Pular para o conteúdo

seteventos Posts

Fyfe Dangerfield – Fly Yellow Moon (2CDs deluxe edition + 1 faixa extra) [download: mp3]

Fyfe Dangerfield - Fly Yellow MoonQuem ouve o primeiro lançamento solo de Fyfe Dangerfield e não simpatizou com o segundo disco de sua banda, Guillemots, chega a conclusão de que o cantor e compositor guardou o melhor de si para seu próprio disco – ou, ao menos, que aquilo que vinha compondo não se enquadrou no que a banda pretendia produzir em Red. Qualquer que seja a razão deste primeiro disco solo, eu só posso dizer que fico extremamente satisfeito em saber que Fyfe, ao contrário do que fez pensar Red, não perdeu nada da sua imensa capacidade de escrever canções que irradiam emoção, como vimos na estréia do Guillemots, Through The Windowpane. E mais em forma do que nunca, Fyfe vivencia em suas canções a mais completa plenitude da euforia amorosa – como no primeiro single do disco, “She Needs Me”, uma música cheia de versos diretos, como “I’m yours you can do what you like to me” e que não se contenta com pouco, explodindo em uma tsunami de arranjos orquestrais que acompanham incessantemente a marcação dada pelo baixo e bateria e a efusividade dos toques do piano e do vocal, e também “When You Walk In The Room” na qual, introduzida por um conjunto bem arranjado de distorções eletrônicas e alguns sussurros, Fyfe quase não cabe em si com seu vocal tão animado quanto as farpas de guitarra que saltam brilhantes entre a base contínua de piano e bateria que recheiam a melodia – assim como a melancolia silenciosa que o amor também acaba por trazer – visto na combinação de violão, cordas e vocal macio em “Dont Be Shy”, que suscita as melhores composições de Tanita Tikaram em Lovers In The City e Sentimental, na tristeza de “Barricades”, conduzida por um piano de acordes graciosos e um vocal que expira romantismo e elegância tanto quanto o belo arranjo de violinos que lhe serve de apoio, na suavidade dos acordes tranquilos ao violão e piano de “Livewire”, cuja percussão procura ser sutil para não interferir no encatamento da melodia, e em “Firebird”, que apesar de adotar o mesmo violão e piano em parceria com discretíssimo arranjo de cordas da canção anterior, os utiliza à imagem da graciosidade de cantigas medievais de amor luso-galegas.
Mas muito além de tornar possível que Fyfe trafegasse com desenvoltura entre alegria, mágoa e todas as suas gradações, a euforia amorosa exacerbada do artista britânico serviu como poderoso estimulante para a sua faceta de compositor: além das 10 faixas da primeira edição lançada do álbum, o rapaz escreve diversas faixas bônus, algumas versões alternativas e um cover. Destas, há a abissal beleza de “If I Was Lost”, guiada por guitarra, órgão e vocal distantes e manchados por uma consternação de partir o coração, a amargura do violão gélido, percussão quase surda e guitarras reluzentes de “Appreciating You” e o eletronismo cálido e riffs de guitarra de “Computer Game”, de uma simplicidade harmônica quase juvenil. São 13 canções a mais no total que geraram o relançamento do disco com 4 faixas bônus e uma terceira versão extra, em disco duplo. É muito amor nesse coração, é não seu Dangerfield? É sim, e só pra fazer cair por terra aquela minha velha teoria de que sofrimento é o elixir mais produtivo para um artista.

senha: seteventos

ifile.it/aoix327/fyfe_-_fly.zip

2 Comentários

“Personal Che”, de Douglas Duarte e Adriana Mariño. [download: filme]

