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Metric – “Gimme Sympathy” (dir. Frank Borin) {versão oficial + versão acústica}. [download: vídeo]

Metric - Gimme SympathyA idéia de Frank Borin para o vídeo de “Gimme Sympathy”, último single de Fantasies, novo disco da banda canadense Metric, é na teoria bem direta e descomplicada: fazer um registro “ao vivo” da banda em uma performance da canção. No entanto, são os detalhes por ele inseridos que fazem a graça da produção e a complexidade de sua filmagem.
O registro inicia no backstage, de onde Emily desce cantando, exibindo sua elegância matadora pelo estúdio até chegar ao microfone exatamente no ponto em que canta o refrão. A partir daí a câmera, que roda do início ao fim em take único, vai constantemente mudando o seu foco para mostrar cada um dos membros da banda tocando outro instrumento, exibindo diferente figurino e revezando-se no microfone – tudo isso é feito sem que seja revelado o segredo da artimanha, mas se você quiser acabar com a magia da coisa, pode assistir o making off neste link. A performance dos músicos nos instrumentos que não são sua especialidade é visivelmente parca, mas esse é um dos atrativos do vídeo – Emily Haines tocando baixo encarnando a pose meio blasé que boa parte destes musicos exibe no palco é hilário e seu amigo, o guitarrista James Shaw, consegue até mostrar charme e desenvoltura ao dublar a loura canadense no microfone. Contudo, quando voltam cada um para o seu galho, os quatro arrasam – Emily, com uma dança algo performática que ressalta seus traços longilíneos e suas belas pernas faz toda a performance ainda mais deliciosa. Finalizando com um toque delicado e singelo, crianças com trajes de borboleta disparam do fundo e percorrem o espaço que a banda ocupa por alguns segundos, até debandar para a saída do estúdio e escancarar as portas, revelando o espaço externo, coberto por um céu nublado. É um vídeo simples, sem dúvidas, mas a filmagem cuidadosa, a performance sempre simpática dos músicos e a canção inegavelmente encantadora dão a produção um caráter poético irresistível.
Baixe ou assista os vídeos utilizando os links a seguir – não deixe de conferir também a versão acústica da canção em registro simples e intimista.

“Metric – “Gimme Sympathy” (versão oficial): Youtube (assista)download
“Metric – “Gimme Sympathy” (versão acústica): Youtube (assista)download

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The Boy / Abril 2009: todo Tiago Vieira [fotos]

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Meu presente de aniversário (adiantado) dado pelo site The Boy do Terra é o paulista Tiago Vieira, de 25 anos. Bem que eu merecia um mimo mais condizente com meu gosto irritantemente exigente. Custava contratar o Marcos Pitombo pra fazer um ensaio com o Cristiano Madureira? É, talvez custe mesmo, visto que o Terra está colocando cada vez menos fotos nos ensaios. Bem, deixa pra lá.
Voltando ao modelo: não que ele não seja bonito, de forma alguma. O rapaz tem um corpo muito bem talhado, uma pele morena sedutora e um rosto bastante gracioso. Ele apenas não se encaixa no meu tipo mesmo. Mas eu confesso: bem que ele fica encantador quando sorri, seja este um sorriso mais aberto ou mais tímido e discreto. Agora, saindo totalmente da questão física, alguém aí lembra de algum modelo do The Boy que não tenha citado entre suas leituras coisas descaradamente óbvias, como a Bíblia, O Segredo ou O Código Da Vinci? Eu não. Acho que é a primeira vez que vejo um modelo do site citando como livros preferidos A Divina Comédia e Hamlet (não sei se Quixote seria o Dom Quixote). Aliás, não me recordo de ter conhecido ninguém pessoalmente que tenha lido A Divina Comédia além de mim. Ponto pro rapaz no quesito inteligência. O problema é que esse ponto veio acompanhado de um tiquinho de desconfiança. Err…vocês entenderam, né?
Quanto ao ensaio em si, devo dizer que o fotógrafo Didio, na minha opinião, está ficando mais consistente no The Boy. Esse caráter naturalista de sua fotografia, a despeito de ter gerado uma iluminação irritante na primeira parte do ensaio fechado, tem méritos. No ensaio aberto, Didio conseguiu extrair variedade considerável utilizando o mesmo cenário, uma praia, em quase todas as sessões desta porção do ensaio de Tiago. Saindo da beirinha do mar, Didio também foi feliz na escolha do setting: o fotógrafo obteve belas fotos dentro e fora do sobrado que usou como cenário – a paisagem ao redor da casa é tão exuberante que chega a deixar o modelo como figurante em algumas fotos. Mas Tiago também ganha destaque, já que combina com a ambientação, soando tão natural ao posar nu em um banco de madeira rodeado por uma vegetação rústica quanto quando deita de bruços em uma cama com a mesma vegetação ao fundo, que parece tão convidativa pela porta aberta quanto o rapaz ali deitado lançando um olhar sedutor. Agora, Didio, pedindo licença a Marina Lima, confessa aqui pra mim, à meia voz: você, como eu, também já viu as fotos na poltrona em outro lugar, né?

