Jovem recém-formada e aspirante a jornalista disputa o emprego de segunda assistente da editora-chefe da mais influente revista de moda do mundo, apesar de ser abertamente desinteressada pelo mundo da moda. Mesmo sabendo disso, a editora-chefe, de personalidade egocêntrica e insensível quase intratável, a contrata. A agora jovem assistente vai enfrentar um mundo de obstáculos e contratempos por conta das exigências, muitas vezes absurdas, de sua chefe. O filme é baseado no romance parcialmente auto-biográfico da escritora Lauren Weisberger, já que ela trabalhou por anos como assistente da editora da revista Vogue americana. Sendo assim, muitos dos personagens – particularmente as duas protagonistas – são versões ficcionais de figuras reais.
Começo a resenha com uma pergunta por demais simples: é mesmo necessário dizer que Meryl Streep tem uma bela atuação no longa-metragem? Acho isso redundante, uma vez que a atriz americana raramente sai de um filme sem elogios. Por sua vez, Anne Hathaway, a jovem assistente Andrea Sachs, tem desempenho tranquilo como a sua personagem e consegue cativar a platéia com sua beleza delicada mas altiva. No entanto, o argumento do filme de David Frankel não prima pela originalidade: é mais uma estória de alguém superando desafios, convivendo com uma pessoa de personalidade difícil, passando a compreendê-la com a convivência, e que acaba atravessando um processo de auto-avaliação do que deseja para o seu futuro e de como vê a si própria – há uma pá de filmes que lidam com essa mesma linha argumentativa. Um segundo ponto relacionado à isto, e que acaba problematizando as chances dessa produção surpreender o expectador, é a variedade limitadíssima de conclusões da estória: ou o indivíduo se rende ao mercado, esquecendo o que antes almejava, e entra no grupo dos que sacrificam sua vida pessoal para manter o sucesso em um cargo altamente invejável ou a pessoa, ao final, joga tudo para o alto e volta a buscar e lutar por aquilo que sempre desejou. Tanto em uma possibilidade quanto na outra, o final do longa-metragem acaba caindo no lugar comum pela própria natureza da estória, que costuma limitar e evitar um epílogo de conteúdo excepcional e surpreendente. Porém, esses defeitos não chegam a fazer deste um longa-metragem ruim, eles apenas o impedem de se destacar entre os filmes do gênero. A produção caprichadíssima ajuda o filme: bela fotografia, trilha sonora bem escolhida, composta de canções pop/rock, elenco afinado, direção tranquila e, como não poderia deixar de ser, um figurino espetacular. Contudo, a personagem cativante construída por Hathaway e a composição novamente acertada de mais uma personagem de Streep é que levam o filme a frente, divertindo e segurando a platéia mesmo com uma estória já bem batidinha. É um passatempo divertido e descompromissado, que mostra o quanto bons atores podem ser, sozinhos, toda a razão de ser de uma produção. Assista sem muitas expectativas – as duas atrizes merecem isso.
seteventos Posts
No vídeo da canção “Strange Little Girl” vemos hora a menina que protagoniza o episódio da canção “’97 Bonnie and Clyde” e em outros momentos ela já crescida, interpretada por Tori Amos, que também aparece no vídeo como ela própria. O vídeo é meio confuso, mas é bonito, traz Tori lindíssima e consegue criar uma identidade visual que tem tudo a ver com a versão dela para a canção. Apesar de infelizmente não figurar entre os vídeos da compilação lançada pela cantora, assim como “Glory of the 80’s” também inexplicavelmente não aparece, é um curta interessante e o único representante da “era” StrangeLittleGirls, daí sua enorme importância para os fãs da fantástica cantora americana. Baixe já o vídeo pelo link a seguir:
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Leave a CommentDois policiais de Miami disfarçam-se como transportadores de drogas para entrar em um cartel internacional, com o objetivo de melhor atingir seus compradores em Miami. Contudo, os dois decidem por entrincherar-se ainda mais no grupo, com o objetivo de também tentar desmantelá-lo. Ao agirem desta forma, os dois acabam envolvendo-se perigosamente, colocando suas vidas e as daqueles que os cercam em perigo.
Não sou um fã do seriado original – nunca assisti sequer um capítulo deste que foi um dos seriados mais ícônicos dos anos 80 e possuo conhecimento puramente periférico. Sendo assim, estou impossibilitado de estabelecer qualquer comparação mais aprofundada entre ele e o longa-metragem, seu derivado.
