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seteventos Posts

Feist – “My Moon My Man” (dir. Patrick Daughters). [download: vídeo]

Feist - My Moon My ManO diretor Patrick Daughters com certeza é fã do elaborado vídeo “Here It Goes Again”, da banda OK Go, já que este, feito para a canção “My Moon My Man”, da cantora Feist, bebe na mesma fonte, tendo como único diferencial a produção mais endinheirada. Digo único diferencial porque é o orçamento que, consequentemente, deu direito a movimentos de câmera, figurantes, figurino charmoso, uma fotografia mais elaborada e, não menos importante, uma escada rolante para embarque e desembarque em um aeroporto – tudo o que não temos no vídeo do Ok Go, mas que também não faz falta lá. Como no clipe de “1234”, Daughters mostra que tem gosto por coreografias para turbas de figurantes e câmeras deslizantes. Mesmo que de alguma forma seja uma idéia que já vimos antes, isso não tira o mérito do belo trabalho do diretor.
Baixe o clipe utilizando este link.

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Toni Collette & The Finish – Beautiful Awkward Pictures. [download: mp3]

Toni Collette And The Finish - Beautiful Awkward PicturesA australiana Toni Collette tem tamanho carisma que, no início da carreira, mesmo em um filme que não tinha nada além de bonitinho – estou falando de “O Casamento de Muriel” -, chamou a atenção de público e crítica e ganhou impulso definitivo para ir muito além de sua terra mãe. E, a bem da verdade, tem sido sempre assim: mesmo em filmes pequenos ou algo rasos, Toni chama atenção com sua excelente performance. Apesar de ter dublado (ao lado de Rachel Grifftis) o clássico “Waterloo” do ABBA em “O Casamento de Muriel”, Toni tem, verdadeiramente, talento como cantora e compositora, e o álbum lançado no ano passado por ela e a banda que formou – Toni Collette & The Finish – está aí para servir de prova. Beautiful Awkward Pictures, segundo informação do próprio site oficial, é produto de composições aperfeiçoadas ao longo de dez anos, resultando em disco de sonoridade bastante concisa. Na faixa de abertura, “This Moment Is Golden”, em que Toni lista as sensações que se manifestaram ao encontrar sua grande paixão, o contínuo cadenciamento marcial da bateria, além do espaço que piano, guitarra e baixo vão ganhando de forma progressiva, mostra o quanto esse longo tempo de maturação das composições valeu a pena. Mas além de aperfeiçoar as composições complementares do disco, esse tempo também garantiu singles poderosos, como “Look Up”, onde letra e melodia entram em consonância perfeita: sonorizando os versos, onde Toni apresenta toda uma série de cataclismas resultantes de seu amor em conflito, foi composta uma melodia condizente com o tema, onde o vocal, o piano, a bateria, a guitarra e o baixo armam um crescendo intensamente lírico. O que já é o contrário da melodia feita para emoldurar os versos que refletem sobre uma profusão de desejos desencontrados em “Tender Hooks”: a harmonia mantém suas tonalidades praticamente inalteradas durante toda a canção, sem praticamente nenhuma presença de bateria – apenas violão, guitarras, baixo e vocal. Já para a ambientação dos versos que comentam a sedução irresistível dos cowboys na fabulosa “Cowboy Games”, a música tecida faz uma fusão destas duas características: a melodia base, ao cargo do piano, bateria e violão, é feita de uma mesma sequência harmônica continuamente repetida que, na metade final, vai sendo incorporada à uma harmonia insurgente, caracterizada principalmente pela intensificação da instrumentação, pela presença de uma orquestração de metais e por um vocal mais emotivo.
É evidente que os fãs de Toni vão prontamente se deliciar com o primeiro disco de Toni Collette & The Finish, mas mesmo quem não conhece ou não tem qualquer carinho especial pela australiana saberá reconhecer, ao ter contato com esse apanhado de canções tão cautelosamente arranjadas e afinadas, que estas músicas são fruto de uma artista cuja habilidade e sensibilidade musical, não é difícil reconhecer, são bastante apuradas. A única dúvida que Toni Collette deixa é se a sua ocupação no mundo do cinema vai mesmo tornar sua faceta musical um evento que se manifestará novamente só ao cabo de um bom número de anos – se ela voltar a se manifestar. E eu, como fã assumido, torço para que ela mantenha-se atuante tanto em um campo quanto no outro – pra mim, Toni Collette nunca é demais.

