Em uma típica fazenda, com todas as tipicidades possíveis há, no meio de um rebanho de ovelhas gordas e fofinhas, Shaun, a ovelha magricela. E para fazer jus ao ditado “a ovelha negra da família” – se bem que são todas brancas -, ele é o único do rebanho que acha aquela vida de ovelha deveras tediosa…e, portanto, sempre arranja alguma coisa pra promover um “agito”. No primeiro episódio da série, Shaun encontra um repolho que caiu da caminhonete do dono de sua fazenda – que parece ser um senhor bem modernoso, visto estar escutando música eletrônica enquanto dirige – e tem uma idéia brilhante pra esquentar um pouco um dia chato: futebol, claro. Enquanto disputa a partida com o rebanho e a ajuda do cão de guarda da fazenda, que toma as vezes de juiz, três porcos estão de olho no delicioso repolhinho…
Hilário e com personagens irresistíveis, a série de animação com a tradicional técnica do stop-motion com massa de modelar “Shaun The Sheep” conta com a qualidade irretocável dos produtores e do criador de “Wallace & Gromit” e do genial “A Fuga das Galinhas”.
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Enquanto no Oriente Médio uma base americana é atacada por um helicóptero que se transforma em um imenso robô desconhecido, o jovem americano Sam, depois de algum esforço e com a ajuda de seu pai, compra um velho e estranho carro esportivo. Na verdade o carro é outro destes estranhos robôs, designado para estabelecer contato com Sam para obter um artefato que está em sua posse e é o mote de uma guerra entre duas diferentes facções destes imensos robôs alienígenas: os Autobots, que tentam defender o universo – e a Terra – dos planos perigosos da outra facção, os Decepticons.
Michael Bay é um dos diretores mais desprezados pelos críticos de cinema americanos pela sua capacidade de conceber sequências de ação esquizofrênicas e pífias e seu tratamento muito além do superficial com todos os outros aspectos de um longa-metragem. Ao ser designado como diretor da versão live-action de “Transformers”, adorado desenho animado dos anos 80, os fãs destes personagens ficaram um tanto temerosos e os críticos vislumbraram um desastre eminente. E Michael Bay foi fiel à seu estilo e não decepcionou – no sentido de que as péssimas expectativas acabaram mesmo se concretizando.
O argumento e a trama do filme que acabaram sendo adotados foram concebidos graças a uma idéia básica do produtor executivo, Steven Spielberg: “tudo é sobre um garoto e seu carro”. Junte à esta “brilhante” abordagem a pretensão cômica rasa e o descaso de Michael Bay com tudo o que possa tornar seu longa mais denso e sério e a desgraça está feita. Como se um filme que se ocupa em seu roteiro em empilhar por duas horas e vinte minutos as aspirações adolescentes americanas mais cretinas já não fosse ruim o suficiente, ainda temos o elenco do longa-metragem, que consegue fazer com que os personagens já caricaturais e rasos se tornem uma afronta à qualquer noção de complexidade e inteligência da raça humana: o jovem protagonista irrita até quando está parado e não abre a boca, seu pretenso par romântico, a gostosa da escola que não entende porque se sente atraída pelos lindos e imbecis atletas estudantis (hã? sexo, talvez?), torna seus irreais conhecimentos de mecânica automotiva ainda menos intoleráveis do que sua presença, a hacker de plantão, loira e linda, dá tanto embasamento à sua artificialidade que é deixada de lado no meio do filme e a platéia sequer se dá conta disso, e o protagonista do núcleo militar da trama, o lindo loiro Josh Duhamel, torna ainda menos natural os seus inacreditáveis conhecimentos em anatomia bio-mecânica extraterrestre – não sabia que os militares americanos aprendiam esse tipo de coisa no seu treinamento…
Diante disso tudo só nos restam as máquinas, certo? Tirando-se o fato de que estes personagens foram concebidos pelos mesmos roteiristas responsáveis pelos protagonistas terráqueos, e dessa forma eles reproduzem nas maquinas uma parte razoável da estupidez dos personagens humanos, ainda há algo que se salvou, graças aos senhores detentores da engenharia digital. Ao contrário do que vem se tornando cada vez mais frequente no cinema, o tratamento digital utilizado no filme materializa como real algo que jamais poderia o ser: os Autobots e os Decepticons não apenas foram caracterizados em cada minucioso e ardiloso detalhe, tanto no que se refere ao menor movimento quanto nos mais engenhosos e elaborados, como também toda a interação destes personagens com o ambiente e com os atores torna-se altamente convincente desde o primeiro segundo de animação – os esforços em efeitos visuais mais impressionantes que já conferi no cinema americano em muitos anos.
