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seteventos Posts

“Senhores do Crime”, de David Cronenberg. [download: filme]

Eastern PromisesObstetra, sensibilizada com a morte de uma garota de 14 anos no parto, procura dados sobre sua família, no diário encontrado com ela, para poder informar sobre o nascimento do bebê. É através deste diário que ela entra em contato com uma família de mafiosos russos em Londres, colocando em risco a vida dela e de sua mãe e tio.
David Cronenberg já foi conhecido por explorar a loucura, o estranho e o surreal em filmes de suspense, terror e ficção científica. Nestes longas, a sua obsessão com o corpo, abordando-o e explorando-o de forma bizarra, era conhecida como a sua marca registrada. Desde “Marcas da Violência”, Cronenberg mudou radicalmente o foco de seu cinema: mesmo que, de alguma forma, ainda mostre sinais de sua fixação pelo orgânico – presente no detalhismo da violência que gosta de expôr -, esta passou a ser mero reflexo do ambiente e temática que agora decidiu explorar, a do submundo do crime. Nesta esfera narrativa, o diretor canadense decidiu explorar personagens que, de algum modo, desestabilizam este ambiente: enquanto no longa anterior seu foco caiu sobre alguém que queria deixar de pertencer à este mundo, em “Senhores do Crime” ele inverteu a premissa, colocando como um dos protagonistas um homem que se esforça para entrar nele, mas que ao mesmo tempo evita os excessos típicos dos que dele fazem parte – ambos interpretados nos dois filmes pelo mesmo ator, Viggo Mortensen. Uma característica interessante do roteiro é que ele tem uma tendência a poupar o excesso de desgraças shakespearianas que é típico do gênero, mas ao mesmo tempo, a certa altura do filme, ele também torna-se um tanto previsível, visto que já se pode antever algumas coisas relativas à um dos protagonistas, e ainda acaba, nos seus últimos minutos, deixando de retratar eventos que poderiam incrementar o seu epílogo, preferindo apenas citar a resolução de tais eventos ao avançar no tempo e mostrar o destino que os personagens tomaram. Tais problemas na concepção do roteiro, bem como a própria condição linear e tradicional de “Senhores do Crime”, fazem do longa-metragem apenas mais um que se alinha à média dos que tematizam sobre a máfia e o mundo do crime. E isso, infelizmente, o faz estar bem longe de algo que se espera de David Cronenberg, que mesmo quando tem nas mãoes um material que pisa bem firme com o pé no chão é capaz de recheá-lo de sequências e soluções que lhe conferem a marca notória de seu cinema idiossincrático – como aconteceu em “Marcas da Violência”.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

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legenda (português) [via legendas.tv]:
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“Vincent”, de Tim Burton. [download: vídeo]

VincentVincent é um garoto de 7 anos como qualquer outro, a não ser pelo fato de que, ao invés de adorar contos-de-fadas ele tem fascinação por Edgar Allan Poe e no lugar de fantasias sobre soldados e super-heróis, nelas ele imagina ser Vincent Price, o ator famoso por conta de seus filmes clássicos de terror. Este curta-metragem, produzido em 1982, em apenas 6 minutos faz um compêndio do tudo o que inspira e define o estilo gótico de seu criador, Tim Burton: a técnica utilizada é a stop-motion, que foi adotada por ele em dois outros longa-metragens; ao invés de cores, a cenografia é em um preto e branco que realça o estilo dark da animação, como feito mais tarde em “Ed Wood”; Edgar Allan Poe, obsessão do garoto que protagoniza o filme, é também um dos escritores com o qual o estilo do diretor mais se assemelha e, finalmente, Vincent Price não apenas é o narrador do poema que acompanha a animação, mas o ídolo confesso de Burton, a quem ele convidaria para participar de um de seus filmes mais emblemáticos, “Edward Mãos de Tesoura”. Assista ao divertido curta-metragem neste link do YouTube, com legendas em português, e baixe o arquivo dele em vídeo de alta-qualidade utilizando este outro link.