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Tiago Vieira.

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PJ Harvey and John Parish – A Woman A Man Walked By. [download: mp3]

PJ Harvey and John Parish - A Woman A Man Walked ByRepetindo a experiência de treze anos atrás, inclusive no que tange ao papel desempenhado por cada um em Dance Hall at Louse Point – ele encarregado por compor melodias e lidar com os instrumentos, ela em criar as letras e dar voz a elas -, PJ Harvey e John Parish lançaram há alguns dias seu segundo álbum colaborativo, A Woman A Man Walked By. Apesar do espaço de tempo razoavelmente grande tomado entre os dois álbuns e da quantidade de experiências solo de variadas naturezas que Harvey trouxe a vida desde o lançamento de seu primeiro disco em parceira com Parish, esta nova empreitada tem bem visíveis as características nascidas no trabalho anterior, algumas delas inclusive ressurgindo ainda mais ásperas e esdrúxulas. É o que acontece com o orgão e a bateria entorpecidos de “Is That All There Is?”, que são retomados no novo disco na canção “April”, porém acompanhados de um vocal de Harvey que, em ao menos um terço da música, especialmente no seu início, soa enfadonhamente anêmico e titubeante. As guitarras fartas e maciças de Parish também voltam a dar as caras em canções como “Pig Will Not”, e à imagem do que acabou ocorrendo em “April”, os resultados poderiam ter sido menos claudicantes – a princípio a atmosfera confusa e encolerizada fascina os ouvidos, mas depois de algumas audições se mostra repetitiva e simplista.
No entanto, o disco tem sim seus momentos altamente inspirados, em que a retomada da parceria entre os dois britânicas prova ser válida. É o caso de “Black Hearted Love”, que abre o disco com uma melodia rock perfeita e redonda com guitarras, baterias e vocais que liberam vapores de delicada sensualidade para fazer par ao vocal doce e suplicante de Harvey que dá vida ao versos sobre o êxtase de uma mulher tomada por uma intensa paixão. Mais adiante, em “The Soldiers”, Parish dá uma guinada melódica, fugindo do rock ao inspirar-se na sonoridade obtusa e etérea do folk de PJ Harvey em White Chalk: o piano de toques esparsos e o violão e o vocal de tonalidades agudas e distantes remontam sem erros a obscuridade do disco anterior de Harvey. Em “Sixteen, Fifteen, Fourteen” a dupla encontra o exato ponto de equilíbrio entre estas duas sonoridades, o rock que se ouve de uma faixa a outra e a idiossincrasia folk que permeia todo o disco: apesar de naturalmente díspares, a sonoridade exaltada do bandolim meio desafinado de notas agudas entra em pefeita comunhão com a bateria intrépida, quase bélica, e com as guitarras e o baixo que surgem exasperantes no refrão encerrado por um grito eufórico de PJ Harvey. Na faixa título do disco – que na verdade é uma canção em duas, sendo imediatamente sucedida por um interlúdio instrumental que não é bom o suficiente para lhe fazer companhia – Parish também extrai uma melodia esperta e bem-acabada das guitarras e baterias, mimetizando com vigor compassivo a fúria e o sarcasmo denotados pelo vocal de Harvey e suas letras delirantes sobre um “homem/mulher” com orgãos feitos de fígado de galinha. Pouco depois desse devaneio, mais ao final do disco, Harvey e Parish pisam um pouco no freio com a bela balada “Passionless, Pointless”, em cuja harmonia letárgica e difusa que emana da guitarra, da bateria e do vocal de Harvey apreende-se algo do rock/pop que tanto ocupava a faixa noturna das FMs nos anos 80.
Com um soluço aqui e alguns engasgos ali, pode-se dizer que A Woman A Man Walked By não desagrada os ouvidos por conta dos momentos verdadeiramente saborosos que pontuam esse cardápio extravagante que algumas vezes soa intratável. Mas esso é o risco que corre uma artista inquieta, que não se permite estacionar no conforto e na segurança de combinações e misturas já consagradas. Com essa atitude, por mais que se erre, o saldo sempre acaba altamente positivo – afinal, é logo depois de experimentarmos algo que destoa de nossa preferência que aquilo que vai de encontro ao que apreciamos invade os sentidos como algo ainda mais apetitoso.