Se o seriado primava pelo estilo e pela produção, construindo estórias envolventes e cheias de adrenalina mas apresentando personagens e situações caricatas e “clichéticas”, então o filme é bastante fiel à sua fonte de inspiração: policiais destemidos que ao se envolverem, sem hesitação, em um cartel poderosíssimo e extremamente perigoso, não demonstram temer, em momento algum, as consequências de tal relação; sexo algo videoclípico e glamourizado; uma cena de combate longa, arquitetada em cada mínimo detalhe. Tudo isso não perfaz, de modo algum, um longa-metragem original e supreendente, constituindo-se, na verdade, em uma abordagem já mais do que vista no cinema e TV. No entanto, apesar de ter montado um filme nada inovador, o diretor explora um pouco mais a fundo as situações e os seus personagens – mesmo sendo eles caricatos -, e suponho que ele tenha feito isso de maneira um pouco mais aprofundada do que algum episódio do seriado original normalmente o faria. Além disso, Michael Mann concebe seu filme de maneira competente, e não recheia o filme de cenas de ação – o que eu vejo como uma decisão acertada -, tentando apenas encobrir um roteiro frágil. Um dos pontos chaves do roteiro de um filme policial são os crimininosos, e estes estão bem representados no filme de Mann: o cartel apresentado no filme é bastante convincente e realista, pois atualiza criminosos que por ventura habitavam o seriado dos anos 80 para aqueles que infectam o século XXI – altamente globalizados, com conexões em diversos países do mundo e agindo de maneira organizada e com o apoio que a tecnologia atual dá à estes. Claro que a idéia de que dois policiais de Miami, com a ajuda de mais alguns colegas, organizando sozinhos uma operação internacional que tem a pretensão de desmantelar um grupo criminoso tão poderoso faz o realismo ficar um pouco mais distante, mas trata-se de uma adaptação do seriado “Miami Vice” – portanto, não havia como não fazê-lo desta forma. A decisão de produzir o filme em vídeo digital, incluindo cenas noturnas que apresentam imagem granulada, com algum ruído bem visível – ocasionado pelo aumento da sensibilidade na captação da imagem no escuro – também foi certeira, pois iajuda a incrementar o estilo do filme e compensa, na composição visual, o realismo perdido pela certa inverossimilhança da operação que é a base do roteiro, e que já citei logo acima.
Deste modo, o filme de Mann não se apresenta como um marco do gênero, mas é, acima de tudo, uma produção requintada que mistura algumas boas idéias de roteiro à outras na identidade estética do longa-metragem. Como filme policial, ele faz o que deve: diverte, explora bem a tensão do expectador e consegue mostrar um bom romance proibido – mas não vai além disso e, como já disse, nem sei se poderia mesmo ir, já que se trata da adaptação de um seriado que também não era muito diferente. E, como isso é Hollywood, mesmo depois de todo o carnaval, temos um final que, podemos ousar dizer, é feliz. E isso, definitivamente, não é nada realista.
PJ Harvey (redução de Polly Jean Harvey) é uma cantora e compositora britânica magnífica, e em cujas composições a artista costuma entregar-se completamente. Entre todos os seus discos lançados até o momento, sem dúvidas o idiossincrático Is This Desire? foi o disco no qual a cantora mais derramou-se em vocais e instrumentação. O álbum foi uma fuga repentina do rock seco e cru, com vocais entoados geralmente em tons graves, predominante nos disco anteriores, para algo bastante diverso: ruídos de sonoridade suja, produzidos eletronicamente, piano, baixo e guitarras distorcidas são a tônica melódica deste disco sombrio e repleto de fobias.