Se tivesse lido o perfil do filme no Wikipedia, teria refletido melhor sobre a noção do perigo que eu estaria enfrentando e não teria ido ao cinema. O único feito de Bay, que foi tornar mais interessante a transposição visual das máquinas do que a existência da humanidade, não é forte o bastante pra evitar você se sentir um idiota por estar vendo aquilo. No fim, você acaba achando até compreensível o desejo dos Decepticons de aniquilar a humanidade – se eles fizessem isso com uma parte razoável dos cineastas americanos, seria até um favor.
Baixe o filme utilizando os links a seguir e tente uma das legendas disponíveis.
OBS: links funcionais mas não testados.
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legendas disponíveis (português) [via legendas.tv – necessário registro]:
http://www.legendas.tv/info.php?d=1a2a54e3431092ea0257d7ffc2d08e78&c=1
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http://www.legendas.tv/info.php?d=f5ed78f3c474fd0cffe46724ab5f644d&c=1
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De boas intenções o inferno está cheio, e de DJs/produtores que elencam vocalistas – muitas vezes mais de um ao mesmo tempo – para interpretar sua canções cheias de balanço o mundo da música está tão cheio quanto. Boa parte deles quer ganhar fama e popularidade trilhando o caminho dos representantes mais famosos do estilo, como Groove Armada e Nouvelle Vague, fazendo uma alquimia sonora com funk e hip hop ou pop e bossa, respectivamente. A verdade é que dificilmente dou atenção à qualquer uma dessas duas tendências predominantes – se não soam totalmente irritantes quando esses produtores derramam nas composições mais hip-hop/funk do que o bom senso permite, o incômodo acaba sendo outro (ainda que em muito menor grau), já que, de tão lugar-comum, essa vontade de soar “brasileiro” acaba como um negócio maçante.
Contudo, eu diria que normalmente os elementos menos famosos que fazem parte deste grupo se alimentam em outras fontes, como a música latina, trilhas sonoras da época mais glamourosa do cinema americano ou pop/rock com rajadas de soul mais nostálgico. É nesta última referência musical que se encaixa o Noonday Underground, formado pela dupla Simon Dine – o inevitável DJ – e Daisy Martey – a necessária vocalista. Confessando desconhecer a discografia anterior da dupla, posso afirmar que seu último lançamento, o disco On The Freedom Flotilla, merece uma espiada por conter algumas faixas com um groove delicioso. “You Keep Holding On” é uma, onde o vocal impetuoso de Daisy foi distanciado um pouco do primeiro plano, nivelando-o bastante com a melodia cheia de loops e pontuais orientalismos sonoros e com programação eletrônica que permite uns bons requebros de cinturinha. Em “She Knows” os loops se repetem em pulsos constantes e os samplers de cordas, que dão a partida e fecham a melodia, lhe conferem maior glamour. Isso difere sobremaneira de “Put You Back Together”, cujo sampler-base que sustenta a música, um riff ligeiro de baixo que soa pinçado de uma surf music aleatória, salta aos ouvidos nos primeiros segundos da melodia e segue apoiado por um loop de bateria igualmente acelerado e sacolejante – o que provavelmente inspirou a vocalista a segurar mais as notas, principalmente no refrão. Em “It’s Alright” eles resolveram pregar uma peça no ouvinte: ao invés de uma canção soturna e mórbida, como sugerem os primeiros acordes de um baixo de negrume arrepiante, o que surge na verdade é um 70’s pop cintilante e nostálgico que lembra muito as canções-tema mais clássicas de filmes de 007, e que só sofre interferência do sampler de metais rascantes que prepara o encerramento da melodia. Pra fechar o disco a dupla colocou “Gone Now Blues”, canção que injeta uma melodia com loops percussivos velozes e samplers de metais, guitarras e gaitas salpicados que criam uma esquizofrenia à moda do Beck Hansen mais clássico.