rapidshare.com/files/223044675/harvey_parish_-_walked.zip

senha: seteventos.org

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OUTSIDERS.

Yes – I’ve decided to open a new blog – and I will try to keep it alive despite the fact that having one blog is already something that drains your free time. There are three reasons for doing this: first, I’ve ceased writing in English a long time ago and I wanna resume writing practice; second, because even though it’s written in Portuguese, seteventos.org receives lots of foreign visitors with whom I’ve never had the chance to communicate properly; third, as seteventos.org is mostly a review blog, I needed a entirely new space to talk about other stuff, to post things more “blog-like” that I’ve been feeling the need to post since some months ago. So, this is it. Go ahead, subscribe to its feed and to is comments and spread the news.
Ready?
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OUTSIDERS

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“Cría Cuervos”, de Carlos Saura. [download: filme]

Cría CuervosDepois de ter perdido a mãe vítima de câncer e o pai por conta de um enfarto, Ana, garotinha de oito anos, passa a viver com as duas irmãs sob a tutela da tia materna, dividindo ainda a casa com a avó já bastante envelhecida e a empregada da família. É durante o mês de férias escolares que a pequena Ana tem seu cotidiano invadido por lembranças de episódios de sua relação com seus pais.
Na visão de Carlos Saura, a infância só é um reino encantado de alegrias e diversões ininterruptas se for da vontade arbitrária do destino, já que ele reserva para qualquer etapa da vida episódios de sofrimento e desilusão. Isso é o que se entende ao assistir “Cría Cuervos”, seu longa-metragem lançado em 1976, na derrocada da ditadura franquista. Durante todo o filme, Saura mostra que apesar de estarmos aptos a ser visitados pelo sofrimento em qualquer momento de nossa existência, é na infância que isso é recebido com mais impacto, já que crianças tanto podem ter a “sorte” de passar ao largo da desgraça sem qualquer arranhão como, por conta de seu despreparo e inabilidade emocional, podem quase inadvertidamente internalizar seus efeitos e impressões numa assimilação equivocada que possivelmente resultará em mudanças brutais e irreversíveis em seu modo de lidar com o mundo e as pessoas.
É nesta última situação que se encontrou a pequena Ana. Logo no prológo do filme, no qual a garotinha é ao mesmo tempo testemunha incidental da morte de Anselmo, seu pai, e de mais um episódio de seu comportamento leviano e adúltero, nos é apresentado o estranho modo da pequena lidar com tão violentas adversidades: diante deste painel chocante mesmo para alguém já adulto, Ana reage com uma frieza estranhamente natural, que combina e repousa com perfeição em sua expressão angelical porém extremamente impassível. Poucos minutos adiante e Carlos Saura, ao trazer a mãe de Ana à cena, expõe ao público a forma quase indiferenciável com a qual a menina mistura a realidade e a fantasia, o passado e o presente, um recurso explorado com complexa maestria pelo diretor durante todo o filme, junto com ocasionais intervenções narrativas de uma Ana vinte anos mais velha, para através de recordações, impressões e sensações de sua vida em família passar a fundamentar, ao menos em parte, o comportamento apático, quase insensível, da pequena Ana – interpretada com um realismo assustador por uma Ana Torrent de tenra idade – com algumas pessoas de suas relações.
Mas nem tudo em Ana é explicado por aquilo que a garotinha viveu ou viu. Saura também mostra que boa parte de sua personalidade circunspecta não é fruto de traumas ou experiências, mas é sim seu modo estranhamente particular de lidar com a vida e todas suas adversidades. Sua fixação pela morte, tanto a sua quanto a alheia, e o modo quase cerimonioso com o qual lida com ela, por exemplo, tanto pode ser resultado de um arcabouço emocional em constante e profunda anestesia por ter testemunhado a prematura perda de seus pais como pode ser apenas sua reação natural ao deparar-se com ela, o que parece ser mais o caso.
Apesar dessa aparente, quase espectral indiferença de Ana com os acontecimentos e mesmo com pessoas que lhe são próximas, o diretor espanhol não deixa de mostrar em algumas sequências de “Cría Cuervos” que ela ainda é uma criança, e como toda pessoa nesta idade, tem sim fragilidades, carências e necessidades intrínsecas à fase da existência que então enfrenta. Ana, a bem da verdade, só deseja ter a liberdade de viver suas ilusões e alegrias como qualquer outra criança, mesmo que eventualmente seja apanhada por infortúnios do destino ou que tudo o que viver esteja de certo modo encoberto por uma vaga melancolia no seu modo de existir e lidar com sua própria existência. Não por um acaso a menina ouve insistentemente “Por que te Vas”, da cantora Jeanette, música que ganhou fama com o filme: a mistura da melodia alegre e das letras tristes acaba sendo a síntese perfeita de seu modo peculiar de encarar tudo o que a vida lhe reservava.
Baixe o filme utilizando os links a seguir e a legenda proposta.