“Angelene” abre o álbum e faz parte das canções mais calmas e acústicas dele: um piano triste, guitarras e baixos em acompanhamento e bateria cadenciada constroem a moldura para o vocal largadamente rock de PJ Harvey, que canta sobre as falsas esperenças e as ilusões de uma vida menos degradante de uma garota de programa. “The Sky lit up” tem letras que celebram uma noite de atos irresponsáveis, ou simplesmente desplanejados e cuja sonoridade revela a primeira das canções em que foi construída uma melodia repleta de ruídos eletrônicos retalhados, com bateria sintetizada feita de samplers e loops cíclicos, tudo compondo um conjunto melódico esplêndido, de tons repressivos e negros. O vocal de PJ Harvey é intenso e repleto de curvas tonais de graves e agudos, particularmente no ápice final da canção. “The Wind” alterna declamações sussurradas e vocais agudos, sob harmonia primordialmente sintética composta por loops, baixo, guitarra e bateria de sutilezas soturnas e com alguma frugalidade dark pontual. A letra fala sobre uma dama de espírito e personalidade algo mediavel, cheia de ingenuidades românticas, tentando aplacar seu sofrimento e solidão afetiva isolando-se em uma colina a escutar o soprar do vento. Aprimorando ainda mais a temática dreprê-underground, “My Beautiful Leah” trata em seus versos curtos da busca de um homem pela sua amante desaparecida, ao que parece, há meses. A base é primordialmente sintetizada, toda construída com eletronismos sujos, batida repetitiva e pratos pontuais que intensificam o desespero custusamente controlado do eu lírico das letras. O vocal de PJ Harvey permanece a totalidade da canção em um tom baixo, inseguro e sofrido. “A Perfect Day Elise” conta, de modo episódico, o ato criminoso ocorrido no calor do desespero de um homem rejeitado – é uma das melhores que conheço em termos de rock, ao mesmo tempo intensamente poética e realista. A melodia é um primor punk-rock, composta de loops e samplers de cadência forte, ruídos sujos pontuais e vocais intensos, modificados por uma filtragem eletrônica, o que intensifica a atmosfera de romance fadado à fatalidade e à desgraça – se um dia eu dirigisse um longa-metragem, estejam certos que uma das opções para fundo do crédito de abertura seria esta música. Pra lá de melancólica e depressiva, “Catherine” narra o interminável lamentar de um homem que sofre por amor, na sua inconsolável dor de cotovelo. A melodia permanece o tempo todo na mesma toada, construída com uma programação de teclados minimalistas e com vocal diferenciado de PJ Harvey, sofrido e suplicante. Essa é mais canção que mostra a impressionante capacidade que a cantora compor vocais tão diversos de uma canção para a outra, parecendo mesmo outra pessoa a guiar as letras – e isso não é, de forma alguma, competência exclusiva de pós-produção da canção. “Electric Light” prossegue no tom dark-minimalista, explorando mais uma melodia de base eletro-acústica, com silenciosos ruídos sintetizados acompanhados por uma batida de cadência repetitiva e letras breves, mais de complacência amorosa. Em “The Garden” temos, ao que parece, a exploração episódica de um romance gay, já que os protagonistas da letra são dois personagens masculinos. Mesmo que a analogia de homossexuais com seres alados divinos seja, para mim, algo absolutamente cafona e de mal gosto, os versos são sofisticados e apresentam o episódio em conformidade com a temática do disco. A melodia utiliza um orgão sutil ao fundo, sob bateria e loops encorpados, bem como belos acordes dramáticos de piano que pontual com classe e melancolia a melodia de quando em quando. O título da próxima canção, “Joy” é de um sadismo e ironia absolutos, visto que as letras que exploram e falta de esperança de uma mulher e sua imobilidade diante das desgraças da vida são tudo, menos contentamento. A música completa o tom opressivo das letras, sendo quase que inteiramente construída em programação, com profusão de loops sujos, soturnos e macabros, e tendo como ápice o vocal desigual de PJ Harvey, que assemelha-se ao extertor de sofrimento de um condenado. “The River” é outra canção de desilusão e incompatibilidade afetiva, novamente apresentando belos versos de tonalidades poéticas – nada mais literário do que transpor ao ambiente que cerca os personagens a variação de seus emoções e a intensidade da sua dor. A melodia é lindíssima, baseada principalmente em um piano de acordes perfeitos, de andamento triste e arrependido, com bateria discreta e alguma sonoridade sintética ao fundo. “No Girl So Sweet” apresenta em sua temática mais um romance marginal, fadado mais a trazer dor do que alegria aos amantes, com músicalidade marcante, de loops intensos, bateria acústica forte e guitarras muito bem compostas, que complementam o tom gritante do vocal distorcido de PJ Harvey. Finalmente temos a faixa título do disco, que surpreende ao despir-se quase inteiramente do eletronismo e priorizar uma musicalidade mais simples e sensual, baseada em bateria, um baixo de acordes fantasticamente esparsos e vocal lento e preguiçoso da cantora. A letra fala sobre mais um casal refletindo sobre o estado de seu relacionamento desigual.
Apesar de Is this desire? flertar com ruídos e sonoridades compostas sinteticamente, o produto final tem mais alma rock do que se poderia imaginar. Isso é resultado de uma produção muito bem planejada, que priorizou a utilização de experimentações apenas dentro do exigido. De musicalidade sofisticada e temática que explora romances marginais despedaçados pela confusão e imaturidade emotiva de seus personagens e pelas fatalidades da vida, este é um dos melhores álbuns de rock que já tive a sorte de ouvir e se faz obrigatório para entender a trajetória desta artista complexa e inovadora que é a britânica PJ Harvey – mais do que obrigatório para fãs de música. Baixe já o disco utilizando o link e senha abaixo.