Afora um Portishead ou Gotan Project, este projetos compostos por Disc-Jockeys normalmente não conseguem subverter o instrumental com que lidam, samplers e loops resultantes da digestão de acordes e harmonias limitadas ou mesmo alheias, em composições suas – você escuta e geralmente acaba achando aquilo reciclado e até mesmo repetitivo. Isso reduz muito o impacto que estes artistas podem ter dentro daquilo que alguém possa listar como suas preferências. Porém, tendo isto em mente, não há problemas em apreciar audições esporádicas de grupos como Noonday Underground, com sua prolixia sonora esparramante e de coloração solar – e até mesmo se jogar dançando na sala de estar.
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Escreva um comentárioApesar de os eventos principais – os shows musicais – não terem exatamente sido o grande feito que o projeto Live Earth se propunha, já se pode comemorar sua existência por entregar ao público “Forlorn”, um dos sessenta curta-metragens que foram encomendados pela produção do projeto para serem exibidos no evento dos shows que tomaram parte em várias cidades do mundo. O vídeo de animação digital, dirigido por Chuen Hung Tsang e Chris Hawkes, é o curta-metragem mais brilhante e realmente tocante que já tive contato desde “Kiwi!”, de Dony Permedi. Neste vídeo, um homem vagueia sem rumo por uma cidade completamente destruída por uma catástrofe climática – um furacão – e que parece não conter outra viva alma além dele próprio. No seu contato com lares dizimados, objetos e destroços ele só encontra sofrimento, mas ainda alimenta esperança, mesmo que ela existe apenas para ele mesmo. Na sequência final do vídeo, de uma beleza inacreditável, ainda somo agraciados com uma trilha espetacular, uma composição para violino e violoncelo de encher os ouvidos e os olhos – de lágrimas – absolutamente obrigatório para qualquer visitante do blog!
Baixe o vídeo em versão de 48 MB neste link, em alta definição através deste link ou clique aqui para assistir ao vídeo no YouTube.
Demorei um bocado, mas não vou deixar de colocar aqui minhas impressões sobre essa primeira temporada da estréia mais comentada do ano passado. Depois de assistir a todos os episódios de “Heroes”, produzido pelo canal americano NBC, não há como discordar do fato de que esta é mesmo uma das séries mais divertidas e cativantes em toda a produção recente da televisão norte-americana: protagonistas que detém enorme simpatia e personagens secundários tão ou mais interessantes quanto, episódios com estrutura altamente folhetinesca, repletos de desfechos com ganchos e viradas que seguraram a tensão e o interesse pela trama e efeitos especiais bem feitos e planejados formaram a base do sucesso deste projeto. Sem dúvidas, muito disso se deve à algumas sacadas que viraram verdadeiros trunfos de “Heroes”. E primeiro deles é a empatia do personagem Hiro Nakamura, que centraliza a veia cômica e as sequências mais espontâneas dos episódios e, acidentalmente, alimentou especulações entre fãs devido sua imensa amizade com o sempre presente Ando Masahashi: alguns não perderam tempo e já trataram de imprimir, com malícia, a imensa semelhança com Batman & Robin. Apesar dos produtores “darem corda” a idéia de que os dois personagens possam, mesmo que inconscientemente, ser algo além de amigos, a meu ver eles formam muito mais uma dupla no estilo Sherlock & Watson, com sua simultânea cooperação, complementação e aprimoramento de idéias e comportamentos. Mas os protagonistas mais “sérios” tem também seus méritos em tornar sucesso o seriado. Peter Petrelli centraliza os atos mais impulsivos da trama, muito devido a sua personalidade persistente e seus poderes complexos. Outro exemplo é Claire Bennet, popularizada já no início pelo motto “salve a líder de torcida, salve o mundo”, angariando então boa parcela da simpatia dos fãs, em grande parte devido à seus dramas pessoais e sua conexão com os personagens cruciais da trama. Aliás, a interconexão entre os habitantes do universo de “Heroes”, bem como sua trama composta de um mistério de natureza conspirativa, bem em voga atualmente, é outro componente que alavancou a popularidade do seriado. Crucial também foi a vontade que o público tinha de ver um seriado que não se centrasse em um único herói ou “mutante” – ou que partisse deste ponto para então aumentar seu leque de heróis -, mas que tratasse, desde o seu início, de um conjunto de personagens com superpoderes. À esta vontade foi adicionada a curiosidade do público em conferir uma série cujos “super-heróis” são pessoas “comuns” que se deparam com sua situação extraordinária, personagens criados para esta série e que não pertencem ao mundo dos quadrinhos – mesmo que sejam insuspeitamente inspirados e referenciados neles.Todo este conjunto de idéias e criações bem formuladas, com produção e direção competente, resultou no sucesso da série.