rapidshare.com/files/39324721/cuervos.part1.rar
rapidshare.com/files/39325614/cuervos.part2.rar
rapidshare.com/files/39326673/cuervos.part3.rar
rapidshare.com/files/39327630/cuervos.part4.rar
rapidshare.com/files/39328615/cuervos.part5.rar
rapidshare.com/files/39329505/cuervos.part6.rar
rapidshare.com/files/39330518/cuervos.part7.rar
rapidshare.com/files/39330552/cuervos.part8.rar

legendas (português):
http://legendas.tv/info.php?d=89e6d0f53f5728e68b810b876f512c85&c=1

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The Boy / Março 2009: todo Lucas Malvacini [fotos]

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Depois de me frustrar em fevereiro com um modelo que não correspondeu aos meus anseios, o site The Boy subiu alguns degraus com Lucas Malvacini, o eleito para o mês de Março. Este moreno mineiro de apenas 19 anos é dono de um corpo bem esculpido e não se pode dizer que seu rosto não tem traços encantadores, mas é justamente ali que alguns pequenos detalhes atrapalham o conjunto, já que seus olhos enormes e sua boca também razoavelmente carnuda de dentes grandes competem com as orelhas vistosas. Porém, nem todos os traços excessivos de seu corpo causam desagrado, é justo afirmar. Há um em particular que capta a nossa visão logo na primeira sessão de fotos e causa um, digamos, calor encantador: para felicidade do rapaz ele também foi sorteado para ter um volume magnânimo nas áreas adjacentes, algo tão visivelmente portentoso que qualquer foto que o garoto tira de cueca deve ser motivo de orgulho para ele. E não há como, tendo esse rapaz seminu na frente e uma câmera na mão, não tirar proveito disso – e como o contratado para realizar o ensaio foi o fotógrafo Cristiano, dos mais inteligentes e sensatos a figurar no portifólio do The Boy, ele não deixou de dedicar bastante atenção à esse aspecto do físico de Lucas.
E já que falamos no fotógrafo, o ensaio feito por Felipe Lessa está bastante inspirado, variando bastante nas ambientações e nos enquadramentos – de certo modo fazendo até um apanhado das composições mais famosas dos ensaios do The Boy até hoje – sem atrapalhar demasiadamente a observação do modelo e de seus atributos – e bem sabemos que isso pode se transformar num problema quando os excessos de inventividade do fotógrafo as vezes interferem na apreciação adequada dos atributos do modelo pelo público. Particularmente, achei fabulosa a foto com o ângulo de visão inferior enquanto o rapaz mete a mãozona dentro da bermuda ao se apoiar de costas na escada de madeira, assim como achei perfeita a escolhida para abrir o ensaio, já que, enquadrando o garoto naquela posição a imagem dá ênfase perfeita à musculatura do peito, braços e ombros do rapaz e consegue até mesmo minimizar os problemas no rosto de Lucas – ambos os retratos provam como um bom fotógrafo pode realmente amenizar os pequenos defeitos do fotografado e torná-lo até mais atraente do que na verdade é. Tá, eu adorei todas as fotos de cueca, óbvio. Quanto a parte fechada do ensaio, ela acaba não se destacando tanto quanto poderia, mas sem dúvidas que fotógrafo e modelo conseguiram entrar em sintonia na sessão com a cadeira de praia – é visível que há algo de bem libidinoso naquelas imagens. A única coisa estranha é a predileção pela não utilização de fotos com a coloração natural. Todas as fotos estão em preto e branco, sépia ou alguma outra variação dentro do estilo monocromático – não é algo exatamente ruim, mas sempre é bom ter ao menos algumas imagens nas quais podemos apreciar a verdadeira cor da pele e dos olhos dos garotos.
Agora fica com vocês: usem à vontade o campo de comentários para deixar público as impressões de cada um sobre o ensaio – respeitando sempre as regras expressas logo acima do espaço para comentar, claro.