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Leave a CommentAtrasado estou com o The Boy deste mês, mas agradeçam ao Cisoto pelas fotos restritas, já que não tenho mais meios de obtê-las. Vinícius Naval é o nome do rapaz, e este é um moreno mais mignon do que é costumeiro entre os modelos escolhidos para posar para o site do Terra. Vinícius tem um rosto lindo, que no entanto funciona muito mais em seu enquadramento frontal do que de perfil, por conta do nariz adunco e dos lábios muito finos – e sabendo deste problema, o fotógrafo Cristiano Madureira se utiliza muito mais da fronte do que de poses em perfil. O corpo, como já disse, também não é dos mais esculpidos, mas é gostoso o bastante e tem boa dose de pelos negros conferindo uma beleza menos artificial ao peito e abdômen do rapaz. Nas fotos do ensaio aberto o rapaz funciona ainda melhor vestido do que quando esta apenas de sunga: adorei as fotos dele com jeitão de “mauricinho”, trajando camisa polo e calça jeans, bem à vontade, esparramado em uma cadeira de madeira. E mesmo vestido, a garoto consegue ser bem sexy, escancarando uma abertura pra lá de devassa de suas pernas enquanto esta recostado em uma varanda – muito, mas muito convidativo. Nas fotos do ensaio fechado, o fotógrafo soube intensificar muito bem aquilo que são os predicados do rapaz: as fotos em que ele está de dorso nú, usando apenas jeans, em pose frontal, ele está delicioso. Na ensaio que explora o nú do rapaz, souberam fazê-lo de forma delicada mas sensual, com o rapaz apresentando um semblante tranquilo e pacífico, deitado um uma cama impecavelmente branca. Finalmente, nas clássicas fotos de cueca – que nunca podem faltar – o rapaz trata de travestir-se de maior malícia, mostrando o que não se via há um bom tempo no site: um modelo que mostra saber muito bem como segurar, de forma libidinosa e irresistível, o volume dentro de sua cueca – eu, particularmente, adorei.
Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Vinícius Naval.
5 CommentsNa cerimônia de entrega do Prix Constantin a francesa Camille mostra porque suas apresentações ao vivo são tão elogiadas: com uma multidão de gente tão doida quanto ela no palco, Camille se diverte brincando com seu vocal na performance de “Les Ex” – uma das melhores canções do álbum Le sac des Filles -, acompanhada por todos os outros. Quem já ouviu qualquer coisa de Camille ao vivo já sabe que é muito difícil resistir imóvel à suas intepretações lúdicas ou repletas de plena emotividade. Delicioso para fãs ou qualquer pessoa inteligente o bastante para aventurar-se por algo maravilhosamente novo. Faça o download do vídeo utilizando o link abaixo.
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Leave a CommentE chegou o momento.
Aquele lugar tinha mais filas do que posto da Previdência Social: fila para ingresso tradicional, fila para ingresso online (eu ali), fila para VIPs, filinha para imprensa (eu, sinceramente, desconfio que há assim tanta gente de imprensa em Florianópolis para acompanhar esse show…). A fila dos ingressos online estava mais lenta do que procissão espanhola, então quando entrei de fato no recinto uma banda local já tinha se apresentando – foi sorte?
Bem, ao entrar ganhava-se um vale Campari Energy. Mas, o que vem a ser esta exótica bebida? Bem, vou tentar explicar com o mínimo de ironia possível, visto que já não bebo álcool nem fumo. Era assim: copo. Gelo. Metade do copo de Campari e metade de um Flash Drink, um energético qualquer. Fiquei decepcionado, se é que é possivel me decepcionar ainda mais com alguma bebida alcoólica. Então era só misturar Campari com uma coisa em latinha que eles abriam na hora? Tá bom, dispenso. Bebi o negócio intragável e segui para o espaço de show.