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“A Vida Secreta das Palavras”, de Isabel Coixet. [download: filme]

The Secret Life Of WordsHanna é uma garota parcialmente surda que, devido a sua personalidade introspectiva, incomoda seus colegas de trabalho pelo seu completo desinteresse em socialização. Por conta disso, ela é orientada a tirar férias. Mas tão logo ela chega no local escolhido ela se oferece, ao ouvir uma conversa em um restaurante, para a vaga de enfermeira em uma plataforma marítima de extração de petróleo, onde deverá tomar conta de um operário que sofreu um acidente. É neste lugar, e principalmente no contato com Josef, o enfermo, que Hanna começa a modificar o seu temperamento – o que vai revelar coisas um tanto dolorosas sobre a vida de ambos.
“A Vida Secreta das Palavras” acerta nos dois pontos cruciais onde o filme comentado aqui na semana passada falhou retumbantemente. No que tange à construção de personagens, a diretora e roteirista fez um belo trabalho ao desenhar pessoas que cativam o espectador, a despeito de todos os personagens terem, em alguma medida, um desinteresse pelo convívio social: tanto os dois protagonistas, encarnados por Sarah Polley – que faz uso econômico de expressões, de falas e de olhares para a construção de uma mulher conscientemente reclusa, que nutre uma aparente falta de ânimo e interesse por tudo – e Tim Robbins – que retrata de forma equilibrada a personalidade expansiva de Josef, dado à incessantes piadas de cunho sexual e flertes, mas que logo também revela-se sensível e culto -, quanto os personagens periféricos, como o chefe da plataforma, o cozinheiro e o oceanógrafo, exibem carisma suficiente para manter não apenas o público atento, mas também verdadeiramente interessado no porvir de suas histórias. E à estas histórias, contidas no argumento do filme, Isabel Coixet dedicou especial cuidado, compondo-as carregadas de um drama que, apesar de sua visceralidade e cores fortes, nunca cai no sentimentalismo fácil e barato pelo modo como são desvendadas – com cautela e sem muita pressa. O trabalho conjunto destes aspectos, auxiliados ainda por uma trilha sonora sofisticada, que traz canções de artistas como Tom Waits, David Byrne, Antony and the Johnsons e Chop Suey, forma um longa-metragem que expõe tragédias, tanto as pessoais como as que são frutos dos horrores cometidos pela humanidade, de uma forma discreta e sutil, permitindo-se mostrar apenas o suficiente para que a platéia seja sensibilizada por estes personagens imobilizados pelo sofrimento causado pelas suas tragédias, que faz alguns deles viver de forma automática, quase mecânica, na esperança inconfessa de algo que os remova desta agonia silenciosa.
Baixe o filme utilizando os links a seguir e a senha informada para descompactar o arquivo.

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senha: Slimbo

legendas disponíveis (português) [via legendas.tv]:
http://legendas.tv/info.php?d=b42684d011fdc7b3ace135031ab5051a&c=1
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Sheryl Crow – The Globe Sessions. [download: mp3]

Sheryl Crow - The Globe SessionsDepois do sucesso atingido com o seu segundo disco, Sheryl deu prosseguimento às suas composições mais voltadas para uma sonoridade pop/rock com o álbum The Globe Sessions, fazendo da discreta tecitura country apenas uma mera citação, como na faixa “Members Only”, com violões, baixos, guitarras e vocal formando uma mesma massa sonora cheia de calor country-rock, orgão ocasional de toques gracejantes e bateria e percussão de cadência leve, que so inicia trotejante e logo acompanha a ritmo alegremente comedido do instrumental restante. Apesar do período de depressão de Sheryl, anterior a gravação do disco, estar refletido nas guitarras sobejantes e na sorumbática mas reluzente orquestração de cordas de coloração oriental de “Riverwide” e no clima quase improvisado das guitarras, órgãos e bateria sofridos, hora conformados, hora transbordando em sentimento em “Crash And Burn”, que fala sobre alguém que, mesmo sabendo que seria em vão, disse adeus à tudo e todos que conhecia na tentativa de esquecer um amor que não deu certo, não se pode exatamente dizer que este é um disco triste. “My Favorite Mistake” – em que Sheryl fala sobre um romance que viveu por alguém que, no fim, descobre que não a amava -, através do seu vocal ao mesmo tempo sutilmente triste e marcado de alegria saudosista e nas suas muitas guitarras, baixos e orgãos de acordes sensuais sobre uma bateria de intensidade suficiente apenas para dar ritmo aos instrumentos restantes, assim como “It Don’t Hurt” – que fala sobre alguém que tenta superar o fim de uma relação redecorando a casa e flertando com o primeiro desavisado que aparece na sua frente -, com o gingado animado de seus violões, guitarras e bateria e seu gaita entusiasmada, dão uma boa idéia desse álbum que fala sobre amarguras, tropeços e tristezas com uma sonoridade mais “pra cima”. Mas a surpresa fica mesmo por conta da faixa “There Goes The Neighborhood”, tanto pelo caráter sonoramente dançante que a percussão e a bateria dão à canção, bastante auxiliadas pelos metais borbulhantemente gritantes e por guitarras de enorme malemolência, quanto pela temática de suas letras, que pinta um painel das bizarrices underground e da marginália dos arredores do Globe Studios, onde Sheryl gravou este disco – e que, claro, acabou dando nome à ele. Pela dificuldade de definir e nomear a mistura de sons e sentimentos, ao mesmo tempo tristes e alegres, amargurados e exultantes, é que pode-se dizer que The Globe Sessions é o retrato do período em que a artista procurava uma saída em meio a uma crise pessoal, vivendo uma instabilidade de estados emotivos que refletiu-se inevitavelmente nas suas composições.

