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Evangelista – Hello, Voyager. [download: mp3]

Evangelista - Hello, Voyager!Difícil saber o que levou a nova-iorquina Carla Bozulich a rebatizar o seu projeto, no seu segundo lançamento, com o nome do primeiro disco. Evangelista, o disco, é agora o nome da banda. Mas isso, pouco importa: as idéias partem mesmo é de sua mentora, Carla. E em Hello, Voyager, o arcabouço criativo da artista americana foca-se nos domínios do rock, mas dentro dele, apresenta-se com tonalidades bem variadas. Carla e sua banda, por exemplo, trazem no álbum duas faixas instrumentais, mas a atmosfera de ambas é bem diversa: enquanto “For the L’il Dudes” intriga com suas cordas assustadoramente soturnas, “The Frozen Dress” causa arrepios com o coro de murmúrios e lamentos vocais sobrepostos às guitarras que reverberam acordes graves e enrugados. Para algum ouvinte mais apressado, por sinal, a atmosfera algo esdrúxula de ambas as faixas poderia ser motivo para taxar a banda de experimental. No entanto, a impressão não corresponde à realidade da essência sonora deste trabalho da banda de Carla.
Ao meu ver, Evangelista preza por uma sonoridade mais crua, aquela que se atinge sem muita preparação, sem muito ensaio. A maior parte das canções soa como demos e outtakes de si próprias, frutos de improvisações imediatas. As duas faixas que abrem o disco são retratam isto muito bem: “Winds of St. Anne” não vai muito além de versos cantados ou vociferados, que soam tão distantes e distorcidos quando a orgia de acordes de guitarras e baixo que lhe formam o fundo, acompanhados de quando em quando por uma bateria de toques breves, ligeiros e soltos, e “Smooth Jazz”, apesar do nome, não tem nada de suave ou macio, muito menos de jazzistico – é sim um rock verborrágico e confuso, onde a bateria continuamente esmurrada em uma cadência marcial concede ares esquizofrênicos à faixa, sempre com a ajuda de guitarras e teclados que pontualmente sibilam um acorde agudo e distoante em meio à sua participação na melodia. “Truth Is Dark Like Outer Space”, apesar de fiel ao método improvisionista da banda, soa um tanto menos caótica e esparsa, prezando por uma maior compactação melódica que surge toda de uma vez só, depois de breves ruídos na introdução, lançada de sopetão aos ouvidos numa procissão sonora das guitarras, baixo, bateria e vocal que formam um todo quase indivisível.
Porém, todas as outras composições do álbum viram mero detalhe se comparadas àquela que é a verdadeira razão para se dispensar atenção à este disco: “Hello, Voyager!”, a última faixa, que dá nome ao álbum. A música, que totaliza pouco mais de 12 minutos, é introduzida pela instrumentação sôfrega e solta de guitarra, bateria, percussão e metais, encadeados em sequência melódica ondulada e pulsante, que logo ganha a sobreposição do vocal que alterna o tom recitado, messiânico e pregatório com outro mais cantado, dando partida com o verso “I never was who I seemed to be” à um momento melódico derivado deste, em que um orgão de inconcebível beleza chega para acompanhar a instrumentação restante, organizando uma espécie de sinfonia fúnebre na qual Carla explora os limites da emoção de seu vocal, com gritos dolorosos que convocam a afirmação do amor como salvação quando tudo parece estar perdido. Desse momento em diante, a canção explora uma profusão de acordes em todo o instrumental, gerando uma sonoridade caótica que é a síntese da dor e do desespero, recrudescendo de forma exponencial até pouco a pouco silenciar-se, restando no seu fim apenas um último verso, solitário, proferido por Carla Bozulich. Esta é, sem qualquer exagero uma das músicas mais poderosas e intensas que já ouvi em toda minha vida, que de quebra ainda serve para mostrar o quanto o termo “emotivo” foi banalizado pela mídia e pela crítica para designar a obra de artistas desprovidos de qualquer resquício de sentimento – e isso só já pode ser considerado como contribuição inestimável para mostrar o que é de fato rock com emoção, mesmo que da carreira de Carla Bozulich e seu Evangelista só seja lembrada esta canção.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

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Se preferir, baixe apenas a canção seminal do disco:
Evangelista – “Hello, Voyager!”