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“Ao lado da Pianista”, de Denis Dercourt. [download: filme]

La Tourneuse De PagesMélanie, uma menina de 10 anos que se preparava para ser admitida em um conservatório, como pianista, falha no teste ao perder a concentração devido à presidente do júri interromper a sua atenção para dar um autógrafo. Dez anos depois, tendo desistido do piano logo depois daquela experiência, Mélanie ganha a confiança do seu chefe por seu trabalho de assistente, e se oferece para cuidar, por um mês, do seu filho. Ao chegar na casa para exercer essa função temporária é que descobrimos que a esposa de seu chefe é Ariane Fouchécourt, a mulher que presidia o júri em que fora recusada.
“Ao lado da Pianista” é um estudo minucioso não apenas da vingança, mas da meticulosidade de ser humano, quando longevamente alimentada por uma frustração: o ar compenetrado, sisudo, distante e introspectivo da Melánie de Déborah François mostra o quanto uma pessoa com tal personalidade é mais perigosa e maquiavélica do que alguém que transpirasse maldade em cada gesto – sem dúvidas, Mélanie Prouvost entra para a galeria de personagens a que já pertence a clássica May Welland de Winona Ryder. Dando apoio à interpretação fabulosa de François (cuja maldade é discreta, revelada apenas em doses homeopáticas quase imperceptívies – traços suaves do expressão de seu sorriso, um soslaio breve, um caminhar levemente mais meticuloso, um gesto um tanto mais brusco), Denis Dercourt construiu o seu filme com economia de recursos: a trilha sonora se faz presente apenas eventualmente e de forma mínima, entregando o longa-metragem ao poder inegável de silêncios – que abrem espaço para o elenco, cujos desempenhos tem a precisão já clássica do cinema francês -, e mantendo as câmeras imóveis e com poucos enquadramentos, sujeitando-as a alguns movimentos lentos e cautelosos apenas para acompanhar o ritmo calculado da protagonista.
O roteiro se enquadra igualmente nesse aspecto minimalista: mesmo que se considere o evento desencadeador da trama pouco crível, a veracidade dos acontecimentos que se seguem torna-se possível apenas pelo desenho da personalidade dos personagens: tudo tornou-se possível devido à dependência e fragilidade de Ariene, à convicção e confiança de seu marido em Mélanie e ao poder de dissimulação e sutil sedução da própria, que não poupou nem o ingênuo Tristan, o filho do casal.
Parece que não há muito a falar sobre o longa-metragem de Denis Dercourt, mas a verdade é que este é um filme que não tem qualquer necessidade mais prolífica: um longa-metragem cujo objetivo único é mostrar o quão destrutivos podem ser os atos de alguém que decide redirecionar a sua atenção para algo bem menos positivo – do piano para um ato de vingança, no caso de Mélanie – só precisa que os atores tenham sido orientados para as sutilezas da natureza deste argumento e que o diretor entenda que o laconismo é o grande segredo de um longa-metragem sobre a dedicação – e as duas coisas encontram-se em “Ao lado da Pianista”.
Baixe o filme utilizando os links a seguir.

http://rapidshare.com/files/25302370/pages.doc.part1.rar
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legenda (português):
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Rufus Wainwright – “Going To A Town” (dir. Sophie Muller). [download: vídeo]

Rufus Wainwright - Going To A TownNo vídeo que fez para a canção “Going To A Town”, de Rufus Wainwright, Sophie Muller parece ter entendido que para ilustrar toda a frustração do cantor com o estado atual América, exposta nos versos da música, o mais adequado seria não economizar no uso de simbologias visuais e na interpretação um tanto canastrona do cantor. Mesmo que soe um tanto carregado de sentido – incluindo o final messiânico -, a diretora mostrou que a decisão foi acertada, pois o clipe transfigura em imagens o clima de protesto e tristeza da canção.
Baixe o vídeo utilizando este link.

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Tori Amos – American Doll Posse (+ 3 faixas bônus). [download: mp3]