Personal Che, de Douglas Duarte e Adriana MarinoDois cineastas saem por vários cantos do mundo para obter informações sobre a relação que diferentes pessoas tem com a figura de Che Guevara.
Nos últimos anos, Che Guevara ganhou o foco de alguns projetos de cinema que abordaram desde o retrato de sua juventude anônima até a completa biografia de sua mítica vida de guerrilheiro revolucionário. Documentários também o redescobriram, como “Chevolution”, que se ocupa de desvendar todo o poder que envolve a emblemática foto tirada do revolucionário argentino pelo fotrógrafo cubano Alberto Korda, conhecida pelo nome “Guerrillero Heroico”. Porém, é provavelmente, >”Personal Che”, o filme dirigido e produzido pelo brasileiro Douglas Duarte e a colombiana Adriana Mariño que conseguiu encontrar um ponto de vista diferenciado para a realização de um documentário sobre Che Guevara. Partindo sempre da identificação que diferentes pessoas de vários cantos do mundo tem com a poderosa imagem feita por Korda, os dois cineastas mostram como, por conta de uma singular conjunção de fatos, aquela fotografia criou um mito único, só comparável, talvez, às imagens de Jesus Cristo. Porém, enquanto Cristo é, de modo geral, visto, conhecido, admirado e idolatrado de não mais do que dois modos diferentes, Douglas e Adriana mostram, ao entrevistar anônimos, que a adoração pelo guerrilheiro argentino desdobrou-se em diversas possibilidades, partindo da imagem óbvia de guerrilheiro comunista audaz, surpreendendo ao ser assumido como status de ícone revolucionário nazi-fascista, gerando incompreensão ao ser usado como estandarte oposicionista à regimes de esquerda, não impressionando ao ser considerado ídolo pop e causando enorme espanto ao ser visto literalmente como santo. Os dois cineastas, porém, não se limitam a puramente relatar o fenômeno das diversas personalidades que a figura de Che Guevara tomou. Paralelamente ao registro destas encarnações do revolucionário argentino, fazendo uso de um trabalho excepcional de montagem, o brasileiro e a colombiana inserem trechos de entrevistas feitas com historiadores, escritores e estudiosos do assunto explicando como isso acaba sendo possível devido ao poder singular que a foto de Korda agregou e, consequentemente, à capacidade das pessoas de tomarem esta imagem e a adequarem àquilo que lhes é mais apropriado, ignorando consciente ou inconscientemente, neste processo, todo o resto ou, ao menos, boa parte do que marcou a trajetória de Che. É deste modo que os dois diretores vão, pouco a pouco, desconstruindo a imagem que as pessoas fazem de Che Guevara e descortinando as revelações que são a grande sacada do filme: primeiro, mostram que, a bem da verdade, nenhum dos grupos citados o conhece de fato ou alimenta a sua idolatria considerando todas as facetas da vida do revolucionário latino-americano, ainda que conheçam mais de que uma parte delas; segundo, mostram que boa parcela dos que o idolatram ou admiram o fazem por inércia e impulso, ou seja, muito mais por influência da construção da figura de Guevara por agentes externos – a indústria cultural ou quaisquer que sejam – do que por um trabalho próprio de reflexão – é por essa razão que, quando estas pessoas são indagadas sobre o porquê de sua admiração, não se recebe delas, fundalmentalmente, uma resposta convincente.
Baseado neste conjunto de metamorfoses, apropriações e reversões da imagem e do mito de Che Guevara, os diretores concluem o filme sustentando a idéia lançada pelos estudiosos entrevistados de que, a partir daquela emblemática imagem, Che Guevera tornou-se provavelmente o primeiro protótipo das supercelebridades modernas, já que pouco importa o que Che realmente foi ou fez, importa a imagem que se pode produzir de Che a partir do “Guerrillero Heroico” e de toda a lenda construída a partir daquele instante único do argentino que Alberto Korda registrou quase que casualmente em suas lentes. Parece tolice considerar este evento como a gênese de uma das molas mestras do jornalismo de entretenimento das últimas décadas, mas se este não foi o evento gerador, foi e ainda é, ao menos, o mais notório e perfeito exemplo de como construir, explorar e perpetuar uma supercelebridade – para inveja da grande maioria das estrelas pop da atualidade, só Che Guevara continuará, sem esforço algum, imortalizado em camisetas trajadas orgulhosamente – ainda que não saibam bem porque – dos jovens que vieram, vem e estão por vir nas muitas décadas à nossa frente.

megaupload.com/?d=9WNK4410

OBS: legendas em português já embutidas.