senha: seteventos.org

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JC Penney – “Magic” (dir. Nicolai Fuglsig). [download: vídeo + mp3]

JC Penney - MagicO prestigiado diretor Nicolai Fuglsig dá mais um show de inventividade na peça publicitária encomendada para a rede de lojas norte-americanas JC Penney: usando efeitos especiais e trucagens tradicionais, que nada de digital teriam, o diretor dinamarquês fez um clipe divertidíssimo, onde as coisas mais cotidianas ganham um toque fora do comum. A canção escolhida para servir de trilha, “Music Box”, da cantora e compositora Regina Spektor, é mais um sinal da apurada sensibilidade pop de Fuglsig, famoso por unir seus delírios visuais com a música ideal. Assista via este link do YouTube ou baixe o vídeo, com qualidade muito superior, usando este outro link. Se gostou da música, use o link abaixo para obtê-la.

Regina Spektor – “Music Box”:
http://www.badongo.com/file/5600201

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Goldfrapp – Seventh Tree. [download: mp3]

Goldfrapp - Seventh TreeDepois de dois álbuns que deitaram, rolaram e esquadrinharam tudo o que possa ser imaginado dentro dos domínios do electro-pop e glam, o duo britânico Goldfrapp fez o que seria mais sensato e mais natural no seu futuro novo disco, Seventh Tree: Alison e Will voltaram sua atenção ao passado, revisitando parte da fabulosa sonoridade esquecida do primeiro disco, Felt Mountain, tentando atualiza-la e fundi-la com toda a experiência recente dos dois últimos lançamentos, Black Cherry e Supernature. Assim, este quarto disco possui uma identidade híbrida, já que em algumas faixas, como “Clowns” – um folk com vocal ininteligível e violões e orquestração de cordas de um frescor campestre -, “Eat Yourself” – que igualmente se baseia em violão e cordas, o primeiro trajado em doçura e nostalgia, as últimas vestidas em elegância e placidez, além da inserção ocasional de esparsos acordes de guitarra e de apresentar vocais sutilmente amargurados – e “Cologne Cerrone Houdini” – cuja música é feita de baixo e bateria de toques espaçosos ao fundo enquanto cintilações da programação eletrônica saltitam aqui e ali e violinos curtos e agudos pontuam a melodia -, a dupla ocupa-se em emular a sonoridade por vezes obscura, em outras coruscante, do álbum de estréia, enquanto em outras – como se pode conferir claramente na música luminosa de “Caravan Girl”, com samplers de pratos resplandecentes, piano e baixo de toques galopantes, bateria de ritmo firme e sintetizações brilhantes e em “Happiness”, com bateria, baixo e sampler de sax em compasso conjunto e bem marcado, pinceladas de samplers e sintetizações frugais e vocais doces e macios – o vigor pop e eletrônico dos dois discos anteriores é retomado de modo bem menos selvagem e subto, com ambiência muito mais pop do que eletrônica. A única faixa do disco que soa estranha àquilo que os fãs do Goldfrapp já viram a dupla fazer até hoje é “A&E”, devido à sua melodia mais tradicional, onde violões, bateria, programação no teclado sutil e mesmo o vocal sensível trabalham de forma a construir uma música que surpreende pela sua linearidade, de um pop simples e direto como dificilmente pensaríamos Goldfrapp se dar ao prazer de fazer um dia – pense em algo como Dido e você vai entender mais ou menos o que eu quero dizer.
Seventh Tree funciona muito bem, seja como um disco que suaviza os contornos da parafernália sexy e explosiva de Black Cherry e Supernature, seja como uma tentativa de tornar mais comercial a fabulosa idiossincrasia sonora obscura de Felt Mountain – é um mergulho da dupla em oceanos mais tranquilos, menos quentes do que recentemente foi feito, menos profundo e introspectivo do que antes fora.

senha: seteventos.org

http://www.badongo.com/file/5467235

P.S: Agradeço ao pelo toque!