Tori Amos - American Doll PosseTori Amos nunca se deixou abater por qualquer tipo de crítica, seja por parte da imprensa ou de fãs. Com o lançamento do seu novo álbum, American Doll Posse, felizmente, podemos ver que isso não mudou: apesar de The Beekeeper ter decepcionado parte do fãs pela sonoridade macia e “frugal”, Tori Amos não abandonou a herança deixada por esse trabalho e manteve muito dos traços mais característicos em seu novo trabalho, apurando ainda mais a sonoridade que desenvolveu em 2005 ao adicionar uma maior pulsação pop/rock. A guitarra e vocal aveludados e o teclado, piano e vocais lúdicos da irresistível “Mr. Bad Man” (em que Tori/Isabel coloca a música como arma contra o belicismo contemporâneo), a delicadeza do piano e guitarra, além dos múltiplos e constantes vocais de fundo de “Almost Rosey” (em que a mesma Tori/Isabel fala sobre quando perdemos o nosso lado mais aguerrido), bem como a bateria e piano de cadência quase sincronizada da suave “Beauty of Speed” (que chama atenção para a beleza dentro do processo de mudança que todos acabamos vivendo algum dia) tem esse caráter muito visível, mesmo na primeira audição. Só que as referências mais visíveis aos trabalhos anteriores de Tori não ficam apenas no que ela fez mais recentemente: o hino anti-guerra “Dark Side of The Sun”, com uma melodia impecável, que ganha guitarras mais intensas a medida que avança para sua conclusão, tem o mesmo charme de “Spring Haze”. Os sabores de To Venus And Back podem também ser degustados na bateria e guitarra de riffs tristes, e nos acordes lentos e lamuriantes do piano da fabulosa balada “Digital Ghost”, que fala sobre o temor da perda – até a temática dos versos relembra a clássica “1,000 Oceans”.
Contudo, na maior parte do álbum, tanto as melodias quanto as letras não refletem exatamente os traços de algum disco específico de Tori Amos: boa parte das canções mescla, a um só tempo, características de vários dos seus trabalhos anteriores. Nisso se assemelham a balada “Girl Disappearing” (de versos extremamente confusos e abstratos), com o elaborado destaque que a orquestração de cordas tem na melodia, guiada pelo piano e vocal melancólicos, a densa “Smokey Joe” (sobre o medo de enfrentarmos algo que, sabemos, não está nos fazendo bem), com sua percussão e guitarra algo nebulosas, além dos vocais de Tori/Pip e do piano cheio de sofrimento, e a ardilosa “Code Red” (sobre alguém que se prepara para uma nova vida, mas ainda sente atração pelo que pretende deixar para trás), com seus riffs certeiros da guitarra, a bateria cadenciada e o piano de acordes cíclicos, e cuja única fraqueza é a maneira equivocada com que Tori entoa o refrão, que pedia algo bem mais estridente.
Porém, em um álbum com 23 faixas (25 se contarmos as faixas bônus) há espaço não apenas para recorrer ao passado, mas também para avançar um pouco para o futuro: e o futuro, para Tori, são as guitarras – uma overdose delas. “Teenage Hustling”, em que Tori/Pip dá um chega pra lá em uma desavisada que se engraçava com o que não lhe pertencia, é a mais simbólica canção desta nova fase da música de Tori Amos: acompanhado por uma bateria espancada e um vocal portentoso e altivo, no melhor estilo glam-rock, o piano, que se ouve claramente apenas na