Atualização-Update 20/04/09: o fótografo Cristiano Madureira entrou novamente em contato com o blog para esclarecer a dúvida exposta no comentário do leitor Rodrygo. Segundo Cristiano, a surpreendente semelhança entre as cores utilizadas no ensaio que produziu e as utilizadas na apresentação da banda Radiohead em São Paulo, na qual ele esteve presente, foi puramente uma coincidência. Quanto à revista Pop, o fotógrafo declarou que ela nunca foi influência nos ensaio produzidos para o portal Terra.

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Lucas Malvacini.

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PJ Harvey & John Parish – “Black Hearted Love” (dir: Chapman Brothers). [download: video + mp3]

PJ Harvey & John Parish - Black Hearted LoveSingle do segundo álbum a ser lançado em conjunto por PJ Harvey e seu amigo e colaborador ocasional John Parish no próximo dia 31 de Março, “Black Hearted Love” detém uma beleza rockeira absoluta. Sob várias camadas de riffs de guitarra e uma bateria densa, Harvey clama pelo seu amor em versos de paixão enlevada com um vocal que detém a leveza e frescor do ar mais puro, porém com a intensidade e sedução que já lhe são mais do que conhecidos. O vídeo, dirigido pela dupla de irmãos Jake e Dinos Chapman, nomes conhecidos da escola mais controversa da vanguarda da arte européia, explora idéias das letras compostas por PJ ao colocar a artista de pele alva coberta por um vestido de cetim negro e pulando avidamente em uma casa inflável multi-colorida de festas infantis no meio de uma floresta em plena escuridão da noite pontuada por alguns relâmpagos – cenário este que guarda algumas semelhanças com a fantástica arte do disco To the Faifhful Departed, dos irlandeses do The Cranberries. John Parish não participa do curta, mas seu rosto pode ser conferido projetado brevemente sobre as figuras infantis que cobrem a parede inflável no fundo da casa enquanto uma chuva cai insistentemente. A melodia espessa criada pelo músico britânico foi combinada com uma filmagem contrastante, que abusa da câmera lenta em diferentes velocidades e que hora fecha closes no rosto angelical da inglesa, enquanto em outras concede visão mais ampla do cenário idílico e um pouco assustador. Sem dúvidas um delicioso tira-gosto até o lançamento, dentro de alguns dias, do novo álbum da dupla, que sucede Dance Hall at Louse Point, lançado em 1996.

PJ Harvey & John Parish – “Black Hearted Love” (mp3)

PJ Harvey & John Parish – “Black Hearted Love”: Youtube (assista)download

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Jenny Wilson – Hardships!. [download: mp3]