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“Quantum of Solace”, de Marc Forster. [download: filme]

Quantum of SolaceJames Bond tenta desvendar os segredos por trás da organização que chantageou Vesper Lynd e que, consequentemente, foi responsável por sua morte. Seguindo pistas, a primeira sendo no atentado por um agente do MI6 contra M, sua superior, Bond descobre que a organização tem mais influência do que supunha antes.
A nova fase de 007, inaugurada em “Cassino Royale”, ganha continuidade nesta sequência direta da estrelada pelo loiro britânico Daniel Craig. Sob as ordens de Marc Forster, diretor dos excelentes “A Última Ceia” e “Mais Estranho que a Ficção”, Bond continua protagonizando uma história cujo argumento-base é centrado em uma abordagem mais simples e pé no chão, radicalmente oposta aos elementos fantasiosos dos filmes anteriores, o que afeta sobremaneira o próprio perfil do personagem, que abandona a frivolidade em troca da tenacidade, a despeito de um comportamento mais violento, irascível e obssessivo – transformação, por sinal, dividida com a principal “bondgirl” deste novo filme.
Porém, a trinca de roteiristas, que também foi responsável por compor o argumento do primeiro filme, pisa feio na bola nesta segunda incursão do novo James Bond no cinema. Ao desenvolver no argumento elementos apenas sugeridos no primeiro filme, transformando os então terroristas de “Cassino Royale” em saqueadores disfarçados de ambientalistas corporativos em “Quantum of Solace”, os roteiristas, entre eles Paul Haggis, recorrem ao estereótipo estúpido formado pelos países desenvolvidos sobre os países em desenvolvimento, neste caso em particular, sobre a América do Sul: para o chamado primeiro mundo, a região não passa de seu playground particular onde consegue, quando e como quiser, com a ajuda de uma mala com um punhado de dólares, derrubar e nomear governantes, a rigor papel desempenhado por déspotas militares cruéis e interesseiros que se vendem, claro, por aquela mesma mala recheada com um punhado de dólares. A idéia, que abarca inclusive um país como o Brasil, é alimentada pela ilusão ridícula de que democracia é a deles, a dos outros não passa de um embuste republicano que encobre uma terra de bárbaros e barbaridades – uma imbecilidade que ecoa a noção que os romanos faziam dos povos que pouco a pouco subjugaram, sustentada pela ignorância atroz de tudo que lhes é estrangeiro. Como os roteiristas organizaram todo o argumento em cima desta idéia, o filme não apenas se põe a perder por ser mais um a alimentar este estereótipo, mas porque este mesmo estereótipo põe no chão aquela que era até então a maior qualidade desta nova fase de James Bond: o realismo. Apesar de não se apoiar em engenhocas dignas de um filme de ficção científica, por sua vez criadas e manipuladas por vilões idiossincráticos, carnavalescos e quase infantis, a idéia que se faz da extensão dos poderes e da influência dos vilões e de suas corporações em “Quantum of Solace” equivale à fantasia farsesca da fase anterior do agente britânico – a abordagem é outra, o resultado final difere, mas tudo acaba chafurdando na mesma inverossimilhança dos anteriores. Era realmente pedir demais que uma das franquias mais tradicionalmente pop do cinema sustentasse a qualidade e equilíbrio por mais de um filme – a julgar pelo belo tropeço que já foi dado apenas na segunda aventura do novo James Bond, o tombo na vala comum das mega-produções do cinema comercial está mais próximo do que se pode imaginar…e isso porque estou sendo gentil o suficiente em considerar “Quantum of Solace” como apenas um tropeço.
Baixe o filme utilizando os links a seguir e a legenda proposta.

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The Boy Dezembro / 2008: todo Bernardo Velasco [fotos]