Depois de algumas atitudes necessárias que todos devem fazer quando chegam num lugar desses – evito comentar – me dirigi lá para frente. E consegui. Não fiquei encostado na grade, mas fiquei a coisa de um metro e meio dela. Na cara do palco, portanto. Uma vez lá, vi que se apresentava uma das bandas locais, tal de Samambaia. O vocalista, por sinal, me soava parecido com um cara que se julgava muito cool e que via no ônibus de vez em quando, há muitos anos, quando morava na periferia e onde morava até o ano passado. Meu irmão tratou de confirmar, mais tarde, que era ele mesmo. Nunca fui com a cara do dito cujo, mas, verdade seja dita, ele era a melhor coisa da banda – divertidíssimo ele. O cara não tinha vergonha nenhuma de ser um bobo no palco, requebrando-se, soltando a franga e fazendo caras e bocas, ironizando em sua performance a infundada pretensão que estas bandinhas costumam ter. Eu fiquei rindo o tempo todo. Refletindo que trata-se apenas de uma bandeca local, não há porque eles mesmos se levarem à sério, há? Foi isso que gostei neles, eles tem noção do que são, e, portanto, tratam apenas de se divertir no palco. Mas chega dessa nóia. Em seguida veio o tal de DellaMarck. Jesus abençoado, eu não consigo saber até agora se o vocalista era homem ou mulher – um homem ou mulher hediondo, diga-se. Eu não entendi uma sílaba sequer do que essa criatura cantou durante sua apresentação e, como comentou a garota simpatíca com quem eu fazia piadas o tempo todo, até o momento do Cardigans chegar no palco, era melhor mesmo não entender coisa alguma. E chega desses andróginos que juram pela mãe deles que são hardcore. Chegou o momento esperado? Que nada, Gang of Four tocou primeiro – saquinho. Eu não fazia idéia que se tratava de uma banda de dinossauros, mas era uma banda bacaninha, com energia e som legaizinhos. Fica aqui o registro que esses caras beberam na fonte do Talking Heads, ok? E quando o vocalista trouxe para o palco um taco de baseball e um microondas Sanyo 30 litroseu tive certexa disso. Para compor – bem na linha Talking Heads – o estilão “mamãe, somos indies”, ele fez parte do som da bateria esmurrando o microondas com o taco de baseball. E eu aqui em casa louco para ter um forninho 30 litros desse! Se ele não queria mais, porque ele não deu o item para quem estava precisando, heim? Judiação, ora vejam. Mas enfim, a banda era bacaninha – nada além de bacaninha – mas não fazia muito o estilo da maioria do público ali.
Então, SAIAM COADJUVANTES!!!!!
E começou a arrumação de praxe no palco. E não é que, de repente, aparece o
Mas, não levou muito tempo eeee a BANDA ENTROU!!!
Primeiro o Bengt, depois o Magnus, o Lars e o Peter, todos preparando o terreno com “In The Round” para, por último, a entrada da Nina!!
Aí todo mundo foi a loucura. A banda começou meio devagar, mas sentiu que tava todo mundo ali à espera deles, plena 3 horas da matina, e o público todo cantando certinho cada verso da música junto com a Nina. Aí, não teve jeito, a banda sentiu a energia do público e eles se animaram. Aí rolou uma emplogação tão grande que aconteceu de um tudo, inclusive a Ilha do Cascaes mostrando a qualidade paupérrima do material. Primeiro o Peter subiu na base do teclado e bateria para se animar lá com a Nina e o Lars e, na saída, caiu um tombo de costas no palco, tocando a guitarra e tudo. A Nina e o Lars se mataram de rir, mas o público deu apóio e fez que não era nada. Tadinho do Peter, ele é uma gracinha! Depois, a Nina, animada durante uma das músicas, socou o pedestal do microfone no chão e sentiu que aquilo não deu muito certo e disse para nós, sempre sorrindo: “This is not strong!”. Foi aí que, durante a música, um dos contra-regras (dá para chamar assim num show?) se ajoelhou aos pés da Nina e ficou consertando o estrago. Ela, fofíssima e pra lá de simpática, simplesmente abaixou uma das mãos e ficou acariciando a orelha dele!!! Que lindo!!! Todo mundo amou – e o contra-regra deve ter amado mais ainda, claro. Depois disso ela comentou que tinha conversado com ele naquele dia algo que eu não consegui entender o que era, por conta do barulho no momento. Por último, lá pela parte final do show, o Magnus sentou-se no chão e ficou tocando ali um pouco…quando ele levantou a Nina olhou para o público, apontou para o chão e disse: “Ladies and gentlemen, there is a hole on the stage!”. Todo mundo virou o cabeção para olhar, é óbvio. Mas a banda estava muito animada e feliz com a energia da apresentação, e não se incomodou com nada disso, levando todas essas adversidades com bom humor – inclusive quando a produção tratou logo de levar um tapume imenso para cobrir o buraco no palco!
Bem, eu até leve a câmera fotográfica da ex-namorada do meu irmão, mas como se trata de um modelo daqueles Sony P-72 que já podem ser considerados antiquésimos, aí, já viram né? Parece foto de estrela ou galáxia feita por um teléscopio. “Olha, é a Nina”. “Esse borrão aqui? Nunca!”. Fiz uns vídeos também, mas a qualidade é só ligerimente acima de 4 e meio. Dá para ver, por exemplo, o momento que o Magnus sentou – e esburacou o palco – e quando o Peter, logo depois, foi lá tapar o buraco com um pano – que amor ele!!!! Para quem quiser arriscar, aí estão eles, via YouTube para assisitir. O setlist segue antes – foi mais ou menos este, captado no Orkut, visto que minha euforia era tanta que não deu para lembrar a ordem exata. Mas deve ter sido isso mesmo.