No entanto, algumas coisas impediram (e provavelmente continuarão impedindo) a série de galgar degraus mais ambiciosos e ganhar relevância como artefato cultural. Sua natureza e essência, por si só, não lhe permitem uma consideração mais séria sobre sua importância, já que super-heróis, mutantes e afins pertencem ao que há de mais pop dentro da indústria cultural. Filmes e artefatos que se utilizam desta temática ficam sempre com a lacre de “diversão pura e assumida” bem à mostra, pois o conflito básico que guia suas tramas, a luta entre bem e mal, não consegue desvencilhar-se de sua necessidade de personagens e situações caricaturais e impede a existência de qualquer pretensão de maior profundidade – salvar o mundo do seu fim ou do perigo representado por um grande vilão, a constante valorização, implícita ou explícita, de valores como altruísmo, coragem e honra, a presença sempre necessária de um personagem que guia seus atos pela sua ingenuidade e bondade, todos esses elementos intrínsecos ao gênero são também os que lhe retiram um valor de “obra maior” por deixar um rastro razoável de superficialidade e simplismo. E por estes componentes serem figuras tão marcadas, semelhantes e visíveis em histórias desta natureza é que fica fácil para o espectador, a certa altura, desenhar antecipadamente o desfecho básico da história – além da própria constituição da narrativa de “Heroes”, com suas constantes intervenções diretas ou indiretas no futuro fictício e possível da trama.
Assim, “Heroes”, por ser o que é, sacramenta seus próprios limites e estaciona no patamar da previsibilidade, do qual, provavelmente, não vai sair – claro, sempre é possível sermos surpreendidos na temporada seguinte, que chega no dia 24 de Setembro. Porém, dentro destes mesmos limites, nesta primeira temporada, ela figurou entre as melhores pela consistência da relação entre o que ela se propôs e do que entregou ao público: entretenimento com planejamento cauteloso, produção luxuosa e conceito infalivelmente atraente e divertido – seria difícil fracassar com um seriado que soube agregar tudo o que público desejava há muito tempo contemplar.
Melissa Gaboriau Auf der Maur, a canadense que foi a baixista do Hole e “quebra-galho” do Smashing Pumpkins, chamou alguns parceiros para conceber o seu primeiro disco, batizado apenas pelo seu sobrenome de origem germânica. Nesta sua estréia solo, a garota mostra-se bem esforçada, ficando responsável pela criação da maior parte das faixas. Apesar de não ser um álbum espetecular, e possuir algumas faixas que não chamam tanta atenção, um bom número delas tem uma tecitura genuinamente rockeira e eletrizante. “Lightning is My Girl”, na qual uma garota faz confissões sobre um homem estranho que a seduz e alucina em seus sonhos, abre o disco e já apresenta e energia trepidante da malha de guitarras e baixos e da bateria que ecoa gloriosa, ambas potencializadas ainda mais por uma sinuosa sirene sintetizada na abertura. A faixa seguinte, “Followed the Waves”, sobre uma garota que pode “limpar a barra” do homem algo ordinário com quem terminou sua relação, é introduzida por uma vocalização intensamente emocional que é novamente apresentada, de forma ainda mais delirante, durante a melodia coberta de guitarras de riffs graves e agudos e bateria coordenada com a variação do vocal encorpado e sobreposto de Melissa. “Taste You”, com letras descaradamente eróticas sobre uma mulher desmedidamente imersa em sua volúpia, inicia com acordes curtos de guitarra e bateria densa e cadenciada que tem um gosto das “babinhas” rock que marcaram o início da década de 90, mantendo grande parte deste ranço principalmente no refrão de vocais uivantes. E a canção que fecha o disco, “I Need I Want I Will”, de versos que homenageam o poder da música ao tecer uma fictícia epopéia algo trash, tem uma sonoridade árabe mais folclórica em sua introdução breve, mas logo sobrepõe tudo com uma música de vocais múltiplos, alternados e sobrepostos entre declamação e canto, cujo embasamento são guitarras e bateria de andamento coordenado e cíclico, formando um conjunto melódico coeso e espesso. Apesar da predominância do rock mais volumoso, Melissa mostra em “Overpower Thee” faixa breve e simples, mas inegavelmente esplêndida com o piano de serena amargura, que é capaz de compor melodias de tonalidade leves, menos verborrágicas e frenéticas.