Jenny Wilson - Hardships!Há cerca de 15 anos que não se sintoniza uma estação de rádio em qualquer período do dia e da noite sem correr o perigo de expor seus ouvidos à agressão causada pela insuportável mistura de ritmos antes distintos da música negra norte-americana, e que hoje pode ser resumido à um punhado de beats já catalogados featuring moçoilas lançando gritos e “miados” pretensamente sensuais e “manos” que nutrem a ilusão de encarnar a canastrice bad boy ao empostar um vocal que mais se assemelha a um arroto ou por, ao contrário, mimetizar uma voz que, ironicamente, é bem mais frágil e aguda do que a das moças. O conteúdo (?) coincide com a forma, procurando limitar-se a uma ostentação emergente de riqueza ou a enumerar peripécias sexuais do modo mais rasteiro permitido. Pra ajudar a deixar tudo o mais pasteurizado quanto o possível, encarregue um ou no máximo dois sujeitos para produzir os discos de TODOS os contratados do gênero pelas gravadoras e está feito: temos devidamente fabricado metade do catálogo de maior investimento das gravadoras e em média 80% do que estacionou há muitos anos em absolutamente qualquer top ten pelo mundo afora.
Por conta desse massacre sonoro que se mantém onipresente desde meados dos anos 90, fica difícil acreditar que algo de bom possa ser feito dentro destes gêneros musicais. Mas a sueca Jenny Wilson, com a mesma sensibilidade e ironia com as quais tripudiou sobre as agruras do amor e os rituais juvenis em seu disco de estréia, decidiu que essa seria a tarefa para Hardships!, o seu segundo disco.
A princípio isso pode parecer uma idéia que já nasce fracassada por conta dos excessos plantados sem qualquer noção de limite nos ritmos mais em voga da música popular negra norte-americana e que desse modo acabaram sendo fossilizados como suas maiores características. Porém, foi justamente ao manipular ao seu favor as suas excrecências, transformando em beleza e poesia o que na sua origem não passa de sujeira que a compositora conseguiu evocar a graça desejada aos ritmos.
“The Wooden Chair” e “Anchor Made of Gold” são duas das faixas que mais escancaram o poderio de subversão de Jenny ao lidar com o estilo. A primeira adota a rítmica lasciva e dançante dos hits que exploram a sensualidade e a converte em uma música elegante e estudada guiada por um baixo de pulso grave e ornada por clacks, palmas, estalos e tiques percussivos dos mais variados, além claro, de uma linha de vocais impecável; a segunda, com sua melodia entre a balada r&b e o hino soul normalmente resultaria em um single chato e enjoativo, mas trabalhados pelas mãos da cantora sueca os toques de piano e bateria e o cingir dos pratos dão um volume encantável a melodia enquanto os “claps” e backing vocals, tão maltratados pelos americanos, lhe dão um acabamento arrojado.
E são de fato os vocais, tão polidos e reluzentes quanto as jóias de um ourives, que compõe o encanto do musicalidade deste novo disco da artista sueca, como bem prova a música “Hardships” e a curta faixa que lhe faz introdução, “Motherhood”: surgindo em fade in, um coro de vozes em plena sintonia e afinação fascina os ouvidos com uma animada toada de feição gospel sobreposta à um pulsar grave e maciço tão natural que é possivelmente resultado do sapatear em piso de madeira, tudo apenas para abrir espaço para a melodia percussiva e acústica de “Hardships”. Esta apresenta uma música cravejada de cintilantes beats e acordes de piano, violinos e vibrafone com um brilho platinado intenso, mas é o reluzir dourado ofuscante dos vocais ondulantes que dá corpo e sofisticação a harmonia. A balada “We Had Everything” levanta ainda mais os vocais para o primeiro plano, numa composição fabulosa de vozes junto ao cantar esplendoroso de Jenny com o lamuriar deslumbrante de violinos e pianos preenchendo o ar com o aroma doce de sua melodia. Encerrando o disco, “Strings of Grass” sintetiza a experiência de Hardships! com uma música que, assim como o disco, apresenta sinuosidades sonoras rebuscadas que tornam difícil sua classificação, mas que no entanto consegue preservar com tranquilidade nuances suaves ao unir aos vocais piano, sax, flauta e alguma percussão em delicada consonância.
Nem todas as faixas que nascem do flerte da idiossincrasia natural das composições da artista sueca com o soul e o r&b soam atraentes, é verdade, porém os triunfos de Hardships! são suficientemente bons para fazer os poucos insucessos figurarem como meros detalhes. Era de se esperar, uma vez que a moça até se apresentou na capa do disco com a sóbria serenidade de um vestuário à moda Coco Chanel, mas fez questão de mostrar a sua disposição empunhando um belo e amedrontador rifle. Nem era necessário: para dissipar qualquer reminescência que as moças trajadas com o figurino tipicamente Daspu deixaram no r&b, o requinte e a classe de Jenny Wilson, assim como o estranho calor do seu falsetto escandinavo, foram suficientes.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

rapidshare.com/files/211836742/wilson_-_hardships.zip

senha: seteventos.org

Se quiser, leia uma outra opinião sobre o mesmo disco no texto escrito pelo .