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Aleluia, meu senhor! Quando as esperanças estavam se desmanchando, sendo levadas por um dilúvio de modelos no mínimo muito sem tempero, os anjos disseram “amém” ao nosso clamor por um gatinho que nos arrebatasse pra salvar esse ano xoxo que foi o do The Boy. Tá certo que a providência divina nos ignorou quase o ano inteiro, entre uma ou outra tentativa morna, algumas que quase chegaram lá, mas antes tarde do que nunca, não? E como água mole em pedra dura no meu pau ninguém segura, foi no epílogo desse longa-metragem que fomos presenteados com a beleza alucinante do carioca Bernardo Velasco, de tenros 22 aninhos, pra fechar o ano de 2008 – e só não digo que fecha com chave de ouro porque, pra mim, ele é a única coisa que me deixou realmente extasiado nestes últimos 12 meses de ensaios.
Permitam-me declarar as qualidades que enxergo no rapaz: corpo malhado na medida certa, olhos escuros penetrantes, sorriso mais poderoso do que os lasers da USS Enterprise, uma pelugem amena cobrindo os músculos do peito e abdômen, pele de uma brancura uniforme tentadora, boca saborosa, cabelo curto e escuro daqueles que dá vontade de afagar, acariciar e puxar, uma barba por fazer delicadíssima, dessas que faz o homem parecer mais homem ainda e, não posso deixar de comentar, um volume com um relevo muito harmonioso, pra não dizer sobressalente, no meio das pernas. Ou seja, meus amigos internautas do seteventos.org, fomos enfim presenteados com um moreno de gelar a espinha e parar até ciclone subtropical. Eu fiquei tão cheio de tesão por esse rapaz que até o nome dele me soa sexy e másculo. Eita. Se eu prolongar muito isso vou ter de tomar uma ducha fria pra esfriar…os…ânimos.
Mas pra não descaracterizar a minha chatisse já patenteada® e registrada™, anotem aí uma reclamação. Como, mas me respondam como, fotografando um modelo com uma beleza desta envergadura, com uma sensualidade borbulhante visível até para uma lésbica de carteirinha com registro no sindicato, o senhor Marcio Del Nero consegue queimar a sessão de fotos fechadas para assinantes com uns retratos descuidados, desfocados e borrados, com péssimo uso de luzes, com enquadramento enfadonho, tirados enquanto o rapaz se enxuga com uma toalha? Ele achou o que? Que era um paparazzo fazendo stalking de um garotão qualquer ou que estava fazendo umas fotinhos caseiras, no pior estilo “Janela Indiscreta”, pra coleção particular dele? As duas partes restantes do ensaio fechado, uma com o rapaz nú na piscina e outra com ele se exibindo em um quarto, apesar de um pouco melhores do que a primeira, não demonstram nem de longe o aproveitamento que poderia ter tido a beleza do rapaz clicada por um fotógrafo com um olhar mais perspicaz para capturar a sensualidade latente, notória e evidente até para o finado Jece Valadão – sem falar na miséria que é o numero de fotos do ensaio fechado. Senhor Márcio Del Nero: quero lhe informar que você é o feliz ganhador do prêmio “empata-foda” do ano por ter estragado, com tanta competência, três sessões de fotos que estavam entregues de mão beijada, perfumada e amaciada com creme para as mãos Natura Ekos. Ponto pra você – negativo, é claro.
No entanto, apesar desse revés, nem 10 mil Márcio Del Neros conseguiriam estragar completamente um ensaio com esse monumento turístico que é Bernardo Velasco – destaque para as fotinhos com boné, fazendo a linha “me pega que sou guri”, para a clássica sessão do banho de mangueira, com o menino molhadinho pra fazer as mãos bobas escorregarem melhor para as áreas estratégicas e, claro, para a famosa sessão com a incansável sunga Adidas, onde se retratou o auge da perfeição irretocável de seu rosto e corpo. Por isso, dando uma de Jesus, em verdade, vos digo: não fiquem aí babandinho. Corram para o álbum do blog e catem já as fotos do último modelo deste ano do The Boy. E não esqueçam de comentar o ensaio – estou curioso pra saber se é delírio meu ou esse homem realmente é de fazer qualquer um atingir o nirvana.

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Bernardo Velasco.

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“Helvetica”, de Gary Hustwit. [download: filme]