Deixe um comentário

“Um Caso para Miss Maple”, de Leonie Swann

um-caso-para-miss-mapple-livro-2008

Um rebanho de ovelhas de Glennkill, cidadezinha da Irlanda, sai de seu celeiro pelo amanhecer e descobre que o seu pastor foi assassinado com uma pá. Inicialmente confusas, logo todas se veem intrigadas e decidem investigar o caso para descobrir o autor, muito por conta de Miss Maple, conhecida como a ovelha mais inteligente da cidade – e provavelmente de todo o mundo.
Quem começa a ler o primeiro livro de Leonie Swann já tem sua atenção captada pela nota introdutória que apresenta os principais personagens – a saber, ovelhas: recurso típico de textos teatrais e aproveitado em alguns livros que lidam com mistério, a nota descreve em poucas palavras a personalidade de cada uma das ovelhas do rebanho de George Glenn e, assim, faz o leitor entender, logo no primeiro contato com “Um Caso para Miss Maple”, que a escritora alemã se propõe a brincar, ao longo da história, com a construção dos estereótipos de personagens de romances policiais e mesmo do cinema noir e de aventura: há a investigadora incansável e perspicaz, o homem de passado misterioso, a mulher audaz, as figuras ingênuas, o auxiliar algo estabanado, o guru sempre pronto a oferecer revelações e ensinamentos – todos, obviamente, convertidos em ovelhas do rebanho do falecido George Glenn.
Porém se engana quem pensa que a escritora se resume à fusão de uma trama policial à uma fábula animista de humor-negro. Há muito mais por aqui. Talvez o lance mais inteligente da escritora tenha sido aproveitar todas as possíveis embricações que a idéia do seu romance pôde lhe oferecer para tecer seus próprios pensamentos sobre a vida humana. Exemplo disto é a elaboração da compreensão e reflexão das ovelhas, frente ao comportamento dos humanos e das situações que envolvem estes, sempre partindo de uma limitação: a rotina de seu contato com eles, ou seja, o pasto e o pastoreio. Esta dinâmica criada e aproveitada pela autora é geradora de inúmeros comentários irônicos e filosóficos sobre os seres humanos, sobre suas relações e sobre a sociedade como um todo, partindo do olhar ingênuo das ovelhas que se situa entre a imparcialidade de um observador e a admiração e amor profundos pelos humanos de suas relações.
Porém, ainda que a inteligência de explorar suas personagens para refletir filosoficamente sobre as relações humanas capte a atenção do leitor, é o imenso teor cômico que nasce da natureza inusitada da história que mantém o leitor encantando do início ao fim do livro: entre necessárias e constantes refeições de capins diversos e inofensivos banhos de sol das ovelhas durante toda a trama, a autora faz a aplicação inteligente dos dons naturais destes animais, como o faro e o paladar, a serviço da investigação, utiliza a insuspeita presença das ovelhas em meio aos humanos para trazer aos leitores revelações e armar situações e soluções bem-humoradas que não apenas recheiam a história, mas em alguns casos até são peças-chave que interferem na trama, e emprega a curiosa relação do rebanho com o seu antigo dono, que, entre outras coisas, lia diariamente para elas, como razão para o desenvolvimento nestas de um conhecimento incomum, ainda que limitado, sobre os homens. E sobra até espaço na trama para criar superstições e lendas próprias do rebanho “lanoso” de George Glenn, como o meigo e fofinho “cordeiro de inverno”, que apesar disso é um tanto ignorado pela sua espécie, e o “espírito de lobo”, que aflige os ovinos em boa parte da história.
É verdade que, apesar de tudo, seria difícil afirmar que Miss Maple – nome que, diga-se, é um trocadilho com uma das célebres personagens de Agatha Christie – seja a investigadora mais inteligente da literatura de mistério, mesmo se comparada com suas colegas de quatro patas, mas há razões de sobra para atestar que o livro de estréia de Leonie Swann está entre as tramas policias mais singulares e divertidas da literatura contemporânea. Quem sabe, talvez, a autora nos presenteie algum dia com um novo episódio do time de detetives mais “lanoso” da Irlanda? Eu, particularmente, adoraria.

Deixe um comentário

Mates of State – Crushes (The Covers Mixtape). [download: mp3]

Mates Of State - CrushesVendo o casal de cantores americanos que compõe a dupla Mates of State fazendo biquinho na capa do seu disco de covers, a impressão mais imediata não é exatamente relacionada à um sentimento de confiança e credibilidade, mas a sensação que acompanha esta, de que o disco envereda descaradamente pelo pop rasgado, não está errada – e a foto escolhida não tenta esconder isso, pelo contrário. Vencendo, porém, a resistência deixada por essa impressão, o público vai descobrir que as versões elaboradas por Jason Hammel e Kori Gardner, que entraram também pela primeira vez na produção do lançamento, concedem às faixas uma jovialidade extraordinária e um clima de contentamento irrefreável – é quase herético, por exemplo, o modo como o melancólico folk-country de Tom Waits em “Long Way Home” foi subvertido sem pudor em uma faixa festiva, literalmente um “yeah-yeah-yeah” esfuziante recheado de riffs caudalosos de guitarra e salpicado por trompetes gloriosos, ou então como em “Son Et Lumiere”, faixa-intro do primeiro álbum do The Mars Volta, trocou-se guitarras por pianos e teclados, revertendo a escalada de suspense original em um trotar delicado que lança-se ao sabor do arranjo de metais e backing vocal celestial. Fleetwood Mac também foi alvo dos pombinhos em “Second Hand News” que teve a sua aura upbeat não apenas preservada, mas consideravelmente ressaltada no arranjo que borbulha sintetizações crispantes e toques cálidos nos teclados. Em “Love Letter” a dupla se livrou da belíssima orquestração de cordas e do piano da versão original e, inevitavelmente, substitiu o vocal imponentemente melancólico de Nick Cave por um dueto que investe em um registro mais calmo e adocidado, acompanhando a melodia crivada de órgãos de tonalidades tão confortantes quanto uma morna noite de primavera. “Technicolor Girls”, de autoria de Death Cab for Cutie, teve a sua simplicidade acústica transposta para um pop de irresistível delicadeza marcado pelo lirismo do backing vocal que pontua brevemente a canção e pela meiguice dos teclados e xilofones que espocam por toda a música. Abrindo o disco, “Laura”, música dos californianos da banda Girls, e fechando-o, “True Love Will Find You in the End”, do compositor marginal Daniel Johnston, também ganharam banhos melódicos que, em ambos os casos, só fez bem as músicas: a primeira perdeu todo o ranço de banda indie da esquina e vestiu-se em scratches de disk jockey e teclados e sintetizações redondinhos, ganhando até direito a um gracejo do casal na letra da canção; a segunda teve o caráter embaçado de folk-rock-gravado-em-K7-Basf magneticamente apagado pelo beat pop saltitante e pelo ukelele e piano elétrico de acordes afetuosos da dupla.
Por uma contradição que so é possível no tempo das facilidades da hiperconectividade, o pop de ontem é o alternativo de hoje e, assim sendo, música como essa que a dupla fez seria em outras épocas muito mais popular por conta desta despretensiosa autenticidade que afasta qualquer menção à profundas – e infundadas – ambições artísticas, coisa tão em voga nos top-ten de MTVs e estações de rádio de hoje em dia. Mas não existe drama: essa mesma hiperconectividade é responsável por esse infindável mundo de opções que temos hoje pra nos salvar dos embustes pop que nos atacam sem piedade – porque, convenhamos, leituras histórico-sociológicas em videoclipe dirigido por uma diva fashionista é uma coisa difícil de engolir.