introdução, cede lugar à uma verdadeira profusão de guitarras carnais e furiosas. No entanto, nas outras faixas em que Tori põe o misterioso Mac Aladdin para trabalhar, o instrumentos dividem o espaço de maneira mais igualitária. A melhor entre estas é mesmo aquela em que Tori/Santa-Pìp prega a comunhão de corpo e alma pela luxúria, “Body and Soul”, onde a guitarra encontra seu lugar certeiro, misturando-se de forma homogênea a presença do piano grave e minimalista e ao ritmo rock explosivo no refrão da faixa, imposto pela bateria e baixo delirantemente enérgicos.
Tori só preferiu arriscar com instrumentos um tanto mais incomuns na sua musicografia nos pequenos interlúdios que compôs para pontuar diversos momentos do disco. Afora o interlúdio que critica abertamente o presidente Bush, “Yo George”, uma das coisas mais fabulosas que Tori já compôs usando apenas o piano, todos os outros caracterizam-se por sua melodia diferenciada: “Fat Slut”, em que Tori/Pip brada contra a falsa moralidade, compõe-se apenas do vocal endiabrado, furioso e sarcástico da cantora sobre um fundo de guitarras distorcidas e contínuas, “Devils and Gods”, de tonalidades políticas, ganha aroma folk pelo uso de Ukelele e bandolim; “Programmable Soda”, na qual Tori/Santa compara sua flexibilidade à de um refrigerante, obtém um irresistível caráter lúdico com sua orquestração de metais e cordas e o piano solto; “Velvet Revolution”, em que Tori/Pip não deixa de lado sua elegância nem para ser profética, tem sangue verdadeiramente cossaco devido as tonalidades do piano e do bandolim.
E quando todo mundo pensa que já acabou, depois de atravessar um mar de guitarras e interlúdios, surge “My Posse Can Do” (faixa extra no DVD bônus da edição limitada), em que Tori/Santa fala do poderio das personages de American Doll Posse. A música é de chorar alegremente de tão boa: com uma melodia ao piano, guitarra, bateria e baixo que tem um pé na agitação efusiva dos musicais e cabarés, náo há como segurar a vontade de cantar e dançar entusiasmadamente ao seu ritmo.
De uma artista inquieta, arredia e politizada como Tori Amos não poderíamos esperar outra coisa se não este disco que temos agora, saindo do forno: ao mesmo tempo que é um compêndio de todas experiências da artista até hoje, também é o pontapé inicial para novas experiências na carreira da artista – pontapé este dado através das confissões e receios da paixão e da fúria de Santa, Clyde, Isabel, Tori e Pip, as “dolls” do projeto, diferentes personagens que representam facetas da personalidade de Tori Amos e das mulheres. Se as guitarras, a grande novidade do disco, parecem um tanto egocêntricas para alguns fãs em certos pontos do disco, para outros a sonoridade do disco anterior, que não tinha os agradado, foi melhor lapidada, até formar melodias mais coesas e equilibradas. Isso pode servir de consolo para os que cansaram da preponderância glamour rock – entre os quais não me incluo – de American Doll Posse: no seu próximo lançamento, essa estupenda e inigualável artista americana deve encontrar o equilíbrio e, mais uma vez, agradar os eternamente insatisfeitos – como ocorreu agora com as influências de The Beekeeper neste novo disco.
Baixe o álbum utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