1.In The Round
2.Rise and Shine
3.You’re the Storm
4.Little Black Cloud
5.Erase and Rewind
6.Hanging Round
7.Don’t Blame Your Daughter
8.For What it’s Worth
9.Live and Learn
10.Lovefool
11.Godspell
12.I Need Some Fine Wine
13.My Favourite Game
Bis:
14.Communication
httpv://www.youtube.com/watch?v=n-Hla-ESHzE
httpv://www.youtube.com/watch?v=Nmm15xQf3Jg
httpv://www.youtube.com/watch?v=taXDGsMTiLU
httpv://www.youtube.com/watch?v=HvahacAS9oY
httpv://www.youtube.com/watch?v=DeFwtkupWuw
Leave a CommentGran Turismo é um álbum bastante rítmico, mas sua essência é algo seca, fazendo o uso mínimo de acústica – há total ausência de orquestrações dessa ordem aqui -, ou mesmo transformando os intrumentos que tem esta sonoridade num som mais chapado. Isto não é, de forma alguma, uma crítica. A banda The Cardigans construíu no seu álbum de 1998 melodias sincopadas idiossincráticas: assim como o The Cranberries no seu álbum de estréia, difícil achar uma ourtra banda que tenha feito um disco com uma identidade tão própria como este quarto lançamento da banda sueca.
O disco abre com a maravilhosa “Paralyzed”, que em seus versos fantásticos descreve de maneira precisa como o amor é um sentimento que devassae e desestrutura a realidade de quem o atravessa – o verso “This is where your sanity gives in and love begins” é simples, mas absurdamente efetivo. A melodia é a outra faceta fantástica da canção: como na maior parte do disco, é concebida uma batida seca e fugaz, que mistura o sintético e o acústico, e obtem-se uma base sincopada irresistível. A guitarra aqui servem de fundo harmônico, mesmo em sua construção minimalisticamente distorcida, e são usadas para dar apóio ao vocal totalmente cool de Nina Persson. “Erase/Rewind” continua com bateria sincopada, mas traz as guitarras mais para frente na harmonia, além de alguns acordes de violões e teclados que agora fazem o papel de fundo que a guitarra fazia na faixa anterior. Como sinaliza o título, a música traz versos simples que falam sobre a mudança de planos sobre aquilo que afirmamos. “Explode” tem letras e vocais de melancólia e desesperança afetiva, apesar do companheirismo também confesso nelas. A música, em si, compõem-se em uma balada linda, com bateria desnudada de acústica me primeiro plano e novamente com as guitarras – pra lá de sonoramente metalizadas – compondo um acompanhamento da emotividade do vocal de Nina, particularmente no refrão. A próxima faixa, “Starter”, tem breve introdução de teclados nostálgicos e deixa mais visível a mistura de bateria acústica e eletrônica, trazendo as guitarras de riffs breves no refrão e acordes levemente esparsos no restante da melodia. As letras falam sobre como as ações do passado persistem em exercer sua influência e mostrar-se presentes mesmo quando decidimos deixar tudo para trás e ensaiar um recomeço. “Hanging Around”inicia-se com um ruído sintetizado mínimo, e logo mostra os acordes deliciosos da guitarra e apresenta a bateria bem composta e com som propositalmente abafado. Não faltam também frugalidades esparsas na percussão e nos teclados e baixos, onde tudo acaba se misturando – bem ao gosto da banda – na parte final da melodia. As letras tratam de como, as vezes, tentamos mas não conseguimos compor uma identidade e acompanhar quem amamos – um dos meus versos preferidos deste disco está nessa música: “I hang around for another round until something stops me”. Em seguida temos “Higher”, linda balada repleta de suaves vocais de fundo, que ajudam a montar o painel de tristezas amorosas e da tentativa de elevação das letras. A melódia da canção se baseia em instrumentação sutil, com guitarra e baixo de acordes leves e espaçosos, bateria minimalista e teclados de apoio. “Marvel Hill” tem versos simplísticos que falam sobre como sempre buscamos algo só para nos sentirmos insatisfeitos e desejar muito mais. A melodia é uma das mais idiossincráticas do disco, fazendo uso eventualmente estranho de melodias secas, metálicas e algo “sujas” da guitarra e dos teclados e com uma bateria eletrônica mais evidente sobre a acústica. “My Favourite Game” é o grande hit do disco, merecidamente: a música, que tem letras de fúria e revolta amorosa, tem melodia pop/rock irresistível, com um riff certeiro de guitarra que pontua a música, bateria acústica muito e bateria sintetizada que incorpa muito bem a sonoridade da canção – o ápice rock do álbum. “Do You Believe” tem apenas 8 versos, que questionam as crenças ingênuas do amor, mas é tremendamente deliciosa em cada um deles. Guitarra, baixo e bateria acústica/sintetizada encorpam a sonoridade cadenciada que introduz a música e surge toda vez que some o vocal de Nina Persson; um orgão ao fundo faz o acompanhamente das letras nos momentos mais tranquilos, quando a vocalista entoa os versos em tom de descrença. “Junk Of The Hearts” é mais uma balada linda da banda, onde violões dão o ar da sua graça para adoçar a melodia desta música algo melancólica – isso praticamente no fim do álbum -, acompanhando o bela trabalho da bateria, baixo e teclados, que ajudam a compor o cenário de tristeza, e que ganha força com riffs mais viçosos de guitarra no refrão. O vocal de Nina é triste e afetuoso, transmitindo com precisão o lamento afetivo que compõem as letras. Por último temo “Nil”, uma pequena peça instrumental concebida toda com o teclado, cuja melodia é calma e algo depressiva – é linda e, com certeza, renderia ainda mais com um vocal de Nina em tom baixo.