senha: seteventos

rapidshare.com/files/402996599/mates_-_crushes.zip.html

2 Comentários

Novo domínio: seteventos.com

new domain - seteventosdotcomHá praticamente cinco anos, quando procurei registrar este endereço, descobri um tanto chateado que o termo já havia sido registrado com a terminação .COM por uma empresa portuguesa da região de Seteventos (daí a razão do registro). Entre o .NET e .ORG, não me perguntem por qual razão, mas optei por este último – talvez por uma questão de estabelecer claramente uma diferenciação do registro já estabelecido e que já tinha indexação em mecanismos de buscas. Bem, qual não foi minha surpresa ao receber em meu e-mail uma mensagem de uma empresa de negociação de domínios que o seteventos.com estava à venda? Animei-me, mas logo já tratei de segurar a animação: como qualquer atravessador – lembram das aulas de geografia? – eles queriam cobrar os olhos da cara, o nariz e a boca pelo domínio. Recusei a oferta. Mas como não sou idiota, descobri que o domínio estava em leilão aberto e universo conspirou (risos à la Paulo Coelho) para que ele fosse meu pelo seu valor mínimo, como o de qualquer outro domínio .COM.
Então é isto: o seteventos passa a adotar o .COM como domínio principal, mas não se preocupem, ele também poderá ser acessado pelo clássico, já estabelecido .ORG. Vou manter o registro por uma questão de tradição e apego afetivo, afinal foi com ele que acabei criando a identidade do blog. Porém, ele servirá apenas para redirecionar para o seteventos.com e, portanto, o FEED RSS só funcionará sob o novo domínio. Deste modo, peço a todos que assinam o FEED do blog para que atualizem para a assinatura sob o novo registro, o seteventos.com, ali na barra lateral do blog ou pelo serviço de assinatura do seu próprio navegador. Deixo então avisado que o FEED RSS do domínio seteventos.org não estará mais funcionando e não receberá mais atualizações daqui em diante, embora você ainda possa continuar utilizando o domínio antigo para acessar o seteventos.com.

Aproveito para pedir desculpas pela lenta atualização do blog. Gostaria de fazê-lo com mais frequência, mas neste momento está um pouco difícil. Mas prometo resenha para este fim de semana, ok?

Abrações para todos e continuamos com a programação normal, mas em um novo bat-canal…seteventos.com!

Deixe um comentário

Menomena – Mines. [download: mp3]