senha: seteventos.org

http://www.gigasize.com/get.php/1232177/amosdolls.zip

faixas extra:

“My Posse Can Do”:
http://rapidshare.com/files/72678257/24_My_Posse_Can_Do.mp3

“Miracle”:
http://rapidshare.com/files/72681678/25_Miracle.mp3

“Drive All Night”:
http://rapidshare.com/files/72682890/26_Drive_All_Night.mp3

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Björk – Volta (+ 3 faixas alternativas). [download: mp3]

Björk - VoltaSe as críticas a frugalidade de The Beekeeper, de Tori Amos, me soam bastante exageradas, eu não me atreveria a tentar amaciar qualquer uma que surgisse sobre Medúlla e Drawing Restraint 9, já que neles Björk passou um tanto além da conta, tornando-os, na maior parte do tempo, de dificílima digestão. Quando decidiu preparar um novo disco, a islandesa, sentindo-se um tanto cansada de tornar sua música cada vez mais idiossincrática, resolveu investir em algo que não pusesse a experimentação acima da beleza melódica e lírica. Assim nasceu Volta, que como o American Doll Posse de Tori Amos, também funciona, coincidentemente, como um verdadeiro cruzamento de todas as experiências que Björk agregou ao longo de sua carreira. Apesar de “Pneumonia”, que clama a superação das tristezas na vida, ser uma das faixas do disco que sofre influência quase somente dos dois mais recentes disco de Björk – já que ela adota o mesmo exotismo sonoro dos últimos trabalhos, sendo composta apenas de vocal e orquestração de metais lentos e consternados – em outras a introspeção é suplantada por uma sonoridade que conhecemos mais do início da carreira solo da artista. Não é difícil sentir isso em “Vertabrae by Vertabrae”, que recorre as experiências de Selmasongs e Drawing Restraint 9 mas desfaz-se das agudezas resultantes da contaminação pelo trabalho de Matthew Barney e retorna à vivacidade dos primeiros anos: apesar da orquestração de metais, da percussão e dos versos abstratos citarem muito das duas trilhas sonoras feitas por Björk, a base eletrônica levemente suja e os vocais remetem ao calor de discos como Homogenic e Post. Já que falei de Homogenic, “Declare Independence”, um brado eletrizante contra a dominação, não deixa de ser uma Pluto-punk: ela conta com costura melódica feita por samplers de guitarras dissonantes – o que lhe confere uma tecitura punk-rock ruidosa -, além de percussão e bateria eletrônica sincopadíssima e uma introdução composta de sirenes de navio. Por sinal, depois que se escuta todo o disco, percebe-se que o ruído de navios é um recurso recorrente em Volta, já que a faixa inicial, “Earth Intruders”, há quase um minuto e meio de ruídos ambientais indistintos de um porto – marulho e, novamente, sirenes de navio sendo os mais perceptíveis – na sequência final. A música, que fala sobre uma invasão e ataque de seres alienígenas, tem a energia fulgurante de Debut e Post, com sua mistura de eletrônico e percussivo lembrando “Army of Me”, mas difere-se desta justamente porque grande parte de seus samplers e loops tem muito de acústico. A agitação prossegue de forma semelhante em “Wanderlust” (sobre a compulsão de abandonar-se em viagens oceânicas), que possui forte base de samplers e loops e nova experimentação com ruídos que fecham a música com uma transposição das sensações presentes nas letras para os sons – a diferença é que aqui Björk investe também em uma histérica orquestração de metais para a melodia. “Innocence”, que fala do quanto podemos controlar e conviver com a inocência e o medo, tem base construída sobre uma eletrônica prolixa, com um pulso constante de samplers e loops de piano e ruídos indistintos, incuindo aí um sampler vocal – a única sombra de Medúlla nesta faixa.
Depois de alguns anos aumentando gradualmente o nível de experimentação de sua música, não seria muito difícil prever que, em dado momento, a cantora e compositora voltasse sua atenção para algo menos diletante, na tentativa de relaxar novamente seu processo criativo. Faz todo sentido que isso tenha acontecido agora, uma vez que, durante essa longa fase experimental, possivelmente, Björk esgotou o uso de toda e qualquer excentricidade existente – pelo menos por algum tempo. Isso torna este projeto o mais comercialmente ambicioso da artista – o que, por sinal, foi assumido pela própria gravadora em sua campanha de promoção do disco.
Baixe o disco utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