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“Tir Nan Og”, de Fursy Teyssier. [download: vídeo]

Tir Nan OgO curta-metragem “Tir Nan Og” faz, de modo poético e extramente emocionante, uma metáfora sobre a morte e o adeus aqueles que amamos. O filme, com visual arrojado que faz uma mistura primorosa de animação tradicional e digital, foi o trabalho de conclusão dos estudos do diretor francês Fursy Teyssier, e demonstra que o seu enorme talento poderia ser aproveitado em aventuras ainda mais ambiciosas. A trilha sonora merece destaque à parte: a canção utilizada com trilha do filme é a espetacularmente bela e delicada de “The Slow Wait”, da dupla de música experimental americana The American Dollar. Infelizmente, não consegui encontrá-la disponível em mp3. Mas fica aqui o filme, via este link do YouTube ou neste outro ainda, para download em qualidade de imagem maior.

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“Contraponto”, de Terry Gilliam. [download: filme]

TidelandJeliza-Rose é uma garotinha tão estranha que, sem o menor pudor, auxilio o seu pai no consumo de drogas. Tão logo sua mãe, igualmente viciada, morre por conta de uma overdose, ela acompanha seu pai na viajem à “Jutilândia”, tão prometida por ele diversas vezes, tendo como primeira parada a casa abandonada de seu avó, jogada em meio à uma paisagem vasta e rústica que alimenta ainda mais a já fantasiosa mente de Jeliza.
“Contraponto”, baseado no livro de Mitch Cullin, tem o mérito de figurar como um dos piores, se não o pior, longa-metragem de toda a filmografia do diretor Terry Gilliam. Seus problemas são unicamente dois, e um derivado do outro – personagens e roteiro -, mas a intensidade deles é tamanha que mais nada dentro da concepção do filme consegue cativar suficientemente o espectador para que uma avaliação minimanente positiva dele seja feita. A lógica da problemática é bem simples de se entender: se os protagonistas do filme – um rockeiro fracassado e viciado cujo momento de maior proximidade com sua filha é quando pede para esta que a ajude a preparar sua dose diária do heroína; uma taxidermista com fobia de abelhas tanto quanto de pessoas, e que só vê como possível estabelecer relações com estas depois de mortas e devidamente empalhadas; seu irmão com problemas mentais, perdido em ilusões marítimas e ambições um tanto quando destrutivas e, finalmente, a gatorinha Jeliza-Rose, que passa seus dias inundando-se em fantasias com as quais cresceu sempre acostumada a confundir com a realidade – falham em despertar a menor dose de simpatia no público, a estória que os envolve, se já não parece interessante – pois apenas retrata as ilusões da garotinha, sozinha na casa abandonada de sua vó e em contato com gente desprovida de qualquer interesse em estabelecer comunicação com a realidade -, tem essa feição ampliada ainda mais pela falta de empatia dos personagens, tornando-se um verdadeiro teste de paciência cinematrográfico. Visto que estes dois aspectos são a base da formação de qualquer bom filme de ficção, fica difícil elogiar qualquer outro componente ou característica de “Contraponto” – mesmo que eles tenham algum vago caráter de qualidade, sua importância frente à dos personagens e do roteiro é consideravelmente menor.
Mas Terry Gilliam é assim mesmo, um homem de extremos: quando o diretor britânico, ex-integrante do grupo Monty Python, acerta a mão, geralmente ele o faz de maneira sublime – como em “O Pescador de Ilusões” e “12 Macacos” -, mas quando ele erra, ele o faz em igual medida, cavando fundo a cova do seu próprio filme. Se ele continuar acertando uma vez a cada dois equívocos, já vale o serviço prestado ao cinema – e como “Contraponto” é o seu segundo equívoco seguido, vamos torcer para que o próximo seja um acerto realmente compensador.