Menomena - MinesOs três rapazes de Portland estão com disco novo na estante, e a primeira impressão, ao olhar a imagem da capa do disco, é que talvez eles não estejam tão estranhos quanto antes. A resposta é, sim e não. Observe bem a capa do disco. Ao invés da miríade de personagens e desenhos idiossincráticos do disco anterior – imagem de autoria do cartunista Craig Thompson que foi premiadíssima, diga-se – ou do rabisco simples e quase infantil do disco de estréia, o novo álbum é apresentado com a foto da escultura desmembrada de uma sereia em meio a verde mata de um parque. Não parece ousado diante do que foi anteriormente feito, mas a questão é que na sua apresentação física – vinil ou CD – a foto tem efeito tridimensional, como naqueles livros de figuras que fizeram tanto sucesso nos anos 90. Claro, isso não é nada novo, mas você normalmente veria tal efeito aplicado justamente em uma capa bem menos clássica e mais caótica graficamente, e não em uma simples foto. É um bom modo de resumir visualmente a música que vai ser entregue junto com esta imagem: estranha e ousada sim, mas que nunca deixa de ser rock para se perder em devaneios descabidos.
Contudo, isso não é novidade para todos que já conhecem a banda, pois estes sabem que o Menomena sempre foi assim. Mas estes também vão notar que o trio americano esta mais focado musicalmente nesta nova empreitada, iniciando o novo trabalho de um modo diferente do que usalmente o fez: ao contrário do que aconteceu nos dos dois discos anteriores, desta vez a banda faz a abertura com uma faixa mais contemplativa. “Queen Black Acid” tem bateria de batida pesada e consternada e guitarra, baixo e vocais melancólicos e amargurados. Nos versos, estampa-se o sofrimento de um homem que, como a Alice de Lewis Carroll, sente-se desnorteado ao perceber pouco a pouco o desinteresse amoroso de sua companheira. Mas a banda já pisa no acelerados na segunda faixa: em “TAOS”, de teor nitidamente sexual nos versos em que um homem diz lidar com uma fera quase incontrolável e insaciável dentro de si, a banda põe a serviço da melodia os loops instrumentais que são tão simbólicos em suas melodias, jogando doses fartas de uma bateria escandida ensandecidamente, guitarras de toques barulhentos e ásperos e saxofone e pianos em arranjos que pulam em segundos do mais harmônico para o mais viciado. Mais a frente no disco, “BOTE” segue em ritmo ainda mais disparado e entumescido: introduzida por bateria esmurrada em velocidade frenética, guitarras e baixos de riffs esquizofrênicos e arfantes e saxofones em vertentes caudalosas constroem a melodia que é provavelmente a mais intensa do disco, e talvez de todas compostas pela banda até aqui. Coroando essa preciosidade musical em que a banda compara a derrocada da soberba humana com a de um marinheiro que descobre que sua embarcação não é imbatível, Danny Seim não economiza na potência do seu vocal, concedendo uma interpretação poderosíssima que reduz a pó a maior parte das bandas do cenário atual do rock. “Lunchmeat”, que vem logo em seguida e traz o mundo tomado pela insurrência do sobrenatural, com sereias entoando cantos mortais e demônios surgindo na areia do deserto, é uma Menomena mais clássica neste novo álbum: em cima de uma intro sutilmente climática, a banda joga sem aviso um banjo desafinado e o sucede pela harmonia de um beat sem arestas da bateria e dos riffs de guitarra apenas para transformar o estranhemento inicial em pleno deleite sonoro. Fechando o disco com os vocais e pianos reflexivos e tristes de “INTIL” e seus versos que criticam o modo como as pessoas camuflam suas personalidades para sustentar relações afetivas, a banda mostra que não tem receio de seguir um trajeto mais tradicional melódica e liricamente – e que o faz tão sublimemente quanto quando salta sem receio ao imenso vale dos seus ímpetos criativos. É justamente por fazer uso dessa imensa capacidade de enveredar por diferentes tonalidades musicais sem se preocupar em soar indie e alternativo, o que retiraria grande parte da autenticidade das composições, mas por prazer, diversão e paixão que os rapazes garantem alma e calor genuínos ao seu rock, levando aqueles que os ouvem a tornarem-se vítimas voluntárias e felizes de seus desvarios musicais.

senha: seteventos.org

rapidshare.com/files/398379010/nomena_-_mines.zip

2 Comentários

“Eles Voltaram” (Les Revenants), de Robin Campillo. [download: filme]

