-termos: suas composições são intensas – até barrocas – na sua maneira desmedida de expressar emoções e atitudes. Assim é “Criminal”, que fala de uma mulher cheia de culpa que implora perdão ao seu amante, enquanto os acordes do piano assumem um belíssimo duelo com ons tons charmosamente graves da voz de Fiona e a bateria assume o papel de impor ritmo forte à canção. Em suas “baladas”, por sua vez, Fiona consegue compor melodias esplêndidas, sendo uma das únicas compositoras que conheci até hoje que emoldura letras cheias de rancor e sofrimento amoroso em harmonias que são um híbrido de melancolia e sensualidade. É o caso das canções “Sullen Girl” – que revela, com ironia, uma mulher melancólica e afetivamente amargurada que aguarda, com certo desespero, que algo a tire de sua criogenia – e “Slow Like Honey” – delírio irresístivel que transforma o flerte em uma verdadeira ode à arte da sedução. Em “The First Taste”, Fiona mostra ainda que uma música pop pode ser enriquecida com harmonias finas e elegantes, sem perder seu apelo imediato. “Carrion”, canção que fecha o CD, tem em suas letras um misto de desejo de resgate e fuga de uma relação amorosa, tudo embebido em uma melodia que inicia-se silenciosa e sutil, para arrebentar em uma harmonia luminosa e fulgurante. No entanto, é mesmo “Sleep to dream, faixa que abre o disco que resume o tom da composição lírica da cantora. Nos vocais desta canção, vemos uma mulher que se dispõe a abandonar uma relação, muito segura de si e completamente enfastiada com a fato de que aquele que amava não estava à sua altura. É justo. Não é qualquer um mesmo que pode com essa mulher. Baixe o disco utilizando os links a seguir.

http://rapidshare.de/files/15457981/Xile-Tidal-Apple.part1.rar

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Marisa Monte – Universo ao meu redor. [download: mp3]

Marisa Monte - Universo Ao Meu RedorE Marisa Monte renasceu. Foram anos lançando álbuns medianos ou absolutamente dispensáveis. Porém, sempre é tempo de demonstrar bom senso. E a cantora e compositora brasileira decidiu que já era hora de fazer isso. Universo ao meu redor, álbum-irmão de outro lançamento simultâneo de Marisa, é definido por ela como um disco que detém a “atmosfera do samba”. Isso é bobagem, é Marisa querendo ser pós-moderna ou pseudo-humilde, sendo que este último não cabe muito bem à ela. Se este não é um disco de samba eu não faço idéia do que poderia ser.
O álbum é composto de alguns sambas que, até então, tinham registros apenas orais, ao lado de composições recentes da cantora e seus parceiros habituais – e outros ainda que estréiam no repertório da cantora. De beleza tranquila, quieta, sem arroubos estilísticos-sonoros, o disco abandona a pretensão exibida pela cantora nos últimos anos e retorna à um som mais puro e despido, como o de seu melhor disco até hoje Verde, anil, amarelo, cor de rosa e carvão. Ao deixar de lado o irritantemente presunçoso delírio pop que mostrou sua sombra em Barulhinho bom, foi expandido em Memórias, crônicas e declarações de amor e que atingiu seu ápice em Tribalistas, Marisa deixa aflorar seus melhores predicados e exibe maturidade musical fulgurante. Assim sendo, todas as faixas tem valor e beleza, mas há composições de beleza infinda que se destacam, como “O bonde do dom”, que emociona com seus versos melancólico-urbanos e sonoridade que mistura o clássico do ritmo brasileiro com discretíssimos toques modernos, como um teclado Hammond sutilíssimo. “Vai saber?”, composta pela sempre fenomenal Adriana Calcanhotto, ganha arranjo à altura, com violas sofridas mescladas à harpas delicadas e vocais de fundo sobrepostos. A faixa que abre e dá nome ao disco, “Universo ao meu redor”, tem letras e melodias lírico-bucólicas, revelando a beleza imensa das pequenas coisas da vida que nos cercam. “Satisfeito” que traz mais bucolismo em suas letras, moderniza com uma batida eletrônica e acordes de guitarra que sabem seu lugar dentro de uma música que pisa forte no terreno do samba. E em mais uma bela canção de desapontamento amoroso e superação afetiva, “Lágrimas e Tormentos” segue a tônica melódica do disco, misturando a instrumentação tradicional do samba com toques suaves de sonoridades menos comuns ao ritmo, mas que se adaptam com maestria.
É maravilhoso, depois de tanta decepção, comprovar que uma artista do calibre de Marisa tem e teve sempre a capacidade de construir belas obras como o álbum em questão. Felizmente, os males da contemporaneidade – como a massificação, industrialização e populismo artístico, em voga desde meados da década de 90 – mostram que podem sim saturar os artistas que por eles se (des)aventuraram. Para o bem da arte e de todos nós. Baixe o disco usando qualquer um dos links que seguem depois da lista de faixas.