versão de 128kbps:
senha: seteventos.org
http://www.gigasize.com/get.php/1231166/zutzut.zip

versão de 320kbps:
senha: seteventos.org
http://www.gigasize.com/get.php/1257387/vrumvrum.zip

faixa extra (128kbps) – “Earth Intruders (Mark Stent Extended Mix)”:

http://www.gigasize.com/get.php/1257635/12_Earth_Intruders_Mark_Stent_Exten.mp3

faixa extra (128kbps) – “Innocence (Mark Stent Mix)”:

http://www.gigasize.com/get.php/1257634/13_Innocence_Mark_Stent_Mix.mp3

OBS: o arquivo de 128 kbps inclui três versões alternativas de faixas já presentes no disco: “I See Who You Are (Mark Bell Mix)”, “Earth Intruders (Mark Stent Extended Mix)” e “Innocence (Mark Stent Mix)”. O arquivo de 320kbps não possui as duas últimas, dentre estas 3 faixas, com esse bitrate alto, por isso elas estão disponíveis para download separadamente.

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Rufus Wainwright – Release The Stars (+ 3 faixas bônus) [download: mp3]

E depois dos dois volumes do projeto Want, discos densos tanto em caráter melódico quanto temático, Rufus Wainwright volta a baila com Release The Stars. Mas, ao contrário dos lançamentos simultâneos de Tori Amos e Björk, o disco do artista americano mostra-se um tanto apagado na primeira escuta do disco, já que nesta situação a única faixa que salta estrondosamente aos ouvidos acaba sendo mesmo o single “Going To A Town”, onde Rufus declara estar cansado da América que temos hoje, por tudo o que ela faz e representa, e declara estar disposto a ir para outro lugar que já foi “queimado” e “arruinado”. Bem, como uma canção poderia não agarrar o ouvinte logo em sua primeira experiência se ela divide tão bem seus elementos melódicos, já que o vocal é pleno de emoção, os acordes do piano, da guitarra e do baixo e o toque da bateria transmitem imensa melancolia, e os vocais de fundo e a orquestração, que permeia tudo e constrói o clímax no fim da canção, estão repletos de um triste protesto sonoro?
Eu pensei desistir do disco e temi, verdadeiramente, que eu me apaixonasse apenas por esta faixa, que é responsável por esta fase inicial de lançamento do disco. Mas eu resolvi insistir. Apenas mais uma audição foi necessária para que outras duas faixas caíssem com sinceridade no minha preferência. A primeira, “I’m No Ready To Love”, em que Rufus revela para sua paixão que sente-se inapto para amar adequadamente, é uma balada de beleza e sensibilidade tão penetrante quanto é “Want” – a música – e recorre, do mesmo modo, à simplicidade e ao silêncio para tanto. O piano, bateria, guitarra e baixo constroem um fundo suave e vagaroso para que a voz de Rufus soe plena de franqueza romântica, dando espaço ainda para que os vocais de fundo e a orquestração sutis complementem irretocavelmente a melodia – e novamente a instrumentação de cordas volta a apelar para a emoção, na sequência harmônica que fecha a canção de maneira esplêndida. A outra, “Slideshow”, em que o cantor reclama mais atenção de seu amado e questiona a veracidade de seus próprios sentimentos, apenas para confirma-los solicitamente no fim, é feita de uma sequência intercalada de momentos mais tranquilos, onde tanto o vocal quanto a bateria, a guitarra e os violões soam graciosamente delicados, e outros mais orquestralmente efusivos, onde os metais surgem em rompantes epopéicos.
Com mais algumas audições insistentes outras faixas revelaram sua beleza escondida. À primeira vista, “Nobody’s Off The Hook” não surpreende. Mas, tão logo compreenda-se seus versos, nos quais Rufus lembra, para um homem que sustenta uma vida de aparências, que cedo ou tarde tudo desaba, e atente-se à sua melodia cheia de mágoa, onde a voz do cantor ganha a companhia do seu piano e de uma elaboradíssima orquestração de cordas, e a avaliação desta faixa sobe muito no conceito de qualquer pessoa. “Sanssouci”, que passou despercebida nas primeiras vezes, agora mostra o apuro de suas letras – onde Rufus imagina-se no palácio alemão que dá nome a música, a espera de um amor que transmute a entediação que sente – e de sua melodia pop – extremamente cuidadosa, com vocais serenos, uma instrumentação tranqüila de violão, bateria e piano ocasional e arranjo orquestral no qual flautas e harpas sutilmente demonstram as delícias de suas sonoridades. E “Between My Legs”, que parecia um tanto plana, logo demonstra a mordacidade de seus versos – já que o cantor jura nutrir só descaso por um amor do passado, mas não nega que a porta esteja aberta para qualquer tipo de necessidade repentina – e de sua sonoridade pop-rock, que sustenta o vocal, as guitarras, a bateria e o baixo quase no mesmo tom vibrante só para que a melodia seja suplantada por uma harmonia emocional tremenda na sua metade final.
E, no final, tudo acaba fazendo mais sentido. Apesar de correr um certo risco de soar datado e limitado, por não exibir mudanças que sejam realmente notáveis no seu estilo melódico e lírico, por outro lado Rufus Wainwright ganha muito por mostrar-se um artista com um trabalho de composição realmente coeso, onde mudanças só são feitas em doses homeopáticas, lentas, gradativas e sutis – quase desapercebidas, eu diria. De fato, seu trabalho mais recente difere dos lançados por Tori Amos e Björk: enquanto as duas primeiras fazem um apanhado do que construíram em sua carreira, ao mesmo tempo que experimentam novos caminhos e adicionam novas experiências, Rufus Wainwright aprimora o seu estilo desde o primeiro disco, sem nunca exibir uma mudança radical de um trabalho para o outro, já que toda a herança anterior é preservada, e não apenas a mais recente. Isso sustenta o que aparenta ser uma contínua linearidade mas que é, na verdade, a forma cuidadosa, suave e gradual com que o artista experimenta novos caminhos. O que ele ganha com isso? Bem, enquanto os outros dois discos podem tornar-se um, em certos momentos, um pouco cansativos a médio prazo, o do cantor e compositor canadense tem efeito exatamente oposto: Release The Stars, que parecia a primeira vista um tanto repetitivo e plano, cresce e ganha importância cada vez maior a longo prazo – e não há mais como ficar sem ter contato com sua sonoridade que revela sua beleza tão devagar.
Baixe o disco utilizando link a seguir.

Baixe: http://www.mediafire.com/file/7q4jidxe5kcfjj6/rufus-release.zip

Ouça:

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Tori Amos – Scarlet’s Walk (+ 2 versões alternativas). [download: mp3]