Les RevenantsHabitantes de cidade francesa tem que lidar com o retorno de milhares de pessoas que estão entre as 70 milhões por todo o mundo que voltaram repentinamente à vida, todas mortas nos últimos 10 anos e, na sua maioria, idosos.
Embora trate do retorno de milhares de mortos e concentre a retratação do evento à uma cidade, como é tradição dos filmes de zumbis produzidos há tantos anos por Hollywood, o longa-metragem do diretor francês Robin Campillo tem pouca – ou nenhuma – semelhança com estes, afora o fato de utilizar-se de mortos-vivos.
Com direcionamente bem diverso dos filmes que abordam a temática, “Eles Voltaram”, afasta-se dos elementos clássicos do gênero, inclusive no que tange à atmosfera do filme. Enquanto estes tem como tônica o clima de horror pela exploração da violência cada vez mais gráfica, o diretor francês procura manter desde o início de seu longa-metragem a manutenção de uma atmosfera sutil e constante de suspense na história utilizando-se apenas de algumas inserções de uma trilha sonora soturna e, claro, também pela natureza extraordinária do evento que retrata. No roteiro criado em parceria com a roteirista Brigitte Tijou, ao invés de zumbis letárgicos (como nos filmes de George Romero) ou frenéticos (como na incursão de Danny Boyle e dos espanhóis Balagueró e Plaza pelo gênero) caçadores de carne e cérebro humanos, os falecidos do diretor francês acabam fazendo mais jus do que os seus antecessores ao termo “mortos-vivos”, uma vez que surgem de volta à realidade sem a autenticidade da identidade que tiveram em sua primeira existência: retornadas, estas pessoas mostram-se como cópias de si mesmas, do que foram, que só mantém uma rotina de comportamento recorrendo aos poucos registros na memória dos afazeres que mantinham enquanto “vivas”. E como as poucas manifestações afetivas são fruto deste mesmo artifício – ou seja, sentimentos reproduzidos – os “retornados” do filme francês são o que mais próximo se poderia imaginar de seres viventes sem uma “alma” – o que se percebe é que para eles tudo é indiferente, inclusive as emoções dos que estão a sua volta.
Isso só torna ainda mais conflituoso o outro lado do evento, bem explorado por Campillo: a reação dos ainda vivos, seja no plano pessoal ou da coletividade. No primeiro campo, as reações dos parentes e conhecidos ao ver, lidar e conviver novamente com os seus entes antes mortos vão da mais feliz expectativa pelo retorno à recepção mais fria, distante e receosa. A preocupação e frustração com o estado em que retornaram seus parentes e conhecidos, e consequentemente com o futuro destes é mais visível no último grupo, mas ela é subreptícia à todos, sem exceção, sendo apenas reprimida pela constante negação deste fato por aqueles que tentam convencer-se de não há nada de incomum com os “retornados” – e isso, como vai se descobrindo, é bastante inútil. Já no campo da coletividade, desde o seu início “Eles Voltaram” faz excelente retrato da situação que se já é insólita pela sua própria natureza, torna-se ainda mais quando encarada do ponto de vista pragmático de seu impacto sócio-econômico, uma vez que as famílias e a sociedade repentinamente deparam-se com a obrigação de readequar, readaptar e recolocar milhares de pessoas que não tem mais seu lugar no mundo e na vida dos seus familiares ao espaço que haviam deixado com suas mortes e que, na maior parte dos casos, espaço que já nem existe mais.
Toda essa preocupação acaba revelando às autoridades sinais de que há algo em comum e estranho no comportamento dos “retornados”, algo de natureza coletiva, mas a conduta aparentemente distante deles leva a sua relevância a ser desprezada. Esse é o momento que o filme começa a preparar a virada no final da história, e que paradoxalmente acaba não sendo. Como, no entanto, ficam pouco claras explicações e motivações para o evento final e resta apenas o óbvio como a sua razão, a resolução converte-se em algo um tanto frustrante e, por ser óbvia, também previsível. Porém, deve-se considerar que, dado o caráter da história, não restariam muitas opções – uma outra alternativa, talvez, fosse não dar qualquer resolução aos “retornados”. Assim sendo, fosse com uma ou com a outra, acabaríamos mesmo sem explicações e igualmente frustrados, apesar de que provavelmente este não era mesmo o objetivo do longa-metragem francês – ainda que fique a impressão contrária.
Porém, isso não desfaz os êxitos do longa, e que são certamente a sua razão de ser. A discreta ambientação soturna, que converte um meio urbano pacato em um local perceptivelmente obscuro, o clima sólido e sutil de suspense e o retrato simultâneo de desorientação de vidas em particular por dolorosamente redescobrir que o que foi perdido não volta e de toda uma sociedade pelo despreparo em lidar com uma situação inédita são suficientes para mostrar que Robin Campillo é um diretor a ser acompanhado. Apenas, talvez, tenha lhe faltado nesta sua estréia calibrar a sua propensão à sutileza e discrição com uma maior contundência no desenho das situações e personagens. Contudo, se ele preferir não encontrar este equilíbrio, suspeito que seu estilo será marcado pela mesma impassibilidade que seus zumbis demonstram tão bem dominar.

legendas (português): já acompanham o arquivo no link.
megaupload.com/?d=HQNDKGRM

1 comentário

Menomena – “Five Little Rooms” (single). [download: mp3]

Menomena - Five Little RoomsCom uma mensagem exibindo o conhecido humor fino da banda Menomena, Danny Seim soltou como aperitivo para os fãs uma das faixas do novo disco do grupo, Mines, a ser lançado no dia 27 do próximo mês. Para quem se esbalda com o estilo portentoso, cíclico e cheio de quebras e retrocessos harmônicos da banda, a faixa é o orgasmo sonoro em múltiplas camadas que todos sabiam estar por vir: sobre o pulso cadenciadíssimo da programação de bateria, acordes algo doces e tristes de piano e um sax-barítono cheio de gingado pontuam a canção dramaticamente enquanto estes e outros instrumentos tem suas sonoridades extendidas ao longo da melodia em loops e filtros que são uma das marcas musicais dos três rapazes de Portland. Se o disco seguir o clima desta deliciosa maldição viciante que gruda em playlist único e contínio nos ouvidos que é “Five Little Rooms”, os três rapazes de Portland, assim como fizeram ao lançar Friend and Foe, vão voltar a mostrar para a grande maioria do povo do rock indie, tanto bandas quanto apreciadores, quem não é todo mundo que consegue fazer algo inventivo e ousado sem chafurdar no pasmaceira ou na mais completa falta de foco melódico – porque não é por conta de você ser classificado como “indie” que você precisa parecer um zumbi com um pianinho ou baixo cantando anemicamente num microfone ou um demente insensato que passa longe de qualquer conceito de afinação e harmonia.

Baixe a faixa diretamente do site oficial – basta entrar com o endereço de email e o link para download será enviado prontamente.