http://rapidshare.de/files/15366312/Universo_Ao_Meu_Redor.rar.html

http://d.turboupload.com/d/429298/Universo_ao_meu_redor.rar.html

http://rapidshare.de/files/17426317/MM-UAMR.rar.html

http://rapidshare.de/files/15292598/Marisa_Monte_-_Universo_ao_meu_redor.rar.html

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Tori Amos – From The Choirgirl Hotel. [download: vídeo]

Tori Amos - From The Choirgirl HotelComo a própria Tori afirmou, lá se foi uma trilogia formada – obviamente – por Little Earthquakes, Under The Pink e Boys for Pele. Em 1998 ela surpreende os fãs novamente com um álbum que introduz novas nuances em seu estilo musical. Já de começo, Tori Amos decide chamar músicos para formar uma banda que, além de gravar o álbum com ela acompanhe-a pela turnê do mesmo. Isso acabou tendo efeito definitivo de mudança sobre seu método de composição musical: pela primeira vez ela trata seu piano de igual para igual com os outros instrumentos, sem fazê-lo sobrepujar todas as outras sonoridades presentes na música.
Não bastasse esse caráter coletivo das melodias do álbum de 1998, em from the choirgirl hotel Tori flerta abertamente com a sonoridade eletrônica – sempre com o devido balanceamento com os outros instrumentos que marcam presença na melodia. Exemplos de músicas que tem “um pé” na música eletrônica são “Cruel” – deliciosamente inovadora para o estilo de Tori, surpreende pela total e absoluta ausência do piano – e “Raspberry Swirl” – com um Bösendorfer frenético que insiste em uma competição ensandecida com as sonoridades usurpantes do teclado.
Pouco depois de lançar o álbum Tori revelou que sua inspiração principal ao compô-lo foi um aborto que sofreu no decorrer da tour “Dew Drop Inn”, que promoveu o álbum Boys for Pele. Esse fato é insinuado em muitos momentos de from the choirgirl hotel, como na canção “Playboy Mommy” e também em “Spark”. Por ter como fato gerador um acontecimento que causou à Tori tamanha dor, o álbum acaba por apresentar no seu todo uma identidade soturna, estranha, melancólica e mórbida. As baladas, como sempre, são repletas de confusão sentimental, ironia, ódio e confessionalismo caleidoscópico – exemplos de canções do álbum neste estilo são “iieee” – com uma melodia que nos incita um ritual ocultista -, “Northern Lad” e “Liquid Diamonds” – ambas canções extraordinárias. Poucos artistas hoje fazem o que Tori Amos decidiu arriscar fazer naquele momento, dando uma guinada em sentido contrário no trabalho que vinha desenvolvendo até então. Apesar de ter sofrido críticas desde o lançamenteo deste disco – críticas irrelevantes, na minha opinião – , não se pode deixar de concordar que é muito mais difícil procurar novos caminhos, tentando promover uma evolução (não exatamente no sentido qualitativo do termo) do seu trabalho do que “deitar-se confortavelmente em berço explêndido”, aproveitando o sucesso fácil daquilo que já está mais do que trilhado e dissecado. Atitudes como estas são cada vez mais raras, infelizmente. Link para download abaixo.

http://rapidshare.de/files/11835786/fromthechoirgirlhotel.zip.html

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The Killers – Hot Fuss. [download: mp3]