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“A Vida dos Outros”, de Florian Henckel von Donnersmarck. [download: filme]

Das Leben der AndererEm 1984, na Alemanha Oriental, Weisler, um espião que já não está na ativa é recrutado pela Agência de Segurança Nacional para liderar a espionagem de um escritor e dramaturgo, Georg Dreyman, e sua namorada, uma atriz de renome, por conta da receio de que Dreyman pretenda inserir idéias contrárias ao socialismo em suas obras.
Esqueça a estilística pós-moderna e algo arrojada dos longa-metragens alemães que fizeram sucesso nos últimos anos: o filme de estréia de Florian Henckel von Donnersmarck é um legítimo representante do cinema mais austero que formou a identidade da produção cinematográfica da Alemanha, firmando sem hesitação seus pés nas técnicas e métodos mais tradicionais do cinema. O que pode parecer uma decisão que geralmente resultaria em um longa-metragem aborrecido e pesado na verdade cria solidez para que o diretor desenvolva com mais afinco dois dos elementos mais fundamentais de qualquer narrativa: a trama e os personagens.
A história do espião e interrogador de personalidade forjada pelas exigências de sua ocupação e pela fé nos seus ideais que se depara surpreendido pelas suas atitudes ao executar a espionagem de um casal de artistas talentosos que esforçam-se em manter uma produção artística de relevância que escape da censura socialista é encadeada sem correria no roteiro composto pelo próprio diretor, que também injeta uma tensão permanente sem apelar para artifícios habituais como sequências de ação e violência, edição frenética e trilha sonora vigorosa – a tensão de “A Vida dos Outros” é mais profunda, obtida pelo ponderamento silencioso dos personagens em desafiar os rigores do regime político da Alemanha Oriental para revelar seus reveses.
Mas é o escrutínio da personalidade dos que habitam a trama, em particular do espião Gerd Weisler, que intrigou os críticos. Alguns consideraram incongruentes e nada convincentes as atitudes que o oficial alemão toma enquanto executa sua missão, já que para estes críticos tanto a personalidade de Weisler quanto os acontecimentos da trama não dariam qualquer respaldo para que ele passasse a agir dessa forma. Porém, essa afirmação não procede, e isso não é nada difícil de ser perceber. Tanto o roteiro quanto o personagem fundamentam essa transformação. Primeiro, porque o roteiro não apenas dá o pontapé inicial nesta mudança de comportamento de Weisler a partir do momento que ele se dá conta das motivações e relações incidiosas de seus superiores e passa então a causar interferências irreversíveis na espionagem, como o texto ainda pavimenta definitivamente a alteração em duas belas cenas – quando Weisler lê fascinado um texto de Brecht e logo mais quando o espião permite-se um choro tímido ao ouvir o réquiem ao piano conduzido por Dreyman. Segundo, porque Ulrich Mühe, consciente de qual era a concepção de seu personagem dada pelo argumento, respondeu com uma performance que não entrega de forma óbvia a mudança de Weisler, concentrando em delicadas sutilezas (como quando ele apresenta um olhar e gestual hesitante e reticente ao ser obrigado a abandonar seu turno em um momento crucial da vida íntima do casal que espionava) a modificação que o personagem experimenta – uma interpretação espetacularmente congruente e ajustada ao homem solitário, que sempre se entendeu um agente frio e imparcial que não exterioriza emoções “gratuitamente”.
Essa, por sinal, não é uma característica apenas do personagem, mas do filme como um todo: o roteiro e a direção de von Donnersmarck consolidam no longa-metragem um comedimento inteligente na abordagem de situações de emoção, desviando-se de qualquer possibilidade de adotar excessos – seja na performance do elenco, no trabalho das câmeras, na edição ou na trilha sonora – que certamente contribuiriam para trajar a película com o figurino mais ordinário e barato. A última meia-hora do filme é a que coroa impecavelmente este tratamento elaborado por von Donnersmarck para narrar sua história, pois é partir daí que o filme alcança níveis arrebatadores de emoção sem resvalar um momento sequer na vala comum da pieguice, preservando a sensibilidade lúcida que permeou todo o filme até mesmo no seu epílogo, que certamente seria reduzido à uma sequência que abusaria do sentimentalismo barato se fosse conduzido por boa parte dos cineastas hoje na ativa, alguns no métier há muitas décadas – um feito impressionante para um diretor em seu trabalho de estréia.
Baixe o filme, já com legendas em português embutidas, utilizando os dois links a seguir.