Tori Amos - Scarlet's WalkHá tanto a falar sobre o conceito deste CD em si quanto de cada música que o integra. O primeiro projeto de Tori Amos na Sony/Epic é um disco ambiciosíssimo, onde ela – mais uma vez – encarna um personagem que guia toda a produção e idéia do álbum. O personagem é Scarlet, e cada uma das canções do disco trata de um trecho da jornada dela por grande parte dos Estados Unidos, retratando tudo que ela enfrentou pelo caminho e seu ponto de vista sobre os eventos que vivenciou e as pessoas que conheceu em sua viagem. Adicionalmente, toda uma experiência foi criada – como é de praxe com Tori nos últimos anos – para dar suporte ao conceito elaborado em Scarlet’s Walk, incluindo um website que trazia fotos e anotações de Scarlet, além de um diário da turnê de Tori Amos para divulgação do álbum e streaming de alguns B-sides – canções que foram feitas nas mesmas sessões mas não entraram na edição final do álbum.
Apesar de formarem, em conjunto, todo o painel da viagem da personagem Scarlet, as dezoito músicas também funcionam perfeitamente por si só, excluídas de uma inter-relação. E, ainda que exista uma variação melódica em alguns momentos do disco, pode-se dizer que todas as canções compartilham de uma incomensurável suavidade e complacência harmônica. É por conta disso que não há risco algum em dizer que “Strange” e “Crazy” são a cara do disco. O modo delicado como o Wurlitzer é utilizado na primeira, junto com a bateria lenta e triste, assim como a presença do piano e de uma orquestração de cordas no refrão, constroem com perfeição a melancolia necessária, presente nas letras de “Strange” – quando Scarlet reflete sobre o modo como camufla a sua personalidade para tentar manter mais uma relação amorosa, decide abandonar mais esse amor. Já nos versos de “Crazy” vemos que Scarlet é quem foi abandonada por um homem que, apesar de não ser o ideal era quem lhe dava alguma segurança e apoio no momento. A canção tem a mesma delicadeza que sente-se em “Strange”, notadamente pelo uso do teclado Rhodes e pela guitarra e bateria lentas e reflexivas, mas não conta com a presença do piano e de orquestração. Contudo, entre as baladas presentes no disco, há algumas que ainda carregam algo da Tori pré-Sony/Epic, como vemos em “Your Cloud”, onde o piano volta a ter maior presença na construção da harmonia da canção, acompanhado apenas pelo baixo quase imperceptível e a bateria de cadência suave – uma constante no disco. “Another Girl’s Paradise” é uma das canções em cuja melodia a bateria é manuseada com um pouco mais de intensidade e com uma rítmica mais elaborada, o mesmo acontecendo com os acordes do piano, mais vistosos na melodia. A sensualidade exposta nos vocais de Tori Amos, intensificados pela guitarra, faz a beleza dessa canção esplêndida, cujos versos falam sobre um mundo tomado pela cobiça e desejo – particularmente o femino. O tom de “Don’t Make Me Come To Vegas” também é o da sensualidade, bem como os acordes do piano continuam mantendo preponderância, mas sua bateria segue uma harmonia sutilmente mais latina, e o baixo surge mais evidente na canção. Na letra, Scarlet tem que ajudar sua sobrinha em Las Vegas, mas teme voltar à cidade devido a um poderoso homem com quem se envolveu, e que a maltratou. “Virginia”, que relembra a forma como a América foi colonizada e tomada pelos europeus, destruindo a identidade e cultura dos nativos americanos, também possui cadenciamento mais complexo da bateria e dos acordes do piano, mas a atmosfera e vocais sensuais de “Another Girl’s Paradise” e “Don’t Make Me Come To Vegas” são substituídos por uma melodia de espetacular tristeza e revolta.
Contudo, não é surpresa que uma das canções mais deliciosas e viciantes do disco seja a curtinha “Wednesday” – qualquer fã de Tori Amos já está acostumado com o habilidade dela neste tipo de composição -, em que a personagem Scarlet encontra-se em uma relação amorosa com um homem cheio de segredos e vive assombrada por amores antigos – não se engane, analogamente esta canção é sobre a América e os americanos. A melodia alterna a sutil agitação das guitarras e da bateria ritmada com a melancolia contemplativa do piano e do vocal no refrão desta faixa.
Scarlet’s Walk, que floresceu do estilo de concepção artística que surgiu em Strange Little Girls é, até o momento, o álbum mais cuidadosamente planejado de Tori Amos, além da obra que influenciou de maneira definitiva, tanto melódica quanto liricamente, os rumos atuais de sua carreira. A sonoridade plácida, contemplativa e suave das canções, assim como as letras mais brandas, menos irascíveis e com maiores colorações sociais e políticas surpreendeu os fãs, acostumados com uma Tori mais pessoal, combativa e furiosa. Apesar de ser considerado o início da perda de parte da vitalidade artística da cantora e compositora, o álbum conseguiu conquistar os fãs – para muitos um dos discos preferidos – e é sempre tomado por eles como referência e prova cabal da superioridade, qualidade, criatividade e profundidade de Tori Amos como artista. Mesmo que alguns tomem este disco como responsável pelos equívocos e falhas recentes de Tori, não há como negar que ele também conseguiu sacramentar e propagar ainda mais uma verdade que todos já conhecem – que Tori Amos é uma das artistas mais importantes do cenário musical dos últimos vinte anos.

senha: seteventos.org

http://www.gigasize.com/get.php/1155068/scarlettori.zip

OBS: o arquivo inclui versões “alternativas” de duas músicas do álbum: “Strange” (Radio Edit) e “Pancake” (Extra Verses).