HelveticaApesar de as chances de que alguém esteja se perguntando, “mas que porra é essa de Helvetica?” sejam muito maiores, eu garanto que para alguns que já lidaram em algum momento com design a pergunta deve estar sendo “é isso mesmo que eu li?”. Sim, é isso. “Helvetica” é mesmo um documentário sobre uma das fontes tipógraficas mais famosas do design gráfico mundial.
A princípio, pode-se pensar ser uma tarefa hercúlea transformar a história de uma fonte, possivelmente repleta de aspectos técnicos maçantes, em um documentário de 80 minutos. Contudo o filme de Hustwit não se propõe a fazer tão simplesmente isto. Além de fazer utilização cautelosa e parcimoniosa de detalhes técnicos meticulosos, Gary Hustwit ocupa muito pouco tempo de “Helvetica” com a gênese da fonte. Na verdade, o documentário tem como seu principal objetivo esclarecer a influência da Helvetica na renovação instaurada no mundo do design da última metade do século passado, bem como ilustrar o papel que a fonte desempenhou na construção da identidade de muitas corporações durante o mesmo período. Para tanto, o filme conta com entrevistas de renomados profissionais do mundo do design e da tipografia, e são estas entrevistas que acabam se tornando o grande atrativo do filme pelo conteúdo de algumas declarações dadas nos depoimentos: não apenas descobrimos que a Helvetica é a fonte mais amada e odiada do mundo, já que há aqueles que repudiam justamente uma das suas características mais celebradas, a simplicidade de suas fundações, como também nos é revelado que alguns designers e tipógrafos acreditam que o uso ostensivo da Helvetica na imagem corporativa, devido a clareza e solidez de seus traços, foi uma das forças motrizes na ascensão do capitalismo e, claro, da globalização. Tá certo que essa teoria soa um bocado forçada e quandriloquente, mas é exatamente a importância que o documentário e seus “documentados” dão à protagonista do longa-metragem, quer seja ela mais ou menos coerente, que faz do filme entretenimento descompromissado de primeira.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

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“Alice”, de Marco Martins. [download: filme]

AliceAtor português segue rotina diária desde o desaparecimento de Alice, sua filha de 4 anos de idade, há pouco mais de 6 meses: todos os dias ele refaz o mesmo itinerário e afazeres daquele em que sua filha sumiu, além de distribuir panfletos e reabastecer as câmeras de vídeo que espalhou por alguns pontos da cidade com o intuito de registrar o movimento nas suas principais vias, nutrindo a esperança de encontrar alguma pista de Alice registrada nos vídeos que assiste todas as noites.
O mérito de “Alice” é a materialização, principalmente durante a sua primeira meia-hora, de um estado de desespero resignado diante de uma realidade contra a qual muito pouco pode ser feito. A sequência que abre o longa-metragem, onde Mário espalha panfletos debaixo de chuva, em meio ao trânsito caótico de Lisboa, afixando-os em pará-brisas de carros, inserindo-os em caixas de correio ou distribuindo-os em meio ao vai-e-vem de pessoas nas ruas ou em estações de “comboios” é a que melhor “cristaliza” este estado: a luta inglória de seu drama pessoal contra o oceano de todos os outros dramas individuais da qual é feita toda metrópole, e na qual Mário mergulha diariamente, torna bastante tátil a sua dor, e por isso mesmo um tanto quanto compreensível que ele não desista de alimentar a ilusão de que suas ações surtirão algum efeito. A fotografia que alia palidez e escuridão concede seu auxílio solidificando estas sensações em uma atmosfera urbana fria e impessoal, enquanto o elenco bem coordenado – incluindo aí o belo ator Nuno Lopes, conhecido aqui no Brasil pela sua participação na tv – atinge a medida exata de suas atuações para auxiliar o diretor, que também é autor do roteiro, em evitar a exploração do sentimentalismo fácil, no que ele obteve sucesso com um roteiro que desvia de quaisquer pieguices tentadoras.
Contudo, por mais sucesso que tenha sido obtido neste trabalho de tornar palpável uma dor cujo amargor da incerteza seja talvez até mais forte do que a da perda, não há densidade e relevância suficiente nisso para suplantar duas outras características deste filme, cuja intensidade joga seus méritos na penumbra. A primeira é o fato de que uma história como esta, escrita e conduzida com a verossilhança sempre em vista, não tem muito como surpreender quanto ao rumos que vai tomar e quanto ao seu derradeiro epílogo; a segunda é a lentidão narrativa, tão característica do cinema português, e que faz diluir pouco a pouco a força de seus trinta minutos iniciais, cada vez mais distante a medida que o filme avança mais e mais para seu fim. Assim unidos, estes dois atributos, que começam a agir a partir do momento que se encerra a sequência mais relevante, enterram todo o esforço de criar um ponto de partida interessante para o longa-metragem, substituindo-a por uma narrativa que se arrasta para a previsibilidade. Do início promissor arquitetado pelo diretor Marco Martins, o único elemento que ainda desempenha protagonismo é a abordagem realista, que dá a história o encerramento inevitável – todo o restante, assim como a pequena e frágil Alice, deixa a sensação de ter desaparecido no ar sem que reste qualquer vestígio de existência.
Baixe o filme utilizando os links a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