Com certeza, depois do sessentista Life e do pop/rock de First Band on the Moon, a banda inovou ainda mais o seu trabalho com esse álbum, jogando pela janela a indentidade que, à época, a crítica musical construia da banda, vista como um grupo de musicalidade composta basicamente por uma nostlagia pop festiva dos anos 60. É certo que mesmo os discos anteriores tratavam do sofrimento amoroso, mas em “Gran Turismo” a banda começa a fazê-lo com sinceride emocional, transmitindo nas melodias exatamente a dor que se encontra nas letras. O disco foi um marco no trabalho de composição da banda, influenciando definitivamente tudo o que seria feito posteriormente. É obrigatório para qualquer pessoa que queria conhecer, a fundo, esta fantástica banda sueca.
Sendo assim baixe o disco pelo link a seguir e utilize a senha para extrair os arquivos. Bom proveito!
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5 CommentsRose, tentando entender o que aflige seu filha adotada de seis anos, vai com ela para a única pista que tem da origem da criança, uma cidade chamada Silent Hill, há muitos anos abandonada por conta de uma catástrofe. Mesmo sabendo destes eventos, e contra a vontade de seu marido, Rose ruma para a cidade.
A tão aguardada adaptação do famoso e idolatrado jogo de horror da game house Konami é bastante fiel à criação original. A cidade tem a atmosfera bem próxima da que os fãs conhecem tão bem, graças ao trabalho de fotografia e cenografia de profissionais que já trabalharam com Gans e até com David Cronenberg; a trilha sonora, composta pelo mesmo Akira Yamaoka do jogo original e por Jeff Dana, foge bastante das trilhas típicas do gênero – mais baseadas em orquestrações de corda – e segue o espírito do jogo, sendo construída muito mais em cima de ruídos e sons sintetizados; as atuações são suficientemente competentes e o argumento adaptado da estória original do game foi bem bolado, já que mudanças eram necessárias na transposição de uma mídia – vídeo game – para outra – cinema que tem suas próprias particularidades e exigências argumentativas.
Porém, uma das principais críticas ao filme, feita pelo portal brasileiro A-Arca, tem o seu embasamento, ainda que eu considere-a apenas parcialmente. No texto do dito site, é comentado que o principal ponto negativo do filme é não despertar medo no expectador, o que seria um grande defeito da adaptação, visto que o filme é justamente baseado em um jogo que é considerado dos mais competentes em explorar e causar horror – o autor do texto chega a mesmo a citar uma comparação com a clássica série “Além da Imaginação” por conta disto. Como disse no início, eu concordo em parte. Explico: de fato, o filme não causa medo, mas compará-lo com o citado seriado não é adequado, visto que “Silent Hill” é um longa muito mais violento. Desta forma, eu concordo que o filme de Chistophe Gans não cause medo, mas acho que o diretor consegue explorar consideravelmente a tensão do expectador e causar mesmo horror em algumas sequências do filme. É um defeito, mas não chega a estragar o filme. A meu ver, há outros três defeitos muito maiores no filme. O primeiro deles é a ausência do famoso e espetacular tema musical do jogo, umas das características mais importantes da identidade de “Silent Hill” – é de causar pena em qualquer fã não ouvi-lo em nenhum momento do filme. O diretor e o compositor Yamaoka perderem, no mínimo, uma grande oportunidade de homenagear a criação original da Konami. O segundo defeito é a mudança de protagonista do enredo, no lugar de Harry Mason entra Rose Da Silva (que sobrenome pouco norte-americano, não?). O diretor e o roteirista Roger Avary chegaram mesmo a conceber a estória sem um papel paterno, mas devido à reclamação do estúdio, introduziram Christopher Da Silva no argumento. Entendo que a mudança tem suas vantagens na adaptação, uma vez que uma mãe conseguiria cativar mais o público com o seu desespero e emotividade em relação à situação de sua filha, bem como o fato de transformar a mãe na protagonista aproxima o filme da leva atual de filmes de terror de sucesso, baseado em estórias originalmente criadas no oriente. No entanto, aos olhos dos fãs – me incluo aí no grupo -, isso não vai deixar de ser, de alguma forma, uma heresia algo desnecessária. Um trabalho de roteiro e atuação bem compostos tornaria um protagonista masculino tão cativante quanto um feminino. O último dos três defeitos, sob o meu ponto de vista, é a conclusão da estória. Não vou aqui ser insensato o bastante para revelar o fim do filme, basta dizer que o fato de Silent Hill ainda persistir no destino de Rose e da menina Sharon – esta mesmo de maneira provavelmente irreversível – é desnecessário. Adotar o final clássico do game, mesmo pensando em uma posterior sequência, não faria mal algum.