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“Casino Royale”, de Martin Campbell. [download: filme]

Casino RoyaleJames Bond, recentemente promovido a função de agente “00”, que lhe concede licença para matar, recebe a missão de desfazer um esquema de lavagem de dinheiro e levantamento de fundos para terroristas por um banqueiro com habilidades incomparáveis no jogo de cartas. É em um jogo de pôquer milionário, que tomará lugar em Montenegro, que Bond deverá derrotar o banqueiro Le Chiffre.
O primeiro filme da franquia 007 trazendo Daniel Craig como James Bond não inova apenas ao tornar a agente um homem loiro e o mais atlético dos Bonds – essa é apenas a mudança mais aparente, a mais superficial. Elas não se resumem a isto – até a natureza da histórias de Bond, com as quais estávamos acostumados até hoje, foi radicalmente alterada.
A decisão dos roteiristas de retirar a figura de “Q”, o engenheiro e inventor de armas e bugigangas variadas do MI6, apesar de parecer um tanto sem importância, foi o que motivou muitas das mudanças neste filme. Sem a figura do inventor, os roteiristas sentiram-se motivados a livrar o argumento de “Casino Royale” da presença de equipamentos engenhosos, diminuindo sensivelmente a importância destas ferramentas na trama. Consequentemente, o próprio Bond sofre mudanças comportamentais: sem o apoio destes instrumentos e armas sofisticadas, o agente torna-se um 007 mais físico, violento, truculento – e acaba sendo um personagem bem mais realista. Essa ideía também avança sobre o principal antagonista do agente britânico: ao invés de termos um vilão que pretende dominar o mundo com o uso de apetrechos altamente fictícios e futurísticos, Le Chiffre é um jogador habilidoso, e é utilizando-se de seus dons na arte do jogo que ele pretende obter dinheiro para financiar terroristas e criminosos, sem o uso de qualquer arma de última geração para ameaçar o mundo – algo bem mais crível do que nos longa-metragens anteriores.
O caráter e a personalidade de James Bond também sofreram algumas alterações consideráveis: apesar de ainda ser bastante egocêntrico e orgulhoso, este Bond é sensivelmente mais sisudo e capaz de – suprema ousadia – apaixonar-se, cogitando mesmo a possibilidade de largar tudo para viver uma vida pacata ao lado do seu amor – eu posso não ser um especialista em 007, mas eu duvido que alguma vez o agente já tenha vislumbrando tal idéia.
Com direção eficiente e elenco afinado – particularmente Daniel Craig que, a despeito de todas as críticas que sofreu, conseguiu criar um Bond que é o mais viril, sexy, sensível e inteligente que já vi -, as ousadias do diretor e dos roteristas de “Casino Royale” inauguram uma nova cronologia para o personagem, reiniciando toda sua saga – como aconteceu recentemente com Batman no longa-metragem “Batman Begins” -, o que deixa para os produtores a chance de criar uma série de filmes menos carnavalescos e exagerados do que os anteriores. Resta saber se Hollywood vai segurar sua ânsia megalomaníaca e permitir que os próximos filmes com o personagem sejam tão bons quanto este – a meu ver, de longe o melhor da franquia até hoje.
Baixe o filme utilizando o link a seguir.

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Feist – “1234” (dir. Patrick Daughters). [download: vídeo]

Feist - 1234O sempre interessante Patrick Daughters supera-se no vídeo que fez para a canadense Leslie Feist, que trabalha simplesmente com o nome Feist e participou do Broken Social Scene, a mesma seara de artistas de onde saiu a brilhante Emily Haines e seu fantástico Metric. Na clipe da canção “1234”, Daughters faz uso da mesma premissa básica que nos trouxe o clássico dirigido por Spike Jonze para a música “It’s Oh So Quiet”, de Björk: com simplicidade, utilizando-se de poucos truques e apoiado muito mais na coreografia e no enquadramento e movimento da câmera, Daughters emociona e delicia e consegue dar uma aula de classe e estilo pop, de quebra mostrando ainda que a excelência pode ser obtida com simplicidade. Verdadeiramente imperdível.
Baixe o vídeo usando um dos links e formatos a seguir:

http://www.thedirectorsbureau.com/media/archive/Feist-1234.mov
http://www.listentofeist.com/feist1234.mpg

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