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The Boy / Novembro 2008: todo Lucas Resende [fotos]

lucas-resende-theboy-homens

No mês passado, quando vi que Barack Obama, disfarçado com o pseudônimo igualmente estranho de Nido Barroso, tinha sido contratado para o ensaio de outubro do The Boy, corri para o GarotoPop, o qual ando espiandinho desde que vi uns dois modelos bem jeitosinhos posando em dois meses seguidos por lá. Porém, eles conseguiram superar o desastre do Terra com louvor: o modelo do mês de outubro que pintou por lá só pode ser cantor de música brega. Não acredita? Então confere só que “séquissi” é o rapaz fazendo biquinho – mas, fica o aviso: arme-se de alho, água benta e crucifixo antes de clicar no link.
Pra resumir: vontade de escrever alguma coisa sobre o ensaio de outubro não havia. Só restava esperar o mês de novembro. E ele chegou.
Lucas Resende é o clicado deste mês. E o que dizer do rapaz? Pra mim ele é o homem do ÃO: bocão, narigão, maxilarzão, queixão, carão, cabelão, altão, troncudão. Desse jeito, ele bem que podia ser garoto-propaganda da mais recente campanha do Estadão, o jornal que pensa ÃO. Mas, na verdade, ele serve mais é pra estampar editorial de revista de fitness…ou panfleto de serviço de acompanhantes – é que as vezes eles usam o mesmo modelo pra ambas as coisas…ou o “modelo” faz jornada dupla, enfim. Fato é que, fora uma pose ou outra, o rapaz me parece um tanto quanto…mandrongão – eu sei, eu não consigo fugir do ÃO. Pior é quando você vê que, inspirado na viagem dos sonhos do rapaz – Texas – e no seu grande projeto de vida – ser cantor -, Didio, o fotógrafo do todo-poderoso do The Boy teve a idéia fabulosa de colocá-lo em cena como…cowboy. O problema em si não é o cowboy – isso até dá uma arejada nos nerds e surfistas que eles tanto adoram vestir os modelos -, mas o fato de que Lucas Resende, vestido assim, fica parecendo cantor de dupla sertaneja, e das piores. Mas como tem quem goste disso – valha-me deus! -, e porque o rapaz não é de todo ruim, disponibilizo abaixo o link para o ensaio deste mês do The Boy.

Clique neste link para conferir todo o ensaio do site The Boy com o modelo Lucas Resende.

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Jenny Lewis – Acid Tongue. [download: mp3]

Jenny Lewis - Acid TongueNo seu primeiro álbum solo, Jenny Lewis, vocalista da banda Rilo Kiley, juntou forças com as gêmeas Watson para produzir canções de forte apelo country. Seu segundo disco, agora sem a companhia das duas garotas, guarda ainda algumas reminescências da primeira investida, onde o gênero marca presença de dois modos distintos. Vestindo os trajes mais tradicionais do country, “See Fernando” monta no ritmo puxado das guitarras, bateria e violão densos e ligeiros, enquanto “Carpetbaggers” investe mais no trotejar alinhado da guitarra, do violão e do vocal de Jenny e do convidado Elvis Costello, o que só torna mais evidente o gingado típico do gênero. Em uma roupagem bem mais caótica, costurando 9 minutos de uma verdadeira miscelânea de gêneros, “Next Messiah” transforma a toada country, com ritmo montado em cima da bateria e vocal de fluxo curto e fechado, em um swing rock sutilmente dançante, dando liberdade à guitarra e bateria em um solo denso, que então é interrompido e subvertido em uma melodia com ares de malemolente ginga blues-rock para finalmente fechar a canção com a rítmica do refrão que iniciou a melodia.
Mas apesar da presença insistente do country, o espírito de Acid Tongue é predominantemente rock, com o sabor sofisticado de sua vertente mais alternativa. Nas faixas que trilham os caminhos do gênero, ganha imenso destaque no vocal da cantora a sua feição mais doce e um tanto etérea, deixando os ouvidos suspensos em uma espécie de utopia sonora. “Black Sand” e “Bad Man’s World” trazem esta sensação, que unidas as melodias construídas pelo conjunto piano, baixo e bateria, e pelas intervenções pontuais de violino e violoncelo, soam como canções menos telúricas de Kate Bush. Por sua vez, “Pretty Bird” é pavimentada com o dedilhar sutil de um violão, enquanto a bateria dá o andamento para que Matt Ward vaporize sua guitarra em harmonias por vezes quase idílicas, em outras mais sensuais e ferinas. Dentre as baladas, duas se destacam: “Godspeed”, composta por uma melodia bem talhada, nos toques ao mesmo tempo delicados e sólidos de piano e bateria, e por uma letra de belos versos que ilustram apoio à uma mulher que sofre abusos de seu companheiro e “Sing a Song for Them”, que apoia sua base em um baixo e guitarra cujos acordes se contrastam em tonalidade mas se complementam em ritmo, sedimentando a melodia para que seja encorpada por uma guitarra mais áspera e arranjo de cordas espesso.
Apesar de que eu nutra muito mais interesse pelo rock do que pelo country, Jenny consegue despertar interesse até mesmo nas suas incursões neste último, retirando boa parte do seu caráter brega e antiquado. É por isso que Acid Tongue comprova bem a versatilidade de Jenny Lewis, possível pelo seu talento e pela beleza e flexibilidade de seu vocal, tornando genuínas as performances da artista em ambos os gêneros que o disco aborda. Apesar disso, ainda preferiria um disco que se encarregasse em dissecar apenas as muitas faces do rock – e a julgar pelo modo como o gênero tomou espaço do country em Acid Tongue, isto deve estar guardado para o próximo álbum.