De atmosfera rock propositalmente over, esse debut de Auf Der Maur não está recheado de canções irresisitíveis, mas aquelas que o são fazem isso de forma intensa e delirante, derramando-se em luxúria, desejo, fúria e vigor musical que com certeza vão ser aprimorados em lançamentos posteriores – e não vai demorar para quer possamos conferir isto, pois Melissa já está em estúdio preparando seu segundo disco.
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1 ComentárioGiovanni, psicólogo que tem consultório em sua casa, vive uma vida pacata com seus dois filhos, Andrea e Irene, e sua esposa, Paola. Certo dia, seu filho é acusado de, na companhia de um outro amigo, ter roubado um artefato do museu de sua escola. Giovanni quer acreditar na inocência do filho, mas sente que ele pode ter realmente feito o roubo. Apesar disso, Giovanni lida com tranquilidade com a situação, e fica a espera de que o filho lhe conte a verdade, por bem e por confiança. Contudo, uma tragédia impede que isso aconteça.
Nani Moretti trata, neste filme, do sofrimento de uma família pela perda de um dos seus membros. Apesar de não parecer, a primeira vista, este é um tema difiícil de ser explorado: dependendo da abordagem da diretor, da concepção do roteiro sobre o tema e do estilo adotado pelos atores, o resultado pode ser um filme que descamba para o sentimentalismo mais fácil e ordinário, a pieguice mais insuportável e cafona. Para nossa sorte, este não é um destes casos: Nani Moretti, que é responsável não apenas pela direção, mas compôs o roteiro com a ajuda de Linda Ferri e Heidrun Schleef e ainda encarna o protagonista, consegue guiar o tema com delicadeza e cautela, explorando emoções genuínas e naturais nos seus personagens que nunca soam “over” – mesmo quando o sofrimento transborda nos personagens, em atitudes destemperadas mas inteiramente compreensíveis diante dos acontecimentos, ele sempre é crível e comedido, o que espelha diretamente a personalidade desta família tranquila, organizada, serena e cúmplice. Inteligente também é o olhar de Moretti sobre a dinâmica do comportamento das pessoas ao enfrentarem uma perda como esta: algumas pessoas podem se expressar melhor em confissões verbais de dor e agonia, outras só o conseguem fazer através de gestos gentis e sutis, outras ainda aliviam seu afobamento em momentos de rebelião e protesto – isso depende muito da natureza de cada pessoa e de seu estado, mas a comunicação e a exteriorização deste sofrimento, mostra ele, é o passo primeiro para lidar com isso.
O diretor italiano também consegue, sem a necessidade de extender a duração do filme, mostrar como as pessoas precisam, na impossibilidade de reestabelecer internamente o equilíbrio familiar, do contato de alguém externo à ela, que os lembre e os conforte na recordação de quem se foi, ajudando todos a selar este período dramático e a retomar suas vidas.
Contudo, o maior mérito do filme, a meu ver, é o modo perspicaz com que Moretti e seus colegas roteiristas desenham as consequências posteriores à um trauma familiar deste tipo: apesar de que, passado o período de luto e dor, muitas vezes, a vida segue adiante para os que ficaram, exatamente da maneira como era, em outras isso não é mais possível, e algo muda dali em diante – e, dentro desta família, agora com apenas três pessoas, esse é o modo do psícologo encarar a vida após a morte de alguém que tanto ama.
Como vocês poderão se dar o prazer de observar, “O Quarto do Filho” é um dos filmes mais tocantes e equilibrados ao lidar com o tema da morte dentro do seio familiar. Apesar dos depoimentos que tive sobre a qualidade do filme, não deixei de me surpreender com a beleza e o bom gosto com que o tema é tratado e com a condução confiante do cineasta. Provavelmente, este longa-metragem permanecerá insuperável como o momento mais brilhante de toda a carreira de Moretti, um filme que, com economia de recursos e tempo, consegue delinear com precisão a dificuldade humana em ter consciência plena de seu mais pesado fardo.