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legendas disponíveis (português) [via legendas.tv]:
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“Terminus”, de Trevor Cawood. [download: vídeo]

TerminusUm homem, inerte em sua rotina algo insípida, é um dia surpreendido pela companhia de um ser estranho, de feições humanóides, mas composto de cilindros de concreto. A partir de então, onde quer que esteja, aquela entidade o acompanha incansável e inexpressivamente. Logo ele descobre que não parece ser o único a carregar esse “fantasma” – outras pessoas igualmente carregam os seus, todas entidades diferentes entre si.
Com a ajuda do irmão Jason no roteiro, o diretor Trevor Cawood produziu este curta-metragem perturbador, não apenas com uma idéia muito original e aterradora, que intensifica pouco a pouco no espectador a idéia de claustrofobia, esquizofrenia e paranóia, mas com uma inteligência espetacular ao explorar a frieza obscura e quase insana dos ambientes típicos de uma metrópole, bem como fazendo proveito dos elementos deste cenário urbano para o desenho de cada uma das estranhas entidades que, como anjos da guarda que não causam bem algum, prostram-se silenciosas ao lado de seus escolhidos, observando-os contínua e ininterruptamente – é um dos melhores curta-metragens que já tive a oportunidade de obter pela internet, chegando a lembrar-me, na breve sequência em que o protagonista perambula desnorteado nos soturnos corredores do metrô, quase ao final do curta, a extraordinária cena de Isabelle Adjani no filme “Possessão”, de Andrzej Zulawski. Assista logo via este link do YouTube ou – o que eu recomendo muito mais, devido ao visual arrojado do vídeo – baixe-o utilizando este link para o tamanho grande ou este link para o vídeo no tamanho médio.

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Coco Electrik – Army Behind the Sun. [download: mp3]

Coco Electrik - Army Behind The SunO duo de electro-pop britânico Goldfrapp tem há pouco mais de um ano a companhia de Coco Electrik, uma banda novata disposta a tomar um pouco do espaço da dupla no campo dos sons cheios de glamour e gingado. Apesar de muitas vezes faltar à Coco – cujo nome verdadeiro é Anne Booty – um bocado da inventividade e charme que Alison Goldfrapp e Willl Gregory tem a esbanjar, ela e seus companheiros de trabalho conseguem, em alguns momentos, compor faixas de ambiëncia deliciosa e sinceramente irresistível em seu álbum de estréia, Army Behind the Sun. E para primeiro single do disco, Coco escolheu o cover dançantemente nostálgico que fez de “Sex Shooter”, canção famosa do filme “Purple Rain”, de Prince. A versão de Coco apela para seu vocal sexy e petulante, com fartas doses de loops de palminhas, frugalidades eletrônicas inundando o refrão e sampler de baixo e beat eletrônico guiando o ritmo libidinoso da música. A faixa seguinte, “Paint It Red”, investe em uma sonoridade mais doce, fazendo melhor proveito da melodia com assobios e com o uso certeiro de alguns acordes sampleados de guitarra e de baixo, que acolchoam a melodia e amaciam o tecido para a entrada do registro vocal um tantinho mais agudo de Coco. Em “Dance To Cash”, Coco investe, com a ajuda de sua banda, em uma sonoridade muito mais encorpada, intencionalmente suja por várias camadas de riffs transbordantes de guitarra, que duela com a pressão do beat eletrônico e do vocal multiplicado e repleto de soberba de Anne Booty – soa próximo das faixas mais esquizofrênicas de Shirley Manson e seu Garbage. Mas a mistura electro-pop administrada em todo o disco por Anne Booty e seus comparsas atingem refinamento máximo mesmo é na combinação de batida eletrônica seca e chicoteante e baixo de acordes graves e sensuais que inunda o fundo de “Pussyfooter”, faixa recheada ainda por samplers e loops que fazem cintilar a melodia. Depois de se lambuzar inteira no pop e no disco, com pitadas de glam rock, a banda ainda faz por bem experimentar um bocado com vocais dissonantes, samplers e distorções das mais diversas na penúltima faixa, “Fall Into My Party”, criando um todo caótico bem à moda do que faz o Planningtorock.
Army Behind the Sun, ainda que soluce por conta de alguns equívocos e chatices em uma ou outra música, reserva alguns momentos realmente deliciosos com faixas que invadem qualquer ambiente com fartas doses de luxúria e hedonismo descompromissados – Anne tem que polir em boa medida muito do que fez em algumas das melodias que compõe, mas já consegue dar uma idéia, neste álbum de estréia, de quantos coelhos dançantes podem ser tirados de sua cartola.

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