rapidshare.com/files/157430780/jenny_-_acid.zip

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Rachel Yamagata – Elephants…Teeth Sinking Into Heart. [download: mp3]

Rachel Yamagata - Elephants...Teeth Sinking Into HeartQuatro anos separam Happenstance, o disco de estréia de Rachel Yamagata, de seu mais novo lançamento, o álbum Elephants…Teeth Sinking Into Heart. E não há como não chegar à conclusão de que o tempo fez muito bem à artista: enquanto no primeiro a garota criou algumas boas faixas com enorme potencial de hits instantâneos, mas que não conseguiam ir mais fundo do que isto, neste seu segundo álbum Rachel traz à tona canções cuja sofisticação melódica, sabe-se, foi fruto de um amadurecimento que só se atinge com tempo suficiente para refletir e polir melhor aquilo que é gestado.
“Elephants“, a faixa que dá título ao primeiro disco deste álbum duplo, assim dividido por ser composto de duas atmosferas musicais distintas, é o retrato exato do aperfeiçoamento atingido por Rachel no cerne emocional das canções que compõe toda essa primeira parte de sua nova criação: para sonorizar a brilhante analogia entre as amarguras do amor e a selvageria predatória da cadeia alimentar das selvas, a garota explorou reverberações melancólicas em acordes de guitarra e piano, lançando mão também de uma bateria de andamento lento e pesairoso e de uma orquestração que preenche a melodia com matizes ainda maiores de sofrimento e mágoa. “Sunday Afternoon” é outra canção em que Yamagata e o produtor Mike Mogis operam com o emocional da canção sem resvalar um milímetro sequer da exacerbante classe e elegância que são a marca maior da primeira parte do álbum: guitarras de vibrações idílicas, bateria sorumbática, violão de acordes metálicos e uma orquestração de suave fulgurar tecem, na primeira parte da canção, nuances substancialmente pastorais que aos poucos são revertidas em um arranjo mais vigoroso e levemente sensual, finalizado por uma sequência plácida e serena. E apesar do trabalho primoroso no arranjo, muito da experiência fabulosa despertada ao ouvir a música é produzido pelo vocal da americana, que exprime a dor e tristeza de alguém que confessa tentar, de uma vez por todas, abandonar um amor que só lhe causa sofrimento cada vez maior – é a faixa que com mais intensidade sintetiza a atmosfera atormentada do disco.
Porém, ainda que ela subsista em todas as canções, essa atmosfera é suavizada em alguns tons em algumas faixas do disco, particularmente nas baladas. É o que ocorre nas canções “Over and Over”, que como a maior parte das músicas da primeira metade do álbum abusa do infalível arranjo de cordas, mas sem nunca deixar de apostar no protagonismo dos acordes de piano e bateria que exalam aroma de inequívoca paixão, e na extrema simplicidade de “Duet”, que emprega apenas um violão de acordes suaves para a composição harmônica que acompanha o vocal de Rachel e seu convidado, o cantor Ray Lamontagne.
Mas este é um álbum duplo, e o contraponto à melancolia rascante do primeiro disco é o furor faiscante de Teeth Sinking Into Heart, a segunda parte, composta de canções de um rock profuso, como se confere na fartura de guitarras, baixo, bateria e múltiplas camadas vocais de “Sidedish Friend”, na qual é declarada à aversão à qualquer tipo de compromisso afetivo, e na rítmica mais fechada e menos aguda produzida pela guitarra, bateria, baixo e marimba da faixa “Pause That Tragic Ending”, cujo acabamento é dado pelo arranjo de cordas algo febril.
Muito além do fato de que a artista explora as gradações de seu potencial artístico em cada uma das partes do disco – não há algo de muito novo nisso, pois Happenstance já encerrava no seu interior tanto a placidez de Elephants quando o frenetismo de Teeth Sinking Into Heart -, o grande diferencial deste novo lançamento para o primeiro é o testemunho de que o requinte que florescia na estréia foi tão aprimorado e amadurecido que ele torna-se palpável da primeira a última nota do álbum. Por isso que, diferentemente da própria Rachel, eu não me surpreendo que uma das maiores gravadoras do mercado dê suporte incondicional à um disco que se dá ao luxo de trazer uma faixa de quase dez minutos de duração. Posso apostar que para a Warner Records, o valor da artista não é o das cifras que ela possivelmente reverta nas vendas ou na popularidade que suas canções possam ganhar no rádio, TV ou cinema, mas o fato de que a presença de Rachel é um reforço considerável ao cast de artistas de primeiro escalão da gravadora, agregando ao selo a qualidade inquestionável de seu trabalho – algo bem mais duradouro do que o dinheiro fácil feito com o “gado” que compõe a maior parte dos contratados da indústria da música.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e senha para descompactar os arquivos.