megaupload.com/?d=569S4LVL
megaupload.com/?d=24ADG8GA

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The Boy / Fevereiro 2009: todo Roni Mazon [fotos]

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Já perdi a conta de quantas vezes eu disse aqui – e mesmo fora daqui – de como adoro um moreno de olhos castanhos ou escuros. Não que eu não curta morenos de olhos claros ou loirões, eu caio de amores por eles – basta lembrar dos modelos loiros do The Boy por quem eu sou simplesmente tarado (oi, Matheus Verdelho!), ou pensar, vejamos, naquele loiro belzebu que é Paul Walker. Mas é que esses morenos aos quais me refiro fecham direitinho no meu ideal, por assim dizer. Não à toa, por exemplo, tenho uma sina obssessiva por Ben Affleck, Matthew Fox e Ryan Reynolds – imagino que alguém aí deve estar gritando que Ryan é loiro, mas pra mim ele sempre pareceu moreno e além do que eu tenho mesmo uma certa deficiência em discernir alguns tons. De qualquer modo Ryan Reynolds é moreno pra mim e não tem conversa (risos). Mas pra quê eu disse isso tudo, ora porra? Ah, é só pra explicar que Roni Mazon, modelo deste mês de fevereiro no The Boy, definitivamente não é meu tipo de moreno (ei…ele é moreno, né?).
Corpo definido, malhado, gostoso temos ao borbotões no The Boy e chega a ser brincadeira hoje em dia encontrar esses corpos desfilandinho aí pelas ruas das cidades do nosso Brasil varonil. Roni tem esse corpão, isso é bem nítido, porém os traços de seu rosto não me agradam – a boca e o nariz vistosos não convivem harmonicamente com seu rosto magro, algo triangular. Pra ajudar mais ainda a discrepância reinante em sua face, o corte de cabelo do rapaz tem aquele ranço anos 80 que fez a fama de John John (o Kennedy) – e não há tesão que resista à esse paradigma da breguice na década de 80 (me refiro ao corte de cabelo). Tivesse Roni Mazon, ou a produção do ensaio para o The Boy, dado mais atenção ao tino para a beleza contemporânea, que certamente eles devem ter, perceberiam em poucos segundos que esse cabelo não é um sinal de charme em nenhum ponto do ocidente, por mais remoto que o lugar seja.
E já que falamos em produção, devo dizer que o ensaio em si não foi ruim, variando bem nas locações e figurino escolhidos e com um uso bastante coerente de fotografia. Os únicos problemas ficam por conta do traje de fazendeiro. Primeiro, porque convenhamos que aquelas botas imensas não fazem mais do que esconder as pernas do modelo, e segundo que a calça mais alva de que as penas mais brancas da pomba da arca de Noé, combinada com a fotografia que faz vazar toda a luz da Via Láctea deixa qualquer um mais cego do que se tivesse visto essa luz, que só pode ser Jesus – com a licença de Roberto Carlos. Pontinho negativo também para a insistência em economizar nas fotos de nu que venho notando em alguns dos últimos ensaios do site – já não basta ter diminuído consideravelmente o número total de fotografias ainda inventam essa modinha de ficar regulando fotografar o modelo sem roupa? Vamos parar já com essa palhaçada de fazer doce com a nudez dos rapagões porque até a igreja católica está tirando proveito da beleza de seus párocos (não, safadinhos, os padres não ficam nus), e olha que isso não é de hoje não, viu?
Deu pra perceber que pra mim foi bola fora, não é? Mas quero saber mesmo quanta gente concorda e discorda de mim, e como sempre espero que vocês o digam no campo de comentários.

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Roni Mazon.

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