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legendas disponíveis (português):
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A banda é americana, de San Francisco, mas soa genuinamente inglesa como poucas. Scissors For Lefty, formada por rapazes de duas famílias diferentes, acaba de lançar seu disco de estréia há um mês e, coincidentemente, os garotos fazem um som que funciona mais ou menos da mesma forma que o Air Traffic: a banda “emula” um estilo já demarcado por outras personalidades do mundo da música – e trabalha muito bem ao fazer isso. Contudo, diferentemente do Air Traffic, a musicalidade desta banda denota uma jovialidade mais festiva e inconsequente – é por isso que, apesar da comparação com o Supergrass ter sido feita para os britânicos do Air Traffic, eu diria que isso tem muito mais a ver com estes americanos aqui. Fulgurando com esta agitação estão as faixas “Nickels & Dimers”, com riffs de guitarra pipocantes, esquizofrenismos vocais ao fundo, bateria complementar e programação ocasional e “Got Your Moments” que não tem qualquer vergonha e adiciona, além desta instrumentação já formada, as clássicas palminhas – que tem sempre o poder de deixar a harmonia ainda mais animada e caem bem em praticamente qualquer melodia “up”. Destaque absoluto destes momentos mais cheios de vivacidade são as confissões de estripulias inconsequentes e juras de mudança de comportamento em “Mama Your Boys Will Find A Home”, onde os arranjos das guitarras, bateria e piano estão particularmente dançantes e os vocais ganharam ar ainda mais sarcástico e displicente na companhia de suspiros e assobios, e também a busca pelo equilíbrio e ordem perdidos pelo fim de uma relação afetiva em “Next To Argyle”, cheia de notas musicais coloridas e farfalhantes no teclado e com guitarra e bateria de riffs de cadência curta e inquieta.
Em outras faixas as influências são bem distintas: “Ghetto Ways”, sua letra episódica sobre o flerte de um casal em uma pista de dança enquanto a polícia se prepara para invadir o clube, o teclado com samplers sutis de guitarra, bateria de volume moderado e completa lascividade nos vocais modificados eletronicamente não consegue disfarçar sua vontade de ser New Order; em “Lay Down Your Weapons” tanto o sarcarsmo ácido dos versos que afirmam que só muito bom humor faz você encarar o fim de uma longa relação amorosa, quanto a música, na qual escuta-se um teclado de toques doces e madrigais e guitarras que formam a base melódica e acordes faiscantes pontuais, há um gostinho saboroso de Life, o disco mais lúdico e folião dos suecos do The Cardigans; e a melodia agridoce do teclado, pandeiro e vocal de “Bring Us a Brick” não faria feio em um dos primeiros discos do conterrâneo Beck.
Underhanded Romance não é apenas um disco delicioso com melodias que ocupam a sua cabeça o dia inteiro: assim como o debut do Air Traffic, o disco de estréia do Scissors For Lefty veio para mostrar mais uma vez que é sim possível fazer música muito boa sem esmerar-se em querer parecer único e original. Isso nunca é difícil quando se faz música pelo gosto e pela diversão em fazê-la bebendo da fonte daqueles que você mais adora e admira – e é mesmo essa a impressão que fica ao escutar o trabalho destes rapazes de San Francisco. E vida longa à eles!
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Escreva um comentárioDurante as apresentações ao vivo de Björk em 2003, na consagrada turnê de divulgação da coletânea Greatest Hits e do box Family Tree, algumas músicas eram acompanhadas por vídeos feitos especialmente para serem projetados ao fundo, enquanto as canções eram cantadas. Todos os vídeos ficaram a cargo de Lynnfox, na verdade o pseudônimo coletivo de um trio de artistas visuais espetaculares, Patrick Chen, Bastian Glassner e Christian McKenzie. Um desses vídeos impressionantes, feito para a fabulosa canção “Unravel”, acabou sendo disponibilizado na web há algum tempo, e mostra a cantora recolhida em um recinto negro enquanto estranhos fios projetam-se de suas costas para produzir algo novo…ótimo para esquecer o equivocado e medonho vídeo mais recente de Björk, feito para a canção “Earth Intruders”.