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Agradecimentos ao , que por vezes incorpora o meu feed musical.

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“A Questão Humana”, de Nicolas Klotz. [download: filme]

La Question HumainePsicólogo do setor de recursos humanos da filial de uma grande empresa alemã na França é solicitado por um dos seus altos funcionários a investigar sigilosamente a aparente perturbação no comportamento de outro executivo da empresa.
O argumento da trama de “A Questão Humana” tem como suas maiores qualidades a ousadia temática e o trabalho bem feito no alinhavamento dos elementos que constituem suas bases: enquanto personagens narram a participação de seus pais nos medonhos extermínios perpetrados na segunda guerra mundial na busca pelo ideal nazista de perfeição racial, um paralelo é lenta e sutilmente traçado com as estratégias de seleção de corte de funcionários para reduzir custos e otimizar a produtividade da iniciativa privada. Auxiliada pela fotografia que imprime a mesma frieza do ambiente às expressões humanas e pela encenação silenciosa das sequências, a comparação tecida pelo diretor ganha amplitude e peso, o que não quer dizer que ela chegue a convencer o espectador – há uma distância exosférica entre a execução gratuita de pessoas com o pretexto de promover o aperfeiçoamento da raça humana e os critérios de seleção no corte de funcionários que, por exemplo, inclui dispensar alcoólatras baseando-se no pressuposto de que sua possível instabilidade é sempre um risco a ser considerado. Mas se o único senão de “A Questão Humana” fosse a idéia discutível de estabelecer uma relação de similaridade entre a desumanidade do regime nazista e das políticas corporativas do sistema capitalista, o resultado não teria sido tão ruim.
O problema mais óbvio é a duração colossal do filme. Nicholas Klotz e a roteirista Elisabeth Perceval não parecem ter qualquer pudor em saturar o longa-metragem ao esticar de forma imensurável sequências periféricas – quando não totalmente descartáveis -, gastando mais de duas horas de filme para contar algo que poderia ser sintetizado em uma hora e meia sem qualquer prejuízo àquilo que ambos se propõe a mostrar.
Não bastasse esse despropósito ser prejudicial por si só, ele ainda torna mais profundo o maior equívoco desta película: a abordagem pretensiosa tanto do diretor quanto de sua roteirista. Muito além de ser um problema dos temas tratados, seja na idéia básica do argumento – baseada em livro de François Emmanuel – ou nos outros componentes da trama – como as críticas pontuais às políticas de combate à imigração ilegal e ao desprestígio da música erudita e folclórica em detrimento da música eletrônica contemporânea -, a falha subsiste na forma como eles foram compostos no roteiro e conduzidos na materialização do longa-metragem, sendo impregnados de uma convicção moralizante, de uma certeza pré-concebida de Klotz e Perceval de que seus pontos de vista constituem a verdade única e absoluta. Nas mãos de um diretor que sabe promover, sem tropeços, uma mistura mais coesa e sucinta de suas ambições e concepções na trama, “A Questão Humana” teria sido convertido em um filme que não afogaria sua narrativa em um pedantismo de dimensões oceânicas – ou, pelo menos, o faria com muito mais propriedade e fundamentação.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