Deixe um comentário

“Feliz Natal”, de Selton Mello. [download: filme]

Feliz NatalDepois de muito tempo sem ver a família, Caio chega em plena noite de Natal na casa do irmão de vida abastada, onde também encontram-se seus pais, que se separaram há muito tempo e não se suportam. Com sua visita, surgem velhos conflitos que há muito tempo ele e seus familiares não enfrentavam.
Apesar de muito conhecido pelo público pelo seu ótimo desempenho em papéis cômicos no cinema e na televisão e elogiado pelos críticos por conta de sua performance em obras dramáticas, a estréia do ator Selton Mello no comando do set de filmagem passou praticamente sem ser notada pelos cinemas e videolocadoras e, mesmo pela internet, poucos falaram sobre o filme. Os comentários neste meio mostram que “Feliz Natal” não chegou a estabelecer unanimidade de opinião, porém é certo que é mais fácil encontrar comentários menos favoráveis ao longa-metragem. Mas estas críticas, a meu ver, são oriundas de um equívoco, pois na verdade elas são resultado do estranhamento dos espectadores às opções artísticas e de estilo do diretor, consideravelmente diversas daquelas as quais grande parte do público vem sendo condicionado no cinema brasileiro dos últimos anos. Isso já se torna algo evidente ao se verificar que a escolha do elenco difere bastante da seleção comumente feita no novo cinema de massa brasileiro: o grupo é composto por figuras consideravelmente desconhecidas do público, por atores que não estão entre os nomes mais populares do país e por outros que já foram mais conhecidos, seja na televisão, teatro ou mesmo no cinema de grande escala – os que se enquadram nestes dois últimos perfis ganharam do diretor colocação em personagens cujas tonalidades são avessas ou desmontam aquelas que tradicionalmente vivem ou viveram, principalmente na televisão. A atitude tirou os atores da sua “zona de conforto” e incentivou performances que trafegam livremente entre o intimista e o visceral – caso da veterana Darlene Glória, que incorpora uma matrona carente e amargurada que passa o filme completamente encharcada em álcool.
No entanto, as críticas formuladas sobre o longa-metragem tem como origem e alvo principal a composição do seu roteiro e de sua montagem, ambos de co-autoria do diretor com Marcelo Sindicato e Marília Moraes, respectivamente. Comumente, os que não apreciaram o filme o tem taxado de extremamente arrastado e bastante pretensioso, percepção esta que, a bem da verdade, está correta – o que não procede é a qualificação de tais características como defeito, já que um dos grandes feitos do ator e diretor brasileiro reside justamente nestes elementos de seu filme. O roteiro, ao explorar a história de um filho pródigo que retorna momentaneamente à família e aos amigos, procura fazê-lo com uma abordagem mais universal e um olhar urbano, expondo assim os conflitos latentes, o constante remoer do passado para hastear a bandeira da felicidade perdida ou para apontar erros cometidos e a letargia do desagravo dos personagens com a situação de suas vidas apelando muito mais à emoção do que à palavra, o que leva muitos dos conflitos a não serem inteiramente expostos, residindo em grande parte no campo da emoção, seja ela explícita ou, em muitos casos, silenciosa e abafada. Por sua vez, a montagem, responsável por construir a narrativa em um andamento lento e por privilegiar a filmagem em enquadramentos estudados e cuidadosamente planejados e em closes e planos desfocados e deslocados, tem por objetivo reforçar o caráter de fragmentação de sentimentos injetado pelo roteiro, ampliando e aprofundando em camadas não-verbais a exposição destes, de dores e de traumas que os personagens procuram ocultar ou que não conseguem exprimir. É na conjugação do estilo destes dois elementos de composição do longa-metragem que nasce o caráter enormemente poético do filme, o qual deu vazão ao rotúlo de pretensioso. A questão é que, por si só, a pretensão não é sinônimo de defeito, a não ser que ela não corresponda as expectativas. Porém, esse não é o caso de “Feliz Natal”, pois Selton não pasteuriza referências estético-narrativas (consideradas pela maioria como adotadas da cineasta argentina Lucrécia Martel, mas que a meu ver tem muito de Luiz Fernando Carvalho, um pouco de Júlio Bressane e episódios de Krzysztof Kieslowski, já que há parentesco de sangue entre a sequência de epifania-delírio que conjuga e expõe a fragilidade de todos os personagens ao som de uma espécie de tango consternado em “Feliz Natal” e a sequência de mesmo tipo que fecha “A Liberdade é Azul” ao som de “Song For the Unification of Europe”, do brilhante Zbigniew Preisner), ele as assimila à composição do seu próprio estilo, sem dúvidas organizado sob esta sensorialidade do esfacelamento e fragmentação emocionais e sob um amargor obscuro e abstrato, este último bastante auxiliado pela excepcional fotografia de Lula Carvalho e pela trilha sonora irretocável de Plínio Profeta. É, portanto, um genuíno trabalho autoral. E, por afastar-se tanto da idéia de cinema nacional que vem sendo construída nos últimos anos e conquistou simpatia do público e da mídia com thrillers impactantes e violentos ou comédias ancoradas em argumentos batidos, quanto do clássico drama regionalista que chafurda as mazelas sociais brasileiras, e é por isso prontamente classificado como a verdadeira identidade do cinema do país, a estréia do diretor talvez seja a mais interessante dos últimos anos no Brasil, chegando com a promessa de reforçar o pequeno e menos popular time de diretores com aspirações outras na sétima arte do país. Fico, então, na torcida e aguardo de outros filmes destes e de novos diretores, pois a diversidade de estilos e olhares é que é a verdadeira identidade da cultura brasileira.