The Killers - Hot FussApesar da mesmice e irrelevância artística da maior parte daquile que é produzido em termos culturais hoje em dia, seria levianidade afirmar que nada mais interessa. Há sempre artistas que surgem e surpreendem, ainda que em número reduzido. O trabalho por eles apresentado pode talvez não se apresentar como um mundo de inovação mas como uma retomada vigorosa daquilo que já conhecemos – o que não é pouco. A banda americana The Killers é a mais nova representante deste fenômeno, e já conseguiu chamar a atenção com apenas um álbum lançado na praça. Em Hot Fuss, a banda espalha uma sonoridade que não soa estranha ao ouvido de alguem com mais de 25 anos, pois a voz e empostação cool/cult do vocalista, bem como as melodias que dosam guitarras harmônicas e teclados esquematizados suscitam os melhores momentos do pop que foi chamado de “New Wave” nos anos 80 e ainda início dos 90. Porém, não se trata puramente de uma retomada, já que a banda consegue ressuscitar a alma do pop do fim do século passado sem soar nostálgica, incorporando pós-modernidade em suas canções ao mesclar de forma competente diferentes gêneros musicais. Pelo menos em seu álbum de estréia, The Killers mostra que é muito boa em compor músicas que se mostram candidatas à hits imediatos. Seus B-sides também são tão bons quanto as músicas que ganharam o direito de configurar o álbum, algo não tão fácil de acontecer quanto se pode pensar. Como não poderia deixar de ser, algumas faixas são destaques absolutos no álbum, como é o caso da faixa de abertura, “Jenny was a friend of mine”, um rock de com simetria melódica perfeita que fala sobre um amante que perde a sensatez e a noção de limites. “I’ll the things that I’ve done” e “Andy you’re Star”, com refrões acompanhados por backing vocal de inspiração clara em coros gospel, sintetizam muito bem rock e blues. “Everyting will be alright”, e em menor grau “Somebody told me”, surgem na descendência do pop eletrônico que varreu a Europa no fim do século passado, sem deixar de sobrepor na sua melodia a contemporaneidade da banda. E para fazer jus ao comentário que fiz sobre os B-sides, “Glamorous Indie Rock and Roll” simultaneamente é uma ode extravagante ao amor e ao gênero musical que cita. Ao fim de sua audição, Hot Fuss é o atestado sonoro do encantamento que sempre irá possuir o gênero musical que nasceu sob a aura da rebeldia e trangressão, amadurecendo e sobrevivendo a sucessivas gerações sem nunca perder o seu vigor juvenil. Link para download depois da lista de faixas.

http://rapidshare.de/files/14085641/Hot_Fuss.rar

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Natalie Imbruglia – White Lilies Island. [download: mp3]

Natalie Imbruglia - White Lilies IslandAlgum tempo depois do sucesso de Left of the Middle, a australiana Natalie Imbruglia retornou com o seu segundo disco, White Lilies Island. Natalie, cujo primeiro disco tinha imensa energia pop, com belos candidatos a hits instântaneos, não conseguiu superar seu êxito anterior, criando um trabalho que se considerado no seu conjunto, é um pop burocrático e sem charme. No entanto, a empreitada não chega a ser um desastre, já que as primeiras músicas do disco conseguem manter o interesse do ouvinte por algun tempo. “Beauty on the fire” é uma balada com bateria eletrônica em destaque e refrão convencional, com letras de beleza melancólica. “Satellite” é um pop com bateria e violões compassados, acompanhados com segurança na sua melodia pela voz de Natalie, que retrata em suas letras o flerte de um casal. “Do you love” é uma a música mais inspirada do disco, tanto melódica quanto liricamente, com versos sôfregos e sonoridade pop inicialmente suave, mais que ganha vigor no refrão com bom uso de guitarras. Isso ainda é pouco em vista do que a cantora apresentou em seu trabalho de estréia, mas as primeiras faixas ainda tem o poder de preservar o interesse daqueles que se deliciaram com o então fênomeno Natalie Imbruglia. Como medida compensatória, pode-se dizer que a capa do novo álbum é melhor do que a do primeiro, trazendo uma Natalie de belos cabelos longos repousando agradavelmente em um ambiente de cor predominantemente branca, contrastando vestes formadas pela camiseta preta básica e saia de tule vistosa.

senha: claymore

http://rapidshare.de/files/13521703/White_Lilies_Island.rar.html

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