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“Feriado de Mim Mesmo”, de Santiago Nazarian

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Jovem tradutor, que tem o hábito de passar a maior parte do tempo sozinho no seu apartamento, começa a desconfiar de que alguém o está invadindo, ainda que admita a possibilidade de que isso talvez seja fruto de sua imaginação.
O terceiro livro publicado pelo paulista Santiago Nazarian constitui-se em uma história econômica na exploração de espaço e de personagens, possuindo uma estrutura fortemente teatral. Mas enquanto qualquer obra desta monta tem como fundamento o diálogo entre os personagens, o livro de Nazarian prima pela exploração do diálogo internalizado, pela construção deste na mente do protagonista que habita sua história. Nela, o leitor é levado à um acreditar e desacreditar constantes, suspenso na atmosfera de uma narrativa que mesmo tendo os pés bem fincados no real explora de modo primoroso aquilo que aparentemente não o é – mas seria mesmo apenas aparente? Afinal, tudo – as impressões do “eu”, os vestígios do “outro”, as até um tanto inofensivas perturbações cotidianas – seria fruto de um estado de alteração perceptiva ou sintoma de um invasor sorrateiro?
É certo que muitas histórias já foram escritas versando sobre a substância com a qual “Feriado de Mim Mesmo” lida, mas a abordagem dada por Nazarian à esta substância é seu grande diferencial: este “monólogo mental”, por assim dizer, é fruto de uma escrita direta e sucinta, expressa em períodos curtos de caráter bastante objetivo que procuram a maior parte do tempo afastar-se de metáforas. Assim, essencialmente, “Feriado de Mim Mesmo” desenvolve um enredo que lida com a umidade complexa do psicológico paradoxalmente construído sobre a secura pragmática da linguagem realista.
Contudo, a consequência mais interessante que se obtém da leitura de “Feriado de Mim Mesmo” – ao menos na minha leitura – é outra: o jogo arquitetado entre as noções de biografia e ficção. Se iniciada a apreciação da obra depois de obtidas as informações sobre o seu autor em uma das orelhas do livro, haveremos de encontrar algumas prováveis similaridades entre o escritor e o protagonista da história, o que faz a leitura ser contaminada pela idéia de que a trama parte de alguns pressupostos biográficos. Porém, à medida que as páginas avançam os resquícios biográficos vão desmanchando suas formas, que passam a ser tomadas paulatinamente pela substância própria de uma ficção que alimenta-se destas, assimilando-as numa antropofagia narrativa visceral e violenta – não à toa a própria conclusão da trama materializa a noção antropofágica de modo bastante literal. É desta devoração da biografia pela ficção que nasce uma narrativa de dinâmica complexa, uma “ficção de si mesmo” que se utiliza dos artifícios tradicionais da literatura para subvertê-los em um jogo meta-ficcional e meta-literário que pulsa em uma esquizofrenia narrativa ascendente. É dessa forma que o sonho e pesadelo da produção cultural pós-moderna são materializados simultaneamente na escrita de “Feriado de Mim Mesmo” – um livro que ilustra com maestria como uma trama que lida com as conflitos e terrores do “supra-eu” contemporâneo podem interessar ao público, ao contrário do que foi feito no mais recente longa-metragem de Murilo Salles.

P.S.: Alguém me disse certa vez, não recordo se foi o ou o Pelvini, que faltava ao meu blog resenhas de livros. Bem, este é o post que inaugura minha tentativa de suplantar com sinceridade a minha vergonhosa preguiça de manter o hábito da leitura – também ofuscado pelas toneladas de músicas, filmes e informação ofertados na internet. Daqui em diante procurarei manter uma frequência razoável na publicação de textos sobre literatura – particularmente sobre livros de ficção.

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