megaupload.com/?d=RFEAWZ1T

Deixe um comentário

The Watson Twins – Talking to You, Talking To Me. [download: mp3]

The Watson Twins - Talking to You, Talking To MeQuando espiei – bem superficialmente e sem muita atenção, confesso – o álbum que Jenny Lewis lançou em colaboração com as irmãs americanas Chandra e Leigh, a sonoridade escolhida não me despertou interesse por estar fortemente calcada na música country. Felizmente, porém, isso mudou sensivelmente no primeiro álbum lançado pelas garotas e, para minha surpresa, ao conferir o comentário do meu amigo via Twitter sobre o novo álbum da dupla, neste o estilo foi ainda mais destilado. Há uma ou outra faixa que ainda não escapou do domínio do country, caso da balada macia e “Tell Me Why”, com violões, bateria e piano conduzindo uma melodia meiga que é regida pelo vocal das duas irmãos afinado com o romantismo da música, mas a frequência sonora de Talking To You, Talking To Me invade mesmo é a fronteira do rock ao trazer composições onde o country só entra para inserir o principal tema do gênero – o amor – e para lançar vapores delicados nas melodias caprichadíssimas, algumas delas rescindindo uma sensualidade suave e discreta, apesar de que em “Midnight”, ainda que esta seja introduzida por uma soberba escalada sonora com o piano de acordes quentes e a bateria, seguindo com um orgão de longas notas lânguidas, guitarra de cadência pausada e lenta e vocais doces para compor uma melodia vagarosa e sexy, é a sequência mais vigorosa que fecha a música que acaba por conquistar o ouvinte: os instrumentos sustentam um longo gemer freemente que bem poderia servir de trilha para uma cena de sexo cheia de paixão com flashes de roupas sendo arrancadas e jogadas pelo ar. “Devil In You”, contudo, carrega um teor sensual bem mais sutil no compasso marcado pela bateria, baixo e guitarra de volteios cíclicos, piano dedilhado em toques breves e ocasionais e orgão que lança notas de um erotismo elegante.
A marca mais evidente das criações das irmãs gêmeas, porém, é a delicadeza. “Modern Man”, faixa que abre o disco com um rítmica mais puxada, é encoberta por essa feição equilibrada na bateria escandida em um trotar curto e ligeiro e em sua guitarra cujas notas reverberam discretamente por todo o arranjo, lançando um calor metálico na atmosfera da canção. “Brave One” também tem bateria veloz, mas a guitarra e os violões não ficam para trás, acompanhando os passos curtos porém rápidos da música base que é atravessada pela sintetização quase infantil que cintila pontuando a melodia. Por sua vez, “Harpeth River” tem a alma musical dividida entre o pulso sensual do orgão e da guitarra de arfantes notas ásperas e a agitação triste do arranjo mais espesso da bateria que acompanha o refrão. Já “Calling Out” não se divide em momento algum, calcando-se com segurança no gingado discreto da bateria e guitarra, colocando o orgão para fazer o papel coadjuvante numa melodia que parece ter sido encomendada para servir de fundo à troca de olhares entre duas pessoas em cantos opostos de um bar e separados por uma pista cheia de casais embalados pelo toques afrodisíacos da canção. Fechando o disco, as irmãs tingem a bateria, guitarra e violões de “U-N-Me” com um fluxo pop/rock cheio de energia e luminosidade, lançando suas vozes de modo decidido no refrão e nos vocais de fundo encantadores e botando pilha no piano e no pandeiro sem pele que vibram na rítmica efusiva da bateria.
Foi um bom negócio trocar as referências musicais após a colaboração com Jenny Lewis. O rock que produzido pelas irmãs Watson, que começou a ser injetado já no álbum anterior, trouxe frescor contemporâneo à sua música, flexibilizando suas potencialidades artísticas e ampliando o círculo de fãs e admiradores da dupla. E isso tudo sem comprometer a integridade do trabalho já feito, uma vez que a verdadeira essência musical das irmãs é a sonoridade delicada, e não a fidelidade à um gênero musical específico. Ao que parece, o country está perdendo duas belas representantes, mas o rock com certeza não se incomoda nem um pouco de lhes dar as boas-vindas.

P.S. – não deixe de ler também o texto que o Zé escreveu no seu blog sobre este álbum.

rapidshare.com/files/381255128/watson_-_talking.rar

senha: seteventos.org

1 comentário