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Talvez nenhuma banda que anunciou recentemente seu retorno tenha gerado tanta ansiedade no mundo musical quanto o Smashing Pumpkins. Entre os fãs, a esperança de ter toda a formação original não era algo tão palpável, mas o desejo, ainda que débil, de ver Billy Corgan, Jimmy Chamberlin, James Iha e D’arcy Wretzky juntos novamente era enorme. Porém, o desejo foi logo suplantado pela realidade que todos conheciam, já que pouco depois que Billy anunciou seus planos de remontar a banda tanto Iha quanto D’arcy declararam seu desinteresse de reavivar a banda. E Zeitgeist nasceu como fruto apenas de dois dos membros originais do grupo, já que para o lugar de Wretzky entrou a baixista Ginger Reyes e substituindo Iha na guitarra temos Jeff Schroeder. É bem verdade que no Smashing Pumpkins a maior parte de todo o material musical e lírico sempre foi produzido por Billy, mas tanto James quanto D’arcy tinham participação relevante em parte do que era composto. Agora, como foi o vocalista da banda que decidiu, sozinho, ressuscitá-la, é bem provável que tudo o que tenha sido produzido para o novo Smashing Pumpkins tenha sido fruto unicamente de seu trabalho – e, consequentemente, ficamos a mercê das arbitrariedades de Corgan, fruto de sua personalidade um tanto inflada e, agora, sem quaisquer amarras. O que temos, assim, é um album bem irregular. Nas músicas “Doomsday Clock”, com letras que comentam o quanto o fim do mundo fica insignificante para quem perecerá antes de sua chegada, “7 Shades Of Black”, onde Corgan exibe seu descontentamento com o fim de uma relação amorosa e “Starz”, com letras que voltam a exibir a poética um tanto abstrata que fez a fama do compositor, Corgan e sua nova-velha banda tentam, com o uso de bateria insaciavelmente esquizofrênica e múltiplas camadas de guitarra de andamento bem marcado e ligeiro, refazer a atmosfera fascinante dos primeiros discos, mas tanto em suas melodias quanto em suas letras eles nunca chegam a exibir o charme inigualável daquela musicalidade complexa que teve como responsáveis os integrantes clássicos – e as músicas chegam até mesmo a apresentar algumas falhas irritantes, como acontece no refrão bastante tolo de “Starz” e no vocal desta mesma faixa, que por vezes usurpa a melodia. Contudo o trabalho de Corgan consegue trazer algumas canções bem polidas e construídas, acertando ao se preocupar menos em soar como outrora e mais em se ater a compor uma sonoridade rock bem sólida. O single “Tarantula” é merecidamente a melhor faixa do álbum todo: exala um frescor rock puro e genuíno com a trabalho conjunto e irretocável entre vocal e instrumental básico do gênero – bateria, baixo e guitarra – que materializa deliciosos intros, riffs e solos espetaculares – é escutar e constatar que muito do que ficou registrado na história do rock como o seu melhor não precisou ir além disso. Mas além da faixa escolhida como primeiro single a banda consegue mostrar entrosamento também em “Bring The Light”, onde o guitarrista exibe sua proeza com riffs e um solo breve mas bastante denso e Chamberlin mostra sua performance excelente na bateria que contrasta andamento compassado e o esmurramento mais genuinamente rockeiro, e em cujas letras Billy confessa sentir imenso contentamento e prazer após viver um período de sombras e tristezas – isso me soa, obviamente, como uma celebração ao retorno de sua banda.
Apesar dos deslizes cometidos ao tentar reprisar a musicalidade primeira da banda, a nova formação do Smashing Pumpkins consegue se sair melhor ao retomar a sonoridade mais recente antes da crise que a sacudiu, aquela mais próxima aos dois discos que iniciaram a derradeira transformação de sua identidade – Adore e Machina. “That’s The Way (My Love Is)”, com versos simples em que o cantor declara sua confiança em quem ama, “For God And Country”, cuja única falha é a letra de viés político, que acaba soando simplista em sua cafonice beligerante, e “Neverlost”, sobre quando estamos perdidos e descobrimos que podemos encontrar um caminho para retomar novamente a caminhada, exibem sonoridades pop-rock mais harmoniosas, equilibradas e doces, deixando a impressão de que estas faixas bem poderiam ser colocadas ao lado das que integraram o disco lançado em 1998.
É sempre bom quando somos agraciados com a retomada da carreira de artistas que tanto adoramos, o problema é que quase sempre, junto com alguns integrantes das formações originais, fica para trás também boa parte do antigo vigor e criatividade. É por isso que Zeitgeist interessa, mas tudo fica impregnado com um certo amargor de incompletitude. Parece óbvio como eu vou terminar esse texto, mas é a mais pura e um tanto quanto dolorosa verdade: é bom, mas nunca vai ser a mesma coisa.
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Faixas bônus:
“Death From Above”:
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“Stellar”:
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“Zeitgeist”:
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