Mas eu diria que, entre mortos e feridos, o filme ainda tem como resultado final o mérito de manter, na adaptação, toda a atmosfera do jogo – toda a composição visual é excelente. E, além disso, o roteirista e o diretor ousaram uma modificação considerável, tornando o filme ainda mais violento do que o jogo que, se eu bem me lembro – já que o joguei há muitos anos -, explora e causa horror sem usar muito a violência gráfica. E, definitivamente, a sequência final na igreja impressiona pela violência – é uma verdadeira orgia de sangue. Isto é uma característica que difere bem a estória e a composição do filme daquelas que compõem o jogo, mas eu acho que a mudança entrou bem no roteiro concebido para o filme – a Alessa do longa-metragem sofreu tanto no seu passado que merecia realizar aquela vingança diabólica, de fato.
Assim sendo, é evidente que alguns fãs vão reclamar depois de assistir ao “Silent Hill” de Christophe Gans, mas é preciso entender que simplesmente transformar o que é um jogo em um filme apresentaria um resultado final pouco convincente e profissional – na mudança de mídia é necessário conceberem-se algumas adaptações, sempre. E, mesmo com alguns defeitos que não passam despercebidos e algumas liberdades criativas, “Silent Hill” é uma boa adaptação de um game e, provavelmente, uma bela introdução para uma série cinematográfica. Ou alguém aí duvida de “Silent Hill 2”?
Trazida pelo Festival Campari Rock, a banda sueca The Cardigans se apresenta hoje na casa noturna Ilha do Cascaes, uma coisa perdida lá na puta que o pariu do norte de Florianópolis, quase afundando na beira do mar. O show inserido no festival é o que promove o último disco da banda, recebendo assim o nome de “Super Extra Tour”.
E eu? Estou pra lá de eufórico, claro! Qualquer coisa do Cardigans vale, mas se eles tocarem mais músicas dos três últimos discos, ou até algo de “A Camp”, eu caio morto e fulminado no chão!
Como já tivemos shows deste festival em outras cidades do Brasil esta semana, dizem que a segurança não está permitindo câmera fotográfica, tiranda a pilha da dita cuja. Para burlar isso, pilha no tênis e até na cueca tá rolando – ora, vejam aí a influência dos acontecimentos políticos na trangressão de regras, não?
Como eu não tenho câmera fotográfica, uso só as alheias, isto não faz muita diferença. Eu até queria ver se tirava uma fotinho com a banda, mas isso é quase remotamente impossível, eu imagino, dado o número de pessoas que desejaria o mesmo!
Porém, comentam também que a banda está sendo muito simpática, até entregando pessoalmente as baquetas da bateria para àqueles que levam cartazes pedindo isso – bacanérrimo!
Eu até pensaria seriamente em levar dois cartazes – um pedindo algo de “A Camp” e outro pedindo a foto. Vejam só:
Primeiro cartaz: “ELEPHANT” or “ALGEBRA”, pleaseeeee!!!!
Segundo cartaz: Can I take a picture with you, “Please, Sister” ????
Quem é fã de Cardigans entendeu a mensagem do segundo cartaz. Claro, se tiver umas camisetas bacanudas com versos de músicas da banda eu compro na hora. Se eu fizesse uma, com certeza ela teria este verso:
“Nerve-wrecking-acrobatic-backwards-bend”
Sem dúvidas, um dos meus versos preferidos em músicas.
Bem, é isso. A expectativa é pra lá de grande. Amanhã os posts de costume, além de um falando do